quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

FAMÍLIA – CONVIVÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS

 Há certa classe de pessoas ou funções que são irreconciliáveis... Senão, vejamos: juiz de futebol e torcida; professor e alunos; genro e sogra; fazendeiro e posseiro... E pais e filhos! A solução nesses casos todos é uma só: respeito mútuo! E, para os cristãos, respeito baseado na fé e na oração. Para alcançar-se esse objetivo, no entanto, algumas reflexões e dicas são dadas a seguir.

 1. Conhecer a situação de cada parte

1.1 Os pais

            Os pais são aqueles que têm a responsabilidade e o desafio de gerar, educar e apoiar os filhos que lhe são concedidos pela natureza e pela graça de Deus.

    Acham que já têm a competência para exercer essa responsabilidade e enfrentar esse desafio! No entanto, a realidade é bem outra...

          As ansiedades próprias dos pais estão relacionadas, justamente, ao atingimento desses objetivos. Serão eles capazes?

1.2 Os filhos

           Os filhos são aqueles que, ao nascerem, dependem, totalmente dos pais, mas que, com o tempo e o crescimento físico, mental e espiritual, vão se tornando mais autônomos e, portanto, questionadores da autoridade dos pais sobre eles.

      Acham que, com a chegada, especialmente, da adolescência, podem autonomear-se “independentes” dos pais, considerando-se, então, quase adultos.

         As ansiedades próprias dos filhos relacionam-se ao fato de que eles, embora acreditem já estarem em condições de plena emancipação, veem seu presente e futuro como algo sombrio, ameaçador, o que lhes causa muito desconforto e os leva a buscar soluções junto aos seus “pares” e, nem sempre, juntos a seus “pais”.

2. Entender a “visão” de cada parte

2.1 Os pais

    Os pais veem os filhos como pessoas inocentes e expostas a um mundo ameaçador, perigoso, e assustador...

2.2 Os filhos

    Já os filhos veem os pais como gente maliciosa, que não é capaz de entender nem a cabeça nem o mundo dos filhos, que, para estes é excitante e animador...

3. Reconhecer outras diferenças

            A idade e a experiência dos pais devem ser vistas pelos filhos (mais jovens) como algo que merece ser valorizado e respeitado; algo que eles – os filhos – poderão, um dia, também reivindicar junto a seus próprios filhos.

            O conhecimento, adquirido pelos pais ao longo do tempo, por meio de muito esforço, dedicação e, às vezes, custos de tempo e dinheiro, é algo que, também, merece ser valorizado pelos filhos, que ainda não puderam adquirir esse patrimônio intelectual, moral, religioso e profissional.

            A animação e a energia dos filhos, que os leva a dedicar-se a esportes, estudos, amizades, viagens etc., e que os coloca, ao mesmo tempo, diante de perigos e riscos à sua saúde física, mental e espiritual.

            Os modelos comportamentais de pais e filhos, que são muito distintos e devem ser levados em conta nos desafios da boa convivência: temperamentos, talentos e limitações pessoais.

4.  O que há em comum entre os diferentes

            Certamente, o amor que une pais e filhos é algo que há em comum entre eles e deve ser usado a favor do bom relacionamento pais-filhos. O amor cristão, particularmente, é aquele que está associado às práticas da oração, do perdão, do acolhimento, da compreensão e da busca da santidade.

            Há também a dependência, ou melhor, a “interdependência” que envolve pais e filhos. Não somente os filhos dependem dos pais, mas estes, por outro lado, dependem dos filhos para sua realização, sua felicidade e para sua tranquilidade. Como diz um velho ditado popular: “Filho criado é trabalho dobrado” ...

5. Solução para o entendimento mútuo

            A compreensão é a primeira dimensão para o entendimento mútuo, pais-filhos. Compreender que ninguém é melhor do que o outro, mas que são todos muito diferentes, mesmo entre os filhos de um mesmo casal! Compreender que “cada um é um”, embora convivendo em uma mesma comunidade familiar de valores bem conhecidos. Compreender que cada um dos filhos absorverá esses valores conforme a sua própria cabeça e o seu próprio coração. Compreender que os pais têm uma responsabilidade grande diante dos filhos, da sociedade e de Deus.

            O respeito mútuo é o maior desafio entre pais e filhos. Para os pais, respeitar é aceitar que o outro seja, de fato, “um outro”, e não uma extensão de seu corpo ou de sua mente ou de seu espírito. Para os filhos, respeitar é aceitar o fato de que os pais não são seus “pares”, isto é, seus coleguinhas, mas têm grande responsabilidade sobre eles. Respeitar, enfim, é uma importante dimensão do “amor cristão”, que nos leva a valorizar o outro, que, como nós, é uma pessoa que merece toda a compreensão e todo o respeito de nossa parte.

6. Dicas práticas para exercer o respeito

            Consideração: praticar a consideração em relação ao outro (pais ou filhos ou irmãos), entendendo que a “consideração” é levar em conta a existência do outro em minha vida, em minha comunidade familiar. Dizer, então, para onde se vai, quando se pretende voltar, com quem se vai etc. é um importante exemplo da prática da consideração, que muito ajuda na convivência familiar.

            Diálogo: praticar o diálogo não deve ser confundido com dizer “todas as verdades” ao outro; mas colocar diante do outro sua vida, suas ansiedades, seus projetos: é falar com amor, com desejo de construir o outro.

            Amizades comuns: pais e filhos podem e devem ter amizades comuns! Os pais dos amigos dos filhos, por exemplo. Essas amizades ajudarão a estabelecer relacionamentos saudáveis envolvendo pais e filhos.

            Cooperação: pais e filhos devem dar-se as mãos nas tarefas da casa, nos desafios familiares. Praticar a cooperação nas dimensões das compras, da limpeza e da ordem da casa, nos estudos etc.

            Oração em comum: finalmente, mas não menos importante, vem a oração em comum, envolvendo todos os membros da família. Os pais não deveriam obrigar – com força bruta! –, por exemplo, que os filhos os acompanhem à Missa ou a um culto religioso; mas deveriam, sim, convidar sempre, e até com insistência, seus filhos a os acompanharem. E os filhos, por seu lado, não deveriam deixar de acompanhar os pais – mesmo que nem sempre o façam – a essas funções religiosas, que eles tanto valorizam. E, de preferência, que os pais – o marido e a mulher – estejam de acordo com essa prática de participação em assembleias religiosas, para que possam ter mais força diante dos filhos.

Conclusão

Pais e filhos, embora bem diferentes entre si, têm a base do amor e da interdependência para alcançarem o bom relacionamento familiar, que pode ser incrementado se os dois lados procurarem, sinceramente, a convivência baseada na compreensão e no respeito, e suportados pela fé, pela oração e pela prática religiosa.

Uilso Aragono. (fev. de 2024)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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