terça-feira, 31 de dezembro de 2024

JESUS NÃO TEVE IRMÃOS DE SANGUE

 Este blogue faz uma reflexão complementar ao texto já apresentado anteriormente (ver....Jesus não teve irmãos) sobre a questão de Jesus ter tido ou não irmãos de sangue. Ou seja: Terão, Maria e José, tido outros filhos, além do Filho de Deus, Jesus, anunciado pelo anjo Gabriel aos dois? Além dos argumentos já apresentados, outros serão considerados abaixo, particularmente explorando o significado do termo “até que” no Evangelho .... e a interpretação mística que a Igreja Católica dá para interpretar Maria como “sempre Virgem”, antes, durante e depois do parto.

(O primeiro artigo: "Jesus não teve irmãos" é acessado pelo link: Jesus não teve irmãos)


A expressão “até que”

No Evangelho de Mateus encontra-se: “E tendo acordado, José fez como lhe propusera o anjo do Senhor e aceitou sua mulher. E não a conheceu até que deu à luz um filho, e nele pôs o nome de Jesus” (Mt 1, 25). Essa expressão “até que” não é uma expressão que indique mudança de situação. Neste caso, sendo interpretada como se José, depois de Maria ter dado à luz, a tivesse conhecido, isto é: teria tido relações sexuais com ela e teriam tido outros filhos. Tanto hoje quanto no tempo de Jesus, essa expressão “até que” é usada no sentido de que uma situação perdurou até aquele momento, mas nada afirma sobre mudança posterior.

Um padre, no seu jubileu sacerdotal de 46 anos usou, recentemente, a expressão: “Sou agradecido a Deus que até hoje me ajudou a ser fiel ao meu sacerdócio”. Será que o padre quis dizer que depois desse “hoje” Deus deixaria de ajudá-lo a continuar a ser seu fiel sacerdote? É claro que não... É apenas uma forma de expressão, uma forma de linguagem.

E no tempo de Jesus, também era assim. E a Bíblia está cheia de expressões idênticas ou semelhantes, como pode ser pesquisada nos textos: Dt 34,6; Sl 110,1; St 72,7; Mt 24,29; 2Sm 6,23; Mt 11,3; Mt 8,22; 1Tm 4,13, além de muitos outros exemplos, que mostram uma situação que continua, mesmo depois do momento indicado pela expressão “até que”, ou similar. Nessa última citação (1Tm 4,13), o Apóstolo pede a Timóteo para se devotar a leituras, exortações e ensinamentos “até que” ele chegue.  Será que deve ser interpretado que Timóteo deva mudar de conduta depois que Paulo chegar? É claro que não! Ele continuará a se devotar àquelas coisas, mesmo depois da chegada do Apóstolo!

Portanto, seja no tempo de hoje, como no tempo de Jesus, a expressão “até que” não deve ser interpretada como uma mudança de situação a partir do momento indicado! José, como tudo leva a crer, nesses dois mil anos de vivência e de ensinamentos da fé cristã católica, e de vivências místicas de muitos santos, continuou a “não conhecer” (ou não ter relações sexuais) com Maria, mesmo depois do nascimento de Jesus. O versículo objetivava apenas ressaltar que durante todo o tempo de espera do parto, José não conheceu Maria. E tudo indica que tal situação permaneceu depois do parto, embora o versículo não tenha tido essa intenção, que, no entanto, por meio da boa e adequada interpretação, nos leva a assim entender.

Razões místicas

O misticismo cristão (refere-se à busca e à experiência direta da união com Deus) e a mística cristã (o estudo e a prática das tradições místicas dentro da fé cristã) particularmente na Igreja Católica, é uma experiência religiosa muito importante, pois, por bondade divina, complementa e esclarece nossa fé por meio dos muitos testemunhos dos inúmeros místicos da vida cristã ao longo dos séculos. Esses testemunhos foram, e ainda são, dados através de visões, revelações ou êxtases espirituais que ultrapassam o entendimento racional.

