Diante do problema de
desligamento contínuo do Interruptor DR de uma instalação elétrica residencial,
o que fazer? Como identificar a causa desse problema, que impede que a
residência fique energizada? O método abaixo é eficaz para tal identificação.
1. O QUE É UM INTERRUPTOR DR
Um
interruptor DR (existe também a versão Disjuntor DR) é um dispositivo de
proteção contra excesso de correntes de fuga, visando à segurança da instalação
elétrica e, ao mesmo tempo, à proteção contra choque elétrico em seres humanos
e animais. Pode ser do tipo monopolar (fase-neutro) ou tetra-polar
(fase-fase-fase-neutro), servindo esse último para circuitos alimentados por
duas ou três fases na entrada da instalação.
Seu
funcionamento se baseia na identificação de correntes de fuga, isto é,
correntes muito baixas (alguns miliamperes = milésimos de ampere) que escapam dos
fios energizados, por falhas na sua isolação, e dos pontos de conexão (emendas)
circulando, portanto, de fios energizados (fios fase) para a terra (sistema
aterrado, com presença do fio “verde” de aterramento).
Como
exemplo, seja um circuito fase-neutro (dois fios) que alimenta um certo
aparelho elétrico. A corrente, uma vez o aparelho ligado e em situação normal,
circulará da fase para o neutro atravessando a circuitaria interna do aparelho.
O DR monitora tal corrente e verifica se a corrente de retorno (pelo neutro,
isolado do fio de aterramento) é igual àquela que passou pela fase em direção
ao aparelho. Normalmente, haverá uma diferença mínima (de alguns miliamperes ou
menos) entre a corrente de ida (pela fase) e a corrente de retorno (pelo
neutro), que estará circulando, essencialmente, da circuitaria para o
aterramento, caracterizando uma corrente de fuga de valor normal e aceitável.
Se, no entanto, essa corrente de fuga, por motivos ligados, por exemplo, a
algum defeito na isolação do aparelho (talvez associado ao fato de ser um
aparelho antigo), poderá ser de valor elevado o suficiente para provocar a
atuação (desligamento) do interruptor DR (este suporta, como valores
aceitáveis, até cerca de 15 miliamperes de corrente de fuga).
Importantíssimo
lembrar aqui que na situação de um possível contato da mão de uma pessoa com o
fio fase (energizado) da instalação, circulará uma corrente de choque elétrico
(considerada de fuga) para a terra, que, normalmente será maior do que o limite
aceitável pelo DR, provocando o seu desligamento e preservando a vida da
pessoa. Portanto, o DR é, nos sistemas elétricos aterrados, o melhor meio de
proteção contra choques elétricos e preservação da vida humana ou animal.
2. DR COLOCADO NA ENTRADA DO
QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO
A
análise em foco referir-se-á a uma instalação elétrica residencial em que o
interruptor (ou o disjuntor) esteja colocado na entrada do Quadro de
Distribuição (interruptor geral), protegendo todos os circuitos da residência.
Na hipótese de
que o DR desligue a instalação e, ao ser ligado novamente, continue a desligar imediatamente,
impedindo que a instalação seja energizada, há que se seguir os procedimentos do
método a seguir descrito. Constata-se, inicialmente, que há excesso de corrente
de fuga na instalação, devendo o método levar a identificar a causa do problema
(corrente de fuga muito elevada, causando a atuação do DR).
3. MÉTODO PARA IDENTIFICAÇÃO DA
ORIGEM DA CORRENTE DE FUGA
3.1.
Desligar todas as cargas (aparelhos) das tomadas
Inicialmente,
devem ser desligadas (desconectadas da tomada) todas as cargas da instalação,
isto é, todos os aparelhos que possam ser desligados: aparelhos condicionadores
de ar do tipo janela, computadores, TVs etc. No entanto, o chuveiro, que é ligado
diretamente à sua caixa de ligação, deveria ser desligado como primeiro (desconectá-lo
da caixa de ligação) e testado para ver se o problema estará resolvido, visto
que os chuveiros são, em geral, fontes de correntes de fuga significativas. Continuando
o DR a desligar o circuito apesar de esse estar sem o chuveiro (inicialmente) e,
em seguida, “em vazio”, isto é, sem qualquer carga em suas tomadas, deve-se passar
ao procedimento seguinte.
