A vida
social humana é regida por três dimensões fundamentais: a ciência,
a arte e a tecnologia.
A ciência
trata do conhecimento teórico (a mente em ação);
A arte
trata do conhecimento prático-sensorial (os sentidos em ação);
A
tecnologia trata do conhecimento prático-útil (as mãos em ação).
O
material humano tem suas tecnologias! Quais são elas? O material
humano será entendido aqui como o ser humano, a pessoa em suas
relações íntimas e sociais.
O
material humano é feito, basicamente, de um corpo afetivo, que não
basta a si mesmo: precisa de complementos, e complementos humanos!
As partes
constituintes desse corpo afetivo são, principalmente: um rosto
capaz de sorrir e de olhar nos outros olhos; uma boca e dois ouvidos
capazes de comunicar por palavras; duas mãos capazes de praticar os
melhores gestos possíveis; duas pernas capazes de levá-lo a
aproximar-se dos outros; uma cabeça capaz de pensar e analisar os
acontecimentos; e um coração capaz dos melhores sentimentos de
amor.
E como
funciona esse corpo humano? Esse corpo afetivo? Ele só funcionará
bem se transitar, se experimentar as três dimensões básicas da
vida social humana: a ciência, a arte e a tecnologia.
A cabeça
precisa exercitar a ciência, para desenvolver-se, para ampliar seus
horizonte, para desenvolver o seu potencial, para, finalmente,
contribuir para um mundo melhor, para uma vida social de melhor
qualidade do que a que ele herdou em certo momento.
Ela
também precisa exercitar as artes, para que os dois hemisférios
cerebrais sejam igualmente exercitados e se desenvolvam
harmoniosamente, para, em resposta, também, por sua vez, contribuir,
não só para a ciência e a tecnologia (lado esquerdo do cérebro),
mas também para a estética, para a música, para a dança, para a
literatura, pelo menos para uma dessas áreas artísticas (lado
direito do cérebro).
A cabeça
também comanda as mãos no exercício da técnica: o desenvolvimento
de peças, de equipamentos completos, de soluções tecnológicas as
mais diversas só são possíveis graças aos dedos e às mãos.
Daqui o termo manufatura. A tecnologia das máquinas apenas deu mais
força, habilidade e velocidade às mãos humanas, assim, como os
computadores deram o mesmo poder à mente humana.
O rosto
humano não só serve para a identificação pessoal, aliás única!,
mas, especialmente, para sorrir, para rir, para expressar os melhores
sentimentos do coração, para expressar alegrias e, também,
tristezas; para comunicar o amor e, infelizmente, o ódio...
Dizem que
rir é um grande remédio: exercita os músculos da face e faz surgir
no organismo o hormônio da serotonina, que é o hormônio do prazer,
da alegria. Vamos rir então!
Gosto
daquela do doido que empurrava um carrinho de mão de cabeça para
baixo (o carrinho!...). Alguém lhe perguntou: por que você está
empurrando o carrinho com as rodas para cima? O doido olhou de um
para o outro e disse: “é que se eu virar eles põe tijolo!”.
Os olhos
são considerados as “janelas da alma”. Por eles muitas verdades
são expressas sem qualquer palavra; às vezes, a boca diz uma coisa
e os olhos, outra. Uma mentira, muitas vezes é contrariada pelo
tremer dos olhos. Olhos incapazes de focalizar os do interlocutor
demonstram insegurança e timidez, o que pode comprometer um
relacionamento. É preciso olhar nos olhos! A comunicação entre
duas ou mais pessoas passa, necessariamente, pelo olhar. Mesmo sem
palavras ocorre comunicação pelos olhos: um piscar de olhos, um
encarar o outro, um olhar de relance, um olhar de soslaio (de lado),
olhar com sobrancelhas grudadas (indicando raiva), olhar com
sobrancelhas levantadas (indicando espanto) etc. Precisamos enxergar
bem o mundo, para além do simples ver! Enxergar é ver com atenção,
usando a razão, a reflexão, a contemplação.
O
jovem pai chegou ao pediatra, bastante aflito, com uma criança no
colo:
Doutor, meu filho está com seis meses e não abre os olhos! O médico examinou bem, virou-se pro rapaz, e falou: Quem deve abrir os olhos é o senhor, meu amigo. Seu filho é japonês.!
Doutor, meu filho está com seis meses e não abre os olhos! O médico examinou bem, virou-se pro rapaz, e falou: Quem deve abrir os olhos é o senhor, meu amigo. Seu filho é japonês.!
O
material humano é constituído de dois ouvidos e uma boca. Dizem que
isto significa que mais devemos ouvir do que falar! Ou, pelo menos, o
ouvir deve ser exercitado com atenção dupla. Uma regra pode ser
deduzida desta observação: “ouvir com toda a atenção e falar
com precaução”. A oratória é a arte de falar bem, comunicar bem
pela fala. Mas não se pode esquecer que se deve valorizar também o
que se poderia denominar de “escutatória”, que seria a arte de
bem ouvir, ouvir com atenção, com a preocupação de entender o
interlocutor.
Alguns,
querendo mostrar-se autênticos e honestos, transparentes, dizem que
falam o que pensam. Ora, quem fala o que pensa são as crianças, que
ainda não desenvolveram o senso da autocrítica, da autocensura. O
adulto não fala o que pensa, mas “pensa o que fala”, isto é,
pondera o que pretende falar antes de pronunciar as palavras. Fala
com precaução, com cuidado, e depois de ter ouvido com dupla
atenção: são dois ouvidos, afinal!...
Havia
um padre, amigo nosso, muito brincalhão e engraçado. Mesmo nas
missas ele fazia comentários engraçados. Minha filha pequena, com
cerca de 6 anos, dirigiu-se a ele, no final da missa e lhe disse, na
cara: Padre, você é muito palhaço!...
Algumas
pessoas, numa discussão, embora aparentemente estejam ouvindo o
interlocutor, já estão pensando no que irão dizer, ouvindo o outro
apenas superficialmente. Eis aqui a fonte de muitos mal-entendidos e
muitas brigas. As pessoas, muitas vezes, não se entendem, não
porque não saibam falar e argumentar, mas porque não sabem ouvir
com atenção!
E as
pernas, para que servem se não para nos aproximarmos dos outros? Às
vezes, para nos afastarmos!... A verdade é que ninguém vive
sozinho: o homem é um ser político, já dizia Sócrates. É um ser
de relações. E para isto servem as pernas: especialmente para nos
aproximarmos uns dos outros, para sair de nosso comodismo, do nossa
preguiça. É na relação com os outros que somos desafiados, que
ganhamos e perdemos, e acabamos crescendo como gente, como pessoa!
Qual é a missão
do homem que ajuda com a limpeza em casa?
R: Levantar as pernas para o aspirador de pó passar.
R: Levantar as pernas para o aspirador de pó passar.
Finalmente
temos o coração, que bombeia, sem parar, todos os sentimentos
humanos. Quem dera que fossem só sentimentos de amor, de paz, de
tolerância, de fraternidade, de solidariedade.
Uma
senhora, velhinha, ignorante, cansada de incomodar a família decide
se suicidar. Ela liga para o médico e pergunta onde fica o coração.
Ele diz que é dois dedos abaixo do seio esquerdo. No outro dia a
notícia da capa do jornal é: "Senhora tenta se matar com um
tiro no quadril"...
Uilso Aragono, outubro/2011.