Os milagres de Jesus, descritos nos quatro Evangelhos, são obras maravilhosas e, verdadeiramente, arrebatadoras! São capazes de nos encantar a todos e de provocar uma profunda reflexão sobre quem é este Homem, capaz de tantos feitos impossíveis aos homens comuns... O texto abaixo procura identificar, a partir de uma busca nos Evangelhos, quais são esses milagres, e apresenta-os por meio de uma breve descrição. Desta vez, em relação ao Evangelho de S. João. Algum comentário comparativo entre os Evangelhos é feito.
1. O ESPÍRITO SANTO DESCE
SOBRE JESUS: E João testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como uma
pomba, e pousar sobre ele. Eu também não o conhecia. Aquele que me enviou para
batizar com água, foi ele quem me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito
descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo’. E eu vi e dou testemunho
de que este é o Filho de Deus” (Jo 1, 32-34). – A descida do Espírito Santo,
de forma visível, sobre Jesus, e testemunhada por João Batista, não deixa de
ser um verdadeiro milagre: João fora avisado e esperava que isso fosse
acontecer; e ocorreu como ele esperava! E não teve dúvidas de que a pomba que
desceu e pousou sobre Jesus, após este ser batizado, estivesse representando a
presença real do próprio Espírito Santo!
E também não teve dúvidas em proclamar: “Este é o Filho de Deus!”. Este
episódio é citado, de forma diferente, pelos evangelistas Mateus (3, 16-17),
Marcos (1, 9-11) e Lucas (3, 21-22); nesses últimos, uma voz é ouvida pelos
presentes: “Tu és meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado!”. Essas
variações, ou diferenças, entre os evangelhos, para além de colocar em dúvida o
episódio realmente acontecido, na verdade o valoriza, pois mostra que não são
cópias uns dos outros, mas testemunhos autênticos de autores diversos, narrando
o acontecimento conforme cada um teve a oportunidade de recebê-lo das fontes
(orais ou escritas) disponíveis à sua época. E mostra também com o Autor
Sagrado é iluminado pelo Espírito de Deus, mas sua memória, sua mentalidade é
respeitada, na medida em que a realidade essencial seja preservada.
2. JESUS MUDA A ÁGUA EM VINHO:
No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia, e a mãe de
Jesus estava aí. Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento,
junto com seus discípulos. Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não
têm mais vinho!”. Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora
ainda não chegou”. A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: “Façam o que
ele mandar”. Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que
serviam para os ritos de purificação dos judeus. Jesus disse aos que serviam:
“Encham de água esses potes”. Eles encheram os potes até a boca. Depois Jesus
disse: “Agora tirem e levem ao mestre-sala”. Então levaram ao mestre-sala. Este
provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam
estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou
o noivo e disse: “Todos servem primeiro o vinho bom e quando os convidados
estão bêbados servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora!” (Jo
2, 1-10). – Este é considerado o primeiro milagre de Jesus ou também chamado
a autorrevelação de Jesus nas bodas de Caná. É considerado o primeiro também
porque a descida do Espírito Santo (milagre anterior) não é considerada um
evento portentoso e que tenha afetado a vida das pessoas, como é o caso de
Caná. Seja como for, é a primeira manifestação pública de poder de Jesus e que
fez com que seus discípulos “acreditassem nele” (Jo 2, 11c). Aqui aparece,
claramente, o poder de Maria, Mãe de Jesus, como intercessora junto a Seu Filho:
foi Ela quem se interessou pelo problema dos anfitriões, surgido pela falta do
vinho, e quem pediu a Jesus que tomasse uma providência, confiante, no poder
que Jesus tinha para resolver tal problema. E se Jesus, aparentemente, a trata
com desprezo (“Mulher, o que existe entre nós”(Jo 2,4) ou “... o que queres de
mim, mulher?”, numa outra versão), chamando-a de “mulher” e não de “mãe”, como
seria de se esperar, muitos exegetas (intérpretes dos textos bíblicos) já
interpretaram o uso deste termo “mulher”, pelo autor do texto, como se
referindo, simbolicamente, à nova Eva: se pela primeira mulher veio o pecado
original para toda a humanidade, pela nova “mulher”, a nova Eva, vieram a graça
e a salvação para todos. Este termo, portanto, tem um alcance profético muito
maior do que teria se Jesus a chamasse de “mãe”. E o autor vai utilizá-lo,
novamente, quanto Jesus, na cruz, se refere a Maria: “Mulher, eis aí teu filho”
(Jo 19, 26b).
3. JESUS SE REVELA À
SAMARITANA: Jesus disse à samaritana: “Vá chamar o seu marido e volte aqui”.
A mulher respondeu: “Eu não tenho marido”. Jesus disse: “Você tem razão ao
dizer que não tem marido. De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você
tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade”. A mulher então disse a
Jesus: “Senhor, vejo que és um profeta!” (Jo 4, 16-19). – No Evangelho de
João, Jesus é apresentado como alguém que tem, claramente, a clarividência e o
poder sobrenatural de conhecer os pensamentos e detalhes da vida das pessoas. E,
de fato, sendo o Verbo encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
Jesus tem o poder de conhecer as pessoas, seus pensamentos e os acontecimentos
presentes e futuros. Este poder Ele usava, comumente, para demonstrar ao povo
quem Ele era: alguém diferente, enviado por Deus e com poderes divinos. Era
para lhes facilitar a crença nEle, já que isto era importante para que fossem
curados e salvos. Que nós aceitemos Jesus como nosso Mestre e Senhor, nosso
Deus e nosso Amigo, que nos conhece e quer o nosso bem: quer nos curar, nos
fortalecer na Fé e nos salvar para a Vida Eterna em Deus. Amém.
4. JESUS CURA O FUNCIONÁRIO DO
REI: Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado a água em
vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente.
Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judeia para a Galileia. Sai ao encontre
de Jesus e lhe pediu
que fosse a Cafarnaum curar
seu filho que estava morrendo. Jesus
disse-lhe: “Se vocês não veem sinais e prodígios, vocês não acreditam”.
O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!”. Jesus
disse-lhe: “Pode ir, seu filho está vivo”. O homem acreditou na palavra de
Jesus e foi embora. Enquanto descia para Cafarnaum seus empregados foram ao seu
encontre e disseram: “Seu filho está vivo”. O funcionário perguntou a que horas
o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu ontem pela uma
hora da tarde”. O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora que
Jesus havia dito: “Seu filho está vivo”. Então ele acreditou, juntamente com
toda a sua família (Jo 4, 46-53). – O funcionário do rei “acreditou na
palavra de Jesus”. Este episódio deveria ser acolhido por cada um de nós como
um exemplo de que podemos e devemos acreditar na palavra de Jesus, que é Deus e
nos ama infinitamente. Veio para nos curar de todas as doenças, mentais, físicas
e espirituais, e nos libertar das opressões e possessões dos demônios, muito
comuns naquela época,
e ainda hoje. Ora, o Evangelho está cheio das promessas de Cristo;
promessas de cura, libertação e santificação. Por que não acreditarmos, como o
funcionário do rei? Jesus nos diz ainda hoje – porque sua Palavra é viva e
eficaz, e válida para todos os tempos: “Pode ir, seu filho está vivo”. Ele está
dizendo isto, e tantas outras coisas, para nós! Precisamos acreditar! Como o
funcionário! E assim, receberemos os frutos das benditas e eficazes palavras do
Senhor! Só precisamos ter Fé; só precisamos acreditar!
//Desejando ler a parte anterior (Ev. de Lucas) é só clicar no link abaixo:
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Uilso Aragono (jan. de 2021)