terça-feira, 31 de dezembro de 2013

SER FELIZ OU FAZER FELIZ?

Neste último dia do ano é sempre bom pensarmos no quanto fomos felizes ou infelizes durante este ano que passou. É sempre bom fazer um balanço do que realizamos de bom ou não, do quanto fomos bem sucedidos nos negócios e nos relacionamentos, ou não...  

E como dizem que o importante na vida é “ser feliz”, gostaria de refletir sobre essa afirmativa, e contestá-la! No meu ponto de vista, ao contrário do que se afirma como certo, parece-me que esta crença acaba produzindo resultados ruins: focar na busca da própria felicidade acaba levando as pessoas – dependendo, claro, da formação moral e ética do indivíduo – a passar, até, por cima das outras...

Se o importante é ser feliz, como fica a felicidade dos outros ao meu redor? Se o importante e o objetivo da vida é ser feliz, que importa se os outros estão felizes? Cada um que busque a sua felicidade!... E quem pode mais... chora menos. Esses são os pensamentos que, conscientes ou inconscientes, acabam guiando as pessoas a cada ano que passa, a cada dia que se sucede. É, também, como se diz: a luta pela vida. E a busca da felicidade por parte de uma pessoa, quase que inevitavelmente, pode tornar-se empecilho para a felicidade de outra: está aqui a origem de todos os conflitos de interesses, relacionamentos e ações.

A melhor filosofia de vida seria, portanto, não buscar a própria felicidade, mas, isto sim, buscar a felicidade do outro. Não “ser feliz”, mas “fazer feliz”! Não ter como foco a busca – às vezes, a todo custo! – da própria felicidade, mas, antes, ao contrário, ter como foco a felicidade do outro. E isto trará, consigo, inevitavelmente, a própria felicidade. Pois é próprio da natureza humana sentir-se feliz com a felicidade alheia, especialmente daqueles mais próximos. Qual é a mãe, ou o pai, que não se sente feliz ao, até mesmo, sacrificar-se para fazer feliz um filho? Qual é o irmão verdadeiro que não “quer bem ao seu irmão”? Qual é o amigo sincero que não fica feliz pelo sucesso e pela felicidade do seu amigo?

Esta é a verdadeira, a produtiva, a eficaz e a mais cristã filosofia de vida a ser vivenciada! Como ensina Jesus e tantos outros pensadores da humanidade: viva fazendo ao outro o que você gostaria que lhe fizessem! Esta máxima confirma que o importante é Fazer Feliz!

Como bons exemplos podemos citar, a seguir, muitas situações de vida, profissional ou pessoal, em que se busca a felicidade do outro e, por consequência, a própria felicidade é encontrada.

O professor que, antes de preocupar-se em ser um bom, feliz e bem pago professor, trabalha e busca a felicidade, a realização e a aprendizagem dos alunos.
A senhora que, mesmo não tendo filhos, dedica-se a cuidar de filhos abandonados e carentes, buscando a felicidade e a realização destes.
O governante, a autoridade ou o político que sacrifica os próprios interesses para cuidar do bem comum, isto é, da felicidade dos outros.
O padre ou o religioso que, embora tenha feito um voto de pobreza, castidade e obediência, dedica sua vida à promoção e à felicidade da vida dos outros.
A mãe humilde, do interior deste País, que aprendeu a gostar de comer pé de galinha, no almoço, para deixar as melhores partes para os filhos.

Finalmente, como uma ode à verdadeira felicidade, podemos cantar juntos:

A busca da própria felicidade leva ao egoísmo.
   A busca da felicidade do outro leva ao altruísmo.
A busca da própria felicidade leva à destruição do outro que a possa atrapalhar.
   A busca da felicidade do outro leva à construção da vida e da felicidade desse outro.
A busca da própria felicidade leva ao conflito de interesses.
   A busca da felicidade do outro leva à harmonia de corações.
A busca da própria felicidade leva quase ao pecado.
   A busca da felicidade do outro leva à santidade.

O “ser feliz” ou a luta individual de busca da felicidade, como se esta busca fosse “o objetivo” da vida, pode, então, ser uma verdadeira pedra de tropeço na vida daqueles que a aceitarem como filosofia de vida. E o “fazer feliz” ou a busca da felicidade do outro, ao contrário, é a fonte de toda verdadeira felicidade e, por consequência, de toda harmonia entre as pessoas.

Uilso Aragono (dez. de 2013)

domingo, 3 de novembro de 2013

DIA DE TODOS E SANTOS E DIA DE FINADOS

Este artigo visa a esclarecer aos católicos, e a quem se interessar, os significados associados ao dia de Finados (feriado nacional, 2 de novembro) e ao dia de Todos os Santos (1º de novembro, celebrado no domingo seguinte). São reflexões de um leigo que está sempre buscando esclarecer-se sobre a doutrina de sua Igreja e buscando partilhar esse conhecimento, tão útil à vida social e à vida espiritual de todos nós.

INTRODUÇÃO

Para bom entendimento dos significados propostos é necessário, inicialmente, que recordemos o que a Igreja Cristã Católica entende pelo termo “Igreja”. Este termo deve ser entendido como a “assembleia dos santos”, ou o conjunto de todos os que buscam santificar-se em Cristo. A Igreja Católica, portanto, vê-se, a si própria, como uma igreja de três dimensões: a Igreja militante, a Igreja padecente, e a Igreja triunfante. A Igreja militante é o conjunto dos cristãos que ainda vivem na Terra e lutam ( ou militam) por sua santificação; a Igreja padecente é o conjunto de todos os já falecidos mas que não conseguiram santificar-se plenamente, morrendo com algumas “manchas” de pecado na alma, necessitando, portanto, purificar-se no Purgatório; a Igreja triunfante é o conjunto de todos os santos que morreram em estado de graça e conseguiram partir sem quaisquer “manchas” de pecado na alma, tendo direito a irem “direto” para o Céu, para participar da visão beatífica de Deus. Vemos, então, que a Igreja de Cristo é uma entidade não apenas terrena, mas, em conformidade com a doutrina que coloca Cristo como sua “cabeça”, também, uma entidade espiritual ou celestial, na medida em que tem seus membros congregados nessas três dimensões citadas. Fala-se, por consequência, que a Igreja é, também, a “comunhão dos santos”, santos entendidos como todos aqueles que buscam a santificação e que um dia, pela graça de Deus, certamente a alcançarão, ou ao fim desta vida terrena (todos os santos), ou ao fim do tempo espiritual correspondente ao Purgatório.
A partir do bom entendimento do conceito de Igreja, como visto acima, os significados dos dias citados já podem ser esclarecidos. Pode-se, então, estabelecer a diferença fundamental entre o dia de Finados e o dia de Todos os Santos.

DIA DE TODOS OS SANTOS

O dia de Todos os Santos é o dia estabelecido pela Igreja Católica para que todos nós, cristãos, recordemos a vida e as realizações de todos aqueles nossos entes queridos, amigos, e conhecidos, que, embora, como todos nós, tenham pecado, conseguiram, no entanto, morrer em estado de graça e tendo alcançado sua plena purificação ainda aqui, nesta Terra, com a graça de Deus e por meio de dores e sofrimentos vividos em união com Cristo e a Igreja. Mas não se trata aqui dos santos de altar, isto é, dos santos oficiais da Igreja, pois esses já têm seu dia marcado no calendário de festas e celebrações litúrgicas da Igreja. Trata-se, portanto, de todos os demais cristãos que, embora tenham alcançado uma vida santa já aqui na Terra, não são oficialmente reconhecidos como “santos”, mas que, de fato, aos olhos de Deus viveram vidas santas. São todas aquelas pessoas em relação às quais temos a impressão de que, de fato, por tudo o que viveram e sofreram, foram exemplo de cristãos, isto é, foram verdadeiros santos entre nós.

DIA DE FINADOS

Dia de Finados, ou dia dos mortos, ou dia dos defuntos, é o dia estabelecido pela Igreja Católica para que todos os cristãos se lembrem de seus falecidos que possam estar no Purgatório. É o dia das almas dos que estão no Purgatório. É o dia em que, em especial, nos recordamos de nossos entes queridos que faleceram, sem que tenhamos a certeza de que tenham alcançado a bem-aventurança (a santidade). É uma dia de lembrança, de homenagem, de emoções, de oração, e de oferecimento de missas e de sacrifícios pelas almas desses nossos entes queridos, para que sejam ajudados a superar “o tempo espiritual” (chamado “evo”, na teologia) correspondente ao seu sofrimento purificador e santificador, necessário a compensar as penas temporais não cumpridas no tempo de sua vida terrena. Essas “penas temporais” são aquelas devidas a pecados cometidos, perdoados, mas que não foram “compensados” por penas durante a vida terrena; penas essas associadas, normalmente, a jejuns, abstinências, esmolas, visitas a doentes, obras de caridade, participação em missas, e a dores e sofrimentos normais da vida, oferecidos a Deus por si e por outros. O tempo espiritual no Purgatório é um tempo de sofrimento purificador e santificador em que, diante da próxima visão beatífica de Deus, separada, talvez, como que por um fino véu, a alma procura santificar-se para ser digna de, finalmente, ultrapassar essa barreira final para alcançar o Céu. A alma reconhece que ainda não é digna, ainda não atingiu a necessária santidade de vida para encontrar-se face a face com seu Deus. Por isso sofre, angustia-se, arrepende-se de não ter buscado a santidade com mais empenho, enquanto ainda peregrinava na Terra. Nesse sofrimento, a alma pode ser ajudada pelos irmãos na Terra – dentro do conceito de Igreja como comunhão dos santos – por seus sacrifícios, sofrimentos e orações oferecidos a Deus por amor a essas almas e unidos no Amor de Cristo.

SOBRE O INFERNO

Nunca teremos certeza sobre o destino de alguma pessoa, a não ser em relação ao Céu. Se essa alma foi para o Purgatório ou para o Inferno, nunca teremos certeza nesta vida. Se algum ente querido foi para o Céu, esta certeza pode ser alcançada por meio de tudo o que conhecemos da vida da pessoa e por uma visão espiritual que a Graça de Deus possa nos comunicar. Não sabendo, portanto, se um ente querido, ou mesmo uma pessoa conhecida, após a morte tenha ido para o Purgatório ou para o Inferno, podemos e devemos rezar por sua alma. Deus, que tudo conhece, saberá dirigir nossas preces e nossos méritos para as almas que estiverem no Purgatório. Se a alma foi para o Inferno, que é um estado de separação definitiva de Deus, para nada lhe poderão servir as orações do cristão na Terra. Infelizmente e lamentavelmente essa realidade existe: no Inferno o sofrimento ocorre por absoluta consciência de que o amor a Deus foi negado, apesar de todas as graças disponíveis, e não há mais possibilidade de recuperação. O sofrimento da alma no Inferno é um sofrimento sem esperança, enquanto o sofrimento no Purgatório é, ao contrário, pleno da esperança celestial.

SOBRE AS INDULGÊNCIAS

Ligado à questão das penas temporais, a Igreja nos propõe a realidade das chamadas indulgências. Estas são dispensas ou cancelamentos de penas temporais relativas a pecados cometidos e já perdoados, mas cujas penas temporais ainda não foram cumpridas. Este conceito teologal está ligado à realidade dos méritos de Cristo, isto é, a tudo o que Jesus conquistou por meio de sua vida santa e sua morte redentora na cruz. É um tesouro riquíssimo, infinito, que a Igreja, como Cristo que ainda caminha na Terra, pode aplicar a uma alma, assim como o próprio Cristo aplicou muitas vezes e em sua vida terrena. Um cristão, portanto, pode beneficiar-se desse enorme Tesouro, ao cumprir certas exigências de oração e obras de caridade impostas pela Igreja, e receber indulgências parciais ou plenárias: no primeiro caso, muitas das penas temporais devidas são canceladas; no segundo caso, todas as penas temporais devidas são anuladas, até aquele momento. Isto significa que uma pessoa, tendo recebido indulgências plenárias, ao morrer logo em seguida, em estado de graça, irá diretamente para o Céu, tornando-se mais um dos santos de nossa Igreja. As indulgências são um benefício que Cristo concede à nossa fraqueza moral e espiritual. Por nós próprios, teríamos muita dificuldade de pagar nossas penas temporais devidas pelos nossos pecados, e correríamos o risco de irmos para o Purgatório; com as indulgências, os méritos de Cristo são aplicados à nossa fraqueza e apagam, efetivamente, nossas penas, ajudando-nos no nosso processo de santificação.

O CONCEITO BÍBLICO DE PURGATÓRIO

O dia de Finados tem sua base bíblica no segundo livro dos Macabeus (2 Mc 12,46). Este livro é um dos sete livros do Antigo Testamento que nossos irmãos evangélicos retiraram da Bíblia católica para transformá-la na Bíblia evangélica. Infelizmente, por questões não muito bem explicadas, e que não dá para aprofundar neste artigo, esse livro não está presente na Bíblia dos evangélicos, os quais, portanto, baseando sua crença, unicamente na Bíblia, não têm como acreditar no Purgatório. Mas este livro, que por mais de mil anos já pertencia à Bíblia – que é, eminentemente e originalmente, católica! – expõe, claramente, a crença dos antigos judeus na existência do Purgatório: “Por isso, (Judas Macabeu) mandou oferecer um sacrifício pelo pecado dos que tinham morrido, para que fossem libertados do pecado” (2 MC 12,46).

CONCLUSÃO

O dia de Finados e o dia de Todos os Santos são dois momentos importantíssimos na vida do cristão, pois bem compreendidos e bem celebrados têm todas as condições de levar-nos a uma vida cristã mais santa e santificadora. Celebrando-os com consciência estaremos vivenciando de forma admirável e eficaz a realidade da comunhão dos santos, que nos beneficia a todos que buscamos um mundo mais justo, mais santo e mais feliz.


Uilso Aragono (No dia de Finados, 02/novembro de 2013)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O PROFESSOR E A APRENDIZAGEM

Acredita-se por aí que o professor ensine, isto é, tenha o poder de ensinar.
Mas se fosse assim, todos os alunos aprenderiam e não se reprovariam.
O que se constata, no entanto, é que as palavras do professor parecem voar...
Não se vê uma ligação direta, biunívoca, entre o ensino e a aprendizagem.

Se o ensino existisse, como consequência ter-se-ia a aprendizagem.
Mas a aprendizagem é fruto do estudo e do esforço do aprendiz.  E para isto as provas muito ajudam.
Pode-se então afirmar que o ensino seja virtual e a aprendizagem, real?
O binômio ensino-aprendizagem, expressão tão usada por pedagogos, não estaria significando precisamente isto? Se existisse o ensino, puramente, autonomamente, por que atrelá-lo à aprendizagem?

Na verdade, a aprendizagem é fato real para todo ser humano: aprende-se desde criança.
Quem ensina uma criança de um ano a falar? Houve ensino? Houve aprendizagem?
Ninguém duvida que exista o aprendiz; mas existe o “ensinador”?  Este seria o professor!

Mas se o professor não tem poder de ensinar, qual é a missão do professor?
O professor existe, não para ensinar, mas para orientar a aprendizagem.
Para incentivar o aluno no seu processo real de aprendizagem.
Para ajudar no processo de avaliação e autoavaliação do aluno.
Para tirar dúvidas e esclarecer as questões obscuras.
Para propor desafios e exercícios para aprofundar e fixar a aprendizagem.
Para passar suas experiências de vida, de cidadania, e de profissional.
Para ser um guia, um amigo, um conselheiro, uma referência, um educador!

Hoje, na era da internet e dos cursos à distância, cada vez mais se torna o aluno um autodidata. E cada vez mais se torna o professor um orientador da aprendizagem. Sim! O ensino é virtual... mas a aprendizagem é real!


sábado, 12 de outubro de 2013

A PRESENÇA DE MARIA NA BÍBLIA

Maria, a Mãe de Jesus, tão venerada e amada no seio da Igreja Católica, e tão desprestigiada no meio dos irmãos evangélicos, é presença admirável, constante e exemplar nos escritos do Novo Testamento. Abaixo são analisadas algumas das passagens mais marcantes da presença de Maria junto a Jesus, mostrando o quanto Ele A amava e ainda A ama.

