quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

BRASIL – COMO VENCER A CORRUPÇÃO?

Embora a presidente Dilma tenha afirmado que não vivemos uma crise de corrupção, a verdade é, exatamente, o contrário! Vivemos, sim, uma grande crise de corrupção no País! Há anos o Brasil vem sendo vítima da corrupção exercida por nossos próprios cidadãos, por nós próprios brasileiros...

Há uma saída para tanta roubalheira? – para usar uma expressão bem mais popular que “corrupção”.
Sim, é roubalheira, mesmo! É desonestidade, mesmo! Mas, de onde vem tanta desonestidade? Porque é isto o que está por trás da corrupção de nossas “autoridades” e, como que, a “alimenta”. É a desonestidade! ...  

COMO VENCER A CORRUPÇÃO?

Para responder à pergunta do título deste artigo, talvez devamos, primeiramente, pensar na origem do conceito “honestidade”. Será este, verdadeiramente, um valor para nós, cidadãos brasileiros? Porque o que é valor é guardado; enquanto o que não tem valor se joga fora!

Onde está a origem da honestidade? Talvez esteja associada aos valores cristãos de nossa Sociedade, que tem vivido e pregado – através de seus líderes religiosos, e por já muito tempo – que nós, cristãos, busquemos a santidade e evitemos o pecado. E respeitar o outro e os seus bens, é ser honesto, e é um passo importante para a santidade do cristão. Retroagindo ainda mais no tempo, podemos encontrar a honestidade como um dos grandes valores morais vividos e propostos já por Sócrates e outros grandes nomes da História. O grande filósofo e orador romano, Marco Túlio Cícero, já escrevia: “Viver feliz não é mais do que viver com honestidade e retidão”.

Portanto, já podemos afirmar que a honestidade é um bem e um valor cristão e moral, e já antigo nas sociedades ocidentais. Mas, por que tem sido tão difícil viver-se, na prática, a honestidade? Por que, particularmente, no nosso Brasil, tem sido mais valorizado o questionável desvalor moral do querer dar-se bem em tudo, a famosa lei de Gerson? Será que o brasileiro é, geneticamente, egoísta, e tudo faz para se dar bem nos aspectos social e material? ...

VANTAGENS PRÁTICAS DA HONESTIDADE

Supondo-se aceitável que seja a honestidade, ou sua falta, o que está por trás da corrupção generalizada em nosso País, o que fazer para resgatar esse valor? Talvez uma reflexão prática sobre os ganhos, os benefícios e as vantagens de vivermos honestamente nos leve a uma tomada de decisão a favor do resgate desse grande valor.

No que tange à consciência, um efeito prático da vida em honestidade é o sono tranquilo e reparador. Pois quem assim vive, não terá dor na consciência e terá, por conseguinte, um “sono dos justos”. Aquele, portanto, que não vive a honestidade, não pode se queixar de insônia ou de dores mal dormidas... É a consequência natural de uma vida desonesta.

Em relação à vida em sociedade e às suas leis, uma consequência natural e prática da honestidade – que neste aspecto, se revela no respeito a essas leis – é o fato de que todos saem ganhando, se todos forem honestos. Explica-se: as leis são feitas para o bom convívio entre as pessoas, portanto, respeitar as leis é trabalhar para que o bom convívio exista, de fato, entre tais pessoas. Se cada pessoa respeitar, por exemplo, as leis de trânsito, isto é, se cada pessoa for honesta em relação a tais leis, todos saem ganhando, pois os acidentes serão, de fato, praticamente inexistentes. A velocidade máxima, por exemplo, sendo respeitada, por si só, já diminuirá em muito, se não os acidentes, pelo menos as suas consequências. Um mundo novo surgiria se todos decidissem viver a honestidade diante das leis de trânsito! Um mundo quase sem mortos e feridos no trânsito, a não ser por aquelas verdadeiras fatalidades, ou verdadeiros acidentes.

Em relação às demais leis, todos, igualmente, sairíamos ganhando, se diante delas todos fôssemos honestos. Pois as leis, a princípio, foram e são feitas para o benefício de todos os cidadãos, tendo em vista, inclusive, suas diferenças. E se uma lei, por acaso, não se revelar legítima, que seja expurgada pelos próprios legisladores, como ressonância da manifestação (honesta) da sociedade. Mas sendo lei legítima e boa, o seu respeito só trará benefícios. Este conceito, aliás, da utilidade da Lei, precisa ser objeto de mais debates e estudos na Escola, para que todo futuro cidadão possa entender, profundamente, que ser honesto diante da lei não é um fardo pesado, mas, ao contrário, é exatamente a certeza de que todos se sentirão livres e leves nas relações sociais, pois todos estarão protegidos pelas boas leis e pelo respeito que todos dedicam a elas.

NINGUÉM É FELIZ SOZINHO

Com relação à felicidade e à realização pessoal, familiar e profissional do indivíduo, pode-se afirmar que uma vida vivida na base da honestidade – de preferência sob todos os aspectos da vida – concorre diretamente para a felicidade da pessoa e, indiretamente, para a felicidade de todos aqueles que a rodeiam. De fato, se formos honestos, faremos tudo para que as coisas aconteçam da melhor forma possível, não só para nós, mas para os outros, também. Pois todos somos interdependentes na sociedade e ninguém consegue ser feliz sozinho... Este é outro aspecto que precisa ser mais bem debatido e estudado na Escola, de tal forma a levar o aprendiz a ter consciência de que ninguém será feliz sozinho. Talvez assim este se torne um cidadão honesto, realizado e realizador.

SER HONESTO É ...

Aceitar que todos têm direito à vida com qualidade;
Aceitar as consequências das próprias decisões;
Respeitar as leis da boa convivência (em todos os campos);
Respeitar os próprios limites e viver com o que se tem;
Reconhecer que tem demais, quando outros têm de menos;
Garantir uma vida feliz para si e para os outros.

CONCLUSÃO

Para vencermos esta atual crise de corrupção que assola o Brasil, temos de nos unir em torno da luta contra toda desonestidade. Melhor, temos de nos unir para resgatar a honestidade de vida como um grande bem para todos. E para começar isto, tendo em vista a força do exemplo (bom ou mau), que todos as nossas autoridades, políticas, civis, religiosas e militares se conscientizem de que têm de ser honestas e demonstrar honestidade em tudo o que falam e fazem. E que a Escola e a Família assumam, mais uma vez, a sua responsabilidade de formar mentes e corações honestos por meio da valorização das vantagens práticas da honestidade.

Uilso Aragono. (Dez, 2014)

sábado, 29 de novembro de 2014

TODOS SÃO DESIGUAIS PERANTE A LEI

Não existe falácia maior do que a que se encontra em nossa Constituição: “Todos são iguais perante a Lei”. Na verdade, e na prática, a Lei trata a todos como desiguais. E isto é muito bom, porque é a verdade: todos somos diferentes, desiguais, e, por consequência, tratar os desiguais por uma forma única – a Lei – seria uma grande injustiça.

De fato, todos os seres humanos totalmente são diferentes uns dos outros. Somos diferentes no sexo, na idade, na raça, na cor da pele, na profissão, na cultura, na classe social, na função social, etc. E a Lei, isto é, o conjunto das leis que regem as relações pessoais e sociais em nossa sociedade reflete isto. A Lei nos trata de forma diferente e a sociedade, em suas leis não escritas, também.

De onde vem esta ideia de escrever na Constituição algo tão falso? Possivelmente seja uma contaminação vinda dos ideais do Iluminismo francês, da revolução francesa, que tinha como lema: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. A liberdade e a fraternidade são, de fato, algo por que se deve lutar sempre: todos queremos e merecemos a liberdade e devemos viver como irmãos, isto é, em fraternidade. Mas a proposta de “igualdade” entrou nesse lema como um estranho no ninho. A proposta, aparentemente, é boa, mas contraria a mais pura realidade, pois todos somos diferentes, e, no fundo, gostaríamos de ser tratados de acordo com as nossas características pessoais próprias e que são diferentes das dos demais.

