sexta-feira, 30 de junho de 2023

TODOS SOMOS DEFICIENTES E TALENTOSOS

 A questão da deficiência e dos talentos é uma questão ligada à natural “desigualdade” entre as pessoas humanas. Podemos afirmar que todos somos, em grau maior ou menor, deficientes e talentosos, ao mesmo tempo. Deficiências e talentos que podem ser naturais ou adquiridos. Uma deficiência pode surgir de um acidente, enquanto um talento pode ser desenvolvido por meio de um curso específico. Vamos refletir um pouco sobre essa questão.

Todos somos deficientes

Sobre a PCD (Pessoa Com Deficiência), gostaria de lembrar aqui uma reflexão que fazia com meus alunos. Dizia-lhes que, na verdade, todos nós somos deficientes, em grau maior ou menor. Uns, como eu, enxergam mal e usam óculos. Outros (como muitos) têm deficiência auditiva parcial; outros ainda não conseguem cantar afinados. Uns não cresceram o suficiente, enquanto outros cresceram demais (espécie de gigantismo). Muitos são gordos, e muitos outros são magérrimos. Há aqueles que não conseguem ler ou falar em público. Muitos não conseguem tirar carteira de motorista, porque têm dificuldades de visão espacial ou controle motor. Muitos outros não identificam as cores corretamente (o daltônico, em alto grau) e nesse pormenor, dizem que as mulheres enxergam milhares de cores, enquanto os homens, somente as cores básicas... E há aqueles que sofrem de mais de uma dessas “deficiências”. (Aliás, antes, o “politicamente correto” indicava o termo PNE — Portador de Necessidades Especiais—, para evitar o termo “deficiência”, e, agora, voltamos a usá-lo: tentativa de “controle social”?... ).

Todos somos talentosos

Por outro lado, todos somos “talentosos”, em maior ou menor grau. Senão, vejamos. Uns conseguem tocar um instrumento musical, ou vários, com facilidade, enquanto outros—não, necessariamente os mesmos —, conseguem cantar com facilidade. Alguns têm o talento da pintura, enquanto outros desenham com perfeição. Alguns leem ou falam em público, fotografam ou escrevem bem, sem qualquer curso específico. Outros aprendem idiomas com muita facilidade e tornam-se poliglotas, enquanto outros, ainda, embora não falem várias línguas (intérpretes) têm grande facilidade para fazerem excelentes traduções (os tradutores). Muitos têm uma natural  facilidade para cozinhar bem, e outros tornam-se especialistas em apreciar e identificar bons vinhos. As boas e más fragrâncias são facilmente identificadas por alguns, enquanto outros tornam-se excelentes artistas das cores e seus matizes.

O talento como compensação de uma deficiência

E há aqueles que apresentam uma deficiência grande em uma área (por exemplo, na intelectual) mas foram dotados, pela natureza, de um talento enorme para tocar um instrumento musical (o piano, por exemplo). Outros, ainda, vivenciam uma deficiência visual séria, mas desenvolvem uma acuidade auditiva invejável! Alguns sofrem de gagueira em sua língua nativa, mas falam fluentemente em uma língua estrangeira (sem gagueira) ou cantam sem problemas. Outros não têm mãos, mas desenvolvem uma capacidade maravilhosa de ”pintar com os pés”. Há alguns que nunca foram bons nos estudos de matemática na escola, mas descobriram-se talentosos nos cálculos de cabeça, para espanto dos matemáticos.

Conclusão

Podemos concluir essa reflexão sobre deficiências e talentos, naturais ou adquiridos, reconhecendo que, de fato, todos nós, humanos, somos PCD (ou PNE) em graus variados. E que uma marca intrínseca dos seres humanos é a sua fundamental originalidade: ninguém é igual a nenhum outro; todos somos, naturalmente, desiguais. Mas é claro que, para aqueles que apresentam deficiências em alto grau, a Sociedade deve ter, por uma questão de caridade e justiça, uma atenção especial para compensar as suas dificuldades inerentemente maiores. O mesmo aplicando-se aos talentosos em alto grau.

Uilso Aragono. (jun./2023)

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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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