NA ANUNCIAÇÃO

Na anunciação, Lucas nos apresenta uma jovem que recebe a visita do Anjo do Senhor! Quem recebe tal visita, nos escritos da Bíblia, e nos Evangelhos, em particular, é uma pessoa que passa a ter uma missão especial na vida dos judeus e dos cristãos. Assim aconteceu com grandes nomes da Bíblia: Abraão, Moisés, os profetas, Zacarias, São Paulo apóstolo, etc. Todos os que receberam a “visita” do Senhor, de formas as mais variadas, tornaram-se grandes nomes da vida da Igreja. Por que seria diferente com Maria?

Alguns irmãos evangélicos utilizam o argumento de que Maria ter-se-ia declarado, a si própria, como uma “humilde escrava do Senhor” para concluir que, por isto mesmo, ela não seria nada mais do que isso: uma mera serva do Senhor, tendo sido usada por Ele “apenas” para a encarnação do Verbo Divino. Mas por que, então, os evangélicos têm tanta admiração pelo Apóstolo Paulo – e por seus escritos e ensinamentos – se ele mesmo, como Maria, se declara, em seus escritos, como um “abortivo”? Em ambos os casos, a correta interpretação está ligada à humildade dos santos! Embora os santos tenham consciência de sua santidade, também mantêm a consciência de que são “humildes servos do Senhor”, sempre sujeitos à tentação e ao pecado. Maria, portanto, com sua autodeclaração de humildade, manifesta, já na mocidade, e diante de um anúncio maravilhoso, sua verdadeira santidade!

NO NASCIMENTO DE JESUS

Maria é a mulher do silêncio, da confiança no Senhor! Mesmo passando por necessidades materiais, estando em dificuldades para ter seu Filho, junto com José, seu esposo, confia no Senhor. E tudo acontece sem maiores problemas: o Menino Jesus vem à luz, para ser a Luz do mundo! Maria, nessa fase, é, simplesmente, Mãe: zelosa, dedicada e presença amorosa! Tem consciência de que Jesus é Filho de Deus, embora, também, seu próprio Filho.

Todo cristão católico ama Maria, e a venera como a Mãe do Senhor, a Mãe de Jesus, porque acredita – junto com toda a Igreja – que amar Maria é algo desejado por Jesus. Pois qual é o filho que não ama sua mãe? E sendo Jesus o Filho Santo de Deus, como poderia Ele deixar de exercer este amor filial, tão próprio de qualquer filho? Podemos concluir o quão profundamente Jesus amava e ama Sua Mãe. E qual o filho que não desejaria que seus amigos tratassem bem sua mãe? Qual o filho que não ficaria feliz de ouvir dos amigos palavras gentis e elogiosas a respeito de sua mãe? Quem ama mais a Jesus? – Os que dizem que O amam e O aceitam como Senhor e Salvador, mas ignoram a presença de sua Mãe na história da Salvação? – Ou os que igualmente O amam e O aceitam como Salvador e, além disso, amam profundamente Sua Mãe, enchendo-a de elogios e de títulos como: Mãe de Jesus, Mãe de Deus (porque Jesus é Deus), Mãe da Igreja, Mãe da Divina Graça, Nossa Senhora, Mãe imaculada, Virgem Santa, Santíssima Mãe de Deus, etc.?... Quem ama mais a Jesus?...

NA ADOLESCÊNCIA DE JESUS

Maria e José, todos os anos, exerciam o seu dever sagrado de visitar o Templo do Senhor, em Jerusalém. E levavam Jesus, desde menino, para acompanhá-los a vivenciar a fé no Senhor. Faziam uma viagem longa, a pé, em caravana com parentes e amigos, como exercício de piedade e de fé. E uma vez, Jesus ficou para trás. Pensando que estivesse com os parentes em algum ponto da caravana – como sempre devia acontecer – Maria e José partiram em viagem. Ao perceberem Sua falta, retornaram a Jerusalém e O encontraram no Templo, junto com os doutores da Lei. Ao ser questionado pela Mãe, Ele responde: “Não sabíeis que devo cuidar das coisas de meu Pai?”. E Maria, diz o Evangelista mais tarde, “guardava essas coisas no seu coração”. Que exemplo bonito de fé e de amor a Jesus: guardar suas palavras no coração! Os Santos existem para que os imitemos. E Maria, sendo a Mãe de Jesus, deve ser imitada de modo todo especial!

Uilso Aragono, na Festa da Padroeira do Brasil, 12 de outubro de 2013.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A AVE MARIA ESTÁ NA BÍBLIA E NO CORAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA


Este artigo visa a refletir sobre a origem da oração Ave Maria, tão rezada no âmbito da Igreja Católica, para esclarecimento dos católicos, em primeiro lugar. Se outros cristãos puderem usufruir algum esclarecimento, isto será considerado um fruto extra.

A Ave Maria é uma oração cristã e católica que está na Bíblia – a primeira parte – e tem a sua segunda parte nascida do coração da Igreja Católica, por inspiração do Espírito Santo de Deus que conduz a Igreja.
A primeira parte dessa singela oração cristã vem diretamente da Bíblia: “Ave (Maria), cheia de graça, o Senhor é contigo. Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 28.42). É a saudação do Anjo Gabriel a Maria, precedendo a sua mensagem celestial de que ela viria a ser a Mãe do Salvador. A segunda parte nasce da fé da Igreja, que vai amadurecendo e sendo iluminada pelo Espírito Santo – iluminação esta garantida pelas palavras do próprio Jesus: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos”.

Críticas dos evangélicos à Ave Maria

Alguns católicos podem se questionar, legitimamente, por críticas de nossos irmãos evangélicos quanto a esta oração, em particular, e quanto ao culto a Maria, em geral, que existe na Igreja Católica. Mas as críticas, ao serem analisadas no âmbito da fé católica, podem ser, perfeitamente, rebatidas e esclarecidas. No “âmbito da fé católica”, ressalte-se, isto é, dentro do conjunto das verdades da fé cristã católica.
As críticas dos evangélicos ao Culto a Maria, e à oração Ave Maria, em particular, são feitas com os pressupostos das verdades da fé cristã evangélica ou protestante. Discutir o assunto com pressupostos tão diferentes não leva a lugar nenhum, talvez, apenas, a mútuas agressões e acusações, que, entre os irmãos que se dizem cristãos, guiados pelo “Amai-vos como Eu vos amei” constituirão um péssimo mau exemplo para o mundo não cristão.

Quais os pressupostos de fé dos evangélicos e dos católicos?

Enquanto os pressupostos de fé dos evangélicos são expressos pelas duas afirmativas básicas “Só a Bíblia” (sola scriptura, em latim) e “Só a fé” (sola fide, em latim), os pressupostos da Igreja Católica são mais complexos e baseiam-se, não só na Bíblia, mas, também, na Tradição Apostólica (que são os escritos dos primeiros bispos e santos da Igreja) e com o Magistério da Igreja (definições e dogmas oficiais produzidos pela hierarquia da Igreja, isto é, pelo papa e pelos bispos, sucessores dos apóstolos de Cristo). Em suma, a Igreja Católica tem suas verdades de fé baseadas na Palavra de Deus (Bíblia) e na Tradição e no Magistério da Igreja.

É somente com base nessa tríplice dimensão que caracteriza a Igreja Católica, que a oração da Ave Maria pode ser entendida como verdadeira e legítima oração cristã, bíblica e eclesial, ao mesmo tempo! Infelizmente, sob os pressupostos evangélicos, a Ave Maria, de fato, não tem sentido. E toda discussão é vã e maléfica...

Por que rezar (ou orar) a Ave Maria?

Para os católicos, e baseados nos pressupostos de fé acima esclarecidos, a primeira parte é bíblica e, como qualquer parte adequada da Bíblia – como os salmos –, pode ser aproveitada  pelo cristão como forma de oração.  A segunda parte é criada pela Igreja – entendida pelo conjunto de seus fiéis e sucessores apostólicos – para ajudar os católicos a entender a função de Maria: Santa Mãe de Deus, isto é, do Filho de Deus, e intercessora dos cristãos, que são pecadores, por natureza.