A Lei nos discrimina – positivamente, em geral – no tocante ao sexo, à idade, à idade, à profissão, e à função social, para citar apenas alguns aspectos em que somos diferentes. Como exemplos, sejam citados:

·         Banheiros masculinos e femininos: um homem que tente entrar num banheiro feminino incorrerá num ato, no mínimo, classificado como atentado ao pudor, um ato criminoso! – Mas, todos não “são iguais perante a Lei”? ...

·         Os idosos (pessoas acima de 60 anos) são segregados, em relação aos demais cidadãos, no sentido de que têm alguns direitos que os demais não têm. As crianças e os adolescentes, mesmo cometendo crimes, não são considerados criminosos e não se lhes imputam penas nem prisão: são, tão somente, “apreendidos”. – Mas, todos não “são iguais perante a Lei”? ...

·         Os professores têm 45 dias de férias, enquanto outros segmentos profissionais, em sua maioria, têm apenas 30 dias. Os políticos têm aposentadorias precoces, em poucos mandatos, enquanto a maioria tem de trabalhar pelo menos por 35 anos. – Mas, todos não “são iguais perante a Lei”? ...

·         Os deputados e senadores têm “foro privilegiado”, somente podendo ser processados no Superior Tribunal Federal (STF). – Mas, todos não “são iguais perante a Lei”? ...

Vamos aprofundar a questão relativa à desigualdade intrínseca entre os cidadãos de qualquer país, de qualquer sociedade. Na verdade, cada ser humano, tendo em vista sua origem racial, social, familiar, política, e outras, é diferente dos demais. Mesmo dentro de uma mesma família, cada irmão é bem diferente dos demais. Nem os gêmeos univitelinos, isto é, os gêmeos idênticos são iguais. Não há, e nunca haverá, “clones” humanos. Cada ser humano se faz, se constrói, como cidadão, como pessoa adulta, de acordo com múltiplos e variados condicionamentos, quais sejam: genéticos, econômicos e culturais. Sem citar os condicionamentos circunstanciais, idiossincráticos, que somente afetam àquele indivíduo, que apresentará respostas únicas a tais estímulos ou condicionamentos. Por exemplo, duas pessoas que tenham nascido com uma igual e marcante necessidade especial, poderão responder a essa situação de maneiras totalmente diversas, tendo em vista os outros condicionantes.

Se somos diferentes, é natural que queiramos ser tratados de acordo com as características que nos marcam, sejam positivas, sejam negativas.

·         Se a Lei tratasse os idosos da mesma forma que trata os adultos não idosos, aqueles se sentiriam injustiçados.

·         Se a Lei tratasse as mulheres trabalhadoras, que acabaram de dar à luz, da mesma forma que trata os demais trabalhadores, aquelas se sentiriam injustiçadas.

·         Se a Lei tratasse as crianças, que ainda não têm a maturidade de um adulto, como se adultos fossem, aquelas se sentiriam e seriam, de fato, muito injustiçadas.

·         Se os índios fossem tratados pela Lei brasileira, da mesma forma que os demais cidadãos brasileiros não índios, aqueles se sentiriam injustiçados, e com toda a razão!

·         Se um doente mental que tenha cometido um crime fosse tratado como qualquer cidadão que tenha suas plenas capacidades mentais, aquele estaria sendo totalmente injustiçado!

Agradeçamos aos Céus que aquela seja uma verdadeira “letra morta” na nossa Constituição! Na verdade, “Todos são desiguais perante a Lei”. Esta deveria ser a expressão constante de nossa Carta Magna. Porque ao reconhecer que todos são diferentes, todos seriam tratados de acordo com suas características próprias e com respeito às diferenças que os marcam em relação a todos os demais cidadãos.

Até o STF já reconheceu que as denominadas ações positivas são legítimas e não atentam contra a Constituição. Pois, mesmo que lá exista a expressão “todos são iguais perante a Lei”, os magistrados foram inteligentes em perceber que é uma frase vazia, e que se fossem fazer valer tal frase as maiores injustiças seriam cometidas e tantas outras medidas justas seriam impossibilitadas.

Que a Sociedade continue a ignorar a falácia da expressão vazia de nossa Constituição, tão decantada por muitos e por muito tempo, e que continue a reconhecer as diferenças entre os cidadãos. Pois somos iguais, apenas nisto: somos todos seres humanos, com direitos fundamentais à vida, à saúde, à educação, ao trabalho e à proteção do Estado. Somos todos iguais, sim, mas tão somente no que tange à nossa dignidade de pessoa humana!

Uilso Aragono.   (Novembro, 2014)


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO PT?

Ideologicamente falando, o que está por trás do PT, parece ser o Comunismo. Nada contra o Comunismo: “cada cabeça, uma sentença”. Mas eu não sou comunista. E não desejo esta opção, também dita socialista, para nosso querido povo Brasileiro...

Você sabia que o nome oficial do partido comunista da Coreia do Norte (país ditatorial e comunista) é Partido dos Trabalhadores? Será nosso destino, também? Espero que não.
Se o que move o PT fosse tão somente sua tendência comunista, seria até bom. No entanto, a moral que guia os passos do PT e de sua militância tem sido a da “não transparência”. Ou, de forma mais popular: é a mentira, a falsidade, a enganação. E isto é ruim. Porque, uma coisa é lutar, honestamente, pela implantação de um ideal comunista. Outra coisa é querer impor-se tal ideal sem que se fale aberta e claramente das reais intenções.

Para ilustrar algumas dessas falsidades, podem ser citadas:

O ministro Mantega, em entrevista à jornalista Miriam Leitão (9/10/2014), esquivou-se, totalmente, de explicar e tentar justificar o pífio cenário econômico brasileiro desta sua gestão ao lado da presidente Dilma. Só tentou, como sempre, colocar a culpa no cenário internacional! No entanto, quem mais sofreu com a última grande crise internacional – os EUA – já estão em franco crescimento (perto de 3%), enquanto nosso Brasil mal chega ao 1%, tendo já atingido nesse atual governo petista, o crescimento negativo!

A presidente Dilma, apesar da inequívoca acusação de envolvimento do PT com o novo escândalo denominado Petrolão, insiste em caracterizá-lo (= falta de transparência, ou falsidade), como intrigas eleitoreiras...

A mesma presidente, em seu primeiro programa deste segundo turno, afirma, descarada, e falsamente, que ela é a primeira a lutar contra a corrupção! Ora, o PT foi, claramente, condenado junto com os réus do Mensalão. O PT é acusado, agora, de ter recebido bilhões de reais do Petrolão, e ela vem dizer ao povo brasileiro, que luta contra a corrupção: falsidade e cinismo juntos...

Politicamente se sabe que para controlar o povo, e fazer dele o que se quiser, dê-se a ele “pão e circo”. É o que tem feito o PT, que quer torna-se, a médio e longo prazos, o Partidão do Brasil Comunista. Quanto ao “circo” vejam-se a luta pela “Copa das copas” e a luta pela Olimpíada, com bilhões de reais do dinheiro público sendo investidos em “arenas”, ao arrepio de todas as necessidades – especialmente na área da saúde e do transporte – do povo brasileiro. E nesses últimos dias, reportagens sobre obras inacabadas, iniciadas para a Copa, mostram seu abandono e a desesperança de que sejam completadas, conforme os moradores locais. E quanto ao “pão”, vejam-se os programas bolsa família que, a título de “programa social” ou de assistência social, dá dinheiro aos pobres para, descaradamente, embora com aparência oficial e legal, “comprar” os seus votos! É um “assistencialismo” perverso, no sentido de que não retira, efetivamente, o pobre de sua situação, e ainda o mantém nela. Afinal, qual é a diferença entre um candidato a prefeito, do interior, visitar um eleitor e pedir seu “apoio”, oferecendo-lhe ajuda financeira para fazer o seu telhado, e um governante candidato oferecer, constantemente, a seus potenciais eleitores, dinheiro (bolsa)? E sem qualquer contrapartida! É compra de voto para agradar ao povo e angariar sua simpatia e seu voto, no futuro. O resultado é que milhões de brasileiros votam no governo porque recebem dinheiro (= pão), para permanecer na pobreza mas votar nesse governo que lhes dá pão. E o mais perverso, ainda, é que isto é feito e os candidatos adversários não podem falar esta verdade, sob pena de serem rejeitados pelo povo. Mas quando o governo conseguir realizar seu plano de dominar o povo, logo esse mesmo povo será esquecido e o PT se tornará o Partidão comunista do Brasil, com seus conselhos populares e sua característica ditadura do proletariado – entenda-se, da aristocracia comunista petista.

