sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ASSÉDIO MORAL E ISONOMIA NA APLICAÇÃO DE PROVAS


Uma aluna consultou-me sobre a legitimidade e a legalidade de aplicar-se prova com questões diferenciadas para uma mesma turma,  sobre uma mesma matéria, no mesmo horário. Esta questão está ligada ao princípio da isonomia quanto ao padrão de provas. 

Esse princípio assegura a igualdade de conteúdos e questões de uma mesma prova aplicada a um grupo de alunos/candidatos e é ponto pacífico entre os especialistas e entendidos em direito do cidadão. Admira-me que pessoas ligadas a uma faculdade de direito insistam em negar tal direito/princípio! É um caso típico de terrorismo psicológico ou assédio moral do professor contra os alunos.

Alguns sítios da internet que pesquisei rapidamente, mostram a preocupação com esse direito à isonomia. São eles:

“A Profª Cleonice, locutora oficial do CESPE para ditados em provas de taquigrafia, que no sábado havia feito os ditados de 110 palavras por minuto, em corajosa atitude, saiu em defesa dos candidatos e foi aplaudida ao revelar que há meses havia chamado a atenção da instituição gestora do concurso para as conseqüências que poderiam advir da aplicação de provas com conteúdos diferenciados.” [1] (O grifo é meu.)

“O conjunto de modelos matemáticos da teoria permite que exames aplicados em datas diferentes tenham o mesmo grau de complexidade e dificuldade, de forma a manter a isonomia das provas.” [2] (O grifo é meu.)

“Aliás, logística e segurança são binômios que buscam garantir a materialização do princípio maior que pauta tais procedimentos, ou seja, a isonomia e a moralidade administrativa.” [3]

De acordo com minha experiência de 35 anos como professor (na maior parte, universitário) nunca vi ou ouvi dizer que colegas professores avaliassem seus alunos, através das corriqueiras provas parciais, por meio de questões diferenciadas, para uma mesma turma, na mesma hora, sobre a mesma matéria! Quem faz isto sistematicamente está praticando, sem dúvida, assédio moral, já que estará discriminando injustamente alunos de uma mesma turma.

Só se admite que uma prova tenha questões diferenciadas quando se tratar de uma prova de segunda chamada, isto é, aplicada a alunos que faltaram à prova na data fixada (primeira chamada). Nesses casos, no entanto, o professor deverá tomar todo o cuidado para assegurar que as questões sejam aproximadamente de mesmo grau de dificuldade, caso contrário os alunos, diante de possível flagrante diferença em relação às questões da primeira chamada, poderão recorrer e, certamente, terão seu direito assegurado, quando forem comparadas as provas. Veja-se, a propósito a seguinte sentença de um juiz sobre o caso em discussão: 


Ementa

ADMINISTRATIVO. ENSINO. APLICAÇÃO DE PROVA. AUTONOMIA DIDÁTICO-CIENTÍFICA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. INEXISTÊNCIA.
1. É questão atinente à autonomia didático-científica a forma com que a instituição de ensino irá avaliar os seus alunos, seja por trabalho, seja por provas.
2. Ao aluno que falta a avaliação, é assegurada a realização de uma segunda chamada, porém, esta não deve, obrigatoriamente, ser idêntica a que foi inicialmente aplicada aos demais discentes. Nesse sentido, não há violação do princípio da isonomia.” [4].
Observe-se que, se  um aluno perdeu uma prova por motivos justificados, pode e deve requisitar uma prova de segunda chamada. Esse juiz reconhece tal direito à segunda chamada... Direito que alguns terroristas psicológicos costumam negar a seus alunos.
Aliás, se é “normal”, como defendem alguns membros de comissão de investigação, que um docente aplique provas diferenciadas, pergunte-se a eles, num caso específico: por que a professora não entrega as provas aos alunos? A resposta é fácil e óbvia: porque ela tem medo de que as questões sejam comparadas e surjam diferenças gritantes entre os níveis de dificuldade, favorecendo a uns e prejudicando a outros...

A prática mais saudável, e que eu procuro vivenciar, é que a prova seja aplicada de forma isonômica, seja oportunamente corrigida em sala de aula – para explorar a forte dimensão de aprendizagem da prova! – e seja entregue definitivamente ao aluno, para que este possa, com tranqüilidade, acompanhar a correção e pedir ao professor a legítima revisão de prova, se ele se achar injustiçado em alguma correção. Os valores das questões também devem estar claramente anotados na prova, para guiar o aluno no seu esforço durante a realização da prova. Comportamentos muito diferentes podem caracterizar assédio moral contra os alunos.

Referências:

Uilso Aragono  (15/dez/2011)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

RECÉM-CASADOS: SUPERANDO PROBLEMAS COM FAMILIARES


A convivência e a intimidade levam a comportamentos mais diretos, sem máscaras, mais verdadeiros,  que são as fontes, normalmente, das brigas entre marido e mulher, entre irmãos, entre familiares próximos etc. Além dessa natural dificuldade, fruto da intimidade na vivência familiar, surgem outras como: fofocas, comentários indiscretos, antipatias, desconfianças. Que influências negativas são essas? Como conviver com elas e neutralizá-las?

As influências positivas de sogros e sogras, cunhados, tios, irmãos, na vida do casal, especialmente dos recém-casados, são bem-vindas e acontecem quando dão bons conselhos nas conversas da convivência familiar. A presença discreta por meio de visitas não tão  frequentes e o apoio concreto, especialmente nos campos moral, financeiro, e com as crianças, constituem influências das mais positivas. Isto é o que se espera, normalmente, da convivência familiar envolvendo parentes dos recém-casados.

Quanto às influências negativas, as principais, essas podem ser listadas como sendo as seguintes:

1.       Telefonam demais: querem saber tudo; informar sobre tudo;
2.       Visitam demais: muita presença; todo dia estão lá. Tiram a liberdade do casal;
3.       Convidam demais: vêm almoçar; vêm rezar; vêm pro aniversário...;
4.       Brigam demais nos relacionamentos: críticas frequentes; demonstram antipatias; desconfiam...
5.       Pegam coisas emprestadas demais: pegam e não devolvem...

