Há uma
ideia generalizada, entre nós brasileiros, de que o domínio do
inglês seja um meio de afirmação profissional, inclusive, com
ganhos financeiros. Ora, diante desse quadro de envolvimento com a
questão da necessidade do estudo para o domínio do inglês, muita
gente – especialmente os mais jovens – investe tempo e dinheiro
nessa empreitada. Mas há que se esclarecer quem, de fato, ganha com
esses investimentos de tempo, dinheiro e de esforços pessoais.
Uma
resposta, talvez precipitada, fosse atribuir esse ganho às empresas
que oferecem variados cursos de inglês, tanto presenciais, quanto
virtuais (cursos a distância ou pela Internet). Ou, ainda, aos
próprios interessados na aprendizagem da língua inglesa, que,
afinal, obteriam “ganhos” financeiros após a conclusão e o
domínio (?) do idioma. Mas será que, de fato, esses dois grupos de
ganhadores esgotam a resposta?
Uma
análise um pouco mais aprofundada demonstra que, na verdade, quem
ganha, especialmente, e financeiramente, com a divulgação do inglês
como língua internacional, são, justamente, os seus falantes
nativos originais, isto é, a própria Grã Bretanha. Duas citações de documentos britânicos demostram,
claramente, como os ingleses veem a divulgação universal da
necessidade do estudo do inglês como uma ferramenta de
imprescindíveis ganhos financeiros para a “Coroa britânica”.
O
primeiro texto é uma citação do documento “A language policy
for the European Community”
(Uma política linguística para a Comunidade Europeia), de 1991, que
afirma, sem rodeios: “O inglês de hoje é um dos maiores produtos
de exportação da Grã Bretanha. E o inglês como língua
estrangeira é uma indústria global com um faturamento anual de
cerca de 6 bilhões de libras”. Esse valor corresponde, hoje, a
cerca de 18 bilhões de reais!... Há dúvida sobre sobre quem ganha
com o inglês?...
O
segundo texto, mais antigo, é uma citação do Relatório do
Conselho Britânico (1968-1969) que afirma, novamente com a clareza
da luz do dia, que o “Inglês é uma ferramenta para os
competidores da indústria britânica.” E ainda: “ Há um
elemento comercial escondido em cada professor de inglês, em cada
livro, cada revista e em cada filme e programa de televisão
exportados”. Há, ainda, alguma dúvida sobre quem ganha com o
inglês? [Esses textos acima estão citados no livro “Os custos da
(não)comunicação linguística europeia” (ERA, 1997, editado em
esperanto, inglês e italiano).]
E
os brasileiros? Será que, de fato, ganham como inglês? Ou mais
perdem?... Pelos esforços e dinheiro aplicados na tentativa de se
aprender e dominar o inglês, parece que a batalha está sendo ganha
pelos britânicos. Pois, segundo uma recente reportagem divulgada na
revista Veja, que trata, justamente, do estudo do inglês entre nós,
constata-se, ali, que o custo-benefício é muito alto; e que a
aprendizagem – nessas mais de cinco décadas que o Brasil estuda
inglês! – é muito baixa: pouquíssimos brasileiros, dominam,
efetivamente, o inglês, a ponto de ganharem algo com ele. A maioria
dos que gastam seu dinheiro, tempo e esforços, ficam pelo caminho,
iludidos, frustrados, sem ganhos e com muitas perdas... Que pena, que
somente poucos milhares (ou milhões?) de pessoas no mundo
descobriram o esperanto: esse idioma planejado que é,
verdadeiramente, língua internacional, em que o investimento (muito
mais baixo), realmente, vale a pena! Mas um dia cai a ficha!...
Uilso Aragono (out/2012)
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