segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

LEITURA LITÚRGICA E HOMILIA BEM FEITAS

Com vistas a ajudar aqueles que desejem melhorar tanto a leitura litúrgica quanto a homilia (nas missas e celebrações cristãs) são apresentadas, abaixo, dicas e orientações sobre Liturgia (sentido católico), sobre a boa Oratória e sobre os cuidados para uma boa leitura litúrgica (pública). São observações e dicas colhidas ao longo de meus muitos anos de professor universitário, pregador e leitor litúrgico.


PARTE I – LITURGIA – FONTE E ÁPICE DA VIDA CRISTÃ (SC 10)

Conforme nos ensina o Frei Alberto Beckäuser, a Liturgia era, no passado, chamada de: Ofício Divino, Culto Divino, Sagradas Funções, Serviço Religioso, Cerimônias Sagradas e Ritos Sagrados.

Continua o Frade a nos ensinar que o significado de Liturgia está, normalmente, ligado a um conjunto de ritos ou rituais preestabelecidos. Mas é muito mais do que isto! A palavra Liturgia vem do grego "lêiton" (= povo) e "érgon" (= ação). Portanto, pode significar: "ação do povo" ou "ação sobre o povo". De fato, Liturgia pode, então, ser definida, dentre outras formas, como:

            Liturgia: uma ação celebrativa do povo que quer glorificar a Deus e, ao mesmo tempo, uma ação santificadora de Deus sobre o povo que celebra. Deve ser entendida como uma ação de mão dupla: o povo que celebra, glorifica e louva o Senhor, e uma ação do Senhor que acolhe e, em resposta, age sobre o povo, santificando-o e o salvando! (Ref.: BECKÄUSER, Alberto. Os fundamentos da sagrada Liturgia. Vozes, Petrópolis, RJ, 2004.)
                 
As leituras litúrgicas, mais que lidas, devem ser proclamadas! Os fiéis, ouvindo as leituras divinas, devem sentir no coração um suave e vivo afeto pelas Sagradas Escrituras, conforme o IGMR (n. 101). Todos, enfim, o Sacerdote (ou o diácono), presidente da Celebração, os leitores, o salmista, e a equipe de canto devem imbuir-se profundamente da sacralidade da Liturgia sendo vivenciada.

Portanto, consciente da importância e do verdadeiro significado da Liturgia, os leitores, os diáconos e, também, os presbíteros, haverão de dedicar-se à busca da competência no Serviço Divino. Isto nos leva a buscar um bom preparo nos campos da Oratória (para homilias, reflexões, palestras) e da Leitura litúrgicas.

A boa oratória deve ser buscada e praticada de tal forma a produzir os frutos desejados durante a homilia: o aprofundamento da mensagem divina. Clareza, objetividade, e tempo adequado, são alguns dos requisitos desejáveis ao pregador. Mas vale, também, para os momentos de reflexão, palestras, conferências, etc.

A boa leitura deve ser buscada e praticada de tal forma a produzir os frutos desejados durante as leituras: compreensão clara de cada palavra proclamada, porque é Palavra de Deus! O leitor haverá de conscientizar-se de que estará fazendo o papel de um Anjo, que proclama, da maneira mais bonita e perfeita, a Palavra que vem de Deus!

Portanto, Homilia e Leituras durante a Liturgia da Palavra na Missa ou na Celebração da Palavra devem ser previamente preparadas. E técnicas e dicas para uma boa oratória e uma boa leitura existem, como podem ser estudadas a seguir.