E como cancelar ou neutralizar tais influências negativas, que tanto atrapalham a vida dos recém-casados? Há dois trabalhos a serem feitos: no nível interior, na intimidade do casal e de cada cônjuge, e no nível exterior, nas relações com os parentes.

Trabalho interior:
Quanto ao trabalho interior recomenda-se, inicialmente, que cada um dos cônjuges reconheça que “nem todos são obrigados a gostar da gente”. Isto, uma vez interiorizado e aceito, levará o casal, e cada cônjuge em particular, a aceitar as críticas, as ofensas, e as demonstrações de antipatia gratuitas, muito comuns nos relacionamentos familiares marcados pela intimidade, como já visto. Afinal, cada um de nós tem suas críticas e antipatias em relação a parentes e conhecidos – por que não lhes dar, também, o direito de criticar-nos e não gostar da gente?...

Um segundo trabalho interior consiste em decidir, após reflexão profunda e serena, entre “pagar na mesma moeda” e “perdoar e amar” ou entre a “guerra” e a “paz” na família. Dê o direito de ele ou ela (a sogra, o sogro, o tio, o irmão...) de não gostar de você, de não tratá-lo bem... Mas você deverá tratá-los bem. Isto é bem cristão, na linha do que ensina Jesus.

Seguindo ainda o que ensina Jesus, o Mestre dos mestres, deve-se rezar pela paz na família. Oração frequente, em momentos de fé, baseada na Bíblia, em livros próprios para oração, em livros de meditação ou reflexão espiritual. O terço – para os que já descobriram o valor desta tão simples e ao mesmo tempo tão completa oração cristã! – é um santo remédio para muitos males de origens comportamentais, de relacionamentos interpessoais, e tantos outros males. Experimentar jejuns e abstinências, nas intenções das orações, também é algo muito recomendável na luta contra as dificuldades da vida social/familiar.

Finalmente, neste trabalho interior, recomenda-se refletir sobre a necessidade de se saber dizer não. O dizer não, de forma sincera, educada, amorosa, é algo importantíssimo e que vai funcionar, também, como “guias de orientação” para os parentes inconvenientes, que aprenderão – por meio desses “nãos” bem dados – a não insistir em certos convites, intromissões, presenças inoportunas etc. Quem não aprende a dizer não acaba ficando escravo do “sim”!... Se existe o “não” é porque ele pode e deve ser usado no momento certo!

Trabalho exterior:
Com relação aos problemas ligados aos telefonemas excessivos, uma boa tática é não dar todas as informações: omitir não é mentir! Controlar as informações, omitindo o que for pertinente pode evitar influências negativas tais como aquela da sogra que tem o maior medo de excursões a montanhas e, sabendo que o neto irá numa dessas, manifesta todo o seu descontentamento, às vezes com palavras fortes e podendo tornar-se até ofensivas. Deixar de dar uma informação como essa à sogra que telefona torna-se um meio inteligente de não “provocar” situações de conflito. Ao saber depois, o fato já ocorreu... O uso de uma secretária eletrônica é de todo conveniente para situações de telefonemas insistentes, impertinentes e em horas impróprias. Afinal, o telefone deve ser bom para ambas as partes: a que chama e a que é chamada. Se alguém está interessadíssimo em um assunto durante o telejornal e o telefone toca, a secretária atenderá e o telejornal não será interrompido: todos saem ganhando. Ficar escravo do telefone, de tal forma que, ao tocar o telefone, a pessoa se veja impulsionada a atendê-lo, mesmo que isto signifique incômodos, é algo que precisa ser superado, para o bem de toda a família.

Outra tática interessante para ser colocada em prática pelo casal recém-casado, para neutralizar influências negativas de parentes, tais como as visitas inoportunas, consiste em “colocar a culpa” no outro cônjuge. Assim se explica: se um irmão da esposa é muito “grudento” e está sempre aparecendo, sem ser convidado, nas tardes de domingo, ela pode dizer a ele, como que em segredo, que o marido fica muito bravo quando tem visita à tarde, porque ele gosta de dormir nesse horário. Ao falar assim, o irmão acabará entendendo  e aprendendo que não é conveniente aparecer nesses momentos... É uma maneira delicada de dizer não, sem ofender, porque a razão da negativa está no outro, cuja intimidade é menor.

Não “bater de frente” nos relacionamentos com os parentes, especialmente aqueles que incomodam, que influenciam negativamente, é uma atitude altamente recomendável, na linha do perdão e da compreensão. Afinal, críticas devem ser “absorvidas”  e não refutadas. Lembrar: as pessoas não são obrigadas a gostar da gente.

Uma tática muito inteligente nos relacionamentos com pessoas que nos criticam é “não dar poder” às suas palavras e ações. Não se deixar ofender! É como aquele apelido que pega justamente porque a pessoa se mostra irritada e desgostosa quando a chamam por ele. É exatamente esse tipo de comportamento que deve ser evitado, pois ele dá “poder” ao apelido! Em geral, não dar poder a críticas, gozações, implicâncias daqueles que nos incomodam é uma maneira muito eficiente de neutralizá-las: quem as faz, acaba desistindo de fazê-las por não obter o resultado que desejariam: irritar e provocar a pessoa. Aqui, para se ter força nessa reação não-violenta a críticas e ofensas, vem em nosso auxílio a força que se consegue na Oração, como já refletido.

Finalmente, com relação ao pegar emprestado, comum entre pessoas de muita intimidade, quando uma pega um objeto (uma vasilha ou uma bandeja, por exemplo) e não o devolve. Muitas vezes o ato de não devolver não é simples esquecimento, mas uma atitude de implicância consciente, para provocar, para magoar, para, às vezes, se vingar de algo. Ora, a melhor atitude para neutralizar tal ação é, mais uma vez, não dar “poder” a isto: não espere de volta! Se vier é lucro!... E não desenvolva raiva ou antipatia desses nossos parentes ou de quem quer que seja, pois um sábio já disse: o pior inimigo não é aquele que nos odeia, mas aquele a quem odiamos!...