Por que têm sido feitos investimentos, pelo BNDES – que é um banco Nacional de investimentos – em países como Cuba, claramente comunista e ditatorial e de partido único, à revelia dos interesses nacionais e com cláusulas de sigilo? É mais uma característica da falta de transparência do governo petista. O que está por trás dessa generosidade do governo brasileiro junto a um país claramente não democrático, ditatorial e corrupto? Por acaso será o alinhamento com países comunistas que, a médio prazo, darão apoio político à comunização do Brasil?

Por que o alinhamento, também, com outros países de características comunistas e ditatoriais como Bolívia, Rússia, China, Venezuela e Argentina? Esta última, já está estreitando laços de “amizade” com a Rússia, estando a presidente Cristina estabelecendo comunicações diretas entre seu país e os meios de comunicação estatais russos e, cinicamente, ambos os presidentes, louvando a nova era de comunicações entre os dois países em que a “verdadeira” face de seus países seria apresentada aos seus povos. Será? Na Rússia a liberdade do povo é totalmente cerceada e ao seu povo se apresenta um mundo visto pela única ótica do partido comunista...

Se o PT deseja, de fato, esta comunização do Brasil, que seja honesto e claro em suas propostas e não as imponha sob o manto de uma “pseudo democracia”. Felizmente, neste mês de outubro, a Câmara dos Deputados rejeitou o Decreto presidencial dos tais “conselhos populares”, com a justificativa de que seriam conselhos concorrentes com as atribuições nativas do Congresso Nacional, além de serem mais um mecanismo de “aparelhamento” do Governo petista.

Uilso Aragono. (Outubro de 2014)

domingo, 28 de setembro de 2014

VOCAÇÃO - UM CONSTANTE CHAMADO DE DEUS


Este mês de agosto é dedicado, na Igreja Católica, a pensarmos sobre o tema vocação. E no texto a seguir faço, justamente, esta reflexão: o que é vocação, do ponto de vista da fé cristã?


Estamos no mundo da comunicação, da informática, da intenet, em que nos convidamos uns aos outros para muitas atividades. Somos chamados, a cada momento, a tomarmos decisões. Deus também se comunica conosco e nos chamou, em primeiro lugar, à vida; mas, também, à fé e à santidade. É a isto que chamamos de vocação.


Mas o mundo também tem seus apelos e nos chama, a cada dia, nem sempre para a realização do bem, mas na maior parte das vezes, para o individualismo, para o consumismo, para o egoísmo, para o gozo a todo custo, para o pecado... É o que podemos denominar de tentação.


1. VOCAÇÃO VERSUS TENTAÇÃO


Aprofundando um pouco mais este tema da vocação, devemos lembrar que tal expressão vem do latim "vocare" e quer dizer chamado. Ora, somos chamados por Deus à vida. De fato, éramos nada, antes da concepção de nosso ser no seio de nossa mãe; ou, talvez, possamos pensar - sem qualquer intenção teológica mais séria -, que antes de Deus criar nossa alma no momento da concepção, estivéssemos no Coração de Deus... aguardando o momento futuro de criação de nossa alma!

Podemos pensar que a vocação seja como que um tripé, e que os pés sejam os chamados à vida, à fé cristã, e à santidade.


Sim, somos chamados, inicialmente à vida, à consciência, a este mundo, como criatura magnífica e obra prima de Deus. E chegar à idade adulta é fruto de muita bênção. Pois muitas pessoas não têm essa graça, e morrem antes. Tivemos de lutar desde o primeiro momento da concepção para nos agarrarmos, com toda a força, à vida; contra todas as dificuldades que a própria natureza nos proporciona.


Num segundo momento de graça, somos chamados à fé cristã! Somos batizados e começamos nossa caminhada nos caminhos de Cristo: passamos pela catequese, pela crisma e atingimos a plenitude da fé, na comunhão com o Corpo de Cristo, a Eucaristia. A vocação, como chamado de Deus à fé cristã, nos proporciona a oportunidade de sermos "sal e luz do mundo", nas palavras do próprio Cristo. Que possamos, sempre, corresponder e responder a essa vocação.


Finalmente, somos chamados, enquanto cristãos, à santidade. Lembremo-nos que no início da vida da Igreja cristã, os seus membros eram chamados de "santos". Assim se dirigiu muitas vezes, São Paulo, aos membros do "Caminho". E o próprio São Paulo se dirige aos "santos" e os convida a "serem meus imitadores, como eu sou de Cristo". Este é o fundamento bíblico da santidade. Atentemos para o fato de que São Paullo não disse: "sejam imitadores de Cristo"! Mas disse-lhes, e a nós: "sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo". Iluminado pela graça de Deus, Paulo, sem falsa modéstia, colocava-se para os "santos" como referência de imitação. E é, exatamente, desta forma que os santos da Igreja Católica devem ser entendidos: pessoas que atingiram, como S. Paulo, as excelências da santidade, e devem ser tomados como exemplos a serem imitados por cada um de nós, cristãos. Buscar a santidade diária: eis mais um chamado de Deus a cada um de nós! Que possamos, mais uma vez, corresponder a esta vocação!


Mas há uma força contrária a esta desejável postura de reposta à genuína vocação cristã. É o que se pode chamar de oposição ao sentido de vocação. É a tentação. Tentação, é de fato, o contrário de vocação. Na vocação Deus nos chama; na tentação, o diabo nos chama, nos tenta, nos atrai para longe do Caminho. A tentação nos desvia do Caminho, enquanto a resposta à verdadeira vocação nos mantém no Caminho da Vida.


Fazendo alguns contrapontos, podemos dizer que:
Na vocação, somos chamados à Vida; na tentação, somos atraídos à morte!
Na vocação, somos chamados à Fé cristã; na tentação, somos atraídos, traiçoeiramente, à descrença, ao ateísmo!
Na vocação, somos chamados à Santidade; na tentação, somos chamados ao pecado...

2. VOCAÇÃO PARTICULAR




Concretizando esses conceitos relativos à vocação, podemos pensar como cada um de nós, cristãos, responde, na sua vida, à vocação tríplice de Deus.


Podemos assumir a vida de solteiros, de casados, ou de serviço a Deus, na vocação religiosa. Importante que tenhamos a consciência de que qualquer um desses estado de vida não deve ser fruto de simples costume, tradição ou cultura. Devemos encarar como uma verdadeira resposta pessoal ao chamado de Deus. Não devemos optar pela vida de solteiro com base em critérios puramente humanos. Não deve ser a comodidade, ou a preguiça, mesmo, ou a possível liberdade, em oposição à vida de casados, supostamente "sem liberdade", ou qualquer outro critério igualmente caprichoso e sem a devida iluminação da graça de Deus.