PARTE II – DICAS PARA UMA BOA ORATÓRIA

A boa oratória somente se adquire efetivamente com a prática frequente, iluminada pela autocrítica, observação crítica de palestrantes e alguma leitura sobre o assunto. No entanto, podem ser apontados alguns cuidados ou dicas sobre como falar bem em público.
Os seguintes aspectos podem ser destacados:

 1.      ATITUDE
1.1.   A atitude demonstrada pelo orador deve ser a mais positiva possível. A plateia deseja o sucesso do orador! E o orador, enquanto está com a palavra, é a autoridade no assunto, pois foi convidado para falar sobre ele.
1.2.    Se o nervosismo existe, deve ser encarado como normal: todo orador pode ficar ansioso e nervoso; o que não pode acontecer é que tal nervosismo atrapalhe o seu desempenho. Somente a prática dará a segurança ao orador para que assim aconteça.

2.      POSTURA
2.1.   A postura deve ser a mais ereta possível, mas sem afetação. Evitar tronco arqueado e cabeça baixa.
2.2.   O olhar do orador deve ser firme e seguro, encarando e percorrendo toda a plateia com um leve sorriso.
2.3.   Usar vestimenta adequada: discreta e razoavelmente elegante, compatível com o ambiente social.

3.      GESTOS
3.1.   Os gestos devem ser naturais e acompanhar o conteúdo da palestra.
3.2.   Evitar (mulheres) ficar abaixando a minissaia ou a mini blusa, se for o caso.
3.3.   Escolher a melhor roupa e não procurar ajustes durante a oratória é o mais indicado.
3.4.   Evitar ficar segurando um paletó ou uma blusa com uma das mãos.
3.5.   Evitar gestos que não combinem com o que está sendo dito.
3.6.   Evitar deixar os braços caídos ao lado do corpo enquanto se fala.
3.7.   Preferir uma posição de braços levemente dobrados, com as mãos próximas, como base para a gesticulação.
3.8.   Cuidar para não serem feitos gestos obscenos ao apontar para algo.
3.9.   Segurar uma ficha com o esquema da palestra, com uma das mãos, não é proibido. A outra mão fará a gesticulação necessária.
                                                 
4.      MOVIMENTAÇÃO
4.1.   Evitar movimentação pendular, isto é, de um lado para o outro, preferindo-se permanecer no mesmo lugar com variações suaves de posição.
4.2.   Evitar adentrar a plateia para que não ocorra ficar o orador de costas para uma parte da plateia, que ficará constrangida por não poder ver o orador.
4.3.   Procurar colocar-se numa posição tal que toda a plateia possa estar vendo o orador.

5.      VOZ
5.1.   A voz é importantíssima na comunicação oral. Cuidar para que seja emitida com volume e dicção adequados.
5.2.   Evitar a voz monótona, isto é, sem inflexão, sendo emitida com a mesma força todo o tempo.
5.3.   Evitar a voz muito grave, pois dificulta a audição.
5.4.   Atentar para a dicção clara, o que se consegue articulando claramente os maxilares enquanto se fala.
5.5.   Evitar falar com a boca quase fechada.
5.6.   Grave a própria voz e ouça-a para corrigir possíveis problemas.
5.7.   Corrija a voz nasal, a voz fraca, a voz monótona, a voz estridente.

6.      MICROFONE
6.1.   Se o microfone for fixo, evitar segurá-lo, pois é totalmente desnecessário e provoca irritação na plateia.
6.2.   Se for microfone de segurar, segurá-lo com uma das mãos enquanto se gesticula com a outra. Após algum tempo, a mão do microfone pode ser alternada, sem que se o faça com muita frequência.
6.3.   Manter o microfone sempre próximo à boca, mesmo que a cabeça se movimente, estando atento para o fato de ele estar ligado e com bom volume. Tentar ouvir a própria voz amplificada!
6.4.   Se houver microfone disponível, e o ambiente for relativamente grande, deve-se dar preferência a usá-lo, para conforto dos ouvintes.
6.5.   Ao se falar sem microfone, ter certeza de que os ouvintes mais afastados estejam ouvindo o orador. Isto se consegue perguntando a tais ouvintes se eles estão ouvindo o orador.

