O texto abaixo trata de alguns temas complexos que podem interessar aos cristão católicos. Sem grande profundidade, são dadas algumas ideias básicas sobre cada tema tratado.
1.
CASTIDADE, CELIBATO E HOMOSSEXUALIDADE
É
um termo que significa “pureza”. Não é igual a virgindade. Virgindade significa
o estado físico de um corpo que nunca teve relação sexual (completa). Já
Castidade pode incluir a virgindade ou não. Os padres, por exemplo, e os
não-casados devem manter a virgindade pois esta é um sinal de castidade (de
pureza). Mas os casados, devem ser castos, embora não sendo mais virgens. A
castidade dos casados está relacionada à fidelidade ao esposo, à esposa.
Todos
os cristãos devem cultivar tal virtude. Devemos ser puros nas intenções, nos
pensamentos e nas ações. Só com a Graça de Deus se consegue essa virtude.
Significa
um estado social de não-casamento. Os padres, na nossa Igreja Ocidental, devem
ser celibatários. Isto significa: comprometem-se a viver o sacerdócio abrindo
mão da possibilidade de casar-se. O celibato supõe a virgindade, uma vez que o
sacerdote, especialmente, é chamado à castidade e à santidade. Não casando-se,
ele deve manter-se virgem e casto. O Celibato não tem fundo teológico, mas
pastoral: a Igreja, seguindo o exemplo de Cristo, e ouvindo suas palavras, “Há
muitos que se fazem 'eunucos' por amor ao Reino de Deus”, propõe aos seus
padres, na Igreja Ocidental, a vida “indivisa”, totalmente dedicada à família
dos filhos de Deus. O padre abre mão de ter esposa e filhos e torna-se “esposo”
da Igreja e “pai” da multidão de seus fiéis, de seus paroquianos.
Do
ponto de vista da Igreja Católica, a homossexualidade é um desvio de
comportamento que indica algum nível de desajuste nos processos educacional e
de desenvolvimento da personalidade do indivíduo. “Os atos homossexuais são intrinsecamente
desordenados” e “são contrários à lei natural”, assim registra o Catecismo da
Igreja Católica.[1] 2357 A pessoa homossexual fica como que “desorientada”
em termos de sua sexualidade. Deve ser ajudada, desde os primeiros sintomas do
desvio, a superar tal situação, que não é considerada “natural” para o ser
humano.
O
“casamento” de pessoas homossexuais não é aceito pela Igreja, pois,
diferentemente do casamento comumente entendido (heterossexual), não é
frutífero e não pode ser proposto como um modelo para a sociedade (como é o
casamento homem-mulher). No casamento normalmente aceito e vivido pela Sociedade,
os pais podem gerar filhos, educá-los, amá-los e garantir um ambiente
sexualmente equilibrado, com a presença do pai e da mãe, para o necessário
desenvolvimento da personalidade e da sexualidade dos filhos. Já o dito
“casamento homossexual” é, em si mesmo, infrutífero, já que não permite a
geração de filhos. Ora, tal modelo não é natural pois, se fosse aceito pela
humanidade, levaria ao fim da sociedade humana, justamente pela não-procriação
inerentemente associada a ele. “Os atos de homossexualidade fecham o ato sexual
ao dom da vida” e “não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual
verdadeira” [1] 2357
O
aborto é um verdadeiro crime! Pois embora a vítima possa estar escondida na
barriga de sua mãe, e ter um tamanho de alguns milímetros ou centímetros, é um
verdadeiro ser humano em potencial: se deixassem o embrião continuar a sua
evolução (que só depende dele e da sua carga genética), ao final de apenas
cinco (5) meses ele já estaria totalmente formado! Os 4 últimos meses são
apenas necessários para o estágio final de amadurecimento da criança. A Igreja,
e muitos cientistas, não têm dúvida: o momento da concepção (união do óvulo e
do espermatozoide) marca o início da vida humana e o momento em que Deus cria a
alma do novo ser humano, conforme acredita o cristão. Alguns cientistas, como o
Dr. Dráuzio Varella no programa Fantástico, da TV Globo), afirmam: “após
quarenta (40) dias, a vida humana começa e existir...”, querendo fazer
acreditar, de forma totalmente arbitrária e não-científica, que a vida só
começa algum tempo depois da concepção... Alguns “cientistas” afirmam que é no
décimo quarto (14º) dia, outros, que é com trinta (30) dias, e seguem outras
afirmativas totalmente equivocadas, pois não há razão nenhuma para Deus criar a