Por que rezar a Ave Maria repetidas vezes?

Rezar a oração Ave Maria, repetidas vezes, não significa considerar que Deus seja surdo ou não escute direito. Mas baseia-se, de certo modo, no próprio  exemplo de Jesus, no Getsêmani, durante seus momentos de agonia, quando – conforme Mt 26, 44 – “Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez repetindo as mesmas palavras”. Se Jesus orou ao Pai do Céu, num momento de extrema necessidade, ‘”repetindo as mesmas palavras”, por que não podemos nós fazer igual? Por algum motivo, deve agradar a Deus, a repetição – em clima de oração sincera e humilde – de uma oração dirigida a Ele. Assim orou Jesus; assim podemos e devemos nós orar! Daqui vem a conclusão de que repetir uma oração é  perfeitamente bíblico e cristão. Os católicos escolheram repetir a Ave Maria, na oração do Rosário, cento e cinquenta (150) vezes, apenas por inspiração da quantidade igual de salmos (150 salmos bíblicos).

Por que Santa Mãe de Deus?

Maria é considerada Santa, ou Santíssima, porque, para os católicos, baseados, novamente, nos seus pressupostos de fé acima explicitados, Jesus, o Filho de Deus, sendo três vezes Santo, não poderia, em hipótese alguma, ser gerado em um ventre humano que não fosse, igualmente, santíssimo. Pois a Bíblia nos ensina que Deus disse a Moisés: “Não te chegues para cá; tira os sapatos dos pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Ex 3, 4). O corpo – e toda a pessoa – de Maria, deveria, portanto, ser, igualmente, Santo, pois ali estaria habitando o Filho do Deus Altíssimo! Ela é, finalmente, considerada Santíssima, pois não pode haver outra pessoa mais santa do que aquela que foi predestinada a ser a Mãe do Salvador!

Por que pedir a intercessão de Maria?

  A Igreja nos ensina a pedir a intercessão de Maria pela interpretação do episódio das bodas de Caná da Galiléia, em que Maria se dirige a Jesus, e, em nome dos pais dos noivos, pede a Jesus que os ajude. O primeiro milagre de Jesus, em um aparecimento público, ocorre por manifestação de sua Mãe, que demonstra um espírito de Mãe dos homens e uma fé digna de uma Mãe divina.

Maria pode ouvir a todas as orações dirigidas a Ela?

Se Deus colocou Maria como intercessora, ou medianeira, de todas as graças – como ensina a Igreja Católica – Ele não deixará de providenciar que todas as orações dirigidas a Maria sejam, de alguma forma, que não podemos explicar, ouvidas por Ela. Podemos, também, acreditar que o próprio Deus ouve as orações dirigidas a Maria, pois, pelo simples fato de serem dirigidas a Ela – a Mãe do Filho de Deus! –, vão diretamente para o Coração de Deus.

Conclusão

A Ave Maria é uma oração belíssima e de grande poder junto do Coração de Jesus, pois ao orá-la, o cristão católico louva a Mãe, e, ao louvar a Mãe, louva mais ainda o Filho. O amor a Maria não tem outra consequência, senão levar o cristão a amar ainda mais a Jesus! Ninguém pode amar mais a Jesus do que aquele que, além de expressar por palavras e ações o quanto ama o Senhor, expressa, também, e de maneira especial, um grande amor àquela que foi e é amada com Amor Divino pelo próprio Jesus. Pois quem, em seu juízo perfeito, deixa de dedicar amor à mãe? Não seria diferente da parte de Jesus... Justamente porque Jesus, como filho perfeito e santo, ama tanto sua Mãe, como poderíamos nós, a exemplo de Jesus, não amar Maria como Ele o faz? A devoção a Maria e a oração Ave Maria, são, portanto, para nós, cristãos católicos, não somente  um apêndice de nossa fé, mas, sobretudo, uma parte essencial da vida do cristão, na medida em que, sem isto, nosso Amor a Jesus não seria completo.


Uilso Aragono. (setembro de 2013)

sábado, 31 de agosto de 2013

DESRESPEITO À LEI E CRIME NO TRÂNSITO

Assistir a mortes e mais mortes no trânsito e ter de aceitar que sejam caracterizadas por nossas autoridades como, simplesmente, “acidentes” de trânsito, são coisas que revoltam a todos, especialmente aos parentes das vítimas. Mas será que tais acidentes de trânsito, que mutilam ou matam tantos cidadãos em nossas sociedades, ditas “civilizadas”, são, realmente, acidentes?... Ou poderiam ser, com muita propriedade, caracterizados como crimes? Esta questão da criminalização de graves acidentes de trânsito, com vítimas fatais, é nossa reflexão de hoje.

Acredito que a distinção que o Direito faz entre crime culposo (aquele em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia) e crime doloso (aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo) seja a raiz de tanta impunidade. Pois qualquer pessoa mentalmente sã haverá de reconhecer que um motorista dirigindo, em via pública, um veículo – que pode pesar cerca de 800 quilos – de forma imprudente, negligente ou com imperícia estará, necessariamente, “assumindo” o risco de um acidente sério, e com consequências fatais ou mutiladoras. Esta distinção infeliz tem levado nossos delegados e juízes, costumeira e repetidamente, a associarem tais acidentes a “crimes culposos”, isto é, na prática, simples “acidentes” de trânsito.  Enquanto esta realidade legal não for alterada, a impunidade estará garantida, e, por consequência, toda a série de frustração, indignação, sofrimento e perdas de vidas tão preciosas.

Mas, talvez, haja uma luz no fim do túnel dessa história tão triste que são os milhares de mortes no trânsito a cada dia. A luz, além da superação da infeliz distinção apontada acima, pode ser o simples reconhecimento de que o respeito às leis no trânsito seja o fundamento para que um acidente não seja considerado um crime. Havendo, por outro lado, qualquer desrespeito às leis em um grave acidente no trânsito, tal evento será considerado, sem qualquer dúvida, um crime doloso, isto é, o motorista terá assumido o risco de matar ou mutilar a vítima.

O raciocínio por trás da proposta acima é o seguinte: as leis existem para disciplinar o trânsito e seus agentes (motoristas, pedestres, ciclistas, motociclistas, etc.), e para evitar que acidentes graves aconteçam. Em resumo, a proposta pode ser muito simplesmente enunciada: acidente grave tendo ocorrido junto com desrespeito às leis do trânsito é crime doloso; se ocorreu dentro de um quadro de respeito às leis, é, simplesmente, um acidente ou uma fatalidade. Afinal, crime (delito, ou transgressão) é qualquer violação grave de lei moral, civil ou religiosa. Para haver crime tem de haver violação ou desrespeito à legislação.

Alguns exemplos podem esclarecer. Se um motorista, trafegando em velocidade de 40 km/h, numa via pública cuja velocidade máxima seja, exatamente, 40 km/h, é surpreendido por um cidadão que atravessa a rua, distraído, e o atropela, isto será considerado um acidente. E mesmo que a vítima venha a óbito, não terá havido crime, pois não houve qualquer infração à legislação. Já se esse mesmo motorista, nessa mesma via pública, estiver desenvolvendo 60 km/h e atropela um pedestre distraído que invade a rua, isto poderá ser caracterizado como crime – e doloso! –, pois terá havido desrespeito à legislação de trânsito, à velocidade máxima!

Se uma abordagem como essa fosse aplicada aos milhares de acidentes com vítimas fatais, a impunidade, certamente, estaria em queda livre, pois todos esses “acidentes” seriam identificados como verdadeiros “crimes dolosos”, em que os motoristas, pelo fato de terem desrespeitado a legislação de trânsito, teriam, de fato, assumido o risco de causar tais infortúnios. Os desrespeitos às leis de trânsito mais comuns, e associados a tantos e tantos acidentes fatais, podem ser listados: bebida alcoólica, excesso de velocidade, ultrapassagem em local proibido e falta de habilitação. Se houve vítima fatal ou acidente grave, em eventos ligados a tais violações legais, não poderia haver dúvida quanto à responsabilidade criminal e dolosa de tais motoristas.


