Muitos podem achar que Maria,
a Mãe de Jesus, não tenha tanta importância na vida do cristão. No entanto, um
olhar mais aprofundado nos revela o quão relevante é, para um cristão, imitar
Maria, aquela que disse sim ao Anjo do Senhor e tornou-se a Mãe do nosso Salvador,
Jesus Cristo. Além disso, tornou-se sua primeira discípula, nossa Mãe aos pés
da cruz, nossa mediadora entre Cristo e o Pai e a Esposa castíssima do Espírito
Santo.
QUEM É MARIA?
Maria é uma criatura de Deus,
como nós o somos. No entanto, como diferencial, foi ela predestinada a ser a
Mãe do Salvador e, por isso, teve de ser preservada da mancha do pecado
original, que a todos nos atinge. E o foi em “atenção antecipada aos méritos de
Cristo”, como nos ensina um santo da Igreja. Foi uma mulher humilíssima:
humilde e silenciosa, ensinando e aprendendo na convivência com Jesus e José. Sendo
Mãe de Jesus, tornou-se, também, a Mãe de Deus, visto que Jesus é o Deus-Filho.
POR QUE SERMOS DEVOTOS DE MARIA? *
Maria está mais perto de nