terça-feira, 30 de novembro de 2021

A VIDA NA FAMÍLIA CRISTÃ

 A vida na família cristã no mundo conturbado de hoje. Num mundo cheio de desvalores e em que os valores cristãos são questionados, desprezados e considerados antiquados, é preciso ter muita fé e coragem para continuar a viver a via em uma família cristã. Mas, se contarmos com a graça divina, poderemos vencer, e os frutos será a paz de espírito e a certeza da missão cumprida: a educação equilibrada de filhos cristão e cidadãos para um mundo melhor.

  Base da família: marido e mulher

O marido e a mulher são muito diferentes... Na dimensão pessoal, são diferentes no sexo, no temperamento, na personalidade, nos gostos, nas preferências e nas capacidades individuais. Na dimensão familiar, são diferentes no número de irmãos, na rigidez ou flacidez da educação recebida e na vivência religiosa. Finalmente, na dimensão social, são diferentes na cultura, na profissão exercida, na formação política e no círculo de amizades. Essas diferenças constituem e impõem um grande desafio ao casal, que precisará buscar informação e formação para seu crescimento pessoal, conjugal e familiar: os filhos agradecerão.

   Família cristã

Para constituirmos uma família verdadeiramente cristã, temos de nos conscientizar de que o amor e o respeito mútuos devem prevalecer: pois somos diferentes! A partilha fraterna dos bens e dos deveres deve ser um valor a ser seguido: pois somos irmãos em Cristo! A oração pessoal e familiar, diária, deve também ser uma constante na vida de uma família que se pretende cristã: pois somos filhos amados de Deus! Como “igreja doméstica”, nas palavras do então Papa Paulo VI, devemos buscar uma verdadeira vivência dos sacramentos: pois somos igreja peregrina, e sem esse suporte sacramental teremos muito mais dificuldade de vencermos as tentações do mundo, que nos atraem para todo tipo de pecado: a preguiça, o egoísmo, a indiferença religiosa e, até mesmo, a falta de fé. E, finalmente, não poderá faltar numa família cristã o verdadeiro diálogo: pois somente ele nos permitirá caminhar os caminhos da fraternidade e do amor aos irmãos.

  Diálogo conjugal e familiar

E o que é o verdadeiro diálogo? Não será, certamente, falar todas as verdades aos pais e aos irmãos... pois quem fala “todas as verdades” são os bêbados discutindo nos bares da vida. O diálogo verdadeiro consiste em falar a verdade com amor e no momento oportuno! E se o casal – a base da família – se acostumar a dialogar verdadeiramente, os filhos aprenderão a dialogar no amor. E ninguém é dono da verdade, a não ser aquele que diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”! Todos nós outros devemos, humildemente, ouvir as possíveis verdades dos outros membros da família. E este será um bom exercício de tolerância social, tão necessária no mundo de hoje. E não se pode deixar de lembrar que a televisão, o computador e o celular podem ser sérios inimigos do verdadeiro diálogo – e até mesmo da simples conversa! –, na medida em que podem estar preenchendo os espaços para o encontro mútuo que daria ensejo ao diálogo e à expressão fraterna da simples conversa despretensiosa. Desligar a TV, o computador e deixar o celular descansar, e olhar uns para os outros... Finalmente, e o diálogo com Deus? – é a oração em família, que não pode faltar naquela que busca ser uma família cristã.

   Harmonia conjugal e familiar

A desejada harmonia conjugal e familiar baseia-se no amor conjugal: se os pais se amam, os filhos sentem os reflexos desse amor! Já ensinava o falecido padre, médico e escritor João Mohana: “Querem bem educar os seus filhos? – amem-se profundamente, pais!”. Para além disso, que é basilar, deve-se investir tempo na educação dos filhos, que é função primordial dos pais; a Escola dá “escolaridade”, informação e alguma formação básica, mas a “educação” de verdade deve vir dos pais, do interior familiar. E se a família não é fonte da educação... o mundo os educará com todos os seus piores “desvalores”.