Não tenho certeza absoluta de estar certo em relação a esta minha reflexão, em que associo o desrespeito à legislação de trânsito a crimes dolosos. Mas se delegados e juízes não encontrarem razões fortes para desqualificarem o raciocínio exposto, teremos, todos, encontrado uma fórmula para que a tragédia de acidentes de trânsito, fatais e mutiladores, possa chegar ao seu fim. E a impunidade, também. Assim espero.

Uilso Aragono  (agosto/2013) 

sábado, 29 de junho de 2013

RAZÕES PARA PROTESTAR POR UM BRASIL NOVO

As recentes manifestações populares ocorrendo por todo o Brasil nos fazem pensar sobre as razões que o povo tem para protestar nesta nossa Pátria Amada. Tem, e muitas... A seguir tento elaborar uma lista, sem ordem de prioridade, dessas possíveis razões para protestar, muitas delas estampadas de maneira nem sempre muito compreensível, mas que têm sua razão de ser.

Começo pelas razões mais comuns e mais citadas por qualquer cidadão brasileiro:

1.       Por melhores sistemas públicos, gratuitos e eficazes de educação, de saúde, de segurança pública e de transporte, além de um sistema político mais moderno, justo e que desfavoreça totalmente a corrupção.

Continuo com pontos mais específicos para o protesto:

2.       Pelo fim do inglês como disciplina obrigatória nos níveis fundamental e médio, por ser tempo e esforço perdidos, o que as décadas de experiência confirmam sem qualquer esforço. Inglês só se aprende com muita motivação, tempo, esforço e dinheiro...
3.       Por melhor formação e melhores salários para os professores, de todos os níveis. Afinal, com bons professores conseguem-se bons alunos e melhores futuros cidadãos. A educação é a chave para um País melhor; isto todos sabem, menos, aparentemente, os nossos políticos e governantes.

4.       Por melhor formação e melhores salários para todos os médicos, que são os principais responsáveis pela manutenção da boa saúde e pela sua recuperação. Não há necessidade de importação de médicos – ainda mais de baixa ou questionável qualidade –, mas sim de boas e eficazes escolas de medicina, com bons hospitais-escolas, e espalhadas por todo o Brasil, não apenas concentradas nas grandes capitais.

5.       Por salários mais baixos e pelo fim das absurdas e injustas regalias que têm os políticos em todos os níveis, totalmente em contraste com as lutas e os sofrimentos da maioria da população trabalhadora deste País.

6.       Por total transparência com os gastos públicos, particularmente com esclarecimentos convincentes sobre os recentes, atuais e futuros gastos com as copas das confederações (2013) e do mundo (2014), e da próxima olimpíada (2016).

7.       Por caracterização mais rígida e justa dos crimes de corrupção ativa e passiva, especialmente envolvendo agentes públicos.

8.       Pela obrigatoriedade de que os filhos dos políticos frequentem as escolas públicas, para que eles lutem por melhores escolas, junto com todo o povo brasileiro.

9.       Pelo fim das obras faraônicas e que não são concluídas, sendo apenas sorvedouros do dinheiro da população, que trabalha cerca de quatro meses por ano para pagar os impostos neste País. Lembrando: a Transamazônica e outras rodovias que ligam o nada a lugar nenhum...

10.   Pelo fim do desequilíbrio entre os três poderes, com o Governo Federal legislando por decretos e medidas provisórias e definindo nomes para o Judiciário. Para que servem, mesmo, o Judiciário e o Legislativo?...

11.   Para que o orçamento federal, aprovado, seja, efetivamente, realizado até o final do ano, com todos os investimentos previstos, efetivamente aplicados.

12.   Pelo fim do dinheiro do povo alimentando emendas de deputados; pelo fim do casuísmo na política.

13.   Pelo fim de todo e qualquer nepotismo em todos os níveis de governo.

14.   Pelo fim dos cargos comissionados que são, na verdade, cabides de emprego para alimentar o aparelhamento das instituições públicas em todos os níveis.

15.   Por meia-entrada para professores e alunos, em geral.

16.   Por uma efetiva reforma tributária em que o povo saiba, exatamente, quanto e onde paga de imposto, a cada mês.

17.   Pela revisão urgente do Estatuto da Criança e do Adolescente, para que seja superada esta situação atual de tanta criminalidade envolvendo crianças e adolescentes.

18.   Para que o NIÓBIO seja nosso e que o seu valor de exportação seja, de fato, o valor justo para um produto do qual o Brasil tem as maiores jazidas no mundo.

19.   Por um sistema penitenciário mais justo e humano, em que o preso tenha condições, de fato, de se ressocializar, e que não continue como hoje, um lugar de “pós-graduação” para formação de bandidos.

20.   Por um sistema de apoio às famílias vítimas da criminalidade, especialmente, para as vítimas de crimes hediondos.

A Pauta para reivindicações e protestos acima não é completa, mas dá uma mostra de tantas razões que têm os jovens e os cidadãos, em geral, neste nosso País, para protestarem. No entanto, nada justifica a violência que tem feito parte das manifestações por um Brasil Novo, sendo essa violência, inclusive, uma das bandeiras de protesto: pelo fim da criminalidade e da impunidade associada, que já chegou a níveis, verdadeiramente, insuportáveis, em todo o País. O povo não aguenta mais. O povo quer mudança. O povo quer um Brasil Novo!

Uilso Aragono.    (junho/2013)

quinta-feira, 30 de maio de 2013

MUNDO DE ILUSÕES (Segunda Parte)

São tantas as ilusões que permeiam a vida humana em sociedade que um só artigo não é suficiente! Nesta segunda parte outras considerações são feitas para mostrar outras tantas ilusões e mentiras que se propagam por toda a parte como sendo verdades inquestionáveis...

Partidos de mentira

Recentemente o Ministro Joaquim Barbosa, num debate em meio universitário, criticou o Congresso Nacional – como estando, quase sempre, a reboque do poder Executivo –, e os partidos políticos – como sendo “de mentirinha”. Particularmente, ao criticar o sistema partidário brasileiro e a cultura política brasileira (e não somente os partidos) o Ministro tenta, exatamente, chamar a atenção dos universitários para a necessidade de se ter uma visão crítica e cuidadosa de tudo aquilo que envolve a sociedade e que não é o que parece ser ou o que se propõe como verdade. Ao designar os partidos brasileiros de “partidos de mentirinha” o Ministro desmascara uma das quase incontáveis ilusões que fazem parte da vida dos brasileiros. Recebeu críticas de toda parte como se estivesse falando algo absurdo, quando, ao  contrário, estava falando, nada mais nada menos do que a mais pura verdade. E coincide, felizmente, com aquilo que grande parte da população brasileira, mais atenta e mais crítica, também crê.  Partidos que não convencem, Congresso que não se afirma como poder independente: verdades contra as ilusões. Parabéns ao Sr. Ministro Joaquim Barbosa por mais esta contribuição ao povo brasileiro!

O professor não tem o poder de ensinar

Outra ilusão largamente propagada como verdade absoluta é aquela ligada a um suposto “poder” de ensinar que teria o professor. Embora já tenha discutido sobre esta questão em outro artigo neste blogue (“Ensino ou aprendizagem?”, fev. de 2013) vale a pena, neste artigo, destacar este aspecto como sendo mais uma das ilusões aceitas, sem maiores questionamentos, pela sociedade, de modo geral. Se o professor tivesse o poder de ensinar a seus alunos, e supondo turmas razoavelmente homogêneas, todos os alunos seriam aprovados na sua disciplina (ou unidade curricular, para usar um termo mais moderno).

