domingo, 31 de julho de 2016

IDEOLOGIA DE GÊNERO: UMA GRANDE FARSA

A já tão falada "ideologia de gênero" apresenta-se à sociedade como uma proposta aparentemente boa, verdadeira e justa, pregando a igualdade, a democracia e a liberdade, mas é, na verdade um conjunto de esforços para impor uma sociedade sem Deus, antidemocrática e libertina.

CONCEITOS BÁSICOS

           Ideologia:

É um conjunto de ideias e crenças de um grupo de pessoas que sustenta sua ação política. Segundo D. D. Raphael, é geralmente um termo utilizado para significar uma doutrina normativa não suportada por argumentos racionais. (D. D. Raphael, "Problems of Political Philosophy, 1979")

        Pode-se já notar aqui, que há algo de irracional nessas ideias, segundo um filósofo, pessoa dada a analisar o pensamento humano.

           Veja-se, ainda, que o conceito de ideologia está na base de ações políticas que buscam certos objetivos, nem todos, claramente, explicitados ou identificados.

          Exemplos: ideologia fascista, ideologia conservadora, ideologia anarquista, ideologia de gênero, etc. Aliás, a ideologia de gênero é uma espécie de ideologia anarquista...

Gênero:

É um termo normalmente utilizado na linguística, na gramática, significando a diferença de "sexo", isto é, masculino ou feminino, entre os objetos. Uma mesa é de gênero masculino, um quadro negro é de gênero masculino. Utiliza-se esta expressão – gênero – porque, a rigor, os objetos não têm sexo, havendo necessidade, no entanto, em alguns idiomas, de se designar por artigo masculino ou feminino certos objetos. Em italiano, por exemplo, o quadro negro é de gênero feminino: "la lavagna". 

Como será visto à frente (estratégias), a ideologia de gênero se apropria de certos termos e lhes dá um novo significado para ser utilizado nas suas ações políticas. Além de criar novos termos, como será visto.

                PROPOSTA DA IDEOLOGIA

                               Não há diferenças entre os sexos

                               A ideologia de gênero, também conhecida como ideologia da ausência de gênero", propõe o termo "gênero", para substituir o termo "sexo", com base em sua crença (e sua proposta para a sociedade) de que não haja, efetivamente, diferença entre os sexos; que os seres humanos, apesar das diferenças biológicas, objetivas, nascem "neutros" e poderiam, ao longo da vida, escolher seu gênero: masculino ou feminino, dentre outros...

                               A ideologia de gênero acredita e propõe à sociedade que sexualidade humana seja parte de "construções sociais e culturais", e não um fator biológico. (Vide: www.significado.com.br/ideologia; acesso em 29/07/16.) Isto faz parte da crença de que tudo na vida seja fruto do trabalho e das decisões do homem, do ser humano. Aqui já se verifica que o ateísmo – que acredita no homem, mas não em Deus – é a melhor opção para o homem moderno.

                               Liberdade de escolha pessoal

                            A ideologia divulga que agindo assim, a sociedade estaria garantindo a tão desejada liberdade pessoal. Isto é entendido pelos propositores da ideologia como uma maneira bem egocêntrica de viver, embora não reconheçam claramente isso. Por exemplo, a mulher poderia, tranquilamente, como fruto de sua "liberdade de escolha", decidir viver uma vida a dois com outra mulher, garantindo, assim: seu prazer sexual, sua liberdade para trabalhar sem ter filhos (inesperados), e sua liberdade para tê-los (por inseminação artificial ou adoção).

 No caso de uma mulher casada com um homem sua liberdade estaria garantida pelo fato de, ficando grávida, inesperadamente, o aborto ser a saída "natural", para garantir sua liberdade (egocêntrica). Este último exemplo se baseia na crença (ou ideologia) que admite (sem qualquer prova científica mais cabal) que seja o homem (o ser humano) o responsável por tudo o que aconteça com a sociedade e, mesmo, com a natureza, como será visto mais à frente. A quantidade de filhos, portanto, é uma escolha absoluta do "casal", seja este de qualquer formato: homem-mulher, homem-homem, mulher-mulher, etc.

Liberdade sexual

A proposta de liberdade – tão atraente para o cidadão ocidental, particularmente – é apresentada com muita ênfase, mas não é a verdadeira liberdade, pois esta, tem limites! A ideologia de gênero propõe, na verdade, uma liberdade sobretudo sexual! A liberdade é tanta que a pessoa poderia – de acordo com sua liberdade de escolha – decidir por mudar de papel sexual: de homem, passar a ser mulher, por exemplo! A prática de relações sexuais estaria totalmente liberada: alguns defendem até mesmo entre parentes, com crianças e com animais!... É uma verdadeira libertinagem!

Observe-se que a crença em Deus e nos valores éticos e morais daí decorrentes é totalmente oposta a tais propostas. Portanto, conclui-se que o ateísmo prático, está, de fato, por trás e na base da ideologia de gênero. Sem Deus, tudo é livre, tudo se torna relativo, tudo é aceito, tolera-se tudo!

CRENÇAS NA BASE DA IDEOLOGIA

Igualdade sexual e em geral (igualdade absoluta)

Os propositores da ideologia de gênero partem da aparentemente correta ideia de que a igualdade – no seguimento do lema da revolução francesa: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" – seja um valor aceito por todas as pessoas. No entanto, há que se chamar a atenção para o fato de que, na verdade, a igualdade absoluta não é um valor cristão! A igualdade cristã é aplicada à dignidade da pessoa humana! No mais, como será visto adiante, a desigualdade entre as pessoas é a marca de nossa realidade: fomos feitos por Deus sob a marca da originalidade!

Propondo, ou melhor, impondo a crença da igualdade absoluta, os defensores de tal ideologia fazem crer aos desavisados que somos todos iguais, inclusive no sexo! Não haveria, portanto, diferença biológica essencial entre os seres humanos. E qualquer opção sexual pessoal seria válida, abrindo-se, assim, caminho para uma tolerância total e completa entre as pessoas, que não estariam mais sujeitas às discriminações injustas dos tempos atuais.

Ateísmo prático e nova moral

Essa crença na igualdade absoluta faz eco – não deixemos de perceber! – ao movimento anticlerical ou anticatólico que, já na Revolução Francesa, propunha um mundo leigo, isto é, antirreligioso, ateu... E hoje, com o pensamento pós-moderno, busca-se, justamente, e mais uma vez, atacar a religiosidade e a crença em Deus (e em Jesus Cristo) para a implantação de uma nova moral não-cristã!

Esta é a crença (não-religiosa, mas crença!) dos apoiadores e divulgadores da ideologia em foco: criar, ou recriar, um mundo novo, onde reinem a igualdade (absoluta), a liberdade (ou, melhor, libertinagem) e a democracia (que, com o tempo, se fará autocracia...).

O homem é que "cria" o mundo

Acreditam, os ideólogos do gênero – ou melhor, "fingem" que acreditam! – que o homem seja o grande responsável por tudo, de bom e de ruim, que existe no mundo. Defendem que tudo seja de responsabilidade do homem. Portanto, tudo o que a sociedade ocidental aceitou como valores até aqui pode ser questionado, desse ponto de vista, propondo-se uma revisão das "arbitrariedades" impostas pela moral cristã ocidental. Entram aqui as "arbitrariedades": ser humano como homem e mulher; casamento como homem-mulher; mãe como papel da mulher; pai como papel do homem; etc.

ESTRATÉGIA DA IDEOLOGIA

Manipular a linguagem (novos termos)

Esta, talvez, seja a estratégia mais forte e marcante dos ideologistas do gênero. O próprio nome da ideologia é tirado de um termo "fabricado" para passar sua nova visão do homem: não tem sexo definido; mas "gênero" a ser escolhido!

