PARTE I - DICAS PARA UMA BOA ORATÓRIA
A boa oratória somente se adquire efetivamente com a prática frequente,
iluminada pela autocrítica, observação crítica de palestrantes e alguma leitura
sobre o assunto. No entanto, podem ser apontados alguns cuidados ou dicas sobre
como falar bem em público.
Os seguintes aspectos
podem ser destacados:
1.
ATITUDE
1.1. A atitude
demonstrada pelo orador deve ser a mais positiva possível. A plateia deseja o
sucesso do orador! E o orador, enquanto está com a palavra, é a autoridade no
assunto, pois foi convidado para falar sobre ele.
1.2.
Se o nervosismo existe, deve ser encarado como
normal: todo orador pode ficar ansioso e nervoso; o que não pode acontecer é
que tal nervosismo atrapalhe o seu desempenho. Somente a prática dará a
segurança ao orador para que assim aconteça.
2.
POSTURA
2.1. A postura deve
ser a mais ereta possível, mas sem afetação. Evitar tronco arqueado e cabeça
baixa.
2.2. O olhar do
orador deve ser firme e seguro, encarando e percorrendo toda a plateia com um leve
sorriso.
2.3. Usar
vestimenta adequada: discreta e razoavelmente elegante, compatível com o
ambiente social.
3.
GESTOS
3.1.
Os gestos devem
ser naturais e acompanhar o conteúdo da palestra.
3.2.
Evitar (mulheres)
ficar abaixando a minissaia ou a mini blusa, se for o caso.
3.3.
Escolher a melhor
roupa e não procurar ajustes durante a oratória é o mais indicado.
3.4.
Evitar ficar
segurando um paletó ou uma blusa com uma das mãos.
3.5.
Evitar gestos que
não combinem com o que está sendo dito.
3.6.
Evitar deixar os
braços caídos ao lado do corpo enquanto se fala.
3.7.
Preferir uma
posição de braços levemente dobrados, com as mãos próximas, como base para a
gesticulação.
3.8.
Cuidar para não
serem feitos gestos obscenos ao apontar para algo.
3.9.
Segurar uma ficha
com o esquema da palestra, com uma das mãos, não é proibido. A outra mão fará a
gesticulação necessária.
4.
MOVIMENTAÇÃO
4.1.
Evitar
movimentação pendular, isto é, de um lado para o outro, preferindo-se
permanecer no mesmo lugar com variações suaves de posição.
4.2.
Evitar adentrar a
plateia para que não ocorra ficar o orador de costas para uma parte da plateia,
que ficará constrangida por não poder ver o orador.
4.3.
Procurar
colocar-se numa posição tal que toda a plateia possa estar vendo o orador.
5.
VOZ
5.1.
A voz é
importantíssima na comunicação oral. Cuidar para que seja emitida com volume e
dicção adequados.
5.2.
Evitar a voz
monótona, isto é, sem inflexão, sendo emitida com a mesma força todo o tempo.
5.3.
Evitar a voz
muito grave, pois dificulta a audição.
5.4.
Atentar para a
dicção clara, o que se consegue articulando claramente os maxilares
enquanto se
fala.
5.5.
Evitar falar com
a boca quase fechada.
5.6.
Grave a própria
voz e ouça-a para corrigir possíveis problemas.
5.7.
Corrija a voz
nasal, a voz fraca, a voz monótona, a voz estridente.
6.
MICROFONE
6.1.
Se o microfone
for fixo, evitar segurá-lo, pois é totalmente desnecessário e provoca irritação
na plateia.
6.2.
Se for microfone
de segurar, segurá-lo com uma das mãos enquanto se gesticula com a outra. Após algum
tempo, a mão do microfone pode ser alternada, sem que se o faça com muita
frequência.
6.3.
Manter o
microfone sempre próximo à boca, mesmo que a cabeça se movimente, estando
atento para o fato de ele estar ligado e com bom volume. Tentar ouvir a própria
voz amplificada!
6.4.
