sábado, 30 de julho de 2011

Violência contra professores

Os recentes episódios de violência de alunos contra professores, divulgados pela impressa, podem constituir apenas um lado da moeda... Na busca das causas de tão deplorável violência não se pode esquecer aquela possivelmente ligada ao já conhecido “assédio moral” de professores contra alunos. Esta hipótese tem de ser pesquisada e avaliada com todo o rigor e imparcialidade possíveis pelos diretamente responsáveis pela Educação nos níveis fundamental e médio, onde, especialmente têm ocorrido tais episódios de violência contra professores.

O que pode estar ocorrendo, numa avaliação preliminar dessa questão da violência estudantil contra professores, é que o fenômeno seja uma “reação” a uma situação de assédio moral do professor em relação ao aluno, isto é: terrorismo psicológico, humilhação (ou “bulling”), perseguição, maus tratos sistemáticos etc. Assim como existe o assédio sexual, tem-se dado ênfase, ultimamente, ao assédio moral, do mesmo modo danoso para a integridade psíquica e moral da vítima.

Partindo do princípio de que tanto o assédio sexual quanto o moral está associado ao exercício do poder, do chefe ou do professor, respectivamente, é lícito imaginar-se que uma possível causa da violência do aluno – que não tem nenhum “poder” no âmbito escolar! – esteja ligada ao comportamento do professor, a quem se dá todo o poder na Escola. Ora, exercendo o poder (de ensinar, reprovar, penalizar, chamar a atenção, retirar da sala, etc.) muitos professores e professoras têm sido tentados a exercê-lo com violência, embora esta seja, normalmente, uma violência silenciosa, discreta, sistemática e “autorizada”, opondo-se à sua possível consequência, a violência ruidosa, patente, eventual e “não-autorizada” dos alunos.

O Governo do Estado tem divulgado novas “regras” que visam a coibir a violência estudantil por meio de punições mais rigorosas contra os alunos violentos. No entanto, não se pode negligenciar uma hipotética realidade (a ser pesquisada e verificada) de violência sistemática, ocorrente no interior das salas de aula, exercida por professores mal preparados e treinados na difícil ­ – há que se reconhecer! – missão de educadores de crianças e adolescentes. E em função dessa muito provável realidade causadora da violência estudantil, vigiar-se e tomar-se providências igualmente eficazes contra todo tipo de terrorismo psicológico e abuso moral de professores em sala de aula. Estes, também, identificados em sua má conduta, devem ser punidos com o rigor de novas “regras”, mais justas e adequadas, e que contribuam para criar-se um ambiente de mais respeito mútuo em sala de aula: se o aluno é respeitado em sala, é difícil imaginar-se uma violência gratuita a ser exercida por este contra o professor.

Pode-se concluir que se existe violência de aluno contra professor, na educação de níveis fundamental e médio, não se pode excluir a priori uma igualmente condenável violência silenciosa de professores contra alunos no seio da sala de aula, que pode estar desempenhando, inclusive, o papel de causa remota da violência estudantil. Abaixo a violência estudantil! Abaixo, igualmente, o assédio moral e o terrorismo psicológico de professores mal preparados!

Uilso Aragono, Julho de 2011

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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