Conclui-se que as influências negativas dos familiares existem, independentemente da vontade do casal. Saber lidar com elas é arte, técnica e dom de Deus. É Arte porque é jogo de cintura, é jeito de tratar o outro; é perdoar e amar. É Técnica, ao saber dizer não, ao tratar bem quando se é tratado mal. É Dom de Deus, pois Deus ajuda quem madruga! A quem pede Deus dá!

Uilso Aragono,  30/novembro/2011.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As tecnologias do material humano


A vida social humana é regida por três dimensões fundamentais: a ciência, a arte e a tecnologia.
A ciência trata do conhecimento teórico (a mente em ação);
A arte trata do conhecimento prático-sensorial (os sentidos em ação);
A tecnologia trata do conhecimento prático-útil (as mãos em ação).

O material humano tem suas tecnologias! Quais são elas? O material humano será entendido aqui como o ser humano, a pessoa em suas relações íntimas e sociais.

O material humano é feito, basicamente, de um corpo afetivo, que não basta a si mesmo: precisa de complementos, e complementos humanos!

As partes constituintes desse corpo afetivo são, principalmente: um rosto capaz de sorrir e de olhar nos outros olhos; uma boca e dois ouvidos capazes de comunicar por palavras; duas mãos capazes de praticar os melhores gestos possíveis; duas pernas capazes de levá-lo a aproximar-se dos outros; uma cabeça capaz de pensar e analisar os acontecimentos; e um coração capaz dos melhores sentimentos de amor.

E como funciona esse corpo humano? Esse corpo afetivo? Ele só funcionará bem se transitar, se experimentar as três dimensões básicas da vida social humana: a ciência, a arte e a tecnologia.

A cabeça precisa exercitar a ciência, para desenvolver-se, para ampliar seus horizonte, para desenvolver o seu potencial, para, finalmente, contribuir para um mundo melhor, para uma vida social de melhor qualidade do que a que ele herdou em certo momento.

Ela também precisa exercitar as artes, para que os dois hemisférios cerebrais sejam igualmente exercitados e se desenvolvam harmoniosamente, para, em resposta, também, por sua vez, contribuir, não só para a ciência e a tecnologia (lado esquerdo do cérebro), mas também para a estética, para a música, para a dança, para a literatura, pelo menos para uma dessas áreas artísticas (lado direito do cérebro).

A cabeça também comanda as mãos no exercício da técnica: o desenvolvimento de peças, de equipamentos completos, de soluções tecnológicas as mais diversas só são possíveis graças aos dedos e às mãos. Daqui o termo manufatura. A tecnologia das máquinas apenas deu mais força, habilidade e velocidade às mãos humanas, assim, como os computadores deram o mesmo poder à mente humana.

O rosto humano não só serve para a identificação pessoal, aliás única!, mas, especialmente, para sorrir, para rir, para expressar os melhores sentimentos do coração, para expressar alegrias e, também, tristezas; para comunicar o amor e, infelizmente, o ódio...

Dizem que rir é um grande remédio: exercita os músculos da face e faz surgir no organismo o hormônio da serotonina, que é o hormônio do prazer, da alegria. Vamos rir então!

     Gosto daquela do doido que empurrava um carrinho de mão de cabeça para baixo (o carrinho!...). Alguém lhe perguntou: por que você está empurrando o carrinho com as rodas para cima? O doido olhou de um para o outro e disse: “é que se eu virar eles põe tijolo!”.

Os olhos são considerados as “janelas da alma”. Por eles muitas verdades são expressas sem qualquer palavra; às vezes, a boca diz uma coisa e os olhos, outra. Uma mentira, muitas vezes é contrariada pelo tremer dos olhos. Olhos incapazes de focalizar os do interlocutor demonstram insegurança e timidez, o que pode comprometer um relacionamento. É preciso olhar nos olhos! A comunicação entre duas ou mais pessoas passa, necessariamente, pelo olhar. Mesmo sem palavras ocorre comunicação pelos olhos: um piscar de olhos, um encarar o outro, um olhar de relance, um olhar de soslaio (de lado), olhar com sobrancelhas grudadas (indicando raiva), olhar com sobrancelhas levantadas (indicando espanto) etc. Precisamos enxergar bem o mundo, para além do simples ver! Enxergar é ver com atenção, usando a razão, a reflexão, a contemplação.
O jovem pai chegou ao pediatra, bastante aflito, com uma criança no colo:
        Doutor, meu filho está com seis meses e não abre os olhos! O médico examinou bem, virou-se pro rapaz, e falou: Quem deve abrir os olhos é o senhor, meu amigo. Seu filho é japonês.!

O material humano é constituído de dois ouvidos e uma boca. Dizem que isto significa que mais devemos ouvir do que falar! Ou, pelo menos, o ouvir deve ser exercitado com atenção dupla. Uma regra pode ser deduzida desta observação: “ouvir com toda a atenção e falar com precaução”. A oratória é a arte de falar bem, comunicar bem pela fala. Mas não se pode esquecer que se deve valorizar também o que se poderia denominar de “escutatória”, que seria a arte de bem ouvir, ouvir com atenção, com a preocupação de entender o interlocutor.

Alguns, querendo mostrar-se autênticos e honestos, transparentes, dizem que falam o que pensam. Ora, quem fala o que pensa são as crianças, que ainda não desenvolveram o senso da autocrítica, da autocensura. O adulto não fala o que pensa, mas “pensa o que fala”, isto é, pondera o que pretende falar antes de pronunciar as palavras. Fala com precaução, com cuidado, e depois de ter ouvido com dupla atenção: são dois ouvidos, afinal!...

       Havia um padre, amigo nosso, muito brincalhão e engraçado. Mesmo nas missas ele fazia comentários engraçados. Minha filha pequena, com cerca de 6 anos, dirigiu-se a ele, no final da missa e lhe disse, na cara: Padre, você é muito palhaço!...