7.      LINGUAGEM
7.1.   Quem fala em público deve cuidar mais do vocabulário, da nossa língua portuguesa!
7.2.   Acostumar-se a procurar palavras novas ou pouco conhecidas no dicionário.
7.3.   Estar atentos aos erros mais comuns (vide à frente: Problemas do nosso português).
7.4.   Séculos e capítulos de 1 a 10 são lidos/ditos de forma ordinal: séc. II (segundo), capítulo III (terceiro), etc.
7.5.   Reis, papas, etc. seguem o mesmo esquema: João Paulo II (segundo), Henrique VIII (oitavo), etc.
7.6.   Evitar vícios de linguagem e perguntas desnecessárias: "tá entendendo?", “né?”, etc.
7.7.   Falar no ritmo certo: nem rápido demais, nem lento demais.

8.      ESQUEMA
8.1.   O orador seguirá, sempre, um esquema mental do que irá falar.
8.2.   Introdução, desenvolvimento e conclusão (pelo menos estas três partes) são obrigatórias.
8.3.   Exercitar o esquema de tópicos: delimitar o assunto; para quem se vai falar; a ordem do que
falar; as principais ideias; frase de impacto na introdução e frase conclusiva ao final.

9.      PROJETOR MULTIMÍDIA
9.1.   Os slides não são a "cola" do orador!
9.2.   Os slides existem para ajudar a plateia a acompanhar a palestra.
9.3.   O orador continua a ser a peça mais importante.
9.4.   O orador deve ficar numa posição em que olhe a plateia e a tela sem movimentar muito a cabeça.

10.  EXPRESSÃO FACIAL
10.1.     Orador deve mostrar-se simpático à plateia: ninguém gosta de olhar para um orador carrancudo!
10.2.     Alternar entre um leve sorriso e expressão mais séria conforme o que se diz.
10.3.     Orador comunica com o corpo todo: é um artista da voz, dos gestos e da expressão facial!
10.4.     O tom, a inflexão de voz e a expressão facial são responsáveis por 93% da comunicação! (http://www.dicasprofissionais.com.br)

PARTE IIIALGUMAS TÉCNICAS PARA A BOA LEITURA

1.      Treinar a leitura de frases, e não de palavras. – O olho deve focalizar acima da linha escrita e tentar abarcar o maior número possível de palavras da frase. Desta forma, a leitura mental se antecipa à leitura verbal, podendo-se, então, prever sinais de pontuação e dar a entonação correta à frase sendo lida.  

2.      Focalizar a frase por cima, nas entrelinhas. – Para o sucesso da dica número 1, há que se verificar que a leitura de um texto deve ser feita de tal forma que a visão focalize acima da frase, e não diretamente sobre cada palavra. Olhando por cima consegue-se uma amplitude maior na leitura, o que possibilita ler-se (mentalmente) mais de uma palavra ao mesmo tempo. Prova-se, facilmente, que a metade superior de uma frase tem mais significado do que a parte inferior, isto é: consegue-se ler e entender uma frase pela sua metade superior apenas, mas não se consegue lê-la pela sua metade inferior. (Vide frases A e B, abaixo: – qual frase é mais fácil de ler?)

3.      Ler o texto sem deixar de olhar para a plateia. – A plateia deseja ter contato visual com o leitor... É uma necessidade natural, já que não é uma leitura eletrônica, mas feita por uma pessoa, com quem, normalmente, se faz contato visual durante qualquer comunicação direta. Exercitar-se lendo diante do espelho levantando a cabeça e encarando sua imagem durante aqueles momentos em que a leitura mental se torna leitura verbal.

4.      Ler previamente o texto. – A leitura em público só deverá acontecer como “segunda” ou “terceira” leitura, exigindo, portanto, que uma primeira leitura do texto seja feita, silenciosamente, antes da leitura de fato. Isto ajudará a prever e superar qualquer surpresa diante de alguma palavra de pronúncia menos conhecida. Além disso, a correta pontuação será verificada, para que se lhe dê a entonação adequada, especialmente quando uma frase interrogativa e longa não se inicia por um pronome interrogativo, o que provoca, muitas vezes, erros sérios de leitura.