 Como professor universitário que sou, tenho esta experiência: diante das mesmas aulas e diante do mesmo professor, e supondo garantida a presença mínima, cada aluno responde de uma forma peculiar, não dependente de quais recursos metodológicos sejam usados. E alguns passam com boas notas, enquanto outros chegam a ficar reprovados. Na área pedagógica costuma-se usar a expressão “ensino-aprendizagem”, como a se reconhecer que o “ensino” está intimamente ligado à aprendizagem. Mas é uma meia-verdade. A verdade inteira é que o ensino é apenas um termo vazio ao qual foi dado conteúdo e associado ao professor, para designar de forma mais simples sua função ou sua missão. Prega-se, então, que ao professor cabe ensinar, quando, na realidade, quem tem o poder é o aluno: é ele quem tem o verdadeiro poder de aprender. E se esta verdade fosse divulgada, e se os professores a vivessem, a aprendizagem dos alunos, em todos os níveis, seria muito mais efetiva. Ao professor, cabe, na realidade, a missão complexa e nobilíssima de ser um orientador (plano de curso), um tira-dúvidas, um avaliador, um incentivador, enfim, uma referência para o aluno. Ensino é ilusão; aprendizagem é real!

O inglês não é língua internacional

Ilusão das mais deletérias e financeiramente prejudiciais é a crença de que falar inglês – a (suposta) língua internacional – é culturalmente necessário, importante para a carreira e, graças a métodos dos mais eficazes, acessível a qualquer pessoa. Crença apoiada já há décadas pelo Governo federal, e plenamente aceita pela sociedade brasileira (bem como a de outros países, igualmente iludidos), constitui-se numa mentira deslavada e que tem como beneficiários, unicamente, os povos anglófonos: Inglaterra e Estados Unidos, em especial. Para começar, o inglês não é único, mas são muitos idiomas “ingleses” no mundo, e das línguas mais difíceis de serem aprendidas. Deveria ser ilustrativo o fato de que o Brasil, apesar de impor o ensino de inglês a suas crianças, nos níveis de ensino fundamental e médio, já há, pelo menos, quatro décadas, não tenha formado brasileiros falantes de inglês. O ensino de inglês nesses níveis é – constata-se facilmente na prática – absolutamente inútil! Qualquer estudante que queira aprender inglês, de fato, e raramente superando o nível básico, terá, necessariamente, de entrar, e pagar caro, em um curso particular de língua inglesa.  

As perguntas finais são: quem ganha com tal ilusão? Por que os americanos e os ingleses, em contrapartida pelo fato de o Brasil estar estudando a língua deles, oficialmente, em todas as escolas, não obriga, também, a seus alunos a aprenderem o português? Por que o Governo não avalia, após tantos anos de tentativa, o nível de eficácia do ensino de inglês no sistema de ensino brasileiro e, concluindo que para nada serve, não o cancela? Que espírito de submissão infantil é este que leva toda uma sociedade a cultuar e a louvar uma língua estrangeira, verdadeiramente inacessível para o comum dos mortais, e a gastar tanto tempo e dinheiro na ilusão de sua aprendizagem?

Finalmente, língua internacional, de fato, é a língua já com falantes em cerca de 120 países no mundo e que, de fato, reúne as características para ser uma língua franca, uma língua para as relações internacionais, uma língua para ser como que a segunda língua de todo povo: é a língua internacional de nome Esperanto. Lançada em 1887, já há 126 anos, é hoje uma língua viva, com cultura internacional, já testada e aprovada por todos aqueles que a adotaram como língua ponte, ou língua auxiliar, para as comunicações internacionais. Língua planejada para ser internacional, apresenta características de facilidades gramatical e fonética, além de economia de memória do aprendiz e rapidez de aprendizagem efetiva.  Com congressos regionais e um universal a cada ano, o Esperanto é usado em músicas, livros, filmes, sítios da internet, além de publicações em quase todas as áreas de interesse social. Esta é uma língua que vale a pena ser aprendida e que, de fato, até idosos a aprendem com eficácia. Isto acontece com o inglês ou com outras línguas nacionais?

Conclusão
São tantas as ilusões e mentiras espalhadas na sociedade, como sendo verdades indiscutíveis, que precisamos, todos os que são capazes de identificá-las, lutar para que a “luz da verdade brilhe nas trevas das ilusões”. Como já disse o Mestre dos mestres, Jesus, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. A luta de todos, nesse sentido, de denunciar as mentiras e ilusões, como fez nosso Ministro Joaquim Barbosa, é uma tarefa necessária, nobre e urgente e para a qual todos deveriam considerar-se convocados.

Uilso Aragono (maio de 2013)

terça-feira, 30 de abril de 2013

MUNDO DE ILUSÕES


Vivemos num mundo de ilusões. São tantas as ilusões, tantas as mentiras divulgadas como verdades, que podemos dizer que Gabriel, “O Pensador”, estava certo no seu “rap” intitulado “Todas as mentiras do Brasil”. O texto abaixo discorre sobre muitas mentiras, ou ilusões, a que todos estamos expostos no mundo em que vivemos, seja nacional seja internacionalmente.

“Todos são iguais perante a lei.” Esta expressão, registrada na Carta Magna brasileira, já expressa esse mundo de ilusões em que somos levados a viver. Afinal, o que significa ser “igual” perante a Lei, senão uma afirmativa totalmente ilusória? Porque se sabe, perfeitamente, que ninguém é igual a ninguém; nem mesmo os gêmeos idênticos são, de fato, iguais – quem conhece gêmeos de perto, sabe o quanto diferentes eles são: na personalidade, nos gostos, etc! Ser igual perante a Lei é, portanto, a primeira grande ilusão em que somos levados a acreditar. E tratar os diferentes como se fossem iguais é uma grande injustiça! O que estaria por trás de tão grande ilusão como esta? O Legislador talvez quisesse dizer que a Lei se aplica, igualmente, a todos os cidadãos, independentemente de suas diferenças! E o que mais existe, hoje em dia, são diferenças entre os cidadãos... No entanto, pode-se questionar: não seria mais interessante, e mais humanamente justo, tratar as pessoas segundo suas peculiaridades, identificando as diferenças entre elas?... E é, justamente, o que acontece no mundo real. As pessoas são discriminadas, positivamente, pela Lei e pelos costumes, ao arrepio da afirmativa constitucional. De fato, as pessoas são discriminadas pelo sexo, por meio de banheiros masculino e feminino; pela idade, por meio dos estatutos do idoso e do adolescente; pelo extrato social a que pertencem, por meio de bolsas de ajuda governamental e por meio de “tarifas de energia para baixa renda” e cartas sociais, nos correios; e pela condição física, por meio de várias exigências legais para os portadores de necessidades especiais, dentre outras discriminações... Teria sido a demagogia a inspiração oculta dos legisladores para cunhar uma expressão tão ilusória na Carta Magna? A verdade é essa: ninguém é igual perante a Lei. A Lei que caracteriza o roubo isenta desse crime o filho que rouba o pai... Este filho não é encarado, pela Lei, como ladrão, porque teria roubado de seu pai; mas se fosse outra pessoa a roubar, esta seria considerada ladra.

Em nível internacional, devem ser destacadas as ilusões divulgadas pelo painel internacional sobre as mudanças climáticas (o IPCC). São mentiras deslavadas, mas que têm sido apresentadas como se fossem as maiores verdades do mundo! Felizmente têm sido contestadas por um número cada vez maior de cientistas e denunciadas na forma de artigos científicos, blogues e livros, em todo o mundo. Só a Livraria Cultura apresenta em seu catálogo sobre o assunto, aquecimento global, vários livros, metade dos quais de cientistas totalmente contrários às teses alarmistas de ambientalistas radicais e seus cientistas apoiadores e, sabe-se lá, mais quem... Cai por terra, segundo cientistas independentes, a história do aquecimento global. Este estaria associado à influência do homem sobre a natureza, a partir da poluição do ar pelo gás carbônico (CO­2). Os denominados “cientistas céticos” – em oposição àqueles que acreditam e dão seu aval à tese do aquecimento global – têm demonstrado, claramente, que é muita presunção do ser humano acreditar que possa estar influenciando o clima do mundo. Verifica-se que o homem somente tem alguma influência sobre algo equivalente a aproximadamente 7% da superfície da Terra, sendo o restante coberto por água (71%) e geleiras, desertos e florestas. Dizem, esses cientistas, que o clima é algo dependente de fenômenos naturais muito maiores do que qualquer poluição ou atividade humana. Pode-se reconhecer, no máximo, uma influência sobre o ambiente local, por meio de poluição atmosférica, sonora, visual, etc. Verifica-se, ainda, que o tão malfadado CO2, que estaria sendo produzido pelo homem em quantidades enormes, a ponto de ser o responsável pela mudança no clima da Terra, não é quantitativamente nada se comparado à produção desse gás pelos próprios oceanos e mares do Planeta: neles são produzidos cerca de 90% de todo o gás carbônico produzido na Terra. Como pode o homem influenciar o clima da Terra com uma produção de CO2 tão insignificante, em termos do tamanho do planeta Terra? É muita presunção!...