A Bíblia está cheia dessas experiências místicas, incluindo as de Maria e José, que foram visitados por anjos (que falam em nome de Deus ou o representam, sendo seus mensageiros). As experiências místicas na Bíblia e na vida cristã são muito fortes, marcando fortemente a vida do místico, a ponto de provocar nele uma verdadeira conversão de vida. A conversão de São Paulo, que, como se diz, “caiu do cavalo” ao ver e ouvir o Senhor Jesus, mudou-lhe a vida completamente, passando e perseguidor da Igreja de Cristo a evangelizador cristão. Muitas outras experiências místicas na Bíblia poderiam ser citadas, e todas com a mesma forte conversão do místico:

- Jonas, que teve de pregar a conversão da cidade de Nínive, após ser “obrigado” por ordem divina;

- Isaías, que se tornou profeta depois de ter tido uma visão impressionante de Deus no templo, onde viu serafins e ouviu a voz de Deus (Is 6, 1-8);

- Abraão, que teve a coragem de oferecer o próprio filho único, em holocausto, após ter recebido uma ordem direta de Deus (Gn 22, 1-13);

- Jeremias, que foi chamado por Deus ainda jovem e teve várias visões e experiências que moldaram seu ministério profético (Jr 1,4-10);

- Jacó, que depois de ter lutado contra o anjo de Deus, assumiu um novo nome – Israel – por ordem do próprio anjo (Gn 32, 25-30);

- Moisés, que, segundo uma intrigante tradição rabínica, após seu primeiro contato direto com Deus deixou de se relacionar sexualmente com sua esposa (MEIER, J. P. A Marginal Jew, Doubleday, 1991).

Todas essas experiências místicas levaram esses profetas a uma profunda mudança de vida e a um compromisso com a missão que Deus lhes confiava.

Maria e José e suas experiências místicas

Também Maria e José tiveram fortes experiências místicas por meio do anjo Gabriel. Maria foi a escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador, Jesus, e de uma forma totalmente sobrenatural. Ela teve uma experiência fortíssima da ação e da presença de Deus sobre ela. Pois não tendo qualquer contato sexual com “homem algum” viu crescer em seu ventre o Filho de Deus. Essa experiência, certamente, marcou tanto Maria, Nossa Senhora, que ela não teve outro caminho a seguir senão continuar virgem e com seu ventre consagrado ao Senhor, mesmo sendo esposa de um varão. José, por sua vez, depois de sua experiência mística, por meio das palavras do anjo, em sonho, não teve dúvidas em aceitar Maria como sua esposa e de respeitar, igualmente, aquele ventre sagrado que fora visitado pelo Espírito Santo de Deus para a encarnação do Deus Filho! Pode-se perguntar: que homem “justo”, que hoje chamaríamos de “santo”, não se decidiria por não “conhecer” sua esposa ao reconhecer nela a esposa do Espírito Santo, a Mãe do Deus Salvador (Jesus = Deus salva)?

Conclusão

Conclui-se, portanto, que a posição da Igreja Católica diante da expressão “irmãos de Jesus”, iluminada por tantos argumentos linguísticos, sociológicos e místicos, é de acolher a verdade de que Maria e José, tiveram um único Filho, Jesus, e que os demais “irmãos” e “irmãs” citados nos Evangelhos são, na verdade parentes (como primos). E que Maria e José, verdadeiros esposos, optaram, diante de tão forte e transformadora experiência mística e real por manterem-se castos e poder cuidar com toda a dedicação daquele que lhes foi confiado de forma tão amorosa pelo próprio Deus!

Uilso Aragono (dezembro de 2024).

sábado, 30 de novembro de 2024

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ (BATISMO, EUCARISTIA E CONFIRMAÇÃO/CRISMA) - 2a Parte

 Dando continuidade ao texto do blogue anterior, apresento, abaixo, uma explanação sobre a Crisma (ou Confirmação) e a Eucaristia, dentro dos sacramentos da iniciação cristã.

Crisma/Confirmação: 

O Sacramento que torna um cristão adulto na fé; que o torna um soldado de Cristo; que consuma o Batismo (como se o Batismo ainda pedisse um complemento); é a plenitude do dom do Espírito Santo. (No Batismo recebe-se uma pequena amostra desse dom.) Como o herói He Man, agora, podemos dizer: “Eu tenho a força!”. 