5.     Articular claramente a boca na pronúncia das palavras. – Treinar a leitura de textos por meio da articulação até exagerada das palavras, para que a leitura em público ocorra com articulação adequada das palavras. Um erro comum de leitura é a pouca articulação da boca na emissão das palavras: pronunciar as palavras com a boca quase fechada...

6.     Pronunciar com clareza os finais das palavras. – Atentar para o fato de que todas as palavras sejam pronunciadas em toda a sua extensão, especialmente em seus finais. Isto evitará, por exemplo, que não sejam pronunciados os “s” dos plurais das palavras.

7.   Variar o timbre ou o tom da voz. – A leitura eficaz deve ser como que teatralizada, isto é, os “personagens” que possam estar presentes na leitura devem ser lidos com pequena variação na entonação ou no timbre da voz, de tal forma que a audiência possa entender bem o diálogo que esteja sendo lido.

8.     A leitura deve ser VIVA! – O leitor deverá ler de tal forma que o ouvinte receba a mensagem com naturalidade, isto é, a entonação não deve ser afetada, mas de acordo com a maneira com que a comunicação verbal ocorre na vida prática.  Sendo uma entonação diferente do costumeiro, por exemplo, uma entonação de interrogação exclamativa quando, na realidade, deveria ser uma simples interrogação expressando dúvida normal, provoca estranheza no ouvinte e pode, inclusive, desviar sua atenção do conteúdo da mensagem sendo lida.

9.      Ler no ritmo certo, nem com pressa e nem devagar demais. – A leitura deve ser feita no ritmo da conversação normal das pessoas. Uma leitura muito pausada, entremeada por trechos de silêncio desnecessários é cansativa e desrespeita a capacidade mental do ouvinte, que é capaz de entender uma mensagem verbal sendo emitida com velocidade normal. Já a leitura muito rápida demonstra nervosismo do leitor – que parece desejar terminar sua tarefa o quanto antes! – e compromete a compreensão do ouvinte por ser uma mensagem emitida em velocidade pouco natural.

10.   Ler sem preconceito! – Ler o texto estando atento a pronunciar as palavras que estão, de fato escritas, e não aquelas que vêm à mente preconceituosamente. Isto acontece quanto o leitor lê uma palavra que é parecida, na pronúncia ou na escrita, com a palavra verdadeiramente impressa, mas que pode ser totalmente diferente no sentido, comprometendo totalmente a compreensão do texto lido. Exemplos: está escrito “estrado” e se lê “estrago”; “epístola” e se lê “a pistola”; “Palavra do Senhor” e se lê: “PalavraS do Senhor”.

    

PARTE IV – EXERCÍCIOS DE ENTONAÇÃO PARA A BOA LEITURA

1.     "Você vai para casa agora?"          (Interrogação normal, expressando dúvida. Dica: insira, ao final da               frase, a expressão: "Eu não sabia...")

2.      "Você vai para casa agora?!"        (Interrogação exclamativa, expressando dúvida e espanto. Dica:                    insira, ao final: "Tão cedo?...")

3.      "Você vai para casa agora!"          (Exclamação normal, expressando surpresa. Dica: insira, ao final:                 "Que sortudo!...") 
4.      "Você vai para casa agora.”          (Afirmação normal.)
5.      "Você vai para casa agora.         (Afirmação enfatizando o momento.)
6.      "Você vai para casa agora.”         (Afirmação enfatizando o local.)
7.      "Você vai para casa agora.”          (Afirmação enfatizando a pessoa.)