Outra ilusão muito propagada pela mídia é a relativa às fontes ditas “alternativas”. Este termo, “alternativa”, já desde a origem equivocado, leva muitos a proporem que uma hidrelétrica, como a de Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará, seja paralisada e substituída por uma fonte “alternativa” como a eólica!... Na verdade, a energia eólica, a energia das marés, e das ondas, a energia da biomassa, dentre outras, são tão somente fontes “complementares”, pois não têm a capacidade de geração de potência e nem a constância que têm a grandes hidrelétricas ou mesmo termelétricas e nucleares. Se essas são as fontes convencionais de produção de energia elétrica, aquelas são, no máximo, fontes complementares, pois nunca serão capazes de substituir ou constituir-se em verdadeira alternativa a qualquer uma das fontes convencionais. Esta é a verdade! Mas, o que estaria por trás de tanta ilusão? Quem são os maiores interessados em que os países em desenvolvimento, como o Brasil, deixem de produzir energia elétrica e tenham o seu desenvolvimento freado? É uma questão complicada para se responder, mas, certamente, deve ter uma resposta. E deve estar ligada, sem dúvida, a grandes grupos econômico-financeiros de caráter multinacional.

Gabriel, o Pensador, lista outras pequenas, mas, também, significativas mentiras do Brasil. Lembra ele em seu rap: A justiça é cega, Deus é brasileiro, o brasileiro é cordial, homem não chora... Essas e muitas outras ilusões são constantemente disseminadas pela mídia e pelas próprias pessoas, em suas relações diárias, como se fossem verdades inquestionáveis, que geram mitos e crenças capazes de levar muita gente a comportamentos inadequados e até hostis à sua segurança e à sua própria saúde. Muitos exemplos poderiam ser citados, mas é deixado ao leitor pensar sobre tais ilusões.

O ideal é que todas as pessoas, todos os cidadãos, possam passar por processos educativos que lhes garantam a capacidade de discernir entre as ilusões propostas como verdades, e as verdades de fato. Estas, às vezes, até mesmo contraditadas e atacadas como mentiras. É a inversão de valores de uma sociedade doente, manipulada e manipuladora.

 Uilso Aragono (abril de 2013)

sábado, 30 de março de 2013

ENERGIA ELÉTRICA PRODUZIDA EM CASA?


A revista ISTO É veiculou artigo intitulado “Vende-se energia feita em casa” (11/03/2013) a partir de geração fotovoltaica nas residências. O artigo defende uma ideia interessante sobre a possibilidade, real, de se produzir energia elétrica a partir de um sistema fotovoltaico, de baixa potência, instalado na casa do consumidor. O sistema, uma vez instalado, e amparado pela recente resolução 482 da ANEEL, poderá gerar energia elétrica e fornecê-la à rede elétrica, sendo o montante gerado registrado por um medidor eletrônico de fluxo bidirecional. O sistema, portanto, aproveitará a luz solar disponível e gerará energia elétrica nas horas em que o consumidor estiver trabalhando, e a casa consumindo o mínimo de energia.
  1. A ideia é boa, mas o sistema ainda é muito caro, o retorno financeiro resulta em prazos muito maiores do que o divulgado, e há sérios problemas a serem resolvidos antes que tal sistema possa tornar-se uma opção verdadeiramente atrativa e segura para o consumidor residencial de energia elétrica.
  2.           Medidor bidirecional: caríssimo (fala-se em R$1.500,00, hoje); e a sua durabilidade?...
  3. Instalação: valor ainda muito elevado  (fala-se em R$14.000,00 para o equipamento básico correspondente a uma potência de apenas 2kW).
  4.         Manutenção: limpeza das placas, manutenção do conversor – quanto valerá?... Nada se falou sobre este item no artigo citado.
  5. O exemplo fala em 233kWh por mês. Isto corresponde a cerca de 4h por dia de insolação a cada mês, durante todos os meses de cada ano após a instalação do sistema. É um valor totalmente hipotético e otimista. Mesmo nessa avaliação otimista, o retorno financeiro, num cálculo simplificado, levando em conta apenas o valor da instalação (sem levar em conta a manutenção por limpeza e desgaste do equipamento), exigiria cerca de 13 anos; e não, de 7 a 10 anos, conforme citado no referido artigo
  6.           Num cenário mais pessimista, a geração poderia não passar de 100kWh por mês. Isto exigiria um tempo de 32 anos para o sistema começar a dar algum retorno. (Cálculo: R$15.500 / R$40,00 / 12 meses = 32 anos para o retorno; R$40,00 corresponde ao suposto valor do crédito mensal.)
  7.  A durabilidade de 40 anos para as placas fotovoltaicas, como se faz crer no artigo citado, é uma avaliação muito otimista. E mesmo que o seja, o fim da vida útil do sistema dependerá do subsistema mais frágil, que, com certeza, é o conversor, que é um sistema transistorizado e com funcionamento em alta frequência de chaveamento, o que o torna um equipamento frágil, com vida útil de não mais que 10 anos, e com manutenção (troca de peças e mão de obra) frequente. 
  8.      É uma proposta que, certamente, dará muito lucro aos fabricantes e fornecedores, mas que tem grande potencial (especialmente pelos custos de instalação e manutenção e pela Resolução desfavorável) de dar prejuízo financeiro e gerar frustração nos consumidores que acreditarem nessa proposta.
  9.  Há dois cenários: 1. Produz e abate o valor gerado (em R$) na conta; 2. Produz mais do que o valor da conta e se acumulam créditos! Este segundo cenário, mesmo que os créditos possam ser acumulados indefinidamente, obrigará o consumidor a gastar a energia elétrica correspondente e não a receber em dinheiro os valores gerados!... E os créditos, de acordo com a resolução 482 da ANEEL, só serão válidos por 3 anos; depois disto, os créditos não usados (consumidos em forma de energia elétrica) são perdidos.
  10.         Sobre segurança contra acidentes, nada foi falado. Mas a realidade é que, transformar a casa em uma “usina de produção de energia elétrica” é assumir riscos de incêndio e outros acidentes. Um sistema de monitoramento deveria estar previsto para o caso de se deixar a casa fechada e o sistema fotovoltaico ligado, como se propõe. É mais um custo e um risco para o consumidor. E risco tanto mais sério quanto menos confiáveis são os equipamentos de fabricação nacional, nem sempre marcados por níveis aceitáveis de qualidade global. Os equipamentos instalados manipularão correntes elétricas consideráveis, com valores entre 5 àmperes (paras sistemas trifásicos) e 16 àmperes (para sistemas monofásicos). Correntes dessa ordem de grandeza têm provocado incêndios graves a partir de simples condicionadores de ar funcionando por horas seguidas, como é o caso do sistema fotovoltaico proposto.
  11. Há outro problema, que não foi ventilado no artigo de divulgação citado, que tecnicamente é denominado “fator de potência” da instalação. A residência fornecerá potência elétrica dita “ativa” e, com  isto, terá o seu fator de potência diminuído, o que poderá, para consumidores que sofram o controle desse parâmetro de qualidade, fazer com que venham a ter de pagar uma tarifa mais elevada, por conta de consumo excedente de potência "reativa".   
Um sistema fotovoltaico ou mesmo eólico que possa ser verdadeiramente atrativo para os consumidores, em geral, deverá ter custo de instalação mais baixo, deverá prever a possibilidade de uso de um medidor unidirecional (para os casos de geração de energia apenas suficiente para abater uma parte do consumo da residência), deverá ser mais seguro, e, sobretudo, deverá ressarcir, isto é, pagar, efetivamente, ao usuário-gerador por toda e qualquer energia gerada e fornecida à rede elétrica da concessionária. Tudo indica que essa resolução da ANEEL ainda não é a solução e que os custos de um sistema fotovoltaico atrativo para o consumidor residencial ainda tem muito o que cair.