Essa presença mais plena do Espírito Santo nos capacita a melhor exercermos a nossa fé cristã: nos dá os dons e os frutos do Espírito Santo! Os dons: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus; os frutos: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (ou autocontrole) [Gl 5, 22-23]. Quem não quer ter esses dons, sentir esses frutos na vida? 

A fé nos leva a acreditar que esses dons acrescentam algo benéfico à nossa vida, ao nosso espírito. Certamente, todos os cristãos devemos buscar este Sacramento. Não precisa levantar a mão, mas pergunto: quem já foi crismado aqui? Ou, quem ainda não foi crismado? Se a resposta é não, a Igreja recomenda fortemente que você busque esse Sacramento: ele muito nos ajuda na busca do bem viver, do bem relacionar-se, enfim, na busca da santidade! E sabemos que o grande objetivo da vida do cristão é, justamente, ser santo! É responder à convocação de Jesus: sede santo como vosso Pai no Céu é Santo! 

Só se recebe o Sacramento da Crisma uma única vez! É marca indelével. É para toda a vida. O ministro (normalmente, o Bispo) unge a testa do candidato e diz as palavras: “Recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo!”. 

Eucaristia: 

É o maior Sacramento nos deixado por Jesus: é a fonte, o coração e, ao mesmo tempo, o ápice, o cume da vida cristã, da vida da Igreja. É a presença real, viva e verdadeira de Cristo nas espécies de pão e vinho consagrados! Na Eucaristia, ou na Comunhão, nós católicos acreditamos piamente que esteja presente o Cristo completo: 100% homem e 100% Deus, e que se dá a nós para a nossa salvação e nossa santificação. 

Jesus disse: “Eu sou o pão vivo, descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. (...) Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna. (...) permanece em mim e eu nele” [Jo 6, 51.54.56]. Essas palavras, no evangelho de S. João, foram causa de escândalo para muitos dos discípulos de Jesus. De fato, a Cruz e a Eucaristia foram, ambas, pedras de tropeço, causas de escândalo para os judeus. 

A Eucaristia é a atualização, a presentificação do único sacrifício de Cristo. É na Missa, no Sacrifício Eucarístico que ocorre a transformação do pão no Corpo de Cristo e do vinho no Sangue de Cristo (tecnicamente: ocorre a “transubstanciação”. A Missa perpetua o sacrifício da Cruz, o sacrifício da nossa salvação. 

Tem vários nomes: Ação de Graças, Ceia do Senhor, Fração do Pão, Assembleia eucarística, Memorial da Paixão, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Comunhão e Santa Missa. Aliás, de onde vem o nome Missa? Das palavras do sacerdote ao final da celebração: “Ite missa est”, o que quer dizer: Vão, renovados, para a missão! 

Em dois momentos, na Bíblia, Cristo como que celebra a Missa: na última Ceia e no episódio dos discípulos de Emaús. A missa tem duas partes fundamentais: a liturgia da Palavra e a liturgia Eucarística. Em Emaús: Jesus explica as escrituras e, depois, parte o Pão... 

É o próprio Cristo, o sumo sacerdote, quem preside a Celebração Eucarística e, na pessoa do sacerdote, oferece o sacrifício eucarístico.  

A transubstanciação ocorre quando o sacerdote/padre/presbítero (em nome do Bispo) pronuncia solenemente as palavras da última Ceia. Antes, quando ele pede para santificar as espécies de pão e de vinho, é para que esses dons do trabalho humano e da Criação divina sejam verdadeiramente santificados para, depois, tornarem-se o Corpo e o Sangue de Cristo. 

Comunhão supõe estado de graça. Portanto, sem pecado grave. Os pecados leves (veniais) são perdoados pela própria Eucaristia. Mas precisamos estar conscientes disso: se tivermos cometido pecados leves, devemos desejar essa purificação. Além disso, a Comunhão nos preserva dos pecados graves! A Igreja recomenda uma frequência à Eucaristia a maior possível. Para quem puder, recomenda até a comunhão diária (missa diária). É claro que isso supõe buscar o sacramento da reconciliação com alguma frequência, também. 

