Os milagres de Jesus, descritos nos quatro Evangelhos, são obras maravilhosas e, verdadeiramente, arrebatadoras! São capazes de nos encantar a todos e de provocar uma profunda reflexão sobre quem é este Homem, capaz de tantos feitos impossíveis aos homens comuns... O texto abaixo procura identificar, a partir de uma busca nos Evangelhos, quais são esses milagres, e apresenta-os por meio de uma breve descrição. Desta vez, em relação ao Evangelho de S. João. Algum comentário comparativo entre os Evangelhos é feito.
5. JESUS CURA UM PARALÍTICO:
Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. Jesus viu o
homem deitado e ficou sabendo que estava doente há tanto tempo. Então lhe
perguntou: “Você quer ficar curado?”. O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém
que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro
já entrou na minha frente”. Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”.
No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar (Jo
5, 5 – 9). – Neste episódio, Jesus mostra, mais uma vez, toda a sua
misericórdia e o seu
amor pelas pessoas, especialmente as mais necessitadas. Mas é interessante
notar que Jesus não impôs a cura ao homem. Perguntou-lhe se queria ser curado
e, só depois da confirmação do desejo é que Jesus o cura. Também nós devemos manifestar
diante de nosso Senhor o nosso desejo de sermos curados! Pois mesmo que Ele veja
nossas mazelas e
nossas doenças, sem a manifestação expressa de nosso desejo, Ele não nos poderá
curar! Aqui vemos um grande exemplo da humildade que deve acompanhar toda pessoa
doente. Pois, como diz o ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Se,
mesmo cheio de pecados, doenças, fragilidades, não pedirmos, com humildade, ao Senhor
que nos cure, a cura não virá automaticamente! É por isto que a única oração
que o Senhor nos ensinou é constituída por petições. Sim, são sete os pedidos
que apresentamos ao Senhor quando rezamos o Pai-Nosso. É um exercício de
humildade diante de Deus, que muito nos ajuda a crescermos no amor a Deus e aos
irmãos.
6. MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES:
Estava próxima a Páscoa, festa dos judeus. Jesus ergueu os olhos e viu uma
grande multidão que vinha ao seu encontro. Então disse Jesus a Filipe: “Onde
vamos comprar pão para eles comerem?”. (...) Um discípulo de Jesus, André, o
irmão de Simão Pedro disse: “Aqui há um rapaz que tem cinco pães de cevada e
dois peixes. Mas o que é isto para tanta gente?”. Então Jesus disse: “Falem
para o povo sentar-se”. Havia muita grama nesse lugar e todos se sentaram. Estavam
aí cinco mil pessoas, mais ou menos. Jesus pegou os pães, agradeceu a Deus e distribuiu
aos que estavam sentados. Fez a mesma coisa com os peixes. E todos comeram o
quanto quiseram. Quando ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos:
Recolham os pedaços que sobraram, para não se desperdiçar nada”. Eles
recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães que
haviam comido (Jo 6,4-5.8-13). – Este episódio, como já refletido em relação
aos outros semelhantes, mostra que existiu de fato, uma multiplicação
miraculosa de pães e peixes para uma grande multidão. E isto se verifica pela
constatação de Filipe, após averiguar a situação da multidão, de que só tinha
encontrado um rapaz com “cinco pães de cevada e dois peixes”. Ora, a multidão,
atraída pelo magnetismo espiritual de Cristo, foi ficando sem alimentos ao
longo dos dias. E somente uma intervenção milagrosa poderia lhes fornecer alimentação
a partir de tão poucos pães e peixes! Este capítulo, por este milagre, introduz
o grande discurso de Jesus sobre o “Pão da Vida”, que é Ele mesmo!
7. JESUS CAMINHA SOBRE AS
ÁGUAS: Ao cair da tarde, os discípulos de Jesus desceram ao mar. Entraram
na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já era noite, e
Jesus ainda não tinha ido ao encontro deles. Soprava vento forte e o mar estava
agitado. Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco ou seis quilômetros,
quando viram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se da barca. Então
ficaram com medo, mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenham medo”. Eles quiseram
recolher Jesus na barca, mas nesse instante a barca chegou à margem para onde
estavam indo (Jo 6, 16-21). – Este milagre é contado também em Mateus (14,
22-33) e em Marcos (6, 45-52). Embora com detalhes variáveis, pois os
Evangelhos não são simples cópias uns dos outros, verifica-se o poder de Cristo
sobre a natureza! Jesus andou sobre as águas para chegar até seus discípulos.
Fez isto para aparecer diante deles? Certamente que não! Mas o fez para acender
neles a fé, a certeza de que estavam seguindo o verdadeiro Messias, o Filho de
Deus. Seus discípulos eram consolados por esses milagres, e tantos outros não
descritos nos Evangelhos, que Jesus lhes fazia por amor e para lhes aumentar a
confiança nele.
8. JESUS CURA UM CEGO DE
NASCENÇA: Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Os discípulos
perguntaram: “Mestre, quem foi que pecou, para que ele nascesse cego? Foi ele
ou seus pais?”. Jesus respondeu: “Não foi ele que pecou, nem seus pais, mas ele
é cego para que nele se manifestem as obras de Deus. Nós temos que realizar as
obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Está chegando a noite, e ninguém
poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo eu sou a luz do mundo”. Dizendo isso,
Jesus cuspiu no chão, fez barro com saliva e com o barro ungiu os olhos do
cego. E disse: “Vá se lavar na piscina de Siloé”. (Esta palavra quer dizer “O
Enviado”). O cego foi, lavou-se, e voltou enxergando (Jo 9, 1-7). – Nesta
passagem do Evangelho, Jesus quer nos mostrar que as doenças que nos atingem não
são resultado, necessariamente, de nossos pecados (embora em alguns casos,
estes contribuam com as doenças – as chamadas doenças psicossomáticas e as “doenças espirituais”).
Portanto, se alguém estiver doente, não seja visto como mais pecador do que os
que estejam sãos. Mas nosso Deus, como explica Jesus, utiliza essas situações resultantes
da própria natureza humana para “manifestar as obras de Deus”. É por isso que em
muitas provações por que passam algumas famílias, elas saem fortalecidas na fé;
conversões ocorrem em situações de doença e outros males (acidentes) que atinjam
as pessoas. Porque “Deus faz das pedras (males) filhos de Abraão (pessoas
renovadas na fé)”.
Uilso Aragono (Fev. 2021.)