alma da pessoa na dependência de estar o cérebro ou o coração já formados ou
com certo padrão de funcionamento... A verdade é uma só: abortar é assassinar
um ser humano totalmente indefeso e anular a possibilidade de desabrochamento
de toda uma vida humana única, original, irrepetível, inigualável: uma
obra-prima de Deus! ([1], 2270-2274; [2], p.383-386)
São células obtidas de um embrião, mas que podem, também, ser obtidas de outras partes do corpo humano, como do cordão umbilical. As diferenças existem, mas, potencialmente podem produzir os mesmos efeitos em termos de pesquisa científica. Por que usar o embrião, que é um ser humano em potencial? Embriões nunca deveriam ser produzidos, como têm sido, para obter gestações em mulheres com problemas de fertilidade! Com a vida humana não se deveria brincar! Produzir dois, três embriões para implantar apenas um é um comportamento não-ético, pois ignora que a vida humana, a alma humana, já esteja presente no embrião. A Lei que permite a utilização de embriões para fins científicos, embora com fins nobres, não é legítima, pois destrói a vida de um ser humano, mesmo que em potencial. O argumento de que os embriões estão congelados, e nunca serão implantados e, portanto, não poderão desenvolver-se como um ser humano completo, não se justifica, pois, ainda que minúsculos, são criaturas de Deus, têm uma alma, e se estão na situação de embriões congelados, já é uma situação que pecou contra a ética, contra a dignidade do ser humano, contra a vida sagrada, e que é dom de Deus! ([1], 2275-2295; [2], p.383-386)
3. DROGAS, VÍCIOS, TATUAGEM, CULTO AO CORPO
As
drogas são tudo aquilo que pode causar dependência com o seu uso regular. O
álcool e o fumo, e alguns remédios, embora legais, de uso autorizado, não
deixam de ser drogas. Mas o termo é especialmente utilizado para indicar
substâncias como a maconha, a cocaína, o craque, o ecstasy, dentre outras. Tais
drogas são consideradas ilegais e têm efeitos comprovadamente viciantes e
altamente destrutivos para o corpo humano. E, por isto mesmo, são utilizadas de
forma criminosa para obtenção de lucros ilícitos. Os jovens, especialmente, são
vítimas das drogas, também, como fruto da desestruturação familiar do mundo de
hoje. Com a educação familiar em crise e com menor influência na educação dos
filhos, os pais acabam falhando na formação da personalidade dos filhos, que
ficam mais expostos às influências, nem sempre saudáveis, do mundo: na rua, na escola,
na televisão, no cinema, na Internet... Para proteger os filhos contra a
atração das drogas, a Sociedade deveria investir maciçamente na educação básica
de qualidade para todos, inclusive na dimensão religiosa, e no apoio à família
estruturada. Pois a melhor proteção contra os descaminhos da vida sob a
influência das drogas é o caminho do afeto familiar, da religião bem vivida,
dos amigos bem cultivados e de uma educação universalmente eficaz! ([1],
2291)
O
contrário da virtude é o vício. Desenvolver virtudes, isto é, boas qualidades
da personalidade, é um desafio que deve fazer parte da vida de toda pessoa
humana. Pois são as virtudes, e não os vícios, que contribuem efetivamente para
o bem comum. Vícios são desvios da personalidade, que, por não ter tido
condições adequadas para o seu bom desenvolvimento – falhas educacionais –,
enveredou por hábitos e costumes que não ajudam a colocar a pessoa no caminho
da felicidade. Tais vícios são caracterizados, em geral, por um desequilíbrio
no investimento do tempo e dos recursos da pessoa. Ela dedica, por exemplo,
muito tempo à navegação na Internet (MSN, Orkut, jogos on-line, etc), ou a
falar ao telefone com os amigos, ou aos bares da vida, ou à televisão, ou à
assistência de filmes, ou à escuta de som... Tais hábitos acabam tornando-se
vícios comportamentais e criam muitos problemas para a pessoa, que perde o controle da sua própria vida, tem
o seu poder de decisão afetado, ficando dependente dos vícios que foram
cultivados por ela a partir do momento em que passou a dedicar tempo excessivo
a tais ocupações. Este desequilíbrio pode vir a comprometer totalmente a vida
futura, em todos os seus aspectos. ([1], 2290: temperança.)
