quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Semana Nacional do Trânsito

Aproveitando a oportunidade da ocorrência da Semana Nacional de Trânsito, na semana passada (20-26/set/09), publico uma reflexão sobre a Segurança no trânsito.


“Pedestre, ao dirigir, respeite o pedestre!” Um chamado como este talvez seja muito mais efetivo do que lembrar ao motorista ou motociclista que ele deve “respeitar as leis de trânsito”. Lembrar ao pedestre - que somos todos nós! - que ele deve respeitar o outro pedestre quando estiver dirigindo, passa uma mensagem verdadeira, mas que muitas pessoas não a têm claramente e vivencialmente: a mensagem de que todos são pedestres, em primeiro lugar e naturalmente. Ora, parece-me que uma das razões de as campanhas de trânsito não surtirem os efeitos esperados esteja nos seus slogans pouco dramáticos. Pois divulgar uma mensagem como “Motociclista, coloque em prática as leis de trânsito” é cair num vazio; é dizer o óbvio... Não há qualquer dramaticidade em frases como essa. É preciso desafiar a criatividade das pessoas em busca de frases mais inteligentes, criativas, inventivas, dramáticas, que venham, efetivamente, a despertar nas pessoas, em geral, maior consciência de segurança - não apenas em motoristas e motociclistas - mas em toda a população, já que todos, indistintamente, participam do trânsito, mais ou menos intensamente. Concursos de frases por um trânsito mais humano e seguro deveriam ser mais frequentes, nesse sentido.

Será que um slogan como “motociclista, não use o corredor da morte!”?, não seria um grau mais dramático do que sugerir que ele respeite as leis de trânsito? Sem a pretensão de apresentar os melhores e mais criativos slogans, mas apenas como um exercício de que é possível, sem grande esforço, chegar-se a frases mais impactantes, outros exemplos podem ser citados: “Ciclista, não pedale para a morte!”; “Motorista, use farois acesos e aumente sua segurança”; “Pedestre, não feche os olhos no trânsito!”; “Segurança no trânsito? - depende de você!”; “Ciclista sem capacete? - tô fora!”; “Ciclista, seja um iluminado: use faixas fosforescentes!”...

Mas outro aspecto importante, no âmbito da segurança no trânsito, é a absoluta situação de insegurança a que estão expostos nossos ciclistas. E não por falta de ciclovias, como alguém poderia argumentar, mas por absoluta falta de iniciativa de nossas autoridades que, aparentemente, não estão nem um pouco (pre)ocupadas com a questão. Os ciclistas estão circulando no trânsito nas piores condições: sem qualquer regra de circulação (na calçada, na contra-mão, na praça, em alta velocidade), sem capacete, sem os luminosos “olhos de gato”, sem retrovisor, sem buzina, e ainda, alguns, falando ao celular, o que os deixa numa situação de perigo iminente se tiverem de frear repentinamente: com u'a mão só, a frenagem ou não acontecerá ou provocará queda, na certa. É urgente que nossas autoridades municipais se ocupem com a situação de real perigo a que estamos, todos, sujeitos, não apenas os ciclistas. E as estatísticas, já não são suficientes? Será que teremos de esperar esses números crescerem para, somente então, tomarmos providências?

E o que dizer dos carroceiros? Estes também não fazem parte do trânsito? Até quando serão, absolutamente ignorados por nossas autoridades municipais? Como elementos do trânsito, também eles devem ser objeto de preocupação quanto à segurança: podem ser agentes ou vítimas de acidentes graves. Por que não têm eles, também, faixas fosforescentes, para serem mais visíveis à noite? Que preparação têm eles para circular no trânsito? já que também utilizam um veículo, seja de tração animal, seja de tração humana. Outro dia um animal morreu na avenida, atrapalhando o trânsito... Quem cuida das boas condições da carroça e do animal? Não será possível cadastrá-los e dar a eles mínimas condições de circulação mais segura para todos no trânsito? Respostas que as autoridades municipais, especialmente, estão convocadas a dar.
Quanto aos motoqueiros, contumazes infratores da legislação, que proíbe a circulação no “corredor da morte”, até quando serão, também, ignorados? As estatísticas apontam para um motoqueiro morto a cada mês, em São Paulo. E em Vitória? A falta de estatísticas é justificativa para a apatia de nossas autoridades em relação aos motoqueiros? Sobre esta questão, sugiro: Lei específica para motociclistas, obrigando-os, dada a periculosidade da condução de uma moto, a fazerem cursos presenciais a cada renovação de carteira! E, logo após a publicação da Lei, todos deveriam ser obrigados, sob pena prescrita, a terem um certificado de conclusão de curso de segurança no trânsito! Tais cursos, além de obrigatórios, precisam ser bem feitos, dramáticos, tratando de acidentes e seus riscos com fotos, filmagens, simulações, etc.

Somente levando mais a sério essas questões ligadas ao trânsito, e que passam pela necessidade imperiosa de uma educação de trânsito desde o ensino fundamental, é que poderemos, todos nós, vivenciar um trânsito mais humano, mais efetivo e mais seguro. Nossas autoridades municipais, em especial, têm uma grande responsabilidade legal em relação ao trânsito, e devem exercitá-la, sob pena de serem os maiores culpados pelos acidentes com mortes e feridos graves gerados nas ruas e avenidas de nossa Cidade, de nosso Brasil.

Uilso Aragono (set/2009)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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