A leitura em voz alta, em público, ou em um púlpito, ou em um ambão, como nas igrejas católicas, pode e deve ser bem feita! E para tal, existem regras (ou orientações ou dicas) que devem ser seguidas para que se alcance o objetivo da leitura: comunicar uma mensagem oral de forma clara e compreensível.
A boa oratória, igualmente, pode
e deve ser bem executada ao seguirem-se algumas orientações. E o objetivo de
comunicar oralmente alguma mensagem será mais fácil e eficazmente atingido por
meio da reflexão e observação prática dessas regras.
Tanto para a leitura em público,
quanto para a oratória, algumas orientações (dentre muitas possíveis e
úteis) estão dadas a seguir.
1. Sobre a leitura em público
1ª
A leitura em voz alta, feita em público, deve parecer aos ouvintes como algo
natural. Embora a mensagem esteja sendo lida, deve ser feita de tal forma que
não fuja das entonações e naturalidades da conversa do dia a dia das pessoas.
Portanto, deve ser feita sem artificialismos na entonação ou na empostação da
voz. Ocorrendo esse artificialismo, a leitura soará estranha e provocará
dificuldades no seu acompanhamento, tanto pela estranheza – que dispersa a
atenção do ouvinte – quanto pela dificuldade de acompanhar uma “fala” que não é
comum aos ouvidos e ao cérebro das pessoas.
2ª Uma leitura
bem feita, exigirá que o leitor domine bem a língua que está sendo usada, ou
melhor, domine bem o “código linguístico” pelo qual a mensagem está sendo transmitida.
Portanto, no nosso caso, do português, esse não deve ser negligenciado. Um
estudo contínuo durante toda a vida do indivíduo, chamado às vezes de “aprendizagem
contínua ou continuada”, o capacitará a comunicar-se bem e a comunicar bem suas
mensagens, tanto escritas como orais. A boa leitura em público sem dúvida se
beneficiará do domínio do código linguístico pelo leitor, ocorrendo o contrário
no caso de um fraco domínio da língua. Erros de pronúncia, troca de palavras,
pontuação mal feita, etc., tudo isso comprometerá a transmissão da mensagem
sendo lida.
3ª O texto a ser
lido em público deve ser objeto de várias leituras silenciosas prévias. O texto
deve ser quase que “memorizado”, para que a leitura saia fluente, natural e sem
tropeços, algo muito comum quando o leitor não se prepara prévia e seriamente. Além
disso, não esquecer o leitor de “interpretar” o texto, buscando o
esclarecimento prévio de quaisquer palavras que lhe sejam estanhas. Somente a
boa interpretação do texto a ser lido permitirá ao leitor um bom desempenho oral
em sua leitura, pois poderá exatamente o sentido do texto por meio de
apropriadas entonações e pontuações.
4ª Essas entonações citadas devem ser objeto de estudo e reflexão da parte do bom leitor. Porque há muitos erros de entonação (ou entoação) em leituras em público: erros de entonação relativos às corretas interrogação, exclamação e pontuações. Quanto a este último item, um bom ouvinte perceberá quando um ponto final é colocado pelo leitor, indevidamente, no lugar de uma vírgula: são entonações bem diferentes! E esse erro de leitura provocará estranheza, dispersão e dificuldade no acompanhamento da mensagem do texto.
2. Sobre a oratória
1ª
A boa oratória se beneficiará dos esforços feitos pelo bom leitor: aquele que
faz uma boa e eficaz leitura em público estará em melhores condições para
executar uma boa oratória do que aquele que não consegue ler bem. Portanto, um
primeiro passo para o bom orador é a prática da leitura bem feita, seguindo,
por exemplo, as orientações dadas acima (além de outras, igualmente pertinentes,
que possam ser encontradas).
2ª
O bom orador estará atento a seus próprios erros, identificados por autocrítica,
pela observação crítica de outros oradores, ou por meio da crítica dos
verdadeiros amigos: vícios de linguagem (Né?... Entendeu?... Exatamente...),
vícios de gestos e posturas corporais (ficar puxando a manga da camisa...), não
olhar para toda a extensão da plateia, fixar o olhar em alguma pessoa da
plateia, etc.
3ª
Uma oratória eficaz (aquela que atinge o seu objetivo de comunicar uma mensagem)
deverá buscar atingir pelo menos três objetivos (cid): cativar o
ouvinte, pela simpatia, pela voz agradável, pela ausência de vícios de
oratória; ilustrar a mensagem por meio de exemplos, historietas e fatos
ocorridos na experiência do orador; despertar o ouvinte para o interesse
em aprofundar a questão tratada na palestra, em dar continuidade ao assunto
ventilado, para que o tema não acabe pura e simplesmente ao término do
encontro.
4ª
O conteúdo da oratória (da palestra, da conferência, da aula) deverá se objeto
de séria e profunda reflexão e esquematização da parte do orador. Não basta ter-se
o domínio do assunto, mas é igualmente importante que um esquema textual seja
elaborado ativamente pelo orador: objetivo claramente descrito (para auto
orientação do orador), introdução bem elaborada (frase de impacto ao
início), capítulos, do desenvolvimento do assunto, bem estabelecidos, em
ordem lógica e cronológica e, sobretudo, uma conclusão em que sejam resgatados
todos os principais tópicos abordados na exposição oral (ou, pelo menos,
aqueles mais relevantes).
3. Conclusão
A leitura em público e a oratória
podem beneficiar-se positivamente pelo seguimento das orientações acima dadas.
Embora tais orientações não esgotem o assunto relativo a técnicas e à arte da
boa leitura oral e da boa oratória, podem elas efetivamente contribuir para que
surjam melhores leitores e oradores dentre aqueles que, ao lerem este artigo, buscarem
colocar em prática o que aqui está proposto. O bom leitor é aquele que lê com
naturalidade, com apropriadas entonação e pontuação, e que, com humildade,
prepara-se previamente pela leitura repetitiva e interpretativa do texto a ser
lido. O bom orador é aquele que não se furta a praticar a boa leitura em
público, desenvolve a autocrítica em busca da superação de eventuais vícios de
linguagem e outros, prepara seriamente o assunto e esquematiza o texto a ser
falado, e se conscientiza de que o bom orador
deve cativar, ilustrar e despertar o ouvinte para o assunto tratado.
Uilso Aragono (fev. de 2023)
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