domingo, 28 de setembro de 2014

VOCAÇÃO - UM CONSTANTE CHAMADO DE DEUS


Este mês de agosto é dedicado, na Igreja Católica, a pensarmos sobre o tema vocação. E no texto a seguir faço, justamente, esta reflexão: o que é vocação, do ponto de vista da fé cristã?


Estamos no mundo da comunicação, da informática, da intenet, em que nos convidamos uns aos outros para muitas atividades. Somos chamados, a cada momento, a tomarmos decisões. Deus também se comunica conosco e nos chamou, em primeiro lugar, à vida; mas, também, à fé e à santidade. É a isto que chamamos de vocação.


Mas o mundo também tem seus apelos e nos chama, a cada dia, nem sempre para a realização do bem, mas na maior parte das vezes, para o individualismo, para o consumismo, para o egoísmo, para o gozo a todo custo, para o pecado... É o que podemos denominar de tentação.


1. VOCAÇÃO VERSUS TENTAÇÃO


Aprofundando um pouco mais este tema da vocação, devemos lembrar que tal expressão vem do latim "vocare" e quer dizer chamado. Ora, somos chamados por Deus à vida. De fato, éramos nada, antes da concepção de nosso ser no seio de nossa mãe; ou, talvez, possamos pensar - sem qualquer intenção teológica mais séria -, que antes de Deus criar nossa alma no momento da concepção, estivéssemos no Coração de Deus... aguardando o momento futuro de criação de nossa alma!

Podemos pensar que a vocação seja como que um tripé, e que os pés sejam os chamados à vida, à fé cristã, e à santidade.


Sim, somos chamados, inicialmente à vida, à consciência, a este mundo, como criatura magnífica e obra prima de Deus. E chegar à idade adulta é fruto de muita bênção. Pois muitas pessoas não têm essa graça, e morrem antes. Tivemos de lutar desde o primeiro momento da concepção para nos agarrarmos, com toda a força, à vida; contra todas as dificuldades que a própria natureza nos proporciona.


Num segundo momento de graça, somos chamados à fé cristã! Somos batizados e começamos nossa caminhada nos caminhos de Cristo: passamos pela catequese, pela crisma e atingimos a plenitude da fé, na comunhão com o Corpo de Cristo, a Eucaristia. A vocação, como chamado de Deus à fé cristã, nos proporciona a oportunidade de sermos "sal e luz do mundo", nas palavras do próprio Cristo. Que possamos, sempre, corresponder e responder a essa vocação.


Finalmente, somos chamados, enquanto cristãos, à santidade. Lembremo-nos que no início da vida da Igreja cristã, os seus membros eram chamados de "santos". Assim se dirigiu muitas vezes, São Paulo, aos membros do "Caminho". E o próprio São Paulo se dirige aos "santos" e os convida a "serem meus imitadores, como eu sou de Cristo". Este é o fundamento bíblico da santidade. Atentemos para o fato de que São Paullo não disse: "sejam imitadores de Cristo"! Mas disse-lhes, e a nós: "sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo". Iluminado pela graça de Deus, Paulo, sem falsa modéstia, colocava-se para os "santos" como referência de imitação. E é, exatamente, desta forma que os santos da Igreja Católica devem ser entendidos: pessoas que atingiram, como S. Paulo, as excelências da santidade, e devem ser tomados como exemplos a serem imitados por cada um de nós, cristãos. Buscar a santidade diária: eis mais um chamado de Deus a cada um de nós! Que possamos, mais uma vez, corresponder a esta vocação!


Mas há uma força contrária a esta desejável postura de reposta à genuína vocação cristã. É o que se pode chamar de oposição ao sentido de vocação. É a tentação. Tentação, é de fato, o contrário de vocação. Na vocação Deus nos chama; na tentação, o diabo nos chama, nos tenta, nos atrai para longe do Caminho. A tentação nos desvia do Caminho, enquanto a resposta à verdadeira vocação nos mantém no Caminho da Vida.


Fazendo alguns contrapontos, podemos dizer que:
Na vocação, somos chamados à Vida; na tentação, somos atraídos à morte!
Na vocação, somos chamados à Fé cristã; na tentação, somos atraídos, traiçoeiramente, à descrença, ao ateísmo!
Na vocação, somos chamados à Santidade; na tentação, somos chamados ao pecado...

2. VOCAÇÃO PARTICULAR




Concretizando esses conceitos relativos à vocação, podemos pensar como cada um de nós, cristãos, responde, na sua vida, à vocação tríplice de Deus.


Podemos assumir a vida de solteiros, de casados, ou de serviço a Deus, na vocação religiosa. Importante que tenhamos a consciência de que qualquer um desses estado de vida não deve ser fruto de simples costume, tradição ou cultura. Devemos encarar como uma verdadeira resposta pessoal ao chamado de Deus. Não devemos optar pela vida de solteiro com base em critérios puramente humanos. Não deve ser a comodidade, ou a preguiça, mesmo, ou a possível liberdade, em oposição à vida de casados, supostamente "sem liberdade", ou qualquer outro critério igualmente caprichoso e sem a devida iluminação da graça de Deus.


Tanto para a vida de casados, como para a vida de solteiros ou para a vida religiosa, que predomine, no cristão, a consciência de que a opção seja feita com base na fé cristã, alicerçada pela oração constante e na intenção sincera de contribuir para que o Plano de Deus em nossa vida se realize, mesmo que contrarie algum plano pessoal. Até mesmo porque, tais planos pessoais, podem estar contaminados por alguma tentação para o descaminho, e, portanto, para a infelicidade, para a morte... quando, todos, na verdade, desejamos a felicidade e a vida. Mas estas só serão, verdadeiramente, alcançadas se respondermos bem ao verdadeiro chamado de Deus: nossa genuína vocação cristã.


3. CONCLUSÃO


Que uma boa reflexão sobre o profundo significado de vocação, em oposição à tentação, possa nos levar, a cada um de nós cristãos, a uma resposta de vida mais esclarecida e mais genuína, de forma a que a vocação cristã, em geral, possa ser, sempre, a realização do Plano de Deus para a vida de cada cristã e para o bem maior de toda a humanidade, para a qual sejamos, de fato, "sal e luz", "fermento na massa", para um mundo mais justo, mais feliz, mais de Deus.


Uilso Aragono. (Agosto de 2014)

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do texto professor, gostaria de saber da disponibilidade em escrever sobre o horário de verão.
Muito obrigado pela atenção,

Grupo E

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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