A
marcação do corpo por meio de figuras pintadas e de forma definitiva é muito
parecida com a mutilação do corpo. Pois nesta, que pode acontecer por acidente
ou por questões culturais, arranca-se parte de ou altera-se profundamente o
corpo humano. Ora, tal corpo é um dom da Natureza, ou, para nós, cristãos, um
dom maravilhoso dado por Deus para nosso benefício e da Sociedade. Do ponto de
vista ético, não temos o direito de alterar essa “máquina”, tão bem feita e tão
bem adaptada ao meio em que vivemos, por mera questão de capricho ou vaidade. A
tatuagem marca definitivamente o corpo com símbolos que têm significados! Quais
são estes? Significam uma filosofia de vida? Um compromisso? Se for para Deus,
ainda se poderia aceitar. Mas para quem? Ou para quê?... A tatuagem, se não for
muito bem pensada, ponderada, levando-se em conta que é para toda a vida, pode
acarretar muito sofrimento moral depois que a pessoa se arrepende de tal
decisão, tomada, às vezes, sem muita reflexão ou sem muita maturidade.
É
a exagerada valorização do aspecto físico, do corpo humano, que leva a pessoa a
dedicar tempo e recursos ao seu embelezamento, seja por ginástica, seja por
operação plástica. Traduz um desequilíbrio de personalidade que se baseia numa
vaidade desregrada, como se a beleza exterior fosse decisiva para a felicidade
do ser humano. Ora, conforme um velho ditado popular, “beleza não põe mesa”,
isto é: a beleza não é fundamental nem mesmo para um bom casamento, quanto mais
para garantir a felicidade. Há beleza muito mais fundamental que deve ser
cultivada: a beleza de um interior formado por valores tais como a simpatia, a
fé, o amor a Deus e aos irmãos e a busca sincera da Verdade! É claro que o
cuidado normal do corpo, a preocupação com sua saúde é um direito e um dever de
todo ser humano, na medida em que o corpo é presente de Deus e deve, como forma
de gratidão, ser cuidado e até amado, mas sem exagero, sem endeusamento, sem
uma vaidade desequilibrada. O amor, o respeito e o cuidado do próprio corpo
constituem um exercício saudável para que o ser humano se torne igualmente um
cuidador, um zelador do corpo do seu próximo ([1], 2289)
São
“grupos religiosos” iniciados por pessoas ou grupos não ligados a qualquer
denominação protestante (ou evangélica) e caracterizados por absoluto
autoritarismo do líder e por total submissão do membro da seita. A Maranata é
um exemplo de seita: fundada por uma pessoa que se diz iluminada, moradora de
uma cidade do Brasil. Essas seitas distinguem-se das igrejas evangélicas
tradicionais pelo fato de serem derivadas, oriundas, de outras igrejas
protestantes anteriores, a partir de descontentamentos de uma parte de seus
membros. Mas esse processo de surgimento de novas igreja evangélicas ocorreu
desde o início da chamada Reforma Protestante, ocorrida em 1517, quando
Martinho Lutero iniciou um cisma (ruptura) na Igreja Católica, fundando a
igreja Luterana. Desta, por desdobramentos, vieram as igrejas Calvinista
(presbiterianos), Anglicana, Zwingliana, Batista, Metodista, etc. (não,
necessariamente, nessa ordem). A seita do Reverendo Moon é outro exemplo, mas
de seita não-cristã, antiga e ainda atuante no mundo, tendo provocado o
sofrimento de muitas famílias pela atração e lavagem cerebral realizadas sobre
indivíduos dessas famílias que acabam abandonando-as.