Tanto para a vida de casados, como para a vida de solteiros ou para a vida religiosa, que predomine, no cristão, a consciência de que a opção seja feita com base na fé cristã, alicerçada pela oração constante e na intenção sincera de contribuir para que o Plano de Deus em nossa vida se realize, mesmo que contrarie algum plano pessoal. Até mesmo porque, tais planos pessoais, podem estar contaminados por alguma tentação para o descaminho, e, portanto, para a infelicidade, para a morte... quando, todos, na verdade, desejamos a felicidade e a vida. Mas estas só serão, verdadeiramente, alcançadas se respondermos bem ao verdadeiro chamado de Deus: nossa genuína vocação cristã.


3. CONCLUSÃO


Que uma boa reflexão sobre o profundo significado de vocação, em oposição à tentação, possa nos levar, a cada um de nós cristãos, a uma resposta de vida mais esclarecida e mais genuína, de forma a que a vocação cristã, em geral, possa ser, sempre, a realização do Plano de Deus para a vida de cada cristã e para o bem maior de toda a humanidade, para a qual sejamos, de fato, "sal e luz", "fermento na massa", para um mundo mais justo, mais feliz, mais de Deus.


Uilso Aragono. (Agosto de 2014)

FRASES QUE DESEDUCAM

Frases, palavras ou expressões que os pais usam no relacionamento com seus filhos podem ser potencialmente educadoras ou tremendamente deseducadoras. Pais e educadores têm de estar muito atentos sobre a maneira como falam com seus educandos: eles são totalmente sensíveis ao que veem e ao que ouvem, especialmente da parte dos pais e educadores, pois estes são, para eles, os primeiros exemplos ou modelos que imitarão. Este é o tema da reflexão deste mês.

“VAMOS EMBORA QUE EU TENHO MUITA COISA PARA FAZER EM CASA”

No parque, outro dia, uma mãe dizia para seu filho: “Vamos embora que eu tenho muita coisa para fazer em casa”. Esta não é uma frase inocente. Ao contrário, é uma frase cheia de significado emocional e totalmente inadequada, se for analisada do ponto de vista educativo. É uma frase de grande poder deseducativo! Explica-se: a criança, desejosa de continuar a brincar no parque, é interrompida pela mãe, que determina o fim das brincadeiras e o necessário e imediato retorno para casa, mesmo a contragosto da criança; e a explicação do retorno não é feita com base nas necessidades educativas da criança, mas na necessidade da mãe, que tem “muito o que fazer em casa”. O que fica no inconsciente da criança, com toda a carga emocional associada à frustração natural de ter de interromper suas brincadeiras? Fica o mau exemplo de uma ação baseada em razões egoísticas por parte da mãe... A criança não está deixando de brincar porque ela precisa ir para casa para tomar banho e almoçar, ou porque está na hora de fazer o dever de casa, ou por qualquer outra razão objetiva, como porque o parque está fechando, naquele momento. Fica no inconsciente da criança a lição deseducadora: devo agir de acordo com minhas necessidades, e não com as necessidades do outro...

“QUE MENINO MAL EDUCADO!”

Frases de rotulagem são muito utilizadas por pais e educadores quando querem cobrar da criança uma mudança de comportamento: “Que menino mal educado!”; “Essa menina é muito preguiçosa!”; “Deixe de ser porco menino!”. Essas frases são deseducativas porque levam a criança a acreditar – pela força emocional da frase, dita por quem tem autoridade sobre ela – que ela “é” assim. Acreditando, inconscientemente, nessa afirmação dos pais, a criança tenderá, não a abandonar tal comportamento, mas, ao contrário, a permanecer nele, a torna-lo realidade em sua vida... Rótulos devem ser absoluta e conscientemente evitados pelos educadores, pois são mecanismos que conseguem, exatamente, o contrário do que pretendem!

“PARE DE ASSISTIR TELEVISÃO, MENINO, E VÁ TOMAR BANHO!”

Para levar uma criança a tornar-se, no futuro, grossa, desrespeitosa, impositora, autoritária, é só utilizar, com frequência, expressões tais como: “Pare de assistir televisão, menino, e vá tomar banho!”; “Largue o computador, agora, e vá fazer o dever de casa!”. Essas expressões passam, para o inconsciente da criança, lições de grosseria e desrespeito – pois não levam em conta o direito de o outro ser tratado com carinho e paciência –, e de imposição e autoritarismo – pois não levam em conta as necessidades do outro, mas, tão somente, as necessidades e direitos de quem tem o poder! Quando a criança se tornar adulta vai, com grande probabilidade, agir com autoritarismo e imposição em relação aos seus subordinados...

FRASES EDUCATIVAS BASEADAS NO AMOR

Que frases, então, seriam mais adequadas e mais educativas? A resposta está baseada na compreensão de que a criança deve ser tratada, sobretudo, com amor! E este amor acarretará atitudes e gestos correspondentes de amor, expressos por frases amorosas, carinhosas, respeitosas, democráticas, e compreensivas. Em vez de expressar egoísmo, como no primeiro exemplo acima, a mãe poderia ter utilizado uma necessidade da criança: “Vamos para casa, agora, querido, porque você já brincou muito e tem de fazer aquele dever de casa, lembra?”. Aqui é o interesse da criança que dita a hora de terminar as brincadeiras no parque, e não o interesse (egoístico) da mãe em fazer as coisas do seu interesse. Para não rotular uma criança, há que se esforçar para acentuar aspectos positivos, que sempre existem – ou podem ser buscados, ou até criados! – para chamar a atenção da criança. Em vez de acentuar a ofensiva palavra “porco”, a mãe pode dizer: “Meu filho, você já brincou muito e já está muito sujo, não é mesmo? Que tal agora fazer que nem seu pai e sua mãe, que adoram um banho gostoso?”. Ou: “Meu filho, isso aí é muito sujo e nojento, você não acha? Que tal fazer como todo mundo que nem mexe com isso? E se mexe, vai, logo, lavar as mãos?

CONCLUSÕES

As crianças serão bem educadas se o ambiente em que vivem for marcado por gestos e expressões de amor, de carinho, de respeito, de consideração, de tolerância. Se quisermos nossos filhos bem educados, devermos dar o exemplo. Sobretudo, que desenvolvamos um ambiente de respeito mútuo. Sim, as crianças, também, devem ser respeitadas! Devem ser tratadas como gostaríamos que elas nos tratassem no futuro, quando ficarem adultas e tiverem poder. Devem se amadas, para que aprendam a lição do amor; devem ser respeitadas, para que aprendam a lição do respeito; devem ser toleradas, para que aprendam a lição da tolerância; devem ser compreendidas, para que aprendam a compreender; devem ver exemplos de altruísmo, para que aprendam a não serem egoístas... Ambiente de amor, de afeto, de carinho e de respeito, associado a frases e expressões do dia a dia que transmitam os mais variados valores humanos, religiosos e sociais, é o de que precisa uma criança para crescer bem educada!

Uilso Aragono.  (Setembro de 2014)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

TIRE MELHORES FOTOS: É SIMPLES!




As máquinas fotográficas digitais de hoje em dia são fantásticas! Mas nem sempre dão os melhores resultados, por conta dos seus usuários... Gostaria de dar algumas orientações sobre como evitar erros banais, mas que condenam uma foto a não ser aquilo que deseja o seu autor. Sou apenas um fotógrafo amador que usa máquina semiprofissional, mas que estudou e continua estudando para que minhas fotos saiam, pelo menos, dentro das minhas expectativas: sem grandes erros de enquadramento, de focalização, de exposição (luz de mais ou de menos), etc. Abaixo, partilho com vocês, que me leem, um pouco de minha experiência e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Fotografia quer dizer “registro da luz”. Isto já nos ensina que para uma boa foto a avaliação da luz do ambiente é importantíssima. Então, uma primeira atitude do fotógrafo é prestar atenção na luz sobre o “objeto” e ajustar o que for necessário para que a foto saia boa.