Se houver
microfone disponível, e o ambiente for relativamente grande, deve-se dar
preferência a usá-lo, para conforto dos ouvintes.
6.5.
Ao se falar sem
microfone, ter certeza de que os ouvintes mais afastados estejam ouvindo o
orador. Isto se consegue perguntando a tais ouvintes se eles estão ouvindo o
orador.
7.
LINGUAGEM
7.1.
Quem fala em
público deve cuidar mais do vocabulário, da nossa língua portuguesa!
7.2.
Acostumar-se a
procurar palavras novas ou pouco conhecidas no dicionário.
7.3.
Estar atentos aos
erros mais comuns (vide à frente: Problemas do nosso português).
7.4.
Séculos e
capítulos de 1 a 10 são lidos/ditos de forma ordinal: séc. II (segundo),
capítulo III (terceiro), etc.
7.5.
Reis, papas, etc.
seguem o mesmo esquema: João Paulo II (segundo), Henrique VIII (oitavo), etc.
7.6.
Evitar vícios de
linguagem e perguntas desnecessárias: "tá entendendo?", “né?”, etc.
7.7.
Falar no ritmo
certo: nem rápido demais, nem lento demais.
8.
ESQUEMA
8.1.
O orador seguirá,
sempre, um esquema mental do que irá falar.
8.2.
Introdução,
desenvolvimento e conclusão (pelo menos estas três partes) são obrigatórias.
8.3.
Exercitar o
esquema de tópicos: delimitar o assunto; para quem se vai falar; a ordem do que
falar; as principais
ideias; frase de impacto na introdução e frase conclusiva ao final.
9.
PROJETOR MULTIMÍDIA
9.1.
Os slides não são a "cola" do
orador!
9.2.
Os slides existem para ajudar a plateia a
acompanhar a palestra.
9.3.
O orador continua
a ser a peça mais importante.
9.4.
O orador deve
ficar numa posição em que olhe a plateia e a tela sem movimentar muito a
cabeça.
10. EXPRESSÃO FACIAL
10.1.
Orador deve
mostrar-se simpático à plateia: ninguém gosta de olhar para um orador carrancudo!
10.2. Alternar entre um leve sorriso e expressão mais séria
conforme o que se diz.
10.3. Orador comunica com o corpo todo: é um artista da voz,
dos gestos e da expressão facial!
10.4. O tom, a inflexão de voz e a expressão facial são
responsáveis por 93% da comunicação! (http://www.dicasprofissionais.com.br)
PARTE II - ALGUMAS
TÉCNICAS PARA A BOA LEITURA
1.
Treinar a leitura de frases, e não de palavras. – O olho deve focalizar acima da linha escrita e
tentar abarcar o maior número possível de palavras da frase. Desta forma, a
leitura mental se antecipa à leitura verbal, podendo-se, então, prever sinais
de pontuação e dar a entonação correta à frase sendo lida.
2.
Focalizar a frase por cima, nas entrelinhas. – Para o sucesso da dica número 1, há que se
verificar que a leitura de um texto deve ser feita de tal forma que a visão
focalize acima da frase, e não diretamente sobre cada palavra. Olhando por cima
consegue-se uma amplitude maior na leitura, o que possibilita ler-se
(mentalmente) mais de uma palavra ao mesmo tempo. Prova-se, facilmente, que a
metade superior de uma frase tem mais significado do que a parte inferior, isto
é: consegue-se ler e entender uma frase pela sua metade superior apenas, mas
não se consegue lê-la pela sua metade inferior.
3.
Ler o texto sem deixar de olhar para a plateia. – A plateia deseja ter contato visual com o leitor...
É uma necessidade natural, já que não é uma leitura eletrônica, mas feita por
uma pessoa, com quem, normalmente, se faz contato visual durante qualquer
comunicação direta. Exercitar-se lendo diante do espelho levantando a cabeça e
encarando sua imagem durante aqueles momentos em que a leitura mental se torna
leitura verbal.
4.