Algumas pessoas, numa discussão, embora aparentemente estejam ouvindo o interlocutor, já estão pensando no que irão dizer, ouvindo o outro apenas superficialmente. Eis aqui a fonte de muitos mal-entendidos e muitas brigas. As pessoas, muitas vezes, não se entendem, não porque não saibam falar e argumentar, mas porque não sabem ouvir com atenção!

E as pernas, para que servem se não para nos aproximarmos dos outros? Às vezes, para nos afastarmos!... A verdade é que ninguém vive sozinho: o homem é um ser político, já dizia Sócrates. É um ser de relações. E para isto servem as pernas: especialmente para nos aproximarmos uns dos outros, para sair de nosso comodismo, do nossa preguiça. É na relação com os outros que somos desafiados, que ganhamos e perdemos, e acabamos crescendo como gente, como pessoa!

          Qual é a missão do homem que ajuda com a limpeza em casa?
          R: Levantar as pernas para o aspirador de pó passar.

Finalmente temos o coração, que bombeia, sem parar, todos os sentimentos humanos. Quem dera que fossem só sentimentos de amor, de paz, de tolerância, de fraternidade, de solidariedade.

        Uma senhora, velhinha, ignorante, cansada de incomodar a família decide se suicidar. Ela liga para o médico e pergunta onde fica o coração. Ele diz que é dois dedos abaixo do seio esquerdo. No outro dia a notícia da capa do jornal é: "Senhora tenta se matar com um tiro no quadril"...

Uilso Aragono,   outubro/2011.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A sociedade tem direito à pena de morte?


Com o recente episódio da condenação à pena de morte do americano Troy Davis, no estado da Geórgia (setembro/2011), vem à tona, novamente, essa discussão: é justa, diminuem os crimes hediondos?... Mesmo diante da falta de provas materiais, testemunhos contraditórios e tantos protestos da população a Suprema Corte do Estado americano da Geórgia não se sensibilizou e não atendeu ao recurso interposto contra a execução da pena.

Não acredito que a sociedade tenha esse direito: de decidir pelo fim da vida de qualquer cidadão, mesmo que condenado por algum crime hediondo. Afinal, todo cidadão, é de certa forma, “formado” por essa mesma sociedade, isto é, o indivíduo nasce, aprende a falar o idioma pátrio, adquire a cultura nacional, está sujeito a todas as influências sócio-político-culturais que o definem como uma pessoa, um cidadão, enfim, um ser político-social. Se este cidadão comete um crime hediondo, no âmbito dessa sociedade que o criou, tal crime é de responsabilidade absolutamente dele? Não haverá qualquer parcela, por menor que seja, de responsabilidade da sociedade?... Ora, havendo essa parcela de “culpa”– e há, sem qualquer dúvida! – como pode ser tão insensível, essa mesma sociedade, ao ponto de condenar à morte um dos seus próprios filhos?

É inacreditável que pessoas inteligentes e com suposta experiência de vida, como aqueles juízes que compõem uma Suprema Corte de Justiça, sejam tão insensíveis e incapazes de perceber que estão condenando à morte, sem qualquer clemência, um cidadão que, afinal é fruto da própria sociedade! E o fazem conhecedores dos já históricos casos de falhas processuais que resultaram na condenação e morte, em seu país, de pessoas comprovadamente inocentes. Infelizmente, inocência declarada somente algum tempo depois da execução...

Sobre os benefícios da existência da pena de morte para a sociedade, estudos já realizados em várias partes do mundo têm evidenciado que não se constatam ganhos de menores índices de criminalidade por conta da existência da pena capital. Se não há ganhos, por que insistir? Será que tal pena não estaria apenas satisfazendo, por parte das autoridades, aos desejos inconfessáveis de vingança contra supostos criminosos? E nesse último caso, do americano Troy Davis, que era negro – não estaria escondido, nesse aspecto, algum tipo de discriminação injusta e perversa, pelo fato de ele ter matado um policial branco?...
E a falta de provas materiais, como divulgados pela mídia, nesse mesmo caso do americano Troy Davis, não é de admirar? Como é possível condenar alguém – e à pena de morte! – sem essa provas materiais, que são aquelas que garantem a autoria do crime, que evidenciam de forma inequívoca a real culpa do réu? Um conhecido ditado jurídico precisa ser lembrado a esses sábios juízes da Corte de (in)justiça da Geórgia: “in dubio pro reo”, isto é: na dúvida, deve-se crer na inocência do réu, e não na sua culpa. E, pelo que se sabe, o processo estava se estendendo por mais de 20 anos e estava cheio de problemas, tantos que geraram protestos e mais protestos na população local. Como entender tanta ignorância e insensibilidade da parte de pessoas supostamente íntegras, experientes e honestas?

A pena de morte poderia até existir – sempre de forma ilegítima, contudo! – mas deveria estar atrelada a uma condenação inequívoca do réu: qualquer mínima dúvida, e a condenação à pena de morte estaria impossibilitada. Seria o mínimo a se esperar de cidadãos (juízes) equilibrados, inteligentes e honestos e de uma sociedade minimamente justa.

Uilso Aragono, setembro/2011.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

AS FACILIDADES DA LÍNGUA INTERNACIONAL ESPERANTO


O esperanto foi planejado para ser a língua internacional, portanto, apresenta, desde  o seu nascimento, características como facilidade de aprendizagem, estruturas lógicas, regras sem exceção, flexibilidade, vocabulário enxuto, dentre outras.

As características mais marcantes do esperanto que o tornam, teoricamente, um idioma mais fácil de ser aprendido, em relação aos idiomas nacionais, estão comentadas a seguir, agrupadas em dois blocos: as facilidades primárias e as secundárias.

