segunda-feira, 31 de agosto de 2020

OS MILAGRES DE JESUS NO EVANGELHO DE LUCAS – PARTE V

 Os milagres de Jesus, descritos nos quatro Evangelhos, são obras maravilhosas e, verdadeiramente, arrebatadoras! São capazes de nos encantar a todos e de provocar uma profunda reflexão sobre quem é este Homem, capaz de tantos feitos impossíveis aos homens comuns... O texto abaixo procura identificar, a partir de uma busca nos Evangelhos, quais são esses milagres, e apresenta-os por meio de uma breve descrição. Desta vez, em relação ao Evangelho de S. Lucas. Algum comentário comparativo entre os Evangelhos é feito.

19. A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES: Jesus levou consigo os apóstolos e se retirou para um lugar afastado, na direção de uma cidade chamada Betsaida. No entanto, as multidões souberam disso e o seguiram. Jesus acolheu-as e falava a elas sobre o Reino de Deus e restituía a saúde a todos os que precisavam de cura. A tarde vinha chegando. Os doze apóstolos se aproximaram de Jesus e disseram: “Despede a multidão. Assim eles podem ir aos povoados e campos vizinhos para procurar alojamento e comida, porque estamos num lugar deserto”. Mas Jesus disse: “Vocês é que têm de lhes dar de comer”. Eles responderam: “Só temos cinco pães e dois peixes... A não ser que vamos comprar comida para toda essa gente!”. De fato, estavam aí mais ou menos cinco mil homens. Mas Jesus disse aos discípulos: “Mandem o povo sentar-se em grupos de cinquenta”. Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. Então Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou sobre eles a benção e os partiu, e ia dando aos discípulos a fim de que distribuíssem para a multidão. Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda foram recolhidos doze cestos de pedaços que sobraram (Lc 9, 10-17).

– Como nos relatos paralelos de Mateus (14, 13-21) e Marcos (6, 30-44), aqui, Lucas (como João) narra apenas uma multiplicação de pães e peixes, diferentemente de Mateus e Marcos, que narram dois eventos de multiplicação de alimentos, cada um.  Explica uma nota da Bíblia de Jerusalém*: “[...] as duas narrativas de multiplicação dos pães parecem provir de duas tradições paralelas de um mesmo evento, uma nascida no ambiente palestino (margem ocidental do lago [...], doze cestos como as doze tribos de Israel), a outra originária de um meio cristão derivado do paganismo (margem oriental, [...] sete cestos como as sete nações pagãs de Canaã antes da conquista [...])”.

* (Bíblia de Jerusalém, Paulinas, 1986, p. 1946, nota u)

 

20. JESUS SE TRANSFIGURA DIANTE DOS APÓSTOLOS: Oito dias após dizer essas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Nisso, dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés, e Elias. Apareceram na glória e conversavam sobre o êxodo de Jesus, que iria acontecer em Jerusalém. Pedro e os companheiros dormiam profundamente. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. [...] Os discípulos ficaram com medo quando entraram na nuvem. Mas, da nuvem saiu uma vez que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!”. Quando a voz falou, Jesus estava sozinho. Os discípulos ficaram calados e nesses dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto (Lc 9, 28-32.34b-36).

Relatos semelhantes estão contidos nos evangelhos de Mateus (17, 1-9) e Marcos (9, 2-10). Moisés e Elias podem estar representando a Lei e os Profetas (isto, é, toda a Bíblia), respectivamente, para mostrar, como Jesus lembra algumas vezes, que toda a Escritura fala dele. Maria, a Mãe de Jesus, já lembrava aos discípulos que fizessem o que Ele dissesse; agora, é o Pai que lembra aos discípulos (e a nós, portanto), que escutem o que Ele diz. Duas coisas importantíssimas: escutar e fazer o que Jesus nos diz; eis a essência do ser cristão!

 

21. JESUS CURA UM MENINO ENDEMONINHADO: Um homem gritou do meio da multidão: “Mestre, eu te peço, vem ver o meu filho, pois é o meu único filho. Um espírito o ataca e, de repente, solta gritos e o sacode e o faz espumar. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espirito, mas eles não conseguiram”. Jesus disse: “Ó geração sem fé e pervertida! Até quando deverei ficar com vocês e ter que suportá-los? Traga o menino aqui”. Quando o menino estava se aproximando, o demônio o jogou no chão e o sacudiu. Então Jesus ordenou ao espírito mau e curou o menino. Depois o entregou a seu pai. Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus (Lc 9, 38-43).

É um episódio também relatado por Mateus (17, 14-18) e Marcos (9, 14-27) e nos mostra a importância da fé. Mais uma vez, Jesus se lamenta de que aquela geração (incluindo os discípulos) não tivesse fé! Ordenou ao espírito mau e este deixou o menino, causando admiração a todo o povo. Alguns cristãos querem justificar esse milagre como sendo apenas uma cura de um estado epilético, e não de uma possessão demoníaca. Há que se lembrar aqui, como explicam alguns teólogos exorcistas*, que o demônio também atua sobre pessoas com doenças mentais! Aliás, ele se aproveita de nossas fraquezas, quaisquer que sejam, para nos atormentar! Mais uma vez: se a crença na atuação do demônio fosse uma falsidade, Jesus não a teria confirmado, mas, ao contrário, teria esclarecido a verdade. No entanto, Jesus sempre expulsa os demônios, inclusive, às vezes, perguntando-lhe o nome!...

*Amorth, Gabriel. Mais fortes que o mal – O Demónio: reconhecê-lo, vencê-lo, evitá-lo. Paulus, Lisboa, 2012. p. 20.

 

22. JESUS EXPULSA UM DEMÔNIO MUDO: Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. Mas alguns disseram: “É por meio de Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios” (Lc 11, 14-15).

Que observação mais absurda e preconceituosa e invejosa é essa que acusa Jesus de estar expulsando os demônios em nome de Belzebu! Pois aqueles que assim falaram poderiam ter, igualmente, reconhecido que havia sido pelo Poder de Deus que Ele expulsava os demônios. O fato de atribuir ao príncipe dos demônios o exorcismo realizado por Jesus mostra a inveja, a rejeição e a má vontade para aceitar o novo Profeta e suas curas. Que pecado horroroso esse de um coração fechado! É este pecado que Jesus, em outra parte do Evangelho, vai classificar como o pecado contra o Espírito Santo (um coração fechado a Ele).

//Desejando ler a parte anterior (Ev. de Lucas) é só clicar no link abaixo:

https://www.blogger.com/blog/post/edit/2713838414460109863/3927493599694123111?hl=pt-BR

Uilso Aragono.  (Agosto de 2020)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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