Ler previamente o texto. – A leitura em público só deverá acontecer como
“segunda” ou “terceira” leitura, exigindo, portanto, que uma primeira leitura
do texto seja feita, silenciosamente, antes da leitura de fato. Isto ajudará a
prever e superar qualquer surpresa diante de alguma palavra de pronúncia menos
conhecida. Além disso, a correta pontuação será verificada, para que se lhe dê
a entonação adequada, especialmente quando uma frase interrogativa e longa não
se inicia por um pronome interrogativo, o que provoca, muitas vezes, erros
sérios de leitura.
5.
Articular claramente a boca na pronúncia das palavras. – Treinar a leitura de textos por meio da articulação
até exagerada das palavras, para que a leitura em público ocorra com
articulação adequada das palavras. Um erro comum de leitura é a pouca
articulação da boca na emissão das palavras: pronunciar as palavras com a boca
quase fechada...
6.
Pronunciar com clareza os finais das palavras. – Atentar para o fato de que todas as palavras sejam
pronunciadas em toda a sua extensão, especialmente em seus finais. Isto
evitará, por exemplo, que não sejam pronunciados os “s” dos plurais das
palavras.
7.
Variar o timbre ou o tom da voz. – A leitura eficaz deve ser como que teatralizada,
isto é, os “personagens” que possam estar presentes na leitura devem ser lidos
com pequena variação na entonação ou no timbre da voz, de tal forma que a
audiência possa entender bem o diálogo que esteja sendo lido.
8.
A leitura deve ser VIVA! – O leitor deverá ler de tal forma que o ouvinte
receba a mensagem com naturalidade, isto é, a entonação não deve ser afetada,
mas de acordo com a maneira com que a comunicação verbal ocorre na vida
prática. Sendo uma entonação diferente
do costumeiro, por exemplo, uma entonação de interrogação exclamativa quando,
na realidade, deveria ser uma simples interrogação expressando dúvida normal,
provoca estranheza no ouvinte e pode, inclusive, desviar sua atenção do conteúdo
da mensagem sendo lida.
9.
Ler no ritmo certo, nem com pressa e nem devagar
demais. – A leitura deve ser feita no
ritmo da conversação normal das pessoas. Uma leitura muito pausada, entremeada
por trechos de silêncio desnecessários é cansativa e desrespeita a capacidade
mental do ouvinte, que é capaz de entender uma mensagem verbal sendo emitida
com velocidade normal. Já a leitura muito rápida demonstra nervosismo do leitor
– que parece desejar terminar sua tarefa o quanto antes! – e compromete a
compreensão do ouvinte por ser uma mensagem emitida em velocidade pouco
natural.
10.
Ler sem preconceito! – Ler o texto estando atento a pronunciar as palavras que estão, de
fato escritas, e não aquelas que vêm à mente preconceituosamente. Isto acontece
quanto o leitor lê uma palavra que é parecida, na pronúncia ou na escrita, com
a palavra verdadeiramente impressa, mas que pode ser totalmente diferente no
sentido, comprometendo totalmente a compreensão do texto lido. Exemplos: está
escrito “estrado” e se lê “estrago”; “epístola” e se lê “a pistola”; “Palavra
de Deus” e se lê: “PalavraS de Deus”.
PARTE III - EXERCÍCIOS DE ENTONAÇÃO PARA A BOA LEITURA
1. "Você vai para casa agora?" (Interrogação normal, expressando
dúvida.)
2. "Você vai para casa agora?!" (Interrogação exclamativa, expressando
dúvida e espanto.)
3. "Você vai para casa agora!" (Exclamação normal, expressando
surpresa.)
4. "Você vai para casa agora.” (Afirmação normal.)
5. "Você vai para casa agora.” (Afirmação enfatizando o momento.)
6. "Você vai para casa agora.” (Afirmação enfatizando o local.)
7. "Você vai para casa agora.” (Afirmação
enfatizando a pessoa.)
PARTE IV -
PROBLEMAS DO NOSSO PORTUGUÊS (alguns erros
comuns)
1.