CARACTERÍSTICAS PRIMÁRIAS DE FACILIDADE:

  1. Cada letra tem uma única pronúncia (um único som), não havendo possibilidade de confusão na pronúncia das suas palavras;
  2. Não há conjugação dos verbos, isto é, não variam em pessoa nem em número, havendo apenas finais constantes para os tempos: “as” para o presente; “is” para o passado, “os” para o futuro, “u” para o imperativo e “us” para o condicional; não há modo subjuntivo, por ser desnecessário, sendo substituído pelo modo imperativo (que pela lógica tem a mesma função);
  3. Não existem as letras ”q”, “x”, “y” e “w”, pois são, normalmente, substituídas por equivalentes como “k”, “z”, “i” ou “j” e “u”, respectivamente: são apenas 28 letras no total;
  4. Não utiliza acentuação nas palavras, pois todas as palavras são pronunciadas como paroxítonas, isto é, o acento tônico cai, sempre, na penúltima sílaba; isto facilita muito a aprendizagem correta da leitura de novas palavras para o aprendiz, já que não há variações de posição da sílaba forte, como ocorre no português, no francês, no inglês e em tantas línguas nacionais, que recorrem a variados acentos gráficos para orientar a correta pronúncia da palavra;
  5. Não há posição rigorosa do adjetivo nas frases, como ocorre no inglês, podendo a palavra qualificadora (adjetiva) estar antes ou depois do substantivo, sem que isto cause qualquer prejuízo à compreensão do sentido da frase;
  6. Utiliza o alfabeto latino, o mais utilizado no mundo e base das línguas ocidentais, que é considerado de muito fácil aprendizagem e uso em comparação com os alfabetos grego e russo e, também, em comparação com os ideogramas das línguas orientais, como o chinês e o japonês;
  7. A ordem, em geral, das partes do discurso, isto é, do sujeito, do verbo, do predicativo e do objeto, é totalmente flexível, obedecendo, apenas ao costume ou uso mais frequente, mas sem que isto impeça qualquer outra forma alternativa;
  8. Não há complicados pronomes “oblíquos”, como no português, no inglês e em muitas outras línguas. O pronome pessoal é usado no caso oblíquo sem qualquer problema de compreensão;
  9. Os números são formados a partir de apenas 10 expressões básicas, os dez primeiros numerais, sendo todos os demais formados logicamente a partir desses iniciais;
  10. O esperanto tem apenas dezesseis (16) regras gramaticais básicas; através do estudo destas compreende-se, perfeitamente, a estrutura e a lógica da língua.


CARACTERÍSTICAS SECUNDÁRIAS DE FACILIDADE:

  1. Só há cinco vogais: a, e, i, o, u, e duas semivogais: “j” e “ŭ”; diferentemente de outros idiomas, como o português e o inglês, que têm mais de 20 sons vocálicos, o reduzido número de vogais facilita muito a aprendizagem, pois reduz a necessidade de aprender-se sons vocálicos muito próximos, sempre uma fonte de dificuldade na compreensão das frases faladas;
  2. Algumas letras colocadas no final de uma palavra identificam sua função sintática: “a” para adjetivo, “e” para advérbios, “i” para verbos no infinitivo, “o” para substantivos, “j” para o plural de substantivos e adjetivos; isto facilita muito a memorização e o uso das palavras;
  3. As preposições são muito bem definidas, o que, também, acaba ajudando no uso e na construção correta das frases, pois as preposições ficam facilmente identificadas, havendo, ainda, muita flexibilidade no seu uso;
  4. Utiliza um sistema de formação de palavras muito lógico, baseado em raízes, com prefixos e sufixos bem definidos, que permitem a derivação de muitas palavras a partir de uma única raiz, o que facilita enormemente a aprendizagem do vocabulário; a “economia de memória” resulta um benefício facilitador da aprendizagem do idioma internacional;
  5. Utiliza um sistema de palavras ditas “correlativas”, tais como “que”, “como”, “quando”, “onde” e muitas outras (num total de 45) que, após terem sido dominadas (memorizadas), facilitam em muito a construção das frases em Esperanto; é um sistema de palavras auxiliares lógico e estruturado que facilita muito a sua própria memorização.

Estas características de facilidade da aprendizagem do esperanto o habilitam, dentre outras características, a ocupar o espaço ainda não ocupado por uma língua verdadeiramente internacional, isto é, destinada aos contatos entre pessoas de povos e línguas diferentes, e garantidora da contínua existência das línguas nacionais, especialmente aquelas ameaçadas de extinção pelo fenômeno da imposição econômica de uma língua nacional (como o inglês, o francês, o chinês) sobre essas minoritárias ou economicamente mais fracas. Pela manutenção da riqueza das múltiplas línguas nacionais e por uma língua verdadeiramente internacional e neutra! Procure aprender o esperanto! É uma experiência fascinante!

Uilso Aragono, agosto de 2011

sábado, 30 de julho de 2011

Violência contra professores

Os recentes episódios de violência de alunos contra professores, divulgados pela impressa, podem constituir apenas um lado da moeda... Na busca das causas de tão deplorável violência não se pode esquecer aquela possivelmente ligada ao já conhecido “assédio moral” de professores contra alunos. Esta hipótese tem de ser pesquisada e avaliada com todo o rigor e imparcialidade possíveis pelos diretamente responsáveis pela Educação nos níveis fundamental e médio, onde, especialmente têm ocorrido tais episódios de violência contra professores.

O que pode estar ocorrendo, numa avaliação preliminar dessa questão da violência estudantil contra professores, é que o fenômeno seja uma “reação” a uma situação de assédio moral do professor em relação ao aluno, isto é: terrorismo psicológico, humilhação (ou “bulling”), perseguição, maus tratos sistemáticos etc. Assim como existe o assédio sexual, tem-se dado ênfase, ultimamente, ao assédio moral, do mesmo modo danoso para a integridade psíquica e moral da vítima.

Partindo do princípio de que tanto o assédio sexual quanto o moral está associado ao exercício do poder, do chefe ou do professor, respectivamente, é lícito imaginar-se que uma possível causa da violência do aluno – que não tem nenhum “poder” no âmbito escolar! – esteja ligada ao comportamento do professor, a quem se dá todo o poder na Escola. Ora, exercendo o poder (de ensinar, reprovar, penalizar, chamar a atenção, retirar da sala, etc.) muitos professores e professoras têm sido tentados a exercê-lo com violência, embora esta seja, normalmente, uma violência silenciosa, discreta, sistemática e “autorizada”, opondo-se à sua possível consequência, a violência ruidosa, patente, eventual e “não-autorizada” dos alunos.

