A história da Bíblia é a história
da Bíblica Católica, uma vez que a Religião Cristã tem sua origem com o
Catolicismo vivido pelos primeiros cristãos até o fim do primeiro milênio,
quando ocorre o cisma com a Igreja Oriental (em 1954). E naqueles primeiros mil
anos do Cristianismo, a Bíblia foi sendo copiada pelos monges nos muitos
conventos e mantida com todo o zelo pela Igreja Católica.
O QUE É A BÍBLIA
A Bíblia, ou também denominada a
Palavra de Deus, ou a Sagrada Escritura ou a História Sagrada é o livro mais
lido e mais traduzido de toda a história humana. Dizem que já foi traduzido em
mais de 2300 línguas! ...
A Bíblia, na verdade, é o
conjunto dos livros que começaram a ser escritos por volta de 1200 anos antes
de Cristo e tiveram a sua conclusão no primeiro século da Era Cristão (cerca de
94 DC). Eram escritos atribuídos a cerca de quarenta (40) autores sagrados (ou
autores inspirados por Deus) e que foram inicialmente registrados em papiros
(um papel vegetal bem primitivo) e em pergaminhos (material feito com couro de
animais). Tais escritos têm por base toda uma antiga tradição oral que os
precedeu.
ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS
É constituída pelos assim
denominados Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). O AT é constituído
por um total de 46 livros, enquanto o NT apresenta 27 livros, num total de 73
livros. Para os evangélicos (que, em 1517, com a Reforma Luterana rejeitos 7
livros), A Bíblia tem apenas 66 livros. Já para a Igreja Católica Oriental (ou
Ortodoxa) são um total de 78 livros.
Pode-se, a título de memorização
lúdica dos números de livros da Bíblia, fazer-se a seguinte associação. Os 46
livros do AT são iguais a “4 + 6 = 10” – de fato, o AT é nota 10! Já os 27
livros do NT dão somente 9, isto é: 2 + 7 = 9! ... No entanto, com o leitor cristão dá 10! – de
fato, “2 + 7 + você, leitor cristão = 10”. O NT, então, também é nota 10!
A palavra Testamento não tem o
mesmo significado atual, no sentido de um texto em que se deixa registrada a
intenção de distribuição das riquezas do morto entre os herdeiros. O sentido
original está mais associado a Aliança e a Contrato. De fato, a Antiga Aliança
é aquela união (ou aquela promessa, aquele contrato), entre Deus e seu Povo,
estabelecida por meio de Abraão, o Pai da Fé. E a Nova Aliança é aquela
estabelecida, de novo, entre Deus e seu Povo, por meio de Jesus Cristo, o Filho
de Deus, que se encarna e dá sua vida pela remissão do pecado da humanidade.
Pode-se falar, ainda em um “casamento” (daí a palavra “aliança”) entre Deus e
seu Povo. E mais tarde, entre Cristo e sua Igreja.
INSPIRAÇÃO DIVINA DO AUTOR
SAGRADO
Para que bem se entendam e se
aceitem bem certas marcas muito fortes de aparentes injustiça, violência, crueldade
e até maldade de Deus nas histórias contadas nos livros do AT, é importante que
se compreenda que a inspiração do autor sagrado não significa que este seja “guiado”,
como um robô, por uma voz vinda do Céu. Na verdade, a inspiração é uma suave
brisa que Deus envia ao coração do autor sagrado, que se sente confiante em
escrever e contar histórias, cuja moral, é sempre, uma verdade. Mas a cultura,
as crenças humanas e os mitos do autor sagrado – características profundamente
humanas! – não são alteradas por Deus, a fonte da inspiração. Deus respeita
totalmente a liberdade da consciência humana, sendo a inspiração divina uma
marca sutil que leva o autor a escrever suas histórias como as parábolas do NT:
a história pode não ter acontecido, de fato, mas a conclusão moral é pura
verdade religiosa, inspirada por Deus! Portanto, as descrições de histórias de
matança de mulheres, crianças e velhos, e até de animais, encontradas em livros
históricos do AT, não são, verdadeiramente, desejos nem ordens de Deus, mas
frutos da crença dos homens daquela época, que acreditavam, por exemplo, que
tais mortes fossem necessárias para que não houvesse “contaminação” do Povo de
Deus por conta do contato com pessoas ou animais dos povos vencidos...
CONTEÚDO DA BÍBLIA
A Bíblia tem livros que contam
histórias (com moral verdadeira), mostram orações (os Salmos), falam de
profecias (que são “palavras” de Deus) e falam das Leis de Deus. Os assuntos
cobrem, ainda, guerras de conquista, vinganças, assassinatos, fé, escravidão e
libertação, pecado, virtudes e santidade. Por conta das características
culturais do autor sagrado, respeitadas pela inspiração divina, como comentado
acima, há tanto histórias macabras quanto lindas e emocionantes!
A história de José do Egito é um
exemplo de uma linda e emocionante história do Povo de Deus, em que a moral
passada é marcada pelas verdades do perdão, e da realização dos planos de Deus,
mesmo contra a maldade humana.
COMPARAÇÃO ENTRE AT E NT
Uma comparação básica entre os
livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento pode ser a seguinte:
ANTIGO TESTAMENTO
|
NOVO TESTAMENTO
|
Antes de Cristo (AC)
|
Depois de Cristo (DC)
|
46 Livros
|
27 Livros
|
Temor de Deus
|
Amor de Deus
|
Povo de Deus
|
Igreja
|
Uma mulher: Ester
|
Uma mulher: Maria
|
Um homem: Moisés
|
Um homem: Cristo
|
Batismo na água
|
Batismo no Espirito (Sacramento da Crisma)
|
PARA COMEÇAR A LER A BÍBLIA
A recomendação para o jovem
leitor, ou para o iniciante, é que se comece pelas Cartas de S. João,
passando-se, em seguida, pelo Evangelho de S. Lucas e pelos Atos dos Apóstolos
(também de S. Lucas).
Essas leituras estão mais de
acordo com a cultura atual, já cristianizada e marcada pelos valores humanos,
hoje já contemplados pelos chamados Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Após essas leituras iniciais,
podem-se ler algumas histórias bonitas do Antigo Testamento, como a citada
acima (História de José do Egito, de Moisés, etc.).
Ler sempre a Bíblia –
especialmente os Evangelhos – faz crescerem os valores cristãos da fé, do Amor
a Deus e ao próximo, da esperança de um mundo sempre e cada vez melhor, e
caminhando para a realização plena na segunda vinda de Cristo (“Maranata” = “Vem
senhor Jesus!”).
APLICATIVOS NOS SMARTFONES
Há muitos bons aplicativos em
smartfones, que podem ser baixados de forma gratuita, e que devem fazer parte
dos aplicativos do jovem cristão. Um deles é a Bíblia da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), que permite uma proveitosa leitura, em qualquer
lugar e a qualquer hora.
CONCLUSÃO
A Bíblia é um conjunto de 73
livros, escritos por cerca de 40 autores sagrados, cuja inspiração significa
que escreviam e contavam histórias (ou parábolas) que passam verdadeiras lições
de moral divina. Não significa, no entanto, que suas histórias sejam relatos
fiéis de acontecimentos reais da história do Povo de Deus, especialmente no que
tange a assassinatos, violências e genocídios que teriam sido ordenados por
Deus. É claro que Deus, sendo um Deus de Amor, não ordenaria tais fatos, os
quais devem ser entendidos como força de expressão cultural e frutos das
crenças humanas e sociais dos próprios autores sagrados.
Uilso Aragono. (outubro de 2015)
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