Mas o que é o “objeto” de uma foto. Objeto é o assunto principal da foto. Pode ser um rosto ou vários (retrato), uma paisagem, uma edificação bonita, um cachorrinho simpático, etc. Por isso o nome que se dá à parte da máquina que abre e fecha, rapidamente, para deixar entrar a luz é “objetiva”. O objeto deve ser bem enquadrado e iluminado, para que o resultado final da foto não decepcione o fotógrafo.
Vamos, então, ver algumas dicas simples, mas que vão deixar a suas fotos muito mais bonitas!

USO DO FLASH

O Flash, isto é, a rápida luz que a máquina fotográfica projeta para iluminar o objeto da fotografia, não existe apenas para ambientes escuros! É para ser usado, também, em outras situações. Portanto, o flash deve ser usado (isto é, selecionar o “forçar o flash”) se...

·   O rosto estiver com luz e sombras; mesmo, portanto, sob o sol forte (num ambiente ensolarado).
·     Houver pouca luz no ambiente (o flash no “automático” pode não ser acionado e a foto, resultar escura).
·       Houver luz no fundo do objeto (uma janela, por exemplo, deixando entrar muita luz atrás das pessoas a serem fotografadas).

Em resumo: o flash deve ser usado (no modo “forçar flash”) ou não ser usado. Aprenda a selecionar o modo de flash. O modo automático não é muito bom porque é sensível, apenas, à luz do ambiente e não à luz “sobre” o objeto. OBS.: a) o modo “fácil” das máquinas é sempre com flash automático, portanto, não contribuirá muito para boas fotos... b) a distância ao objeto, com uso de flash não deve passar de três (3) metros: o alcance da luz não é mais do que isto, a não ser para máquinas profissionais poderosas, e com flash externo.

DISTÂNCIA DO OBJETO

Aproveitando que foi falado em “distância” ao objeto, este é outro cuidado que devemos ter para boas fotos. E é um cuidado simples. Tirar foto de uma pessoa (objeto escolhido) de uma distância de 6, 7 metros não é uma boa ideia: talvez nem dê para perceber quem seja a pessoa... A regra geral é: posicione o objeto o mais perto possível da máquina. Algumas orientações podem ser dadas:

·         Retratos devem ser feitos a pouca distância: é o rosto que importa!
·         Paisagens, naturalmente, podem ser fotografadas a distâncias maiores.
·     Se o objeto for duplo (pessoa à frente de uma bonita catedral, por exemplo), a pessoa deverá estar o mais perto possível, e o outro objeto completando a foto. Mesmo que não caiba toda a ‘catedral’, parte dela já embelezará a foto e cumprirá o papel de registrar a presença da pessoa no local. Se quiser a ‘catedral’ inteira, faça a foto apenas desta, enquadrando-a mais de longe.

ENQUADRE BEM A FOTO

Falando em “enquadramento”, devemos explicar o que significa isto. Enquadrar é colocar dentro do quadro (a foto é, normalmente, quadrada, ou quase). Uma regra básica que aprendemos para boas fotos é:

·      Evitar colocar o objeto no centro da foto. Deixar o objeto levemente descentralizado torna a foto esteticamente mais bonita. Deslocar, portanto, o objeto (o rosto, por exemplo) à direita do quadro, deixando aparecer outros elementos interessantes à esquerda, vale a pena.

SEGURE FIRME

Apesar de as máquinas fotográficas digitais de hoje terem o recurso de “anti tremor”, não é bom confiarmos demais nesse recurso: não é totalmente garantido. A foto, depois, ao ser um pouco ampliada, na tela ou na impressão, revelará o tremor das mãos, naquele momento, borrando a imagem: que pena! A regra básica é, portanto:

·    Sempre bata a foto com as duas mãos segurando a máquina, seja um celular, seja uma máquina fotográfica convencional. Você não vai se arrepender deste pequeno cuidado! Usar apenas uma mão para bater uma foto é atitude temerária...

ORIENTE OS RETRATOS

Nas tradicionais fotos de retratos de parentes e amigos, juntos, não se envergonhe de orientar as pessoas – como fazem os profissionais! – para que tenham o melhor posicionamento. Tirar fotos muito “naturais” pode ser interessante no momento, mas, depois, na hora de apreciar a foto, pode ser uma decepção!... As regras podem ser as seguintes:

·    Cuide para que não fique ninguém sendo tapado por outra pessoa à sua frente – uma pequena orientação e o grupo se arruma.
·        Avise sobre o momento do click, para que ninguém seja pego de surpresa olhando para o lado.
·         Confira a foto logo após a tomada, e se alguém ficou com olhos fechados ou com careta ou algum erro que prejudique o resultado desejado, tire mais uma.
·      Se não houver tempo para a conferência acima, acostume-se a tirar mais uma foto do mesmo grupo: serão maiores as chances de uma ficar boa. Os profissionais fazem assim!
·     Cuide, também, para não cortar as mãos (logo acima do punho) das pessoas: o resultado não fica bonito!
·         Se alguém insistir em fechar os olhos, instintivamente, a solução é o uso do recurso “eliminar olhos vermelhos”, mas que somente deve ser usado se houver necessidade, mesmo. Por duas razões: a) o computador permite, facilmente, eliminar possíveis olhos vermelhos das fotos; b) o flash inicial, para evitar os olhos vermelhos, consome muita bateria, o que pode antecipar, em muito, o fim de seus momentos de fotógrafo, quando você mais gostaria de continuar fotografando.

Com essas dicas, as suas fotos ficarão muito mais bonitas! E você não passará por costumeiras decepções por que passam aqueles que gostam de tirar fotos, mas não têm nenhuma preocupação em evitar os erros básicos acima mencionados. 

            Uilso Aragono (Julho/2014)





sexta-feira, 30 de maio de 2014

OS MAUS EXEMPLOS E A TRAGÉDIA BRASILEIRA

Quando olhamos em volta e vemos uma realidade brasileira assustadora, em termos de violência, corrupção, intolerância, acidentes de trânsito inaceitáveis, inundações com terríveis consequências, desabamentos de prédios e de casas em áreas de risco, e tantas outras situações dramáticas, nos perguntamos: que Brasil é este? Que povo é este? Que País é este?

RESPONSABILIDADE PESSOAL
Uma primeira resposta vem-nos à mente: é a formação educacional e cultural do brasileiro que deve estar por trás de todas essas tragédias. Se fossemos outras pessoas – mais bem educadas, com valores culturais mais positivos, com uma consciência mais séria – certamente o cenário seria outro, ou não?...

EDUCAÇÃO DE BASE
Dizem que até os analfabetos e pessoas de pouca escolaridade acreditam que a solução dos problemas brasileiros esteja na educação de base. Todos os políticos discursam nessa direção. E por que não se realizam tais crenças? Não será porque falta a seriedade de atitudes? Não nos acostumamos a pensar e falar sobre algo de uma maneira, e a viver e agir de outra? Não seria isto uma falha na nossa formação educacional e cultural?

CORRUPÇÃO: DESONESTIDADE PESSOAL
A questão da corrupção em todas as áreas – não só na área política! – não é, no fundo, uma questão de desonestidade? Se um ministro de um tribunal de justiça é capaz de desviar milhões de reais do dinheiro público para seu próprio bolso, é isto uma questão de “sistema” administrativo ou político, ou é uma questão de desonestidade pessoal? Certamente que um sistema administrativo mal elaborado e frágil em seus mecanismos de controle anticorrupção contribui para facilitar a prática da corrupção. Mas se o cidadão trabalhador tem a consciência da honestidade, ele trabalhará para que tais facilidades sejam eliminadas, e não, para delas aproveitar-se.

UMA INSTITUIÇÃO NÃO PRATICA VIOLÊNCIA FÍSICA
A violência e a criminalidade partem de pessoas, de indivíduos... Não são realizadas por instituições, por sistemas, por empresas ou por quaisquer estruturas sociais. São praticadas por pessoas, de carne e osso! São os próprios cidadãos brasileiros que roubam, agridem, assassinam, sequestram, uns aos outros... Portanto, se a causa de tantos males está no cidadão brasileiro, nele estará, também, a solução.

