terça-feira, 31 de agosto de 2010

Consciência Segura

Refletir sobre a necessidade de que o cidadão tenha uma consciência de segurança proativa, com vistas a evitar acidentes no trabalho, em casa, e em qualquer dimensão da vida, é o objetivo do presente artigo. O termo consciência segura está sendo proposto, para significar justamente isto: uma consciência esclarecida quanto aos riscos de acidentes, tão comuns na vida em sociedade, e alerta quanto aos cuidados necessários para evitá-los.

Esta expressão consciência segura, ainda não é comum, mas, assim como já é comum a expressão “consciência ecológica”, espera-se que esta nova consciência de segurança em geral – na família, no trabalho, no trânsito, enfim, na vida –, seja a cada dia mais divulgada e vivenciada. Estou propondo este termo, consciência segura, como rotulador para um tipo de consciência que envolva “atitudes” proativas contra os potenciais acidentes da vida atual.

Vale aqui uma distinção, também oportuna, entre “consciência intelectual” e “consciência vivencial”.

Consciência intelectual é aquela que está associada a conceitos teóricos adquiridos por uma pessoa. Esta é capaz de definir, explicar e argumentar a favor ou contra determinado conceito. Por exemplo: consciência contra a violência por armas de fogo. Alguém pode ter uma consciência intelectual totalmente antiviolência, expressando-a através de argumentos até emotivos.

Consciência vivencial corresponde àquela que uma pessoa apresenta em suas relações interpessoais, em suas ações concretas. É, muitas vezes, distinta da consciência intelectual, a ponto de uma pessoa, tendo consciência intelectual antiviolência, ser capaz de agir violentamente contra o outro pelo uso de uma arma de fogo... Pode-se citar o exemplo de um jornalista brasileiro que, tendo dado uma entrevista pela paz e contra a violência, pouco tempo depois foi capaz de assassinar sua namorada a tiros...

A consciência deve iluminar-se de tal forma que passe, naturalmente, de um nível intelectual para o mais profundo, o vivencial. Ou, dito de outra forma, talvez mais poética, de um nível mental para o emocional, do nível da teorização para o nível do coração!...

A consciência segura, então, deverá ser esclarecida por conceitos teóricos e intelectuais, mas, sobretudo, deverá procurar atingir o nível mais profundo da consciência vivencial. Isto se dá, normalmente, quando se vivenciam acontecimentos dramáticos em relação a algum assunto. No caso de acidentes, estes devem ser avaliados, discutidos e visualizados a ponto de serem tiradas conclusões importantes para a própria vida. Uma consciência segura torna-se assim se, e somente se, ela atingir aquele nível do coração, da vivência. Somente assim a pessoa que cultivou tal consciência terá atitudes naturalmente seguras e proativas, sendo capaz de “anular” possíveis acidentes potenciais.

Para o alcance de níveis bons de consciência segura, o cidadão deveria ter contato com o assunto “segurança na vida” desde a infância, desde, portanto, os primeiros anos de escola. Sendo expostos à temática por meio de abordagens variadas e inteligentes, tais como filmetos, teatralizações, histórias interessantes, passeios com abordagem crítica em relação às condições de segurança ou insegurança existentes nos bairros da cidade, dentre outras, a criança, o adolescente e o jovem estariam tornando-se pessoas, cidadãos, mais conscientes em relação ao problema dos acidentes na vida. A consciência segura estaria sendo formada, desde cedo, no cidadão, com consequências das mais positivas para a sociedade.

Em particular podem ser citados os filmetes divulgados na TV sob títulos como “vídeo-cassetadas” ou semelhantes, em que são expostas situações engraçadas, em geral, mas que contêm muitos ensinamentos sobre segurança na vida, pois não deixam de constituir verdadeiros acidentes. Sendo expostos a tais vídeos, o jovem será levado a analisar criticamente os riscos envolvidos na cena, suas consequências negativas e, por outro lado, as possibilidades de anular tais acidentes. Como a emoção estará ativada, por serem cenas engraçadas, os ensinamentos daí decorrentes tendem a entrar mais profundamente na consciência da pessoa, criando nelas atitudes proativas de segurança e tornando-a mais segura. E uma pessoa com consciência segura torna-se multiplicadora, por exemplos e palavras, dessa mesma consciência.

(Uilso Aragono, agosto de 2010)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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