3.2.
Desligar todos os disjuntores dos circuitos da instalação
Neste
segundo procedimento, todos os disjuntores devem ser desligados (tecla de
ligação para baixo). Ao se realizar o teste de tentar religar o interruptor geral
(DR), e esse continuar caindo, não permitindo a religação da instalação, então,
provavelmente, o próprio DR estará com defeito, devendo ser trocado.
No
entanto, se o DR aceitar a religação da instalação, deve-se passar ao procedimento
seguinte, pois o dispositivo DR não estará com defeito, devendo seguir-se com os
testes.
3.3.
Religar, um por um, os disjuntores da instalação
Agora,
com o DR ligado, cada disjuntor da instalação deverá ser ligado, um por vez.
Deve-se dar um tempo de cerca de 20 segundos para que todas as correntes de
fuga relativas ao carregamento de capacitâncias parasitas da fiação sejam
estabilizadas (atinjam o seu máximo). Se o primeiro disjuntor passou no teste,
não provocando o desligamento do DR, passa-se, então, ao disjuntor seguinte. No
entanto, se o DR, durante esse tempo de 20 segundos, cair, esse circuito, provavelmente
estará sendo o causador da corrente de fuga elevada e causando o desligamento
do DR. Tal circuito deverá ser objeto, então, de verificação para a identificação
de possível descascamento de fiação, conexão mal isolada ou qualquer outra imperfeição
que o eletricista possa identificar, o que será a provável fonte de elevada
corrente de fuga da instalação. É aqui que se verifica a função do DR como “vigilante”
da boa qualidade da instalação: se houver tais imperfeições, o DR desligará a
instalação para protegê-la, visto que, tais correntes de fuga, permanecendo na instalação
por muito tempo, podem levar a uma grande deterioração da fiação e provocar
algum tipo de aquecimento indevido e, até mesmo, um princípio de incêndio.
Após
ter sido ligado o primeiro disjuntor, e tendo passado no teste, desliga-se esse
e liga-se o próximo, repetindo-se o teste nesse último.
3.4.
Religar, um por um, os aparelhos da instalação
Se
todos os circuitos da instalação passaram no teste, não provocando o desligamento
do DR, devem ser testados, agora, cada aparelho da instalação: cada um por sua
vez, deve ser religado à tomada. Deixando-se passar, pelo menos, os 20 segundos
do carregamento das capacitâncias parasitas do aparelho, e o DR não desligando,
esse aparelho terá passado no teste. Todos os aparelhos, em sequência, um por
um, devem ser adicionados ao teste, não havendo necessidade de desconectar o último
aparelho testado, pois a corrente de fuga a ser acumulada não deverá fazer o DR
atuar, a não ser que o aparelho sob teste, recém ligado, tenha, de fato, uma
elevada corrente de fuga.
Normalmente,
pelo menos um desses aparelhos (talvez o mais antigo) não seja aprovado no
teste, provocando o desligamento do DR, o que o elegerá a ser o causador da
elevada corrente de fuga e do desligamento contínuo do DR. Desconectando-o da
tomada, o DR deverá manter-se ligado, permitindo a continuidade do teste até o
último aparelho a ser conectado.
Tendo-se
concluído o teste, aqueles aparelhos que provocaram o desligamento do DR devem
ser trocados por um novo ou levados à manutenção elétrica.
CONCLUSÃO
Como visto
acima, o método é uma aplicação lógica e simples de um sequenciamento de
ligação-desligamento de circuitos e aparelhos da instalação, com vistas a
identificar a principal origem (ou principais) da corrente de fuga que está
fazendo atuar o dispositivo DR. Inevitavelmente, se o DR em si não estiver com
defeito, aparecerá claramente o circuito ou o aparelho causador de tal problema,
pois nesse momento – da ligação (conexão) do circuito ou do aparelho – o DR
desligará a instalação. A eliminação momentânea do circuito causador da
corrente de fuga, ou do aparelho, permitirá que o DR não se desligue, sustentando
a instalação.
Uilso Aragono. (jan. de 2024)
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