MAUS EXEMPLOS DIÁRIOS E DISSEMINADOS
E por que são tão disseminadas tais práticas de violência e criminalidade? Não será porque, além de termos uma Escola que não cumpre com o seu dever de formar bons e bem formados cidadãos, temos, também, abundantes e frequentes maus exemplos, especialmente daqueles que deveriam dar bons exemplos? O cidadão mal formado, pensa: se os políticos, os juízes, os administradores dos bens públicos, fazem coisas erradas, por que não posso eu, também, aproveitar oportunidades e tirar proveito pessoal?... E se multiplicam os desonestos, os corruptos, os preguiçosos, os violentos. E em todas as áreas e profissões. E o resultado é o que vemos: uma tragédia brasileira.

UMA PEQUENA LISTA DE MAUS EXEMPLOS
Os maus exemplos são tantos e em todas as áreas, que não é difícil listá-los. Para confirmar o peso negativo de tais maus exemplos podem ser citados alguns deles.

a)      Uma escola, ou universidade, ou repartição pública, cujos responsáveis não valorizam – por falha na sua formação educacional? – a limpeza do local, a manutenção da beleza e da segurança da edificação... que exemplos estão dando a todos os seus frequentadores diários, especialmente aos jovens? Estes, particularmente, são mais sensíveis aos maus exemplos do que os mais velhos, embora todos sejam influenciados negativamente. Acostumam-se, todos, com o mau feito, com a feiura, com a insegurança. E passam a viver conforme essa herança cultural maldita.

b)      Ministros de tribunais superiores que se permitem discutir intolerantemente e baixar o nível das discussões de maneira claramente ofensiva, e de caráter pessoal... que bons exemplos estão dando para todos aqueles que os estão assistindo, hoje, inclusive, por meio da televisão, nas transmissões ao vivo? Se os ministros de um STF – que constituem a mais alta instância do Poder Judiciário brasileiro! – brigam vergonhosamente, ofendendo-se mutuamente, que razões tem o cidadão brasileiro mais simples para seguir um padrão de comportamento diferente?

c)       Os cidadãos brasileiros que são motoristas – particularmente os profissionais do volante – quando dirigem ignorando por completo as leis do trânsito – que, afinal, foram feitas para a garantia da segurança, da vida e da liberdade de todos – que bons exemplos estão dando, uns aos outros e aos mais jovens, especialmente, quando dirigem dessa maneira? É incrível constatar como um mau exemplo no trânsito contamina os demais motoristas. É só algum deles começar a buzinar, em algum engarrafamento, que todos os demais se juntam a ele numa buzinação frenética, perturbadora e neurotizante, o que só contribui para piorar a situação anteriormente já problemática.

CONCLUSÃO

A tragédia brasileira, marcada por violência, criminalidade, intolerância, corrupção, pobreza extrema, administração pública caótica, dentre tantas outras mazelas, embora possa estar associada a algum nível de responsabilidade social, está, sobretudo, associada aos pequenos e grandes gestos pessoais de cada um dos cidadãos brasileiros. Especialmente daqueles que, por terem maior visibilidade – como nossos governantes, autoridades e políticos – deveriam agir de acordo com os maiores graus de civilidade, honestidade, responsabilidade e seriedade, para o bem de toda a sociedade. O problema brasileiro é nosso. E a solução está em cada um de nós!

Uilso Aragono.  (maio de 2014)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O AGORA É O MAIS IMPORTANTE – FILOSOFIA ANTIESTRESSE

Num mundo estressado e estressante como o atual, buscar uma filosofia de vida que venha a combater o estresse é algo que se pode tornar um caminho de saúde, paz e qualidade de vida. É sobre isto que trato neste artigo.

Pensando sobre como viver de tal forma a combater o estresse e as angústias de nosso tempo, que tanto nos incomodam e nos desgastam, tanto física quanto emocionalmente, e são fonte de tantos atritos interpessoais, ocorreu-me que a solução possa estar no simples “agora”...

Valorizar o “agora”

Valorizar o “agora” e aquilo que estivermos fazendo no momento presente, independentemente de sua “importância” social ou pessoal, talvez seja a chave – ou, pelo menos, uma chave – para a porta de um mundo de mais paz e tranquilidade e de menos estresse.

Preocupação é estresse mental e físico

Se refletirmos que o que nos angustia e nos estressa são nossas preocupações relativas ao trabalho, à vida social e à vida familiar, concluiremos que o nosso nível de estresse possa estar relacionado à atitude de “pensar” nos compromissos, de nos “preocuparmos” mentalmente com os afazeres de quaisquer ordens... Esse pensar nos sufoca, nos angustia, e pode ser a fonte de todo nosso estresse, tanto físico quanto mental.

Se for assim, estamos vivendo com pensamentos acelerados – como nos ensina o Dr. Augusto Cury, com sua teoria da SPA, isto é, da síndrome do pensamento acelerado – precisamos então, desacelerar nossos pensamentos...

Coragem de deixar para depois

Ocorreu-me, então, que se o problema é de caráter mental, a solução pode estar associada a uma mudança de atitude mental: valorizar o que estivermos fazendo agora, e, com coragem, deixarmos de lado o que virá depois. É uma questão, sim, de “coragem”, isto é, coragem de deixar para depois, ou para o tempo oportuno, o afazer seguinte, a ocupação seguinte, não permitindo que a preocupação com esta perturbe a presente tarefa, e gere a tão malfadada angústia, associada ao famoso estresse.

Filosofia de vida antiestresse

Valorizar, portanto, a ocupação presente, seja ela qual for, e por menor importância que possa aparentemente ter, é a filosofia que proponho ao leitor e que tenho procurado vivenciar, com resultados positivos. O simples lavar as mãos deve ser feito – seguindo esta filosofia de vida antiestresse – com valorização dessa ação, isto é, deve-se pensar no ato que se está realizando, no lavar das mãos, ocupando-se a mente com a ação presente, com o agora, tentando, até mesmo, extrair desse momento, o que possa haver nele de prazer! E isto se aplique para toda e qualquer ocupação do momento presente. Toda e qualquer ação tem seu valor e deve ser valorizada pela nossa mente: o pensamento estará sendo focado em algo que precisa ser feito e tem seu valor e – se procurarmos! – tem algo de prazeroso, de realizador, ou, pelo menos, de utilidade. Pensar no agora é não pensar no futuro, especialmente se o pensar na, e a valorização da, ação presente tornar-se um hábito vital.

Concluindo

Toda e qualquer ação do momento presente, portanto, deve ser valorizada e seu sentido e seu prazer devem ser buscados, conscientemente. Agindo assim, estaremos, inclusive, gozando a vida em plenitude. Pois já se diz por aí que a vida é feita de pequenos momentos, de pequenos prazeres, de pequenas emoções. Valorizar o agora é o mais importante, se quisermos ter uma vida com menos estresse, ou com o nível de estresse normal, e, portanto, é a melhor filosofia de vida antiestresse que podemos desenvolver e recomendar. E isto está de acordo com o que nos ensina a Bíblia: a cada dia sua malícia. A cada momento seu valor, a cada ação sua valorização. E o estresse, a angústia e o desgaste emocional com preocupações diante de futuras ocupações se dissipam como consequência dessa verdadeira filosofia antiestresse. E viva a vida com qualidade! E viva o agora! E viva o momento presente!


Uilso Aragono. (abril de 2014)

domingo, 30 de março de 2014

O QUE GANHA A SOCIEDADE COM A VIOLÊNCIA NOS JORNAIS?

