quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Igreja Católica e a Homossexualidade

A homoafetividade está em questão no País, e levantando polêmica! Sobre a relação particular entre a questão da homossexualidade ou da homoafetividade e a Igreja Católica, ou os católicos, simplesmente, tenho uma posição que gostaria de partilhar.


Recuperando a história recente do País, observamos uma época em que o “divórcio” estava em questão, levantava polêmica, agitava os intelectuais e os movimento sociais e provocava discórdias. A Igreja e seus movimentos sociais combatiam o divórcio como algo que ameaçava a instituição familiar. Havia muita resistência dos católicos da época, ainda em muito maior percentual que hoje, diante da possível aprovação do divórcio no Congresso.

Ora, o divórcio foi aprovado, tornou-se realidade na sociedade brasileira e hoje já não há mais polêmica sobre o assunto. Não é mais discutido. Simplesmente vive-se a vida em sociedade com o divórcio e apesar do divórcio. E, apontam algumas estatísticas, nunca houve tanto casamento como nos dias de hoje! E se há muitos divórcios, nem por isto a família foi desintegrada ou tornou-se mais ameaçada do que usualmente. Há, de fato, muitas ameaças contra a família, mas ela vai subsistindo apesar de tudo.

A questão da hora é o homossexualismo e os movimentos que o apoiam, com suas passeatas e suas demandas sociais: casamento homoafetivo (antigamente, casamento gay), direito de expressão de afeto homossexual em público, direito a não sofrer ataques de ódio por conta da homoafetividade etc. A polêmica está no Congresso, nos Tribunais, nas ruas, nas universidades... E parece que o movimento está avançando, pois no congresso se discute uma nova lei contra o denominado (novo) crime: a homofobia. Alguns já são acusados de serem homofóbicos, termo nunca antes usado. Embora, em tese, desnecessária, pois outros dispositivos legais já preveem crimes semelhantes: violência contra a pessoa, calúnia e difamação, crime contra a vida etc, no entanto os movimentos sociais favoráveis à aceitação, por parte da sociedade, dos direitos dos homoafetivos, estão se fortalecendo e já obtendo vitórias, como na recente decisão do STF sobre o direito à união legal de casais homoafetivos. E o viés da homoafetividade já está se impondo à caracterização da lei para torná-la protetora dos homoafetivos contra todo preconceito homofóbico e toda violência anti-homossexual. E violência não somente contra a pessoa ou o cidadão comum, mas, particularmente, contra o cidadão homoafetivo.

Em termos, portanto, da relação da Igreja, e dos católicos, em geral, com os movimentos homoafetivos e com os próprios homossexuais, há que se ter uma visão historicamente contextualizada. Da mesma forma que o divórcio passou por uma fase de afirmação e conquistas, por parte daqueles que o defendiam – contra a Igreja e os movimentos mais conservadores, que o combatiam – chegando, hoje, a uma situação de calmaria e de aceitação por parte daqueles que o combatiam, também a questão homoafetiva, em plena efervescência na atualidade, haverá de passar essa fase e alcançar, inevitavelmente, uma situação de vitória e de tranquila aceitação, tanto da sociedade quanto da Igreja, em particular.

E com o passar do tempo, a sociedade haverá de ser confrontada com as consequências de toda uma experiência homoafetiva, tanto dos “homocasais”, que já estarão aceitos, quanto de suas experiências de “pais”. Estarão os seus filhos tornando-se, eles também, homossexuais, em sua maioria? Ou as orientações sexuais desses filhos estarão seguindo as estatísticas normais, como os filhos de casais heterossexuais? Eis novas questões que, inevitavelmente, surgirão e que terão de ser avaliadas pela sociedade de então. E quem pode antecipar tais consequências?... Em nome dessa impossibilidade, as relações entre os cidadãos, incluindo a Igreja e seus movimentos, deverão ser guiadas pelas tendências sociais de uma sociedade humana, pluralista e tolerante, como deve ser.

Afinal, a Igreja, como ela própria se entende, tem a missão de iluminar e santificar a sociedade, e apresentar-lhe referências para uma vida humana cada vez mais digna, responsavelmente livre e autônoma. Mas não lhe cabe impor suas crenças e doutrinas, senão, apenas, ao seu rebanho.

Uilso Aragono, 30/junho/2011

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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