O Governo do Estado tem divulgado novas “regras” que visam a coibir a violência estudantil por meio de punições mais rigorosas contra os alunos violentos. No entanto, não se pode negligenciar uma hipotética realidade (a ser pesquisada e verificada) de violência sistemática, ocorrente no interior das salas de aula, exercida por professores mal preparados e treinados na difícil ­ – há que se reconhecer! – missão de educadores de crianças e adolescentes. E em função dessa muito provável realidade causadora da violência estudantil, vigiar-se e tomar-se providências igualmente eficazes contra todo tipo de terrorismo psicológico e abuso moral de professores em sala de aula. Estes, também, identificados em sua má conduta, devem ser punidos com o rigor de novas “regras”, mais justas e adequadas, e que contribuam para criar-se um ambiente de mais respeito mútuo em sala de aula: se o aluno é respeitado em sala, é difícil imaginar-se uma violência gratuita a ser exercida por este contra o professor.

Pode-se concluir que se existe violência de aluno contra professor, na educação de níveis fundamental e médio, não se pode excluir a priori uma igualmente condenável violência silenciosa de professores contra alunos no seio da sala de aula, que pode estar desempenhando, inclusive, o papel de causa remota da violência estudantil. Abaixo a violência estudantil! Abaixo, igualmente, o assédio moral e o terrorismo psicológico de professores mal preparados!

Uilso Aragono, Julho de 2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Igreja Católica e a Homossexualidade

A homoafetividade está em questão no País, e levantando polêmica! Sobre a relação particular entre a questão da homossexualidade ou da homoafetividade e a Igreja Católica, ou os católicos, simplesmente, tenho uma posição que gostaria de partilhar.


Recuperando a história recente do País, observamos uma época em que o “divórcio” estava em questão, levantava polêmica, agitava os intelectuais e os movimento sociais e provocava discórdias. A Igreja e seus movimentos sociais combatiam o divórcio como algo que ameaçava a instituição familiar. Havia muita resistência dos católicos da época, ainda em muito maior percentual que hoje, diante da possível aprovação do divórcio no Congresso.

Ora, o divórcio foi aprovado, tornou-se realidade na sociedade brasileira e hoje já não há mais polêmica sobre o assunto. Não é mais discutido. Simplesmente vive-se a vida em sociedade com o divórcio e apesar do divórcio. E, apontam algumas estatísticas, nunca houve tanto casamento como nos dias de hoje! E se há muitos divórcios, nem por isto a família foi desintegrada ou tornou-se mais ameaçada do que usualmente. Há, de fato, muitas ameaças contra a família, mas ela vai subsistindo apesar de tudo.

A questão da hora é o homossexualismo e os movimentos que o apoiam, com suas passeatas e suas demandas sociais: casamento homoafetivo (antigamente, casamento gay), direito de expressão de afeto homossexual em público, direito a não sofrer ataques de ódio por conta da homoafetividade etc. A polêmica está no Congresso, nos Tribunais, nas ruas, nas universidades... E parece que o movimento está avançando, pois no congresso se discute uma nova lei contra o denominado (novo) crime: a homofobia. Alguns já são acusados de serem homofóbicos, termo nunca antes usado. Embora, em tese, desnecessária, pois outros dispositivos legais já preveem crimes semelhantes: violência contra a pessoa, calúnia e difamação, crime contra a vida etc, no entanto os movimentos sociais favoráveis à aceitação, por parte da sociedade, dos direitos dos homoafetivos, estão se fortalecendo e já obtendo vitórias, como na recente decisão do STF sobre o direito à união legal de casais homoafetivos. E o viés da homoafetividade já está se impondo à caracterização da lei para torná-la protetora dos homoafetivos contra todo preconceito homofóbico e toda violência anti-homossexual. E violência não somente contra a pessoa ou o cidadão comum, mas, particularmente, contra o cidadão homoafetivo.

Em termos, portanto, da relação da Igreja, e dos católicos, em geral, com os movimentos homoafetivos e com os próprios homossexuais, há que se ter uma visão historicamente contextualizada. Da mesma forma que o divórcio passou por uma fase de afirmação e conquistas, por parte daqueles que o defendiam – contra a Igreja e os movimentos mais conservadores, que o combatiam – chegando, hoje, a uma situação de calmaria e de aceitação por parte daqueles que o combatiam, também a questão homoafetiva, em plena efervescência na atualidade, haverá de passar essa fase e alcançar, inevitavelmente, uma situação de vitória e de tranquila aceitação, tanto da sociedade quanto da Igreja, em particular.

E com o passar do tempo, a sociedade haverá de ser confrontada com as consequências de toda uma experiência homoafetiva, tanto dos “homocasais”, que já estarão aceitos, quanto de suas experiências de “pais”. Estarão os seus filhos tornando-se, eles também, homossexuais, em sua maioria? Ou as orientações sexuais desses filhos estarão seguindo as estatísticas normais, como os filhos de casais heterossexuais? Eis novas questões que, inevitavelmente, surgirão e que terão de ser avaliadas pela sociedade de então. E quem pode antecipar tais consequências?... Em nome dessa impossibilidade, as relações entre os cidadãos, incluindo a Igreja e seus movimentos, deverão ser guiadas pelas tendências sociais de uma sociedade humana, pluralista e tolerante, como deve ser.

Afinal, a Igreja, como ela própria se entende, tem a missão de iluminar e santificar a sociedade, e apresentar-lhe referências para uma vida humana cada vez mais digna, responsavelmente livre e autônoma. Mas não lhe cabe impor suas crenças e doutrinas, senão, apenas, ao seu rebanho.

Uilso Aragono, 30/junho/2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

As Imagens de Maria

Alguns padres há, como o Pe. Zezinho, que parecem estar muito preocupados em deixar claro (para quem?) que os católicos não adoram imagens! E chegam a afirmar: “olho para as imagens de Maria e não falo com elas. Maria não está lá” (Pe. Zezinho, Olhar para Maria). Ora, eu olho para a imagem de Maria e, através dela, isto é, através da visualização da estatueta/imagem de Maria, alço voos espirituais e falo com Maria, sim! E não somente eu, mas o próprio S. Francisco, ao olhar para a imagem do Crucifixo, entrava em oração e não somente falava com o Senhor, como, também, teve a graça de ouvir Jesus, falando-lhe: “Reforma minha Igreja!”...


Posso até respeitar e entender que um texto como o citado acima (Olhar de Maria) objetive esclarecer os católicos para a importância de não se apegar demais à imagem de Maria, ou de algum santo, a ponto de confundir veneração com adoração, ou de confundir a imagem com a pessoa de Maria ou a do santo. E tenho grande admiração e respeito pelo nosso querido Pe. Zezinho, de quem também sou um fã entre milhões. Mas esta preocupação parece mais uma satisfação aos evangélicos – que não têm santos nem cultuam Maria, a Mãe do Senhor, nem por imagens, nem por qualquer outra forma. Ora, o culto que os católicos prestam a Maria, a Mãe de Jesus, expressa-se por meio de autêntica veneração, e se parece adoração, apenas “parece”: pois todo católico sabe muito bem que a imagem, a estatueta, é apenas uma expressão visual de uma realidade que está muito além das realidades humanas. Se perguntarmos a qualquer fiel católico, por mais simples e humilde que seja, o que significa para ele uma imagem, ele nunca dirá que ela é sua divindade...


Sabemos muito bem, os católicos, que as imagens que tanto embelezam nossas igrejas, têm várias funções, além desta citada: embelezar, ornamentar um ambiente de oração. Duas funções importantes podem ser lembradas. A primeira é tornar a casa de oração um ambiente mais acolhedor, mais humano, o que não ocorreria se as diversas imagens fossem banidas das igrejas católicas – aliás, como já foi feito, como fruto de um pseudo-ecumenismo, em muitas igrejas – tornando essas últimas um prédio como outro qualquer, em que nada favorece o espírito de silêncio, louvor e adoração, que deve marcar um templo cristão. Uma segunda função, de certa forma ligada a essa primeira, baseia-se no fato de que nós, cristãos não somos anjos, nem seres puramente espirituais, mas somos, primeiramente, humanos, de carne e osso, com as suas próprias limitações. Daqui decorre a segunda função: ser um meio visual tanto para educação na fé – por tudo que uma imagem informa ao fiel – quanto para a sua elevação espiritual, isto é, para que sua oração seja mais profunda, cheia de vida e de emoção.


Diante de uma imagem qualquer, o fiel católico vê, para além da imagem, mas com o auxílio desta, a realidade espiritual que ela representa. No caso de Maria, portanto, o fiel se envolve, inicialmente, com a beleza da estatueta, em seguida passa a considerar a imagem da Mãe representada pela estatueta, e prossegue na contemplação da realidade espiritual da Mãe de Jesus, que está sempre a nos lembrar: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Dá-se o mesmo em relação a qualquer imagem da iconografia católica: todas são meios para que o fiel católico possa ter experiências espirituais mais profundas, que de outra forma, sem o auxílio das imagens, só com muito custo conseguiria. Afinal, “imaginar” a imagem de Maria ou de Jesus, ou de um de seus santos, exige certo esforço mental, é cansativo, e não tem a mesma efetividade espiritual como a que se consegue por meio do auxílio de imagens visuais como estatuetas, quadros, painéis, etc. As imagens, portanto, são meios admiráveis e sábios, colocados à disposição de todos os cristãos, tanto para sua educação – especialmente daqueles mais simples e humildes – quanto para sua imersão mais profunda nas realidades espirituais.

Uilso Aragono (30/05/2011)


sábado, 30 de abril de 2011

DESPERDÍCIO DE DINHEIRO PÚBLICO!

Uma reflexão-denúncia sobre desperdício de dinheiro público em escolas estaduais é o que faço abaixo.

Orientando um trabalho de final de curso de engenharia elétrica, fiquei pasmo diante da constatação de que os gastos com energia elétrica, em uma escola pública estadual, contêm um grande desperdício! Uma simples conferência nas contas de energia elétrica ao longo de um ano denuncia o desperdício: paga-se uma tarifa de ultrapassagem de demanda totalmente desnecessária! E esta tarifa é 5 a 6 vezes maior do que a normal!...

Para se entender o absurdo do desperdício, há que se levar em conta o sistema de cobrança de energia elétrica de certos consumidores, como o caso de uma escola pública estadual, de primeiro e segundo grau. O consumidor, uma vez solicitada a ligação da energia elétrica à concessionária local de energia, deverá estabelecer com essa última um contrato duplo, de consumo e de demanda mensais. Este último valor associa-se ao maior valor da potência total consumida pela instalação elétrica do prédio em consideração, medido em kW (quilowatt). Já o primeiro valor (o consumo) corresponde à energia elétrica efetivamente consumida e medida pelo popular “relógio” de energia, medida em kWh (quilowatt-hora). Ocorre que o valor de demanda (máxima) – que é medido a cada 15 min, ficando registrado sempre o último maior valor – deve ser definido no primeiro contrato com a concessionária, podendo, por Lei, ser alterado sob certos critérios. Se a demanda contratada for ultrapassada na prática, o consumidor paga uma denominada “tarifa de ultrapassagem”, muitas vezes maior do que a normal: aquela que está associada a uma demanda medida inferior ou igual à demanda contratada. E é justamente isto o que está acontecendo na escola pública estadual objeto de pesquisa pelo aluno.

O resultado de uma demanda medida maior que a contratada é o pagamento de uma conta de energia muito maior (30 a 40%) maior do que a esperada. Numa situação normal – em que o dinheiro é um bem que deve ser controlado! – a constatação de uma demanda medida superior á contratada deveria levar o consumidor, logo na primeira conta gerada, a avaliar a situação e, se for o caso, conter a demanda efetiva da instalação ou aumentar o valor de demanda contratada, se o valor inicialmente previsto não corresponde à realidade da instalação.