Os jornais impressos publicam, quase que obrigatoriamente, as piores notícias de violência e crimes na primeira página! E dedicam uma significativa parte do jornal à descrição dos detalhes dessa violência e desses crimes! Por que tem de ser assim? Por que a Sociedade organizada não questiona tal realidade cultural dos jornais? Pode-se e se deve perguntar o que ganha a Sociedade com a divulgação e a descrição tão detalhadas de tudo o que há de pior na vida social: roubos, assaltos, assassinatos, estupros, suicídios, violência policial, violência doméstica, violência contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos. Por que essa divulgação?  Enfim, o que a Sociedade ganha com essas “reportagens”?

O QUE GANHAMOS? – NADA.


Mesmo sem fazermos uma pesquisa científica aprofundada, baseando-nos, tão somente, naquilo que constatamos e sentimos, podemos afirmar que a exploração da violência pela mídia – particularmente pelos jornais impressos – não contribui, positivamente, para que tenhamos uma sociedade mais pacífica, mais harmoniosa, mais humana.

A descrição detalhada de como ocorreu este ou aquele crime, esta ou aquela ação violenta, não pode ser “educativa” para a mente, especialmente, da infância, da adolescência e da juventude, para ficar apenas nessa parte da Sociedade que está na fase do desenvolvimento educacional. O que ganha um jovem ao ler os detalhes (às vezes, macabros) de um assassinato? Se o jovem quiser ver violência, ele que procure um filme violento, mas que lhe esteja dentro da sua faixa de idade recomendada. Mas a violência expressa nos jornais, não está associada a qualquer recomendação de faixa etária adequada. Qualquer criança está exposta a dar curso à sua curiosidade diante de jornais impressos deixados livremente à sua disposição... É a violência entrando na mente da criança e tornando-a, no mínimo, algo natural, enquanto deveria ser, para qualquer cidadão, algo totalmente antinatural, aberrante, e condenável!

O QUE PERDEMOS? – MUITO.


A Sociedade só tem a perder com a descrição detalhada dos eventos violentos vividos em seu interior. As seguintes consequências podem ser listadas, sem muito esforço:

1)      O cidadão acostuma-se com a ideia da violência, em todas as suas variedades, encarando-a como “natural”;
2)      O cidadão desenvolve certa psicose do medo, o que o atrapalha a viver a sua vida social, levando-o, muitas vezes a ter sérios problemas psicológicos, como depressão, fobias, angústias, etc.;
3)      O jovem menos amparado educacionalmente pode sucumbir, mais facilmente, às tentações das facilidades que o crime oferece e seguir as “orientações” que os mais experientes passam por meio da descrição detalhada das “páginas policiais”;
4)      O cidadão que sofra de qualquer mínima tendência ao desenvolvimento de aspectos de psicopatia encontra, na violência expressa pelos jornais, “incentivos” a exercitar esses aspectos doentios da personalidade. Alguns cientistas já perceberam que alguns psicopatas cometem crimes para, dentre outras razões, “aparecerem” como “heróis” – em sua mente distorcida –, e tornarem-se famosos, nas páginas dos jornais;
5)      O cidadão que esteja envolvido com problemas familiares, financeiros, dentre outros, fica estimulado por certos exemplos de violência, como é o caso do suicídio, que é uma violência contra si próprio. É o caso, já cientificamente constatado, de que a divulgação de suicídios (em seus detalhes), pelos jornais, tem efeito contagiante sobre pessoas com tais tendências ou sob forte estresse emocional. Não é à toa que já se estabeleceu, no âmbito de mídia impressa, uma espécie de “compromisso” não escrito quanto a não divulgação, em seus detalhes, de casos de suicídio. Sabe-se que, em Vitória – ES, não se divulgam nos jornais, senão excepcionalmente, os casos de suicídio ocorridos na Terceira Ponte, justamente para que outros casos não sejam “incentivados”. Por que não estender tais conclusões, e tais compromissos, a todos os outros casos de violência social?

O QUE FAZER?


A Sociedade deveria, em primeiro lugar, tomar consciência quanto aos males, acima apontados, em relação à violência diariamente divulgada pelos jornais impressos. Tomada esta consciência, algumas alternativas mais produtivas e educativas, à violência jornalística diária, poderiam ser pensadas por nossas autoridades, testadas e tornadas prática constante. Algumas ideias podem ser listadas a seguir, embora os jornalistas sejam aqueles que têm  toda a capacidade de identificar, criativa e eficazmente, as melhores opões.

1)      Divulgar na primeira página, no lugar das antigas e superadas notícias sobre violências, chamativas e alarmantes, totalmente ao contrário, notícias sobre ações positivas, pacíficas e pacificadoras ocorridas nas comunidades locais;
2)      Divulgar notícias sobre violência social, apenas naquilo que interesse ao conhecimento da Sociedade, e de maneira absolutamente sumária, não revelando nomes de pessoas nem de instituições envolvidas, na forma, talvez, de indicações estatísticas. Estas poderiam ajudar à Sociedade a tomar providências quanto aos índices que insistam em permanecer ruins;
3)      Divulgar ações humanitárias e educativas, de iniciativa de indivíduos, de associações e de ONGs das comunidades locais, com descrição detalhada, aqui sim, sobre o que tem sido e como têm sido feitas tais ações pró cidadania;
4)      Divulgar os índices positivos relativos à saúde, à educação e à qualidade de vida da população ou, não existindo tais, divulgar os desafios a serem alcançados nessas áreas de interesse maior da população;
5)      Divulgar as atividades, que surgem constantemente, e que busquem oferecer aos cidadãos oportunidades de melhoria de suas competências profissionais, de sua qualidade de vida, de sua participação política, etc.;

CONCLUSÕES


Reconhecer que a violência costumeiramente divulgada pela mídia, particularmente pelos jornais impressos – que ficam mais à disposição livre de qualquer pessoa, independentemente da idade – tem sido, em vez de bênçãos, ocasião de grandes males para a Sociedade e seus cidadãos, especialmente para aqueles que estejam em idade de formação educacional (crianças, adolescentes e jovens), é uma das primeiras atitudes que todos nós deveríamos tomar no sentido de superar a exploração da violência pelos jornais impressos.

Buscar alternativas à costumeira publicação de notícias de violência social é perfeitamente possível, e muitas opções criativas existem e podem ser exploradas positivamente, tanto para os jornais, quanto para a Sociedade. Se num primeiro momento cair a tiragem dos jornais, há que se ter a paciência histórica para reconhecer que toda mudança carece de algum tempo para ser digerida e aceita pela população.

Um mundo novo pode abrir-se para a Sociedade cujos meios de comunicação impressos vençam a tentação da exploração da violência social, para a venda fácil. Os cidadãos devem conscientizar-se da sua própria avidez em relação ao interesse e ao consumo de notícias sobre violência e passar a valorizar, para o bem, em especial, das futuras gerações, notícias mais positivas, instrutivas, educativas, formativas e culturais.
 

Vencer o círculo vicioso de divulgação jornalística de violência, que gera mais violência, não só é possível, mas absolutamente necessário a uma Sociedade que queira tornar-se, realmente, madura e com elevada qualidade de vida.

Uilso Aragono. (março de 2014)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CONFLITOS RELACIONAIS ENTRE FAMILIARES E AMIGOS

Os conflitos de relacionamento no meio familiar e entre amigos são muito comuns, tanto hoje como há muito tempo. Ferimo-nos, sobretudo com palavras e ações, por alguns motivos que – com a cabeça fria – podem ser listados, apreciados, meditados e assumidos, com vistas a uma melhoria geral nos relacionamentos e no alcance das tão desejadas harmonia e paz entre os que se amam.

1.      TODOS ERRAMOS, NAS PALAVRAS E AÇÕES

Em primeiro lugar, temos de considerar que todos nós erramos nos relacionamentos interpessoais, simplesmente porque não somos seres humanos perfeitos e porque as complexidades das relações interpessoais, sobretudo no mundo de hoje, são enormes.