Aliás, disposição interior do cristão é fundamental para a recepção de todo e qualquer sacramento. Estar em estado de graça significa estar previamente em comunhão com Deus e com os irmãos, portanto, sem pecados graves. 

A visita ao Santíssimo Sacramento presente no tabernáculo, ou no Sacrário (onde estão as reservas eucarísticas), ou exposto no Ostensório é nosso dever de adoração para com Cristo. É prova de gratidão, de amor, de fé, e de reconhecimento de que Cristo é, de fato, nosso Deus maravilhoso! 

Conclusão: 

Meus queridos irmãos em Cristo, com esta reflexão, buscamos explicitar alguns dos muitos aspectos importantíssimos ligados a esses três Sacramentos da Iniciação Cristã. Que possamos refletir sobre eles, ler sobre eles, aprofundar a cada dia o significado de todos os sacramentos, e, sobretudo, vivenciá-los, darmos testemunhos dos seus efeitos em nossa vida, para que possamos crescer na fé e ajudar os nossos entes queridos e a Igreja a crescer a cada dia na santidade tanto desejada por Nosso Senhor Jesus Cristo! 

 

 

Conteúdo da palestra para o ECC, 2ª Etapa: prof. Wilson Aragão Filho. Aposentador, Chanceler da Cúria Metropolitana de Vitória; uilso.arag@gmail.com.


Uilso Aragono (Nov. de 2024).

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ (BATISMO, EUCARISTIA E CONFIRMAÇÃO/CRISMA)

 Neste texto, faço uma reflexão sobre os chamados sacramentos da iniciação cristã: o Batismo, a Confirmação (ou Crisma) e a Eucaristia. Apresento, inicialmente, alguns conceitos teológico-doutrinais do Catolicismo que contribuirão para melhor compreensão da reflexão sobre o tema.

Sacramentos: realizam o que significam; o símbolo da água que lava, purifica dos pecados, verdadeiramente realizam esse significado! O óleo no peito da criança (ou na testa do adulto, na crisma) simboliza a unção, a eleição do Senhor pela pessoa que, como Cristo, é ungida, e realiza efetivamente essa unção, essa missão; as palavras do sacerdote: “Eu te absolvo desses teus pecados confessados” simbolizam e significam o perdão de Deus e efetivamente o realiza; as palavras dos noivos, diante da testemunha oficial da Igreja, que se acolhem um ao outro como marido e mulher, por toda a vida, bem como as alianças, simbolizam um contrato perpétuo e o realizam verdadeiramente diante de Deus; os símbolos e os ritos usados na consagração do sacerdote, do padre (ou presbítero), em sua ordenação, simbolizam e efetivamente realizam o que simbolizam: o candidato à ordem recebe de Deus, verdadeiramente, tudo aquilo que os sinais significam; o óleo da unção dos enfermos, e os ritos dessa unção simbolizam as curas espiritual e física do doente e, efetivamente, de verdade, as realiza.

Sacramentos Indeléveis: No Batismo, na Crisma/Confirmação, e na ordenação diaconal/sacerdotal/episcopal (1°, 2° e 3° graus da Ordem, respectivamente) a marca do sacramento é indelével, isto é, para toda a vida da pessoa. Mesmo, portanto, que um sacerdote deixe de ser padre, voltando à condição de leigo (estado laico), ele não deixa de ser um sacerdote do Senhor, apenas fica afastado de suas funções; que podem ser retomadas em caso de risco de vida de alguma pessoa, quando, então, ele pode atuar como sacerdote. No caso de um casal, casado validamente diante de Deus, a marca indelével é para toda a vida do casal: um deles morrendo, essa marca desaparece e o sobrevivente poderá casar-se novamente (ou quando a união for, oficialmente, declarada nula pela Igreja). São como tatuagens espirituais que marcam para sempre a vida de uma pessoa (supondo que essas tatuagens não possam, de fato, ser removidas).