Mas, além desse primeiro termo, escolhido para divulgar a ideologia, outros foram sendo arquitetados para constituírem-se vetores de disseminação de suas ideias e propostas à sociedade. Considerem-se os seguintes.

"Igualdade", tomado num sentido absoluto, como já discutido acima.

"Homossexualismo", criado para representar um conjunto de atos e comportamentos que, já há muitos anos, descreviam desvios de comportamento sexual, não aceitáveis como "normais" para a moral cristã. Alguns desses termos (alguns de baixo calão): pederastia, "viadagem", incesto, pedofilia, lesbianismo, etc.

Tendo divulgado o termo homossexualismo – como algo "natural" e possível dentro do contexto da "liberdade" humana, impõem um novo termo, oposto, que nunca foi necessário utilizar-se: o "Heterossexualismo". Estabelece-se, então, que duas possibilidades naturais e moralmente aceitáveis de comportamento sexual são, tanto o "homossexual" como o "heterossexual".

A palavra "discriminação" é utilizada, sem qualquer adjetivação, como sendo algo negativo e que deve ser rejeitado. Isto é feito para conquistar adeptos para suas ideias, como se os defensores da ideologia fossem pessoas muito preocupadas com a justiça nas relações humanas! Na verdade, sabe-se que a discriminação tanto pode ser justa como injusta. Há necessidade de adjetivação quando se usa tal termo, embora seja usado, de fato, no sentido mais negativo. Mas a discriminação positiva (ou justa) existe e é tão comum quanto a discriminação injusta. Exemplos de discriminação justa: meia entrada para estudantes; passe livre para anciãos no transporte público; assentos reservados e fila especial para idosos; banheiros masculino e feminino. Quanto a estes últimos, a ideologia de gênero prega que esta "discriminação" deva ser banida, e os banheiros transformados em banheiros de "gênero", onde entra cada um conforme sua própria identidade sexual assumida...

Unir-se a outras ideologias similares

Alinham-se, ainda, os ideólogos do gênero, às correntes de ambientalistas e de muita gente de má fé, que querem atribuir a responsabilidade pelas "mudanças climáticas" (que, na verdade, são variações naturais climáticas!), mais uma vez, ao ser humano. E faz sentido para eles: no contexto de uma igualdade absoluta, tudo é igual na natureza (inclusive o clima!), e qualquer mudança que esteja ocorrendo é de responsabilidade do homem! Ele é que provoca tais mudanças! Assim como faz na natureza, o homem também pode fazer nas relações e no comportamento humanos.

Esta visão eleva o homem quase à categoria de um "deus", que tem o poder de fazer o que quiser com o mundo e com a sua vida: ele tem o poder (que antes era da Natureza) de alterar o clima; ele tem o poder de alterar o sexo biológico pela liberdade de "opção sexual"; ele tem o poder de relativizar tudo o que queira, em função de seu "bem maior" (sua liberdade, sua individualidade, seus prazeres, etc.).

O conceito do Deus cristão desaparece, é desnecessário, porque cabe ao homem (ser humano) tudo decidir em função de suas crenças pessoais.

DESMONTANDO A IDEOLOGIA DE GÊNERO

A igualdade é uma utopia e uma impossibilidade

A crença tão disseminada pelos ideólogos de gênero, de uma "igualdade" absoluta, não se sustenta sob a ótica da fé cristã. Já no Gênesis, se lê: "E Deus criou o homem, e os criou homem e mulher" (Gn 1, 27). E não só os criou em dois sexos claramente distintos, sob o ponto de vista biológico – em que até suas células e cromossomos são distintos no homem e na mulher! –, como os criou cada um diferente do outro: são milhões de pessoas com características totalmente únicas e individualizadas, onde nem os gêmeos univitelinos (iguais entre si, na aparência) são, verdadeiramente, iguais! Embora possam ter muitas similaridades, cada um dos gêmeos tem sua própria personalidade e seu caráter, como nos demonstra, facilmente, a experiência.

