domingo, 31 de maio de 2020

QUE USO DAMOS PARA O WHATSAPP


Permitam-me fazer uma avaliação do uso que têm feito do WhatsApp os participantes dos meus vários grupos. Infelizmente, já adianto que minha avaliação – de acordo com meus critérios e gostos pessoais – não é muito positiva!...

O QUE É O WHATSAPP

O WhatsApp, dentre outras redes sociais, é um meio de comunicação interativo, instantâneo e assíncrono, portanto, muito oportuno para a comunicação rápida e efetiva que todos buscam hoje em dia. Mas será que ele está cumprindo o papel que dele esperaria uma sociedade racional, inteligente e civilizada?

Gastei um tempo contabilizando as postagens que me tenham trazido alguma contribuição ou tenham sido, pelo menos, positivas, e aquelas que eu poderia considerar descartável e, portanto, uma total perda de tempo (se for gasto tempo com elas!).

Concluí que, na maioria absoluta, as mensagens/postagens, constituídas por vídeos, fotos, notícias e assemelhados têm, de fato, o poder de atrair a atenção de quem as aprecia em sua “fachada”: são curiosidades potencialmente interessantes. Mas são, todas elas, postagens que foram ou recebidas de terceiros ou vistas nas redes sociais (em especial o YouTube) e repassadas por terem atraído a atenção de alguém. Ou seja, a pessoa que achou o vídeo ou o texto interessante, no YouTube ou em outra rede social qualquer, não fez buscas de acordo com seu interesse temático? Ao enviar para outros, quem garante que o interesse desses seja o mesmo que o dele?

O CONTEÚDO DAS POSTAGENS

Hoje, quando alguém quer saber alguma coisa é só perguntar ao Dr. Google – todos os alfabetizados ciberneticamente sabemos disto! Portanto, se alguém quiser buscar alguma coisa que lhe interesse, sabe onde pode procurar, para divertir-se ou para se alimentar culturalmente.

Vejamos quais são os tipos de postagem comumente feitos nos variados grupos de WhatsApp.

  • Vídeos: com os temas de política/política partidária, música, teatro, humor, religião, filosofias de vida, curiosidades, pegadinhas, notícias, opiniões (normalmente não assinadas), alardes, etc.;
  • Fotos: com os mesmos temas acima;
  • Áudios: igualmente com os temas mais variados, raramente sendo feitos por membros do grupo, e normalmente sendo trocados entre grupos;
  • Stickers (figurinhas): com temas muito variados;
  • Textos: normalmente escritos pelos membros do grupo, mas com uma grande quantidade de repasses (de particulares ou de outros grupos).


Verifica-se, por esses tipos de postagem, que há material farto para o costume já comum de repasse de mensagens/postagens com base nos tipos 1 até 4. Somente o quinto tipo (Textos) é que daria margem para a produção original do participante de um grupo. E isto, raramente acontece...

Observe-se que as postagens com conteúdo de política partidária têm provocado, entre aqueles inicialmente considerados amigos, muitos atritos e inimizades, com saídas inesperadas de membros de grupos por conta disso. E a amizade? Como fica depois de discussões, atritos e saídas surgidos no grupo?

AS FAKE NEWS (POSTAGENS FALSAS) E OS FACTOIDES

O que existe em grande número nas redes sociais da Internet e, particularmente, no WhatsApp são as postagens tipo Fake News (com conteúdo falso) e tipo factoides (com algum fato verdadeiro, mas distorcido). É o que hoje denominam “pós verdade”. A gente séria perde tempo dobrado: ao apreciar a postagem suspeita e ao tentar identificar se é verdadeira. Para os que não se preocupam com a seriedade das coisas, repassar conteúdos fake é a coisa mais fácil do mundo. Resultado: grupos de redes sociais cheios de postagens de conteúdos falsos, muitos deles visando, quase que intencionalmente, a provocar confusão, desinformação e prejuízos às pessoas de bem e ingênuas, que acabam acreditando nessas postagens.

O interessante é que o tempo que se perde nas redes sociais com os tipos de postagem listados poderia ser mais bem empregado ao se consultar diretamente as variadas fontes de boas notícias e curiosidades que se podem encontrar no YouTube e nos buscadores Google e Chrome (ou nos equivalentes da Apple) e em vários aplicativos de notícias disponíveis nas plataformas Android e Apple (muitas delas com filtros anti-fake, especialmente ligadas aos grandes meios de comunicação convencionais).

O MELHOR PAPEL DO WHATSAPP

E qual seria o papel que uma sociedade madura e responsável esperaria de um serviço de rede social virtual como o WhatsApp?  Sendo um meio de comunicação interativo e quase instantâneo, embora assíncrono (cada um pode apreciar a postagem no momento mais apropriado), presta-se muito bem para a comunicação efetiva (telefone, áudio, vídeo, fotos) entre os membros de um grupo ou entre indivíduos, dois a dois.

E essa comunicação efetiva poderia acontecer se os tipos de postagem acima listados fossem utilizados, também, de forma original (não só como repasse de outros): vídeos, áudios, etc., produzidos pelos membros do grupo, pelos utilizadores do Aplicativo. Alguém postaria, então:

  • Vídeo ou álbum de fotos da família (supondo grupo familiar);
  • Notícias da família (supondo grupo familiar);
  • Convite para algum evento artístico-cultural de interesse do grupo ou do outro contato.


Ou utilizaria o versátil WhatsApp para:

  • Comunicação ao vivo via áudio (chamada por áudio) ou por vídeo (chamada por vídeo);
  • Conversa ao vivo com múltiplos participantes (tipo net meeting);
  • Transmissão instantânea de fotos ou de pequenos vídeos sobre acontecimentos ou assuntos de interesse do grupo;
  • Transferência de arquivos diversos (pdf, vídeo, foto, etc.) de real interesse dos participantes do grupo.


CONCLUINDO...

Embora o WhatsApp (ou outras redes sociais equivalentes menos famosas) possa ser um recurso tecnológico atual muito utilizado e muito útil para a sociedade atual, não faltam aqueles que reclamam do excesso de postagens, sendo muitas delas totalmente “sem noção”. Parece que o recurso se tornou um meio de repassar vídeos, fotos, etc. Será que não está faltando alguém lançar um curso sobre o uso mais eficaz e criativo do WhatsApp? Será que não está na hora de passarmos de meros repassadores de conteúdo para produtores, nós também?

UILSO ARAGONO (MAIO, 2020)


Um comentário:

Lina Aragão disse...

Ei Wilsinho meu queridíssimo irmão.
Gostei muito do texto sobre o uso do Whatsapp. Gostaria de compartilhar. Não sei como fazer. É possível?
Agradeco pela partilha.

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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