Movimento
iniciado nos Estados Unidos, a partir de fenômenos atribuídos a “espíritos” de
pessoas mortas – hoje já declarados como de origem fraudulenta, pelas próprias
irmãs que os divulgaram! Trata-se da crença na manifestação dos espíritos de
pessoas mortas e na reencarnação de tais espíritos ditos “desencarnados” (isto
é, mortos). O espiritismo foi “codificado”, isto é, descrito como um corpo
teórico de doutrinas por Alan Kardec, um francês que se interessou pelos
fenômenos (fraudulentos) divulgados a partir dos Estados Unidos. É uma doutrina
confusa, pois apregoa a contínua reencarnação dos espíritos (ou das almas) sob
o argumento básico de que não haveria justiça divina diante do nascimento de
pessoas com deficiências físicas ou mentais, ou submetidas a grandes
sofrimentos morais, a não ser que estejam pagando por “pecados” cometidos em
vidas anteriores. Este argumento é totalmente falho por alguns motivos: 1) Há
animais que também nascem com deficiências – estarão eles pagando por “pecados”
cometidos em vidas anteriores?... 2) Não haveria justiça, na verdade,
justamente no fato de uma pessoa estar pagando pecados de uma vida anterior da
qual não tem qualquer lembrança! Ora, quem aceita ser castigado por um erro que
não cometeu, sem se sentir tremendamente injustiçado?... 3) Teriam sido os
primeiros seres humanos perfeitos e com uma vida sem sofrimentos morais? Pois
eles não teriam tido “vidas anteriores” e, portanto, não poderiam estar pagando
qualquer pecado... E assim, todas as demais almas criadas por Deus seriam seres
humanos perfeitos e sem sofrimentos, e não teriam de pagar nada. Seguindo este
raciocínio, nunca haveria qualquer necessidade de “reencarnação”... Mas
qualquer um sabe que o ser humano é, por sua natureza, imperfeito e sujeito a
todo o tipo de sofrimento. 4) Finalmente, a crença na reencarnação anula, por
completo, os méritos do Sacrifício de Cristo, que morreu na Cruz para a
remissão de nossos pecados... Se as pessoas, por meio de reencarnações
sucessivas, podem alcançar a santidade, não há nenhuma necessidade da Salvação
de Cristo.
Acreditar
em horóscopo é aceitar o fato de que os objetos materiais (planetas e outros
astros) têm influência marcante sobre a vida e o futuro das pessoas. Ora, tal
crença é antiquíssima e baseia-se em interpretação totalmente não-científica de
fenômenos naturais ocorridos na Terra e suas relações com as órbitas e posições
de planetas e estrelas. A Astronomia, verdadeira ciência, já constatou que,
devido a um fenômeno hoje comprovado, denominado de precessão dos equinócios
(lenta oscilação do eixo da terra), a posição das constelações que deram nome
ao Zodíaco (12 famosas constelações) é hoje muito diferente daquela em que
estavam há cerca de 3000 anos. Isto significa que a pessoa que hoje acredita
ter nascido sob um determinado signo, nasceu, na verdade, sob outro... Que consequências
teriam tal fato sobre as previsões astrológicas?... Elas seriam totalmente
erradas!...
Referências:
[1] Catecismo da Igreja Católica.
Edição típica vaticana, São Paulo, Loyola, 2000.
[2] MOSER, Antônio. Biotecnologia
e Bioética: para onde vamos? Petrópolis, Vozes, 2004.
UILSO ARAGONO (Março de 2024)
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