Com relação à educação, os valores cristãos devem ser exercitados no interior da família: a caridade, o perdão, o respeito, a paciência, a partilha etc. E a família deve cultivar, ainda, para não se tornarem “estranhos” uns aos outros, o lazer familiar: brincar juntos, assistir a bons programas de TV, participar de eventos artísticos, viajar juntos nas férias, visitar parentes e amigos, juntos. Ter esses momentos juntos, em família, é fundamental para o crescimento do amor mútuo e para o exercício dos valores cultivados na família. O contrário disso – a vivência do desrespeito, da indiferença, da impaciência, do desamor, só levará ao caos familiar...

   Missão dos pais

O pai deve estar consciente de que será, para os filhos, a imagem do Deus-Pai, simbolizando o poder e a segurança diante dos filhos. A mãe estará consciente de que deve ser, para os filhos, como que a Mãe Maria: mãe da ternura, do amor, da entrega, da confiança no Deus que nos ama. Simboliza o afeto e a proteção para os filhos. E, na prática, o pai e a mãe devem conscientizar-se de que – como já ensinava um psicólogo – “devem adotar os filhos, pois todo filho ou é adotado ou não é filho”. Adotar significa “assumir” o filho como verdadeiro filho, independentemente de ser um filho biológico ou por adoção jurídica. E se os pais não adotarem os filhos, pode ser que algum traficante o faça...

A educação dos filhos significa, ainda, dar mais atenção a eles do que à casa, ao carro, ao celular ou aos interesses profissionais. Pois, na verdade, tudo o que os pais fazem doméstica e profissionalmente visa ao bem-estar da família e dos filhos. Não dar atenção aos filhos por causa do trabalho, das necessidades da casa, da necessidade de ler jornais, por causa do possível “vício” do uso do celular é trair a vocação a que são chamados como pais e educadores.

Finalmente, devem os pais considerarem-se amigos dos filhos, sim, mas sem, jamais, deixar de serem pai e mãe, cuja autoridade – não autoritarismo – deve ser sempre exercida para o bem mesmo dos próprios filhos, que, no fundo, desejam ter um “amigo” que lhes seja, também, um orientador, um conselheiro, e que fale – como Jesus – com “autoridade” diante deles.

   Educação sexual na família

A verdadeira educação sexual ou formação da sexualidade – e não simples informação sobre os aspectos da sexualidade humana – deve ser aprendida em casa, na família: com amor, naturalidade e sagrado respeito. Essa educação de qualidade será iluminada pelos valores cristãos, onde a castidade não pode deixar de ser admirada, avaliada e estudada, pois, para além da simples virgindade, é um valor cristão dos maiores, e que, como os demais, conduz à santidade. A curiosidade dos filhos quanto à sexualidade deverá ser atendida de acordo com a idade, com a capacidade de compreensão da criança, do adolescente e do jovem. Enfrentar as cenas de sexo que são tão facilmente disponíveis hoje em dia na TV, nas revistas e nos computadores, tablets e celulares, é algo imperioso no seio da família. Que os pais vejam com os filhos tais cenas (apropriadas à idade) e as avaliem do ponto de vista da moral cristã. E bons livros não faltam que falem sobre os aspectos morais  e cristãos relativos à sexualidade: devem ser lidos e discutidos em família.

Conclusão

A vida na família cristã e católica pode ser maravilhosa se os pais se deixarem penetrar pela riqueza da mensagem cristã e buscarem vivê-la em família. Com a graça de Deus, buscando viver uma igreja doméstica, pais e filhos poderão crescer na fé e na vivência do diálogo com amor, obtendo frutos de harmonia familiar: paz, entendimento e amor. Que o Espírito Santo nos oriente nessa caminhada da vida em família e nos permita continuar usufruindo os seus frutos espirituais.

Uilso Aragono (Nov. de 2021)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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