Uilso Aragono   (março/2013)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ensino ou aprendizagem?


Minha experiência de professor convenceu-me: só existe aprendizagem! Há trinta e cinco anos acreditando que a dupla ensino-aprendizagem exista e, finalmente, encontrei a verdade: o ensino não existe; só existe a aprendizagem. Todo ser humano é autodidata, por natureza. Ou deveria sê-lo. O professor nada ensina: ele não tem esse poder tão propalado, tão acreditado, tão introjetado nos alunos e nos próprios professores!...

Se não existe o ensino, o que existe? A aprendizagem, eis a resposta. Há muitos argumentos para mostrar que o ensino é algo “virtual”, enquanto a aprendizagem é algo “concreto”. O cérebro humano foi desenhado para aprender o tempo inteiro. Deixado na natureza qualquer ser humano, depois dos cuidados básicos, aprenderá por si só: descobrirá a vida à sua volta, seus perigos, seus prazeres, seus encantos! O homem só deixa de aprender quando, finalmente, parte desta vida.

Há muitos exemplos, também, que nos ilustram o quanto aparente é o ensino e o quanto real é a aprendizagem. É só perguntar aos alunos – especialmente os jovens e adultos –, quando estudam, durante um curso que estejam fazendo, e a resposta honesta será: alguns dias ou algumas horas antes das provas. Não há alunos que aprendam como consequência do esforço de ensino do professor. Se assim fosse, não haveria a necessidade da dedicação de estudo intensivo, imediatamente antes das provas, por parte dos alunos, sem exceção. Por mais bem preparadas e bem dadas que sejam as aulas, não há perguntas pertinentes, como fruto de dúvidas verdadeiras durante uma aula: os alunos, simplesmente, assistem às aulas. Essas verdadeira perguntas só aparecem antes das provas. Se o professor der tempo, um pouco antes da aplicação da prova, para esclarecimentos de dúvidas, muitas perguntas aparecerão, pois houve estudo, alguma aprendizagem, e restaram dúvidas. Ao esclarecê-las o professor estará realizando uma dimensão de seu papel: a de orientador, auxiliador da aprendizagem. Muitas são as dimensões do papel do professor, menos a do “ensino”. A não ser que esclarecer uma dúvida, surgida como esforço pessoal do aluno, seja definido como ensino. Mas até mesmo um colega poderia ter esclarecido a dúvida do aluno. Ou um livro melhor que não fora consultado, ou um aluno mais avançado...

Qual é a missão, então, do professor se ele não tem o poder de ensinar, se o ensino é virtual e a aprendizagem, sim, é concreta? A resposta é simples e passa pela constatação de que o professor, historicamente, foi, sempre, um “orientador” da aprendizagem. Basicamente, esta é a missão e a função do professor: ser um orientador da aprendizagem. Complementarmente, ele é – ou deveria ser! – um incentivador dos alunos quanto ao valor do estudo, um avaliador de seu progresso, um esclarecedor de suas dúvidas, um planejador da sistemática do processo de aprendizagem, enfim, um “ajudador” nesse processo que, em vez de ser chamado – como tem sido, pelo pessoal da área pedagógica – de processo “ensino-aprendizagem”, deveria ser designado de processo de “orientação para a aprendizagem”.

Tomar consciência de que o ensino é aparente e que a aprendizagem é real é algo que fará com que os alunos abandonem uma histórica posição de passividade diante de um curso, quando acreditam que sua simples presença às aulas – aliás, como enfatiza a Lei – garanta a aprendizagem. Essa mesma tomada de consciência fará com que os professores passem a valorizar muito mais as atividades do aluno na busca da aprendizagem, por meio de projetos, exercícios, e práticas, do que basear-se em suas aulas e mais aulas exageradamente expositivas. Já passou da hora de nossa Escola antiquada e ineficaz dar um salto de qualidade, mudar de rumo, mudar de paradigma, e passar a orientar os alunos em sua busca da aprendizagem, em sua busca do conhecimento e de suas competências profissionais. Que, especialmente, os alunos, passem a ser os verdadeiros protagonistas desse processo de construção do seu conhecimento, de busca da aprendizagem real, deixando, finalmente, para trás o ensino aparente.

Uilso Aragono  (fev. de 2013)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FONTES ALTERNATIVAS OU COMPLEMENTARES?


As denominadas “fontes alternativas” para produção de energia elétrica, são, na verdade, “fontes complementares” de energia. Esta confusão tem levado à defesa, por parte de muita gente – até mesmo da área técnica! – de argumentos totalmente falhos e inconsistentes. Isto acontece quando defendem que usinas hidrelétricas possam ser substituídas por “fontes alternativas”, como as eólicas...

As fontes de energia elétrica tais como a eólica (energia dos ventos), a fotovoltaica (energia produzida diretamente, a partir da luz do sol, pelas células fotovoltaicas), a das marés (produzida pela diferença de nível entre as marés alta e baixa) e outras menos relevantes, foram denominadas fontes alternativas em decorrência de um completo equívoco! Pois esse termo “alternativa” só poderia ser aplicado a tais fontes se essas pudessem, efetivamente, constituir-se em “alternativas” efetivas às fontes convencionais de energia elétrica, como são as hidráulicas e as termelétricas. Mas isto não ocorre, em hipótese alguma.

Usinas hidrelétricas e termelétricas (incluindo aqui as nucleares) são aproveitamentos das denominadas fontes “convencionais” de energia elétrica. E o que as caracteriza é a possibilidade de produção de imensas quantidades de energia elétrica. Uma única usina hidrelétrica como a de Itaipu, situada na fronteira Brasil-Paraguai, é capaz de gerar, sozinha, o equivalente a 20.000 MW (megawatt) de potência elétrica, o que daria para abastecer de eletricidade cerca de metade da região sudeste do Brasil! E uma pequena usina hidrelétrica, com a de Mascarenhas de Moraes, situada em Baixo Guandu – ES, é capaz de gerar cerca de 200 MW. Uma alternativa às hidrelétricas seria a fonte térmica. Esta, sim, poderia ser denominada energia alternativa à energia hidrelétrica, pois pode produzir quantidades (quase) tão grandes quanto às dessa última.

As fontes alternativas são, portanto, na verdade, fontes “complementares” às fontes convencionais (hidráulicas e térmicas). Não faz sentido condenar a construção de novas grandes usinas hidrelétricas, como a tão discutida usina de Belo Monte, no Pará, utilizando-se o argumento de que as fontes “alternativas” poderiam ser usadas. Para se obter a quantidade de energia elétrica que uma pequena usina hidrelétrica – com um pequeno reservatório – um parque eólico enorme teria de ser construído. Como uma torre aerogeradora pode, atualmente, gerar cerca de 1MW, seriam necessárias 200 torres para se alcançar a potência gerada pela pequena usina de Mascarenhas citada acima! Isto exigiria uma área de terra enorme, sem falar que a energia de tal fonte (eólica) é totalmente instável; totalmente dependente da existência e da velocidade dos ventos, o que resultaria produção de energia elétrica com alto grau de incerteza.

Fazendas eólicas são, portanto, verdadeiramente, fontes complementares de energia elétrica. A sua construção é totalmente bem vinda, mas não podem ser usadas nem caracterizadas como fontes alternativas, pois, de fato não o são. O Brasil continuará a depender – até para a boa qualidade da energia elétrica produzida! – das suas grandes e estáveis fontes hidrelétricas e há ainda um grande potencial desse tipo de fonte a ser aproveitado. A questão que deve ser colocada é a da real sustentabilidade dos projetos das novas usinas, para que os possíveis prejuízos do local da barragem sejam minimizados, e compensações verdadeiras sejam implementadas.

Uilso Aragono  (Jan. de 2013)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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