segunda-feira, 30 de novembro de 2009

LUZ E FORÇA SÃO ESSENCIAIS

Escrevi o artigo abaixo a convite do Jornal A Gazeta, publicado em 17/nov/09.

Hoje, com a costumeira, contínua e confiável iluminação artificial das cidades, todo evento de falta de luz é apelidado de Apagão. Isto por si só já ressalta a importância de um sistema elétrico costumeiro e contínuo e justifica as expectativas de que tal sistema seja, de fato, permanentemente disponível e totalmente confiável. No entanto um sistema de energia elétrica destinado a iluminar e a ser o motor de um país é um gigante extremamente complexo, que deve ser caracterizado por equipamentos de alta tecnologia e alta robustez, supondo investimentos em massa para expansão e manutenção contínuas. E, como qualquer sistema tecnológico, também está sujeito a defeitos, falhas e acidentes. Por outro lado, quanto mais qualidade e eficácia de equipamentos e de manutenção, tanto mais afastados os citados problemas e os decorrentes riscos de apagões.

Fazendo uma comparação, a título de esclarecimento aos leigos, as linhas de transmissão (LTs) podem ser comparadas a rodovias para o tráfego de automóveis. Assim como existem autoestradas consideradas de grande fluxo, assim também existem as chamadas linhas-tronco em que o fluxo de energia é enorme. Da mesma maneira, portanto, que a interrupção do fluxo em uma autoestrada-chave provocará um grande transtorno ao país, a interrupção de uma linha-tronco (como são as que ligam Itaipu a São Paulo) também causará semelhante transtorno, em termos de falta de energia.

Alguns criticam o fato de o problema, neste último apagão, não ter sido “isolado”, de tal forma a não comprometer o resto do sistema. Ora, um tal isolamento do problema só é possível se ocorrer no “meio” do sistema; “isolar” uma linha-tronco, como a de Itaipu, situada numa extremidade do sistema, significa desligá-la e impedir, neste caso, a entrada de um grande bloco de energia no centro consumidor, com suas consequências inevitáveis.

Se foi raio seguido de curto-circuito em um isolador de uma LT de Itaipu, ou um curto-circuito de natureza acidental, por manutenção insuficiente, ou por falha humana, não se pode afirmar sem uma perícia técnica. Mas supondo o desligamento automático de uma das três LTs em corrente-alternada, as outras duas foram desligadas por consequência. Surge a suspeita de estarem em seus limites, o que deve ser bem avaliado pelos técnicos, sob pena de tal episódio poder repetir-se.

Pode-se concluir por uma posição de respeito e consideração aos órgãos técnicos responsáveis pela situação de continuidade desse complexo e desafiador sistema elétrico brasileiro, bem como por uma posição de cobrança de contínuos e maiores investimentos em tecnologia de inteligência de rede associada a equipamentos de ponta, e em manutenção séria e contínua sobre tais equipamentos, pois luz e força são essenciais. Somente assim as expectativas de todos estarão sendo satisfeitas em termos de serviços de energia elétrica confiáveis e sempre disponíveis.

Prof. Wilson Aragão Filho; Depto Eng.Elétrica da UFES.

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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