PARTE V – PROBLEMAS DO NOSSO PORTUGUÊS (alguns erros comuns)

1.   “A maioria dos estudantes é inteligente.” – e não, são inteligentes. PARA EVITAR ESTE
ERRO, USAR: Os estudantes são, em sua maioria, inteligentes!
2.      “Até pouco tempo eu lia pouco!” – e não, há pouco tempo atrás. (Há: sentido de passado.)
3.      “Estava entretido com a propaganda.” – e não, enTERtido. Vem de ENTRETENIMENTO.
4.      “Temos de ter muita discrição em relação ao fato.” – e não, discrEção. Discrição (ato de ser DISCRETO) distingue-se de Descrição (ato de DESCREVER).
5.      “Eu era um dos que estavam lá.” – e não, um dos que estava lá. Explicação: Um dos que
estavam lá era eu. Ou, dos que estavam lá, eu era um.
6.      “A sua ideia vem ao encontro da minha.” Significa: se coaduna, combina com a minha.
7.      “A sua ideia vem de encontro à minha.” Significa: se opõe, é contrária à minha.
8.      “Para eu fazer. Para eu comprar.” – e não, para mim fazer, comprar.
9.      “Para mim, comer muito é gulodice.” – Para mim = em minha opinião.
10.  “A água é um fluido precioso.” – Pronuncia-se “flúido” e não, fldo.
11.  “O circuito elétrico pegou fogo.” – Pronuncia-se “circúito” e não, “cirqüito”.
12.  Não se fala: “Aquilo se adéqua bem com minha proposta”. Prefira-se: Aquilo combina bem, cai bem, se adapta bem etc.
13. “70% dos entrevistados não sabiam o que dizer.” (“70%” exige verbo no plural.)
14. “Vamos a uma festa beneficente.” – e não, beneficiente.
15.   "Minha cidade é próximo da dele". – e não, próxima da. (Próximo de/a = perto de, é invariável). Para evitar tal erro: "Minha cidade é vizinha da (adjacente à) dele".


PARTE VI – PRONÚNCIA OU ESCRITA ERRADA DE CERTAS PALAVRAS
                   (Tente descobrir a forma correta! ...)



1.      ADEVOGADO     ______________
2.      AGAPE                ______________
3.      ALCOOLATRA   ______________
4.      ALGARÁVIA      ______________
5.      ALIBI                   ______________
6.      AMALGAMA      ______________
7.      ANATEMA          ______________
8.      ANTIDOTO         ______________
9.      ARIETE                ______________
10.  ARQUETIPO        ______________
11.  ÁVARO               ______________
12.  BICEPS                ______________
13.  BOEMIA              ______________
14.  CARTOMÂNCIA ______________
15.  CIRCUÍTO           ______________
16.  CÔLDRE              ______________
17.  CONJUGE            ______________
18.  CORTEX              ______________
19.  CRISANTEMO     ______________
20.  DEGLADIAR       ______________
21.  DESIGUINAR      ______________
22.  ENTITULAR        ______________
23.  EPIFÂNIA            ______________
24.  EXÉGESE            ______________
25.  FILÂNTROPO      ______________
26.  FLUÍDO               ______________
27.  FORTUÍTO          ______________
28.  GRATUÍTO          ______________
29.  HABITÁT            ______________
30.  ÍBERO                  ______________
31.  ÍBIDEM                ______________
32.  IMPECILHO         ______________
33.  INTERIM             ______________
34.  JÚNIORES           ______________
35.  MEIADOS            ______________
36.  MENDINGO        ______________
37.  MÍSTER               ______________
38.  PRAZEIROSAMENTE     ______________
39.  PROTOTIPO                    ______________
40.  RÚBRICA                        ______________
41.  DIBRAR                          ______________
42.  DEUTERONOMIO          ______________
43.  RÉCEM                            ______________
44.  INCADERNAÇÃO       ______________




PARTE VII – NÃO MISTURAR OS PRONOMES PESSOAIS NUMA MESMA FRASE

Um erro muito comum no português falado ocorre como exemplifica a frase a seguir.

