Para uma boa leitura em público,
como em igrejas ou em outras cerimônias públicas, algumas dicas podem ser
dadas.
Em primeiro lugar, deve-se notar
que a leitura em público é uma dimensão da oratória. Quem consegue fazer uma
boa leitura num púlpito, ou diante de uma grande assembleia, já está meio
caminho andado para que desenvolva uma boa e eficaz oratória.
E em termos de orientações para
uma oratória eficaz pode-se afirmar que o público deseja o sucesso do orador! A
assembleia “torce” pelo sucesso do orador! Isto se deve a uma identificação
psicológica das pessoas no auditório com o conferencista ou orador. E porque
quem se decidiu a assistir a uma palestra ou conferência não deseja,
sinceramente, que tal evento revele-se como um fracasso, pois seria para ele,
também, igual fracasso, pela perda de tempo. Tendo isto em vista, o orador se
sentirá mais seguro para controlar todo e qualquer sentimento de nervosismo e ansiedade que o
possa estar incomodando.
As dicas, portanto, para uma boa
e eficaz leitura em público podem ser as seguintes.
- Treinar a leitura de frases, e não de palavras. – O olho deve focalizar acima da linha escrita e tentar abarcar o maior número possível de palavras da frase. Desta forma, a leitura mental se antecipa à leitura verbal, podendo-se, então, prever sinais de pontuação e dar a entonação correta à frase sendo lida.
- Focalizar a frase por cima, nas entrelinhas. – Para o sucesso da dica número 1, há que se verificar que a leitura de um texto deve ser feita de tal forma que a visão focalize acima da frase, e não diretamente sobre cada palavra. Olhando por cima consegue-se uma amplitude maior na leitura, o que possibilita ler-se (mentalmente) mais de uma palavra ao mesmo tempo. Prova-se, facilmente, que a metade superior de uma frase tem mais significado do que a parte inferior, isto é: consegue-se ler e entender uma frase pela sua metade superior apenas, mas não se consegue lê-la pela sua metade inferior.
- Ler o texto sem deixar de olhar para a plateia. – A plateia deseja ter contato visual com o leitor... É uma necessidade natural, já que não é uma leitura eletrônica, mas feita por uma pessoa, com quem, normalmente, se faz contato visual durante qualquer comunicação direta. Exercitar-se lendo diante do espelho levantando a cabeça e encarando sua imagem durante aqueles momentos em que a leitura mental se torna leitura verbal.
- Ler previamente o texto. – A leitura em público só deverá acontecer como “segunda” ou “terceira” leitura, exigindo, portanto, que uma primeira leitura do texto seja feita, silenciosamente, antes da leitura de fato. Isto ajudará a prever e superar qualquer surpresa diante de alguma palavra de pronúncia menos conhecida. Além disso, a correta pontuação será verificada, para que se lhe dê a entonação adequada, especialmente quando uma frase interrogativa e longa não se inicia por um pronome interrogativo, o que provoca, muitas vezes, erros sérios de leitura.
- Articular claramente a boca na pronúncia das palavras. – Treinar a leitura de textos por meio da articulação até exagerada das palavras, para que a leitura em público ocorra com articulação adequada das palavras. Um erro comum de leitura é a pouca articulação da boca na emissão das palavras: pronunciar as palavras com a boca quase fechada...
- Pronunciar com clareza os finais das palavras. – Atentar para o fato de que todas as palavras sejam pronunciadas em toda a sua extensão, especialmente em seus finais. Isto evitará, por exemplo, que não sejam pronunciados os “s” dos plurais das palavras.
- Variar o timbre ou o tom da voz. – A leitura eficaz deve ser como que teatralizada, isto é, os “personagens” que possam estar presentes na leitura devem ser lidos com pequena variação na entonação ou no timbre da voz, de tal forma que a audiência possa entender bem o diálogo que esteja sendo lido.
- A leitura deve ser VIVA! – O leitor deverá ler de tal forma que o ouvinte receba a mensagem com naturalidade, isto é, a entonação não deve ser afetada, mas de acordo com a maneira com que a comunicação verbal ocorre na vida prática. Sendo uma entonação diferente do costumeiro, por exemplo, uma entonação de interrogação exclamativa quando, na realidade, deveria ser uma simples interrogação expressando dúvida normal, provoca estranheza no ouvinte e pode, inclusive, desviar sua atenção do conteúdo da mensagem sendo lida.
- Ler no ritmo certo, nem com pressa e nem devagar demais. – A leitura deve ser feita no ritmo da conversação normal das pessoas. Uma leitura muito pausada, entremeada por trechos de silêncio desnecessários é cansativa e desrespeita a capacidade mental do ouvinte, que é capaz de entender uma mensagem verbal sendo emitida com velocidade normal. Já a leitura muito rápida demonstra nervosismo do leitor – que parece desejar terminar sua tarefa o quanto antes! – e compromete a compreensão do ouvinte por ser uma mensagem emitida em velocidade pouco natural.
- Ler sem preconceito! – Ler o texto estando atento a pronunciar as palavras que estão, de fato escritas, e não aquelas que vêm à mente preconceituosamente. Isto acontece quanto o leitor lê uma palavra que é parecida, na pronúncia ou na escrita, com a palavra verdadeiramente impressa, mas que pode ser totalmente diferente no sentido, comprometendo totalmente a compreensão do texto lido. Exemplos: está escrito “estrado” e se lê “estrago”; “epístola” e se lê “e pistola”...
Tendo-se em conta essas dicas e dispondo-se a exercitar a leitura como sugerido, e fazendo-se, sempre, uma leitura prévia bem atenta, buscando-se o verdadeiro sentido do texto e de suas palavras, e a entonação correta das frases, a leitura em público resultará de qualidade muito superior à média das leituras feitas sem esses cuidados. Qualquer um pode-se tornar um bom leitor. Tudo é questão de uma boa orientação (como as dicas acima), de seriedade no seu seguimento, e de aproveitamento de toda oportunidade para a vivência prática da leitura.
Uilso Aragono, abril de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário