terça-feira, 30 de janeiro de 2024

INTERRUPTOR DR DESLIGANDO CONTINUAMENTE

 

Diante do problema de desligamento contínuo do Interruptor DR de uma instalação elétrica residencial, o que fazer? Como identificar a causa desse problema, que impede que a residência fique energizada? O método abaixo é eficaz para tal identificação.

1. O QUE É UM INTERRUPTOR DR

               Um interruptor DR (existe também a versão Disjuntor DR) é um dispositivo de proteção contra excesso de correntes de fuga, visando à segurança da instalação elétrica e, ao mesmo tempo, à proteção contra choque elétrico em seres humanos e animais. Pode ser do tipo monopolar (fase-neutro) ou tetra-polar (fase-fase-fase-neutro), servindo esse último para circuitos alimentados por duas ou três fases na entrada da instalação.

               Seu funcionamento se baseia na identificação de correntes de fuga, isto é, correntes muito baixas (alguns miliamperes = milésimos de ampere) que escapam dos fios energizados, por falhas na sua isolação, e dos pontos de conexão (emendas) circulando, portanto, de fios energizados (fios fase) para a terra (sistema aterrado, com presença do fio “verde” de aterramento).

               Como exemplo, seja um circuito fase-neutro (dois fios) que alimenta um certo aparelho elétrico. A corrente, uma vez o aparelho ligado e em situação normal, circulará da fase para o neutro atravessando a circuitaria interna do aparelho. O DR monitora tal corrente e verifica se a corrente de retorno (pelo neutro, isolado do fio de aterramento) é igual àquela que passou pela fase em direção ao aparelho. Normalmente, haverá uma diferença mínima (de alguns miliamperes ou menos) entre a corrente de ida (pela fase) e a corrente de retorno (pelo neutro), que estará circulando, essencialmente, da circuitaria para o aterramento, caracterizando uma corrente de fuga de valor normal e aceitável. Se, no entanto, essa corrente de fuga, por motivos ligados, por exemplo, a algum defeito na isolação do aparelho (talvez associado ao fato de ser um aparelho antigo), poderá ser de valor elevado o suficiente para provocar a atuação (desligamento) do interruptor DR (este suporta, como valores aceitáveis, até cerca de 15 miliamperes de corrente de fuga).

               Importantíssimo lembrar aqui que na situação de um possível contato da mão de uma pessoa com o fio fase (energizado) da instalação, circulará uma corrente de choque elétrico (considerada de fuga) para a terra, que, normalmente será maior do que o limite aceitável pelo DR, provocando o seu desligamento e preservando a vida da pessoa. Portanto, o DR é, nos sistemas elétricos aterrados, o melhor meio de proteção contra choques elétricos e preservação da vida humana ou animal.

2. DR COLOCADO NA ENTRADA DO QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO

               A análise em foco referir-se-á a uma instalação elétrica residencial em que o interruptor (ou o disjuntor) esteja colocado na entrada do Quadro de Distribuição (interruptor geral), protegendo todos os circuitos da residência.

Na hipótese de que o DR desligue a instalação e, ao ser ligado novamente, continue a desligar imediatamente, impedindo que a instalação seja energizada, há que se seguir os procedimentos do método a seguir descrito. Constata-se, inicialmente, que há excesso de corrente de fuga na instalação, devendo o método levar a identificar a causa do problema (corrente de fuga muito elevada, causando a atuação do DR).

3. MÉTODO PARA IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM DA CORRENTE DE FUGA

               3.1. Desligar todas as cargas (aparelhos) das tomadas

               Inicialmente, devem ser desligadas (desconectadas da tomada) todas as cargas da instalação, isto é, todos os aparelhos que possam ser desligados: aparelhos condicionadores de ar do tipo janela, computadores, TVs etc. No entanto, o chuveiro, que é ligado diretamente à sua caixa de ligação, deveria ser desligado como primeiro (desconectá-lo da caixa de ligação) e testado para ver se o problema estará resolvido, visto que os chuveiros são, em geral, fontes de correntes de fuga significativas. Continuando o DR a desligar o circuito apesar de esse estar sem o chuveiro (inicialmente) e, em seguida, “em vazio”, isto é, sem qualquer carga em suas tomadas, deve-se passar ao procedimento seguinte.

               3.2. Desligar todos os disjuntores dos circuitos da instalação

               Neste segundo procedimento, todos os disjuntores devem ser desligados (tecla de ligação para baixo). Ao se realizar o teste de tentar religar o interruptor geral (DR), e esse continuar caindo, não permitindo a religação da instalação, então, provavelmente, o próprio DR estará com defeito, devendo ser trocado.

               No entanto, se o DR aceitar a religação da instalação, deve-se passar ao procedimento seguinte, pois o dispositivo DR não estará com defeito, devendo seguir-se com os testes.

               3.3. Religar, um por um, os disjuntores da instalação

               Agora, com o DR ligado, cada disjuntor da instalação deverá ser ligado, um por vez. Deve-se dar um tempo de cerca de 20 segundos para que todas as correntes de fuga relativas ao carregamento de capacitâncias parasitas da fiação sejam estabilizadas (atinjam o seu máximo). Se o primeiro disjuntor passou no teste, não provocando o desligamento do DR, passa-se, então, ao disjuntor seguinte. No entanto, se o DR, durante esse tempo de 20 segundos, cair, esse circuito, provavelmente estará sendo o causador da corrente de fuga elevada e causando o desligamento do DR. Tal circuito deverá ser objeto, então, de verificação para a identificação de possível descascamento de fiação, conexão mal isolada ou qualquer outra imperfeição que o eletricista possa identificar, o que será a provável fonte de elevada corrente de fuga da instalação. É aqui que se verifica a função do DR como “vigilante” da boa qualidade da instalação: se houver tais imperfeições, o DR desligará a instalação para protegê-la, visto que, tais correntes de fuga, permanecendo na instalação por muito tempo, podem levar a uma grande deterioração da fiação e provocar algum tipo de aquecimento indevido e, até mesmo, um princípio de incêndio.

               Após ter sido ligado o primeiro disjuntor, e tendo passado no teste, desliga-se esse e liga-se o próximo, repetindo-se o teste nesse último.

               3.4. Religar, um por um, os aparelhos da instalação

               Se todos os circuitos da instalação passaram no teste, não provocando o desligamento do DR, devem ser testados, agora, cada aparelho da instalação: cada um por sua vez, deve ser religado à tomada. Deixando-se passar, pelo menos, os 20 segundos do carregamento das capacitâncias parasitas do aparelho, e o DR não desligando, esse aparelho terá passado no teste. Todos os aparelhos, em sequência, um por um, devem ser adicionados ao teste, não havendo necessidade de desconectar o último aparelho testado, pois a corrente de fuga a ser acumulada não deverá fazer o DR atuar, a não ser que o aparelho sob teste, recém ligado, tenha, de fato, uma elevada corrente de fuga.

               Normalmente, pelo menos um desses aparelhos (talvez o mais antigo) não seja aprovado no teste, provocando o desligamento do DR, o que o elegerá a ser o causador da elevada corrente de fuga e do desligamento contínuo do DR. Desconectando-o da tomada, o DR deverá manter-se ligado, permitindo a continuidade do teste até o último aparelho a ser conectado.

Tendo-se concluído o teste, aqueles aparelhos que provocaram o desligamento do DR devem ser trocados por um novo ou levados à manutenção elétrica.

CONCLUSÃO

Como visto acima, o método é uma aplicação lógica e simples de um sequenciamento de ligação-desligamento de circuitos e aparelhos da instalação, com vistas a identificar a principal origem (ou principais) da corrente de fuga que está fazendo atuar o dispositivo DR. Inevitavelmente, se o DR em si não estiver com defeito, aparecerá claramente o circuito ou o aparelho causador de tal problema, pois nesse momento – da ligação (conexão) do circuito ou do aparelho – o DR desligará a instalação. A eliminação momentânea do circuito causador da corrente de fuga, ou do aparelho, permitirá que o DR não se desligue, sustentando a instalação.

Uilso Aragono. (jan. de 2024)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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