segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Missão do Professor

Fala-se muito que a missão do verdadeiro professor é, sobretudo, educar o cidadão sob sua tutela. E esta é uma grande verdade, mas que às vezes é ofuscada pela crença, também muito difundida, de que ao professor cabe a missão de “ensinar”. Ora, ensinar é uma tarefa que não anda sozinha, mas está intimamente associada ao ato de aprender: fala-se, então, de um processo de ensino-aprendizagem. Sim, um processo duplo, e que depende, portanto, tanto do professor – embora, talvez, em maior medida! – quanto do aluno. Se este não se esforça para aprender, não faz a sua parte, é vão todo o esforço do professor. Pode-se, então, afirmar que o professor não tem o poder de ensinar o aluno por meio de suas aulas – por mais perfeitas que sejam! – pois o conhecimento ou o saber não é “depositado” na mente do aluno por um processo um tanto quanto passivo como costuma ser uma aula, especialmente do tipo expositiva. É claro que, quanto mais ativa for uma aula, com participação efetiva do aluno, tanto mais este aproveitará o conteúdo trabalhado pelo professor, e mais chance haverá de que o processo ensino-aprendizagem colha bons frutos.

Se o professor não tem o poder de ensinar, independentemente do aluno, pode-se perguntar, em que consiste, então, a sua missão de educador? A verdadeira missão do professor consistirá, sobretudo, em despertar no aluno o interesse, a curiosidade, e até o amor pelo assunto da unidade curricular, ou popularmente, da matéria ensinada. E para atingir este nobilíssimo objetivo, deverá o professor relacionar-se com o alunado, da forma mais humana, respeitosa, democrática e flexível que seja possível. Pois agindo assim, estará o professor como que pavimentando o caminho que levará, efetivamente, à eficácia do processo ensino-aprendizagem. Ao final do período letivo, o professor deveria procurar identificar não tanto o quanto o aluno aprendeu ou “apreendeu” da disciplina lecionada, mas, sobretudo, o quanto foi despertado nele o interesse e o amor por esta, pois serão esses os fatores que farão com que o aluno, uma vez tendo passado na matéria, permaneça aberto à possibilidade e à necessidade de constante e contínua aprendizagem do conteúdo superado. Ao contrário, tendo sido ruim a relação professor-aluno, estará definitivamente comprometida a eficácia do processo ensino-aprendizagem, e o aluno poderá associar a imagem negativa do professor ao conteúdo da disciplina, resultando natural bloqueio diante desta.

Além da vantagem de um bom relacionamento professor-aluno em relação à eficácia do processo ensino-aprendizagem, especialmente para o futuro do aluno – abertura diante da aprendizagem contínua –, a missão de educador concretiza-se, também, com mais eficácia, pois o alunado assimilará, positivamente, todo o conteúdo extracurricular, isto é, ético, moral, político, humano-social, e religioso, que porventura (ou certamente) o professor tiver passado em suas aulas. E esses valores talvez possam vir a ser aqueles que mais efetivamente determinem o futuro promissor e o sucesso profissional do aluno. Sob este aspecto, a missão do professor-educador estará realizando-se sob a forma mais nobre e louvável que uma sociedade possa desejar.

A missão do professor é, portanto, não tanto passar ou impor conteúdos programáticos aos alunos, mas, sobretudo, criar um ambiente, em sala de aula, que seja, sem dúvida, o mais favorável possível à assimilação de tais conteúdos, mas, em especial, para que o aluno, ao final do período de estudos sinta-se como que apaixonado pela disciplina, pelo professor, e, em decorrência, por todo o conteúdo do assunto, que normalmente ultrapassa em muito aquele dado em sala de aula. Este, sabe-se muito bem, é apenas o básico ou a parte introdutória do assunto, visto que durante um semestre letivo, ou mesmo um ano, não é possível estudar-se mais do que isso.

Criar um ambiente amigável, democrático, flexível e respeitoso, que favoreça a assimilação do conteúdo da disciplina, mas que, sobretudo, desperte no aluno o interesse e o amor por esse conteúdo no seu processo futuro de aprendizagem contínua, e que, ao mesmo tempo, promova no alunado valores positivos relacionados à política, à cidadania, à religião, à tolerância e a tantos outros similares: esta é a verdadeira missão do professor, e que tanto deseja a Sociedade! O professor, mais que um utópico e ineficaz “ensinador” deve ser um orientador, um auxiliador, um incentivador, um avaliador competente e um modelo de cidadão para seus alunos, que, em consequência, onde o encontrarem no futuro, sempre o chamarão, de fato e de direito, seu “professor”.

Uilso Aragono (janeiro / 2011)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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