"Você sabe que eu te amo!".  – O correto seria: "Você sabe que eu a amo!"; ou: "Tu sabes que eu te amo!". A frase popular e errada mistura as duas frases corretas!...

EXERCÍCIO:
Na oração a Santo Antônio, que está numa forma correta (pronome pessoal "tu"), utilizar os pronomes pessoais "vós " e "você" (e seus correspondentes).

Oração a Santo Antônio
Ó Deus, Pai bom e misericordioso, que escolheste S. Antônio como testemunha do Evangelho e mensageiro de paz no meio do povo, ouve a nossa súplica por sua intercessão. Santifica nossa família. Ajuda-nos a crescer na fé. Conserva-nos na unidade, na paz, na serenidade. Abençoa nossos filhos. Protege nossos jovens. Estende tua mão amorosa sobre os namorados. Socorre os que andam aflitos pela doença, pelo sofrimento e pela solidão. Acompanha nosso trabalho. -nos segurança no emprego. Concede-nos a alegria do teu amor. Isto te pedimos por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.




APÊNDICE
Algumas observações e alguns erros comuns – seja na fala, seja em textos escritos –
ocorrentes durante a Missa ou em orações.


1.      Prefácio comum: Corações ao alto! – O nosso coração está em Deus!
     – OBS.: Este diálogo está correto e evidencia que, quando se usam expressões com duplo plural, comete-se erro: "Elevemos a Deus nossos corações e lhe ofereçamos nossas vidas".

2.      Oração ao Espírito Santo: "Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor. (...)"
    – OBS.: Conforme visto em "1.", a expressão "corações dos vossos fiéis" está com duplo plural, desnecessário e ilógico (cada fiel só tem um coração...). O certo seria: "(...) enchei o coração dos vossos fiéis e acendei nele o fogo do Vosso Amor. (...)".

3.      Ao final do Ofertório"Receba ó Senhor, por tuas mãos este sacrifício, para glória do Seu Nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja". – O correto é: "Receba o Senhor...". Explicação: o povo pede que o Senhor receba, pelas mãos do sacerdote (tuas), o sacrifício.

4.      A oração do Santo Anjo: "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém".

   – OBS.: Esta oração está no pronome "Tu" (se a ti me confiou...). Portanto, é erro pronunciar: "... me rege (tu), me guarde (você), me governe (você), me ilumine (você)...".

5.      Ato de contrição: "(...) Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da vossa graça, não mais pecar e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém".
      – OBS.: "próximo/a de", no sentido de "perto de", é invariável. E somente se flexiona quando for em outros sentidos. Exemplo: Elas são muito próximas (íntimas) de mim. Portanto, a oração está com erro sério, no final. O correto seria: "(...) e fugir das ocasiões de pecado. Amém".

6.      Em orações espontâneas: "Ó Deus, que concedeste (tu) grande santidade à vossa (vós) Serva Santa M. J., conceda-nos (você) a graça que humildemente vos pedimos. Em nome de Jesus Cristo, Vosso Filho, nosso Senhor. Amém".
    – OBS.: Em muitas orações feitas por presidentes de celebração, de forma espontânea, os pronomes pessoais e oblíquos são misturados. O certo é escolher um pronome e ser fiel a ele durante toda a oração: "Ó Deus, que concedeste (tu) grande santidade à tua Serva Santa M. J., concede-nos (tu) a graça que humildemente te pedimos. Em nome de Jesus Cristo, Teu Filho, nosso Senhor. Amém".

7.      Em orações espontâneas e nas leituras: Prestar atenção para as diferenças de conjugação entre TU e VÓS: escolheste (tu) e escolhesteS (vós); fizeste (tu) e fizesteS (vós); deste (tu) e destes (vós).  –Erro muito comum.

   Uilso Aragono. (Fev. de 2017)






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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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