Graus espirituais: na vida espiritual, como na vida física, os dons de Deus, as graças, as bênçãos, as glórias, têm graus de quantidade ou de profundidade; no Batismo, a criança recebe também o Espírito Santo, mas como uma pequena dose, enquanto que para o adulto que recebe o Sacramento da Crisma, o dom do Espírito Santo é dado em plenitude (em grau pleno); Na domingo da Páscoa, Jesus sopra sobre os apóstolos dizendo: recebam o Espírito Santo, mas numa dose pequena, que somente será plena em Pentecostes; Os santos de Deus, no Céu, têm graus de glória diferentes; é como se diz: cada “copo” estará diante de Deus plenamente cheio, mas o tamanho do copo é diferente para cada alma; por isso, podemos rezar pelo nosso anjo da guarda, pedindo para ele um grau de glória maior, diante de Deus.

O tempo espiritual: existe, sim, um tempo espiritual para as almas que já estejam no Purgatório ou no Céu, é o chamado “evo”; somente Deus não muda, somente ele vive a eternidade, somente Ele é eterno; nós, criaturas de Deus, somos imortais, no sentido de que não morreremos para sempre, mas viveremos no evo, o tempo espiritual; explica-se: assim como o tempo físico supõe a mudança das coisas e das pessoas (que envelhecem), no tempo espiritual, as almas também supõem mudança, crescimento na santidade e nos graus de glória; por isso as almas do purgatório podem se santificar, se purificar e, em algum momento espiritual, estarem prontas para irem para o  Céu.

Disposição interior: é o estado de espírito e de consciência que a pessoa deve ter para que o Sacramento tenha efeito. Assim como somente pecamos, de verdade, com consciência e liberdade, também para a recepção válida e efetiva dos sacramentos precisamos demonstrar consciência e liberdade.

Batismo:

O Sacramento que torna uma criança cristã, que a integra à Igreja Católica, que lhe perdoa o pecado original e lhe dá uma “dose” do Espírito Santo; que torna o adulto (catecúmeno) um cristão, um filho de Deus, que lhe perdoa o pecado original e todos os pecados pessoais, preparando-o para a recepção dos Sacramentos da Crisma e da Eucaristia. (Sem necessidade do sacramento da penitência, mesmo porque o catecúmeno ainda não tem acesso a esse Sacramento!)

A água do Batismo nos faz morrer para os pecados e ressuscitar com Cristo para uma vida nova: a vida de ungidos, de cristãos (vem da palavra Cristo = ungido = Messias). A Igreja nos ensina (Código de Direito Canônico) que uma vez batizados na Igreja Católica, sempre católicos, mesmo que abandonemos a Igreja e a troquemos por outra, ou passemos a ser ateus. (É claro que para que retornemos à Igreja de Cristo, deveremos fazer, por escrito, uma renovação da fé católica e das promessas do Batismo diante de uma testemunha oficial da Igreja e buscar o Sacramento da Penitência para estar em estado de graça e voltar a participar dos demais sacramentos.)

O Batismo nos tira da condição de criaturas de Deus para a condição mais elevada de filhos de Deus. Embora Deus ame todas as suas criaturas, ele tem um especial amor pelos seus filhos em Cristo Jesus. Com o Batismo transformamo-nos em profetas, sacerdotes e reis: as três dimensões da vida cristã do leigo.

Só se batiza uma vez! É um sacramento indelével, uma “tatuagem” espiritual. Por isso, a Igreja Católica aceita o Batismo de muitas igrejas protestantes. Mas não aceita o batismo, dentre outras, da Igreja católica brasileira. Porque o Batismo válido deve seguir a fórmula trinitária: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, uso da água pura e a intenção de seguir a Cristo. Na dúvida, há o Batismo sob condição: “Se você, fulano, não foi batizado, eu te batizo em nome ...”)

Por que batizar uma criança em perigo de vida se a Igreja acredita que Deus tenha uma solução de salvação para as que morrem sem Batismo? Porque, com o Batismo, a alma da criança terá uma melhor situação diante de Deus: será uma cristã, uma filha de Deus, e não uma mera criatura de Deus.

O Batismo ainda pede um complemento... A Crisma.

Continua no próximo blogue.

