segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

ORIENTAÇÕES PARA LEITURA EM PÚBLICO E ORATÓRIA

 A leitura em voz alta, em público, ou em um púlpito, ou em um ambão, como nas igrejas católicas, pode e deve ser bem feita! E para tal, existem regras (ou orientações ou dicas) que devem ser seguidas para que se alcance o objetivo da leitura: comunicar uma mensagem oral de forma clara e compreensível.

A boa oratória, igualmente, pode e deve ser bem executada ao seguirem-se algumas orientações. E o objetivo de comunicar oralmente alguma mensagem será mais fácil e eficazmente atingido por meio da reflexão e observação prática dessas regras.

Tanto para a leitura em público, quanto para a oratória, algumas orientações (dentre muitas possíveis e úteis) estão dadas a seguir.

1. Sobre a leitura em público

               A leitura em voz alta, feita em público, deve parecer aos ouvintes como algo natural. Embora a mensagem esteja sendo lida, deve ser feita de tal forma que não fuja das entonações e naturalidades da conversa do dia a dia das pessoas. Portanto, deve ser feita sem artificialismos na entonação ou na empostação da voz. Ocorrendo esse artificialismo, a leitura soará estranha e provocará dificuldades no seu acompanhamento, tanto pela estranheza – que dispersa a atenção do ouvinte – quanto pela dificuldade de acompanhar uma “fala” que não é comum aos ouvidos e ao cérebro das pessoas.

     Uma leitura bem feita, exigirá que o leitor domine bem a língua que está sendo usada, ou melhor, domine bem o “código linguístico” pelo qual a mensagem está sendo transmitida. Portanto, no nosso caso, do português, esse não deve ser negligenciado. Um estudo contínuo durante toda a vida do indivíduo, chamado às vezes de “aprendizagem contínua ou continuada”, o capacitará a comunicar-se bem e a comunicar bem suas mensagens, tanto escritas como orais. A boa leitura em público sem dúvida se beneficiará do domínio do código linguístico pelo leitor, ocorrendo o contrário no caso de um fraco domínio da língua. Erros de pronúncia, troca de palavras, pontuação mal feita, etc., tudo isso comprometerá a transmissão da mensagem sendo lida.

     O texto a ser lido em público deve ser objeto de várias leituras silenciosas prévias. O texto deve ser quase que “memorizado”, para que a leitura saia fluente, natural e sem tropeços, algo muito comum quando o leitor não se prepara prévia e seriamente. Além disso, não esquecer o leitor de “interpretar” o texto, buscando o esclarecimento prévio de quaisquer palavras que lhe sejam estanhas. Somente a boa interpretação do texto a ser lido permitirá ao leitor um bom desempenho oral em sua leitura, pois poderá exatamente o sentido do texto por meio de apropriadas entonações e pontuações.

    4ª Essas entonações citadas devem ser objeto de estudo e reflexão da parte do bom leitor. Porque há muitos erros de entonação (ou entoação) em leituras em público: erros de entonação relativos às corretas interrogação, exclamação e pontuações. Quanto a este último item, um bom ouvinte perceberá quando um ponto final é colocado pelo leitor, indevidamente, no lugar de uma vírgula: são entonações bem diferentes! E esse erro de leitura provocará estranheza, dispersão e dificuldade no acompanhamento da mensagem do texto.

 

2. Sobre a oratória

               A boa oratória se beneficiará dos esforços feitos pelo bom leitor: aquele que faz uma boa e eficaz leitura em público estará em melhores condições para executar uma boa oratória do que aquele que não consegue ler bem. Portanto, um primeiro passo para o bom orador é a prática da leitura bem feita, seguindo, por exemplo, as orientações dadas acima (além de outras, igualmente pertinentes, que possam ser encontradas).

           O bom orador estará atento a seus próprios erros, identificados por autocrítica, pela observação crítica de outros oradores, ou por meio da crítica dos verdadeiros amigos: vícios de linguagem (Né?... Entendeu?... Exatamente...), vícios de gestos e posturas corporais (ficar puxando a manga da camisa...), não olhar para toda a extensão da plateia, fixar o olhar em alguma pessoa da plateia, etc.

               Uma oratória eficaz (aquela que atinge o seu objetivo de comunicar uma mensagem) deverá buscar atingir pelo menos três objetivos (cid): cativar o ouvinte, pela simpatia, pela voz agradável, pela ausência de vícios de oratória; ilustrar a mensagem por meio de exemplos, historietas e fatos ocorridos na experiência do orador; despertar o ouvinte para o interesse em aprofundar a questão tratada na palestra, em dar continuidade ao assunto ventilado, para que o tema não acabe pura e simplesmente ao término do encontro.

               O conteúdo da oratória (da palestra, da conferência, da aula) deverá se objeto de séria e profunda reflexão e esquematização da parte do orador. Não basta ter-se o domínio do assunto, mas é igualmente importante que um esquema textual seja elaborado ativamente pelo orador: objetivo claramente descrito (para auto orientação do orador), introdução bem elaborada (frase de impacto ao início), capítulos, do desenvolvimento do assunto, bem estabelecidos, em ordem lógica e cronológica e, sobretudo, uma conclusão em que sejam resgatados todos os principais tópicos abordados na exposição oral (ou, pelo menos, aqueles mais relevantes).

3. Conclusão

A leitura em público e a oratória podem beneficiar-se positivamente pelo seguimento das orientações acima dadas. Embora tais orientações não esgotem o assunto relativo a técnicas e à arte da boa leitura oral e da boa oratória, podem elas efetivamente contribuir para que surjam melhores leitores e oradores dentre aqueles que, ao lerem este artigo, buscarem colocar em prática o que aqui está proposto. O bom leitor é aquele que lê com naturalidade, com apropriadas entonação e pontuação, e que, com humildade, prepara-se previamente pela leitura repetitiva e interpretativa do texto a ser lido. O bom orador é aquele que não se furta a praticar a boa leitura em público, desenvolve a autocrítica em busca da superação de eventuais vícios de linguagem e outros, prepara seriamente o assunto e esquematiza o texto a ser falado,  e se conscientiza de que o bom orador deve cativar, ilustrar e despertar o ouvinte para o assunto tratado.

 

Uilso Aragono (fev. de 2023)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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