Neste último dia do ano é sempre bom pensarmos no quanto fomos felizes
ou infelizes durante este ano que passou. É sempre bom fazer um balanço do que
realizamos de bom ou não, do quanto fomos bem sucedidos nos negócios e nos
relacionamentos, ou não...
E como dizem que o importante na
vida é “ser feliz”, gostaria de refletir sobre essa afirmativa, e contestá-la!
No meu ponto de vista, ao contrário do que se afirma como certo, parece-me que
esta crença acaba produzindo resultados ruins: focar na busca da própria felicidade
acaba levando as pessoas – dependendo, claro, da formação moral e ética do
indivíduo – a passar, até, por cima das outras...
Se o importante é ser feliz, como
fica a felicidade dos outros ao meu redor? Se o importante e o objetivo da vida
é ser feliz, que importa se os outros estão felizes? Cada um que busque a sua
felicidade!... E quem pode mais... chora menos. Esses são os pensamentos que,
conscientes ou inconscientes, acabam guiando as pessoas a cada ano que
passa, a cada dia que se sucede. É, também, como se diz: a luta pela vida. E a
busca da felicidade por parte de uma pessoa, quase que inevitavelmente, pode
tornar-se empecilho para a felicidade de outra: está aqui a origem de todos os conflitos
de interesses, relacionamentos e ações.
A melhor filosofia de vida seria,
portanto, não buscar a própria felicidade, mas, isto sim, buscar a felicidade
do outro. Não “ser feliz”, mas “fazer feliz”! Não ter como foco a busca – às
vezes, a todo custo! – da própria felicidade, mas, antes, ao contrário, ter
como foco a felicidade do outro. E isto trará, consigo, inevitavelmente, a
própria felicidade. Pois é próprio da natureza humana sentir-se feliz com a
felicidade alheia, especialmente daqueles mais próximos. Qual é a mãe, ou o
pai, que não se sente feliz ao, até mesmo, sacrificar-se para fazer feliz um
filho? Qual é o irmão verdadeiro que não “quer bem ao seu irmão”? Qual é o
amigo sincero que não fica feliz pelo sucesso e pela felicidade do seu amigo?
Esta é a verdadeira, a produtiva,
a eficaz e a mais cristã filosofia de vida a ser vivenciada! Como ensina Jesus
e tantos outros pensadores da humanidade: viva fazendo ao outro o que você
gostaria que lhe fizessem! Esta máxima confirma que o importante é Fazer Feliz!
Como bons exemplos podemos citar,
a seguir, muitas situações de vida, profissional ou pessoal, em que se busca a
felicidade do outro e, por consequência, a própria felicidade é encontrada.
O professor que, antes de
preocupar-se em ser um bom, feliz e bem pago professor, trabalha e busca a
felicidade, a realização e a aprendizagem dos alunos.
A senhora que, mesmo não tendo
filhos, dedica-se a cuidar de filhos abandonados e carentes, buscando a
felicidade e a realização destes.
O governante, a autoridade ou o
político que sacrifica os próprios interesses para cuidar do bem comum, isto é,
da felicidade dos outros.
O padre ou o religioso que,
embora tenha feito um voto de pobreza, castidade e obediência, dedica sua vida
à promoção e à felicidade da vida dos outros.
A mãe humilde, do interior deste
País, que aprendeu a gostar de comer pé de galinha, no almoço, para deixar as
melhores partes para os filhos.
Finalmente, como uma ode
à verdadeira felicidade, podemos cantar juntos:
A busca da própria felicidade leva ao egoísmo.
A busca da felicidade do outro leva ao altruísmo.
A busca da própria felicidade leva à destruição do outro que a possa
atrapalhar.
A busca da felicidade do outro leva à construção da vida e da
felicidade desse outro.
A busca da própria felicidade leva ao conflito de interesses.
A busca da felicidade do outro leva à harmonia de corações.
A busca da própria felicidade leva quase ao pecado.
A busca da felicidade do outro leva à santidade.
O “ser feliz” ou a luta
individual de busca da felicidade, como se esta busca fosse “o objetivo” da
vida, pode, então, ser uma verdadeira pedra de tropeço na vida daqueles que a
aceitarem como filosofia de vida. E o “fazer feliz” ou a busca da felicidade do
outro, ao contrário, é a fonte de toda verdadeira felicidade e, por
consequência, de toda harmonia entre as pessoas.
Uilso Aragono (dez. de 2013)
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