Uilso Aragono. (outubro de 2024)

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

SETEMBRO: O MÊS DA BÍBLIA SAGRADA

 Neste blogue, a propósito do mês de setembro, em que se celebra o mês da Bíblia na Igreja Católica, vou apresentar um resumo e um esquema dos seus vários livros. Em vários textos dos próximos meses, creio que ainda esteja apresentando esses resumos e esquemas.

1. GÊNESIS (Gn; 50 capítulos) [Estes primeiros 5 livros são chamados: Pentateuco]

Essa palavra quer dizer “começo”. É um livro que conta como tudo foi criado e tudo o que se passou no início da vida humana na Terra: como Deus, no começo, apareceu às pessoas e mostrou como deveriam ser obedientes a Ele.

                Esquema:

                A criação do Universo e da raça humana;

                O começo do pecado e do sofrimento;

                De Adão até Noé;

                Noé e o dilúvio;

                A torre de Babel;

                De Sem até Abrão;

                Isaque e Jacó;

                Os descendentes de Esaú;

                José e os seus irmãos;

                Os israelitas no Egito.


2. ÊXODO (Êx; 40 capítulos)

Essa palavra quer dizer “saída”, e esse livro fala do evento mais importante da história do povo de Israel: a saída deles do Egito, onde eram escravos.

                Esquema:

                Os israelitas são libertados da escravidão do Egito;

                                1. A escravidão no Egito

                                2. O nascimento de Moisés e a primeira parte de                                       sua vida

                                3. Moisés e Arão, e o rei do Egito

                                4. A Páscoa e a saída do Egito

                Do mar Vermelho ao monte Sinai;

                A Lei e a Aliança;

                A Tenda Sagrada e as instruções para a adoração.

               

3. LEVÍTICO (Lv; 27 capítulos)

Nesse livro estão as leis e os mandamentos que Deus ordenou a Moisés dar ao povo de Israel. A principal lição é esta: o Deus do povo de Israel é santo e seu povo deve também ser santo!

                Esquema:

                Leis e a respeito de ofertas e sacrifícios;

                A ordenação de Arão e dos seus filhos para serem

                    sacerdotes;

                Leis a respeito de pureza e impureza cerimoniais;

                O Dia do Perdão;

                Leis a respeito da vida santa e da adoração santa.


4. NÚMEROS (Nm; 36 capítulos)

Chama-se “números” porque foram feitas duas contagens do povo israelita: quando saíram do Egito e antes de entrarem na terra de Canaã. Conta a história de um povo hesitante, com medo e revoltoso, que, no entanto, contava com a firmeza e a dedicação de Moisés e com o cuidado constante de Deus, através desse seu Escolhido.

                Esquema:

                Os israelitas se preparam para sair do monte Sinai;

                               1. A primeira contagem do povo

                               2. Várias leis e regulamentos

                               3. A segunda Páscoa

                Do monte Sinai até Moabe;

                O que aconteceu em Moabe;

                Resumo da viagem do Egito até Moabe;

                Deus prepara o povo antes da travessia do rio Jordão.

 

5. DEUTERONÔMIO (Dt; 34 capítulos)

Nesse livro estão os discursos que Moisés fez quando o povo de Israel estava na terra de Moabe. Moisés recorda ao povo o que Deus fez por eles nesses quarenta anos de travessia do deserto. O livro mostra o amor de Deus pelos israelitas, a quem Deus escolheu como seu povo. É muito importante o versículo 5° do capítulo 6°, pois foi citado pelo próprio Senhor Jesus: “Amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças”.

                Esquema:

                O primeiro discurso de Moisés;

                O segundo discurso de Moisés;

                O terceiro discurso de Moisés;

                Os últimos conselhos de Moisés;

                A bênção de Moisés;

                A morte de Moisés.

Esses 5 primeiros livros da Bíblia Sagrada também são conhecidos como o Pentateuco, e pelos judeus, como a Torá.

No próximo blogue, darei continuidade a outros livros da sequência da Bíblia, conforme essa edição da Editora Paulinas.

 

Referência: Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Paulinas Editora, São Paulo, 2011.

Uilso Aragono (setembro de 2024)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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