Falamos o que não devíamos ter falado; calamos quando devíamos ter falado; falamos no momento impróprio; falamos e agimos sob o influxo de zonas de estresse, isto é, com a “cabeça quente”; falamos precipitadamente; tomamos decisões precipitadas e não bem pensadas; ofendemo-nos mutuamente, sem, no entanto, desejar ofender... Quem já não passou por esses erros de relacionamento?

2.      MAS NOS AMAMOS...

Em segundo lugar, devemos nos conscientizar – numa atitude de quem busca enfrentar os problemas, de forma adulta e esclarecida – de que se nos ofendemos é porque, de fato, erramos, mas, no fundo, nos amamos: na verdade, nas palavras e ações, estamos procurando o bem do outro. É o paradoxo, a contradição do amor humano. Queremos o bem, porque amamos o outro, mas na tentativa de protegê-lo, orientá-lo, interessar-se por ele, enredamo-nos nos nossos próprios limites, fraquezas e ignorâncias, e conseguimos, exatamente, o contrário do que, no fundo, desejamos. Ou será que ofendemos nossos próximos, nossos queridos, com a intenção de destruí-lo?...

É o amor do pai e da mãe que, ao superproteger os filhos, acaba por sufocá-los e deixá-los indefesos diante dos desafios da modernidade. São as expressões de amor do homem e da mulher que – pelo fato de serem totalmente diferentes – são mal interpretadas e causam brigas e desentendimentos conjugais, entre namorados, etc. No fundo das brigas e desentendimentos entre os próximos, estará, sempre, o amor! Você sabe amar com toda a propriedade? Com toda a perfeição, a ponto de não ofender ou ferir ninguém?
A intimidade e a proximidade, entre os que se amam, são outros dois fatores que podem jogar luz nas causas dos seus desentendimentos e conflitos. Porque esses dois fatores – intimidade e proximidade – favorecem a retirada das “máscaras nossas de cada dia”... Estas são, consciente ou inconscientemente, usadas durante todo o dia de trabalho e nas relações sociais, mas são retiradas em casa, juntamente com as vestes formais: já com as roupas de casa, aparecem nossos rostos sem máscaras. Vendo-nos, uns aos outros, com transparência, comportamo-nos de forma mais autêntica, mais sem freios, mais sem censura, e, infelizmente, menos delicada e, portanto, sujeita aos mútuos ferimentos relacionais. Quem consegue controlar-se para pensar o que fala, e, ao contrário, não falar o que pensa? Quem pensa o que fala é um adulto; quem fala o que pensa, é a criança.

3.       E QUEM AMA PERDOA...

Em terceiro lugar, conscientes de que todos somos vítimas da contradição do amor humano (em todos os seus níveis), precisamos nos lembrar de que, da mesma maneira que agimos para curar uma ferida na pele, temos que, igualmente, agir para curar a ferida na alma. Mas, neste caso, o remédio e o curativo estão na capacidade de compreender e perdoar o outro. Afinal, tudo ocorreu “por amor”. Na verdade, sabemos que a famosa frase de Shakespeare – “Amar é não ter, jamais que pedir perdão” – não passa de ficção romântica! A realidade é marcada, exatamente, pelo contrário: Amar é estar sempre disposto a perdoar, ou: o verdadeiro amor é o que sempre perdoa... Seu amor é capaz de perdoar?

4.       E QUEM AMA PEDE PERDÃO...

Mas cada uma das partes em conflito deve conscientizar-se de que se deve perdoar, também deve pedir perdão. O perdão deve ser mútuo, além de sincero e verdadeiro. E o pedido de perdão, sincero, deverá vir acompanhado do verdadeiro arrependimento e da verdadeira conversão, da verdadeira mudança de atitude. E como arrepender-se sem se decidir por enfrentar esses fantasmas que assombram nossos relacionamentos?

Uma boa metodologia, proposta pelo Dr. Augusto Cury, psiquiatra e autor de ótimos livros sobre bons relacionamentos intra e interpessoais, é a técnica DCD: Duvidar, Criticar e Determinar estrategicamente. Ensina ele: devemos DUVIDAR de nossos “fantasmas”. E estes podem ser nossos “impulsos” inconscientes que nos levam a falar e agir de forma errada diante de nossos entes queridos. Podem ser, portanto, nossas agressividades, nossos maus comportamentos (que irritam os próximos), nossas palavras mal ponderadas, etc. Duvidar significa dizer a esses fantasmas: vocês não têm domínio sobre mim [Cury, 2013*].

Em seguida, devemos CRITICAR a provável ilogicidade de nossas motivações inconscientes que nos levam a ferir o outro. E isto significará, após a ponderação de que tais impulsos e razões são ilógicos, a dizer para esses fantasmas: vocês não têm razão de existir. Normalmente, tais fantasmas ou monstros são como aquela barata que se transforma num “monstro assustador” para aquela pessoa que tem “pavor” de baratas. Uma crítica lógica e racional pulverizará esse monstro e o tornará o que é: nada! Você arranja tempo para duvidar e criticar os seus fantasmas?

Finalmente, DETERMINAR, estrategicamente, uma nova atitude, novas posturas, novos comportamentos, novas ações, enfim, uma nova vida, não dominada por tais fantasmas ilógicos. Decidir e determinar que o autor de sua própria existência seja você mesmo, e não seus temores, fobias, fantasmas e demais impulsos inconscientes. A decisão, fria e calculista, após boa reflexão e meditação, é comum em sua vida?

5.       E FOGE DA ZONA DE ESTRESSE...

Erramos, também, porque muitas vezes falamos e tomamos decisões durante o que podemos chamar de “zona de estresse”. Dr. Augusto Cury, mais uma vez, nos orienta a evitar aqueles 30 segundos de fúria, de estresse, de tensão, calando-nos, respirando fundo, e conscientizando-nos de que grandes estragos e até tragédias ocorrem em relacionamentos humanos, durante esse pequeno período de tempo. Você consegue fugir dessas zonas de estresse?

É importantíssima tal sabedoria dos nossos avós: “conte até 10 durante o nervosismo”. De fato, praticar o não responder ou agir, durante a zona de tensão, ou zona de estresse, representará um grande salto de qualidade em nossos relacionamentos. Foi ofendido? Não responda na hora... Deixe passar algum tempo. Afinal, quem nunca ofendeu o próximo, consciente ou inconscientemente, que “atire a primeira pedra”! Portanto, em nome, também, dessa humildade – reconhecer que somos alguém que também ofendemos – devemos aceitar e, até, permitir que sejamos ofendidos... Sabendo, no entanto, que, muito provavelmente, ouviremos um pedido de perdão oportunamente. E você? nunca teve de pedir perdão por uma palavra dita num momento de explosão?

6.       E NÃO SE DEIXA DOMINAR POR PRECONCEITOS

E em último lugar, podemos citar um dos impulsos inconscientes que nos movem a ofender e a produzir relacionamentos de baixa qualidade afetiva: são os preconceitos que criamos em relação aos outros. No momento em que tais preconceitos se estabeleceram dentro de nós, eles passam a tentar nos dominar (como um impulso inconsciente) em nossos relacionamentos. Quando alguém já considera que o outro seja grosseiro, qualquer palavra mais dura que ele venha a proferir será encarada como “grosseria” e merecerá, de sua parte, uma resposta, talvez, igualmente grossa. No entanto, pode não ter havido, de fato, qualquer intenção de grosseria da parte da pessoa. É o chamado estar de “pé atrás” diante de alguém.

Que outros exemplos de preconceito, próprios ou de terceiros, você consegue lembrar-se? Não são, de fato, uma verdade nos relacionamentos?

Tendo em vista esses seis pontos de reflexão acima, muito provavelmente os conflitos de relacionamento entre familiares e amigos possam ser superados, possam ser vencidos e a verdadeira harmonia, tão desejada pelo amor que os move, possa vir a ser, finalmente, vivenciada.


*CURY, A. Armadilhas da mente. São Paulo: Arqueiro, 2013, p.162.

Uilso Aragono. (fevereiro de 2014)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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