O que se constata é que a Secretaria de Educação Estadual não tem feito um acompanhamento criterioso das contas de energia de suas escolas: manda pagar simplesmente! Segundo o que se constatou no trabalho referido as contas ficam arquivadas e não há qualquer setor que se responsabilize – efetivamente! – pelo controle ou por uma avaliação contínua das contas de energia das escolas, em busca de contratos desfavoráveis ao erário público, e que possam constituir, como parece ser a realidade, verdadeiros ralos financeiros onde o dinheiro público é desperdiçado sem qualquer cuidado!...

Este absurdo de desperdício – através do total descontrole de contas de energia elétrica – pode também estar acontecendo em muitos outros setores da atividade pública, o que deveria despertar seriamente a atenção das autoridades para uso eficiente do dinheiro público. E ainda se diz que falta dinheiro para melhoria de salários de professores!...

Uilso Aragono (30/04/2011)

quinta-feira, 31 de março de 2011

Big Brother Brasil, Um Programa Imbecil

O Título acima é do Cordelista Antonio Barreto, em seu texto abaixo, retirado do seu blogue. Acho que devemos divulgar, pois está muito bem escrito e com conteúdo que faz refletir: afinal, que programa é esse?!...

Autor: Antonio Barreto,

Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador.


Curtir o Pedro Bial

E sentir tanta alegria

É sinal de que você

O mau-gosto aprecia

Dá valor ao que é banal

É preguiçoso mental

E adora baixaria.


Há muito tempo não vejo

Um programa tão ‘fuleiro’

Produzido pela Globo

Visando Ibope e dinheiro

Que além de alienar

Vai por certo atrofiar

A mente do brasileiro.


Me refiro ao brasileiro

Que está em formação

E precisa evoluir

Através da Educação

Mas se torna um refém

Iletrado, ‘zé-ninguém’

Um escravo da ilusão.


Em frente à televisão

Lá está toda a família

Longe da realidade

Onde a bobagem fervilha

Não sabendo essa gente

Desprovida e inocente

Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial

Chega de esculhambação

Respeite o trabalhador

Dessa sofrida Nação

Deixe de chamar de heróis

Essas girls e esses boys

Que têm cara de bundão.


O seu pai e a sua mãe,

Querido Pedro Bial,

São verdadeiros heróis

E merecem nosso aval

Pois tiveram que lutar

Pra manter e te educar

Com esforço especial.


Muitos já se sentem mal

Com seu discurso vazio.

Pessoas inteligentes

Se enchem de calafrio

Porque quando você fala

A sua palavra é bala

A ferir o nosso brio.


Um país como Brasil

Carente de educação

Precisa de gente grande

Para dar boa lição

Mas você na rede Globo

Faz esse papel de bobo

Enganando a Nação.


Respeite, Pedro Bienal

Nosso povo brasileiro

Que acorda de madrugada

E trabalha o dia inteiro

Dar muito duro, anda rouco

Paga impostos, ganha pouco:

Povo HERÓI, povo guerreiro.


Enquanto a sociedade

Neste momento atual

Se preocupa com a crise

Econômica e social

Você precisa entender

Que queremos aprender

Algo sério – não banal.


Esse programa da Globo

Vem nos mostrar sem engano

Que tudo que ali ocorre

Parece um zoológico humano

Onde impera a esperteza

A malandragem, a baixeza:

Um cenário sub-humano.


A moral e a inteligência

Não são mais valorizadas.

Os “heróis” protagonizam

Um mundo de palhaçadas

Sem critério e sem ética

Em que vaidade e estética

São muito mais que louvadas.


Não se vê força poética

Nem projeto educativo.

Um mar de vulgaridade

Já tornou-se imperativo.

O que se vê realmente

É um programa deprimente

Sem nenhum objetivo.


Talvez haja objetivo

“professor”, Pedro Bial

O que vocês tão querendo

É injetar o banal

Deseducando o Brasil

Nesse Big Brother vil

De lavagem cerebral.


Isso é um desserviço

Mal exemplo à juventude

Que precisa de esperança

Educação e atitude

Porém a mediocridade

Unida à banalidade

Faz com que ninguém estude.


É grande o constrangimento

De pessoas confinadas

Num espaço luxuoso

Curtindo todas baladas:

Corpos “belos” na piscina

A gastar adrenalina:

Nesse mar de palhaçadas.


Se a intenção da Globo

É de nos “emburrecer”

Deixando o povo demente

Refém do seu poder:

Pois saiba que a exceção

(Amantes da educação)

Vai contestar a valer.


A você, Pedro Bial

Um mercador da ilusão

Junto a poderosa Globo

Que conduz nossa Nação

Eu lhe peço esse favor:

Reflita no seu labor

E escute seu coração.


E vocês caros irmãos

Que estão nessa cegueira

Não façam mais ligações

Apoiando essa besteira.

Não deem sua grana à Globo

Isso é papel de bobo:

Fujam dessa baboseira.


E quando chegar ao fim

Desse Big Brother vil

Que em nada contribui

Para o povo varonil

Ninguém vai sentir saudade:

Quem lucra é a sociedade

Do nosso querido Brasil.


E saiba, caro leitor

Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso

Esses milhões desejados

Que são ligações diárias

Bastante desnecessárias

Pra esses desocupados.


A loja do BBB

Vendendo só porcaria

Enganando muita gente

Que logo se contagia

Com tanta futilidade

Um mar de vulgaridade

Que nunca terá valia.


Chega de vulgaridade

E apelo sexual.

Não somos só futebol,

baixaria e carnaval.

Queremos Educação

E também evolução

No mundo espiritual.

Cadê a cidadania

Dos nossos educadores

Dos alunos, dos políticos

Poetas, trabalhadores?

Seremos sempre enganados

e vamos ficar calados

diante de enganadores?


Barreto termina assim

Alertando ao Bial:

Reveja logo esse equívoco

Reaja à força do mal…

Eleve o seu coração

Tomando uma decisão

Ou então: siga, animal…

FIM

http://barretocordel.wordpress.com/2010/01/21/big-brother-brasil-um-programa-imbecil/

21/jan/2010.

Quem sou eu

Minha foto
Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

Seguidores