Na natureza, nada mais bonito do que a variedade de objetos e de seres vivos! Um Deus que criasse tudo igual, seria um deusinho, um ídolo... A individualidade é uma marca que atinge a todas as criaturas: mesmo em uma certa espécie animal, por exemplo, cada indivíduo é único, é diferente! Somos todos iguais diante de Deus, e uns diante dos outros no que respeita ao direito a uma vida digna e à liberdade de consciência.  No mais, somos todos desiguais! E o respeito a essas desigualdades é fundamental para um Direito justo, para uma vida social com dignidade para todos. E incluem-se, inclusive, os mais "desiguais", isto é, aqueles que têm necessidades especiais! Num mundo igual, esses últimos seriam descartados...

Não é a proposta de uma igualdade absoluta que levará o ser humano a superar as intolerâncias injustas. É uma questão de educação, de respeito, de amor. E enquanto existir o homem na natureza, sua tendência ao egoísmo, à maldade, enfim, ao pecado, religiosamente falando, o levará a relações imperfeitas com o outro ser humano.

É uma ideologia claramente anticristã

Como já visto acima, trata-se de uma ideologia, além de irracional, por si mesma, totalmente anticristã. Seu propósito, não claramente enunciado – para não assustar as pessoas! –, é implantar uma sociedade com novos padrões morais, não cristãos.

Os cristãos devem ficar muito atentos à manipulação linguística utilizada pela ideologia para implantar seus novos "valores", que, na verdade, são verdadeiros atentados à ética e à moral cristãs.

Ler, discutir, rezar e viver santamente, além de agir politicamente no sentido de combater essa grande farsa, é dever de cada cristão.

O homem é colocado no lugar de Deus

Sendo uma ideologia de fundo ateísta, embora não se declare como tal, busca, na verdade, a implantação de uma sociedade totalmente "leiga", isto é, sem religião, sem fé, sem Deus: uma sociedade ateia. Na verdade, os ateus propositores dessa perniciosa e ideologia lutam contra a fé, mas eles mesmos, têm fé. Mas, fé no homem!...

CONCLUSÃO

Por tudo acima discutido vê-se que a chamada ideologia de gênero é, de fato, uma grande farsa, embora se apresente à sociedade como se fosse um conjunto de novas crenças e práticas totalmente democráticas e favoráveis à liberdade e à felicidade das pessoas. E, justamente por isto, constitui-se numa grande ameaça à própria sociedade cristã ocidental, pois se insinua como um verdadeiro lobo em pele de cordeiro. Estão ameaçados, não somente os valores cristãos e a fé cristã, mas, também, os próprios valores democráticos e de liberdade verdadeira. Sendo assumida pela Sociedade, tal ideologia terá criado, de fato, uma nova sociedade: libertina sexualmente, ateia e antidemocrática; tudo o contrário do que, falsamente, propugna. Fiquemos atentos! Especialmente os cristãos, lutemos contra tais propostas que visam, sobretudo, a eliminar Deus dos corações e a aposentar os valores cristãos da sociedade ocidental.

REFERÊNCIAS PROPOSTAS:

1.       SCALA, Jorge. Ideologia de gênero – O neototalitarismo e a morte da família. Katechesis e Artpress, São Paulo, 2011. (Este livro, em forma digital (pdf), pode ser baixado pelo link: http://migre.me/uwduUs.)
2.       SOLANO, Rafael (Pe). Ideologia de gênero – e a crise da identidade sexual. Canção Nova. São Paulo.
3.       BONNEWIJN, Olivier.  Gender, quem és tu? – sobre a ideologia de gênero. Ecclesiae. 1.ed. 2015.

                Uilso Aragono  (julho de 2016)

         uilso.arag@gmail.com

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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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