“A maioria dos
estudantes é inteligente.” – e não, são
inteligentes. PARA EVITAR ESTE
ERRO, USAR: Os
estudantes são, em sua maioria, inteligentes!
2.
“Até há pouco tempo eu lia pouco!” – e não,
há pouco tempo atrás. (Há: sentido
de passado.)
3.
“Estava entretido
com a propaganda.” – e não, enTERtido.
Vem de ENTRETENIMENTO.
4.
“Temos de ter
muita discrição em relação ao fato.”
– e não, discrEção. Discrição (ato
de ser DISCRETO) distingue-se de Descrição (ato de DESCREVER).
5.
“Eu era um dos
que estavam lá.” – e não, um dos que
estava lá. Explicação: Um dos que
estavam lá era eu. Ou, dos que estavam lá, eu era um.
6.
“A sua ideia vem ao encontro da minha.” Significa: se coaduna,
combina com a minha.
7.
“A sua ideia vem de encontro à minha.” Significa: se
opõe, é contrária à minha.
8.
“Para eu fazer. Para eu comprar.” – e não,
para mim fazer, comprar.
9.
“Para mim, comer muito é gulodice.” – Para
mim = em minha opinião.
10. “A água é um fluido precioso.” – Pronuncia-se “flúido” e não, fluído.
11. “O circuito elétrico pegou fogo.” – Pronuncia-se “circúito” e não, “cirqüito”.
12. Não se fala: “Aquilo se adéqua bem com minha proposta”. Prefira-se: Aquilo combina bem, cai
bem, se adapta bem etc.
13.
“70% dos
entrevistados não sabiam o que dizer.” (“70%” exige verbo no plural.)
14.
“Vamos a uma festa beneficente.” - e
não, beneficiente.
PARTE V – PRONÚNCIA OU ESCRITA ERRADA DE CERTAS
PALAVRAS
(Tente
descobrir a forma correta! ...)
1. ADEVOGADO ______________
2.
AGAPE ______________
3.
ALCOOLATRA ______________
4.
ALGARÁVIA ______________
5.
ALIBI ______________
6.
AMALGAMA ______________
7.
ANATEMA ______________
8.
ANTIDOTO ______________
9.
ARIETE ______________
10. ARQUETIPO ______________
11. ÁVARO ______________
12. BICEPS ______________
13. BOEMIA ______________
14. CARTOMÂNCIA ______________
15. CIRCUÍTO ______________
16. CÔLDRE ______________
17. CONJUGE ______________
18. CORTEX ______________
19. CRISANTEMO ______________
20. DEGLADIAR ______________
21. DESIGUINAR ______________
22. ENTITULAR ______________
23. EPIFÂNIA ______________
24. EXÉGESE ______________
25. FILÂNTROPO ______________
26. FLUÍDO ______________
27. FORTUÍTO ______________
28. GRATUÍTO ______________
29. HABITÁT ______________
30. ÍBERO ______________
31. ÍBIDEM ______________
32. IMPECILHO ______________
33. INTERIM ______________
34. JÚNIORES ______________
35. MEIADOS ______________
36. MENDINGO ______________
37. MÍSTER ______________
38. PRAZEIROSAMENTE ______________
39. PROTOTIPO ______________
40. RÚBRICA ______________
41. DIBRAR ______________
42. DEUTERONOMIO ______________
43. RÉCEM ______________
44. INCADERNAÇÃO ______________
CONCLUSÃO
A preocupação com a perfeita
comunicação, seja escrita seja oral, é totalmente válida, pois levará a uma
perfeita compreensão da ideia sendo transmitida. Refletir sobre as
orientações aqui apresentadas pode contribuir muito para que o leitor aperfeiçoe
suas habilidades de oratória e comunicação pública. A boa, efetiva e viva leitura
litúrgica, por outro lado, se justifica em função da grande dignidade do
conteúdo da Palavra de Deus sendo proclamada: a forma e a maneira de se ler devem
ser compatíveis com a dignidade do conteúdo proclamado!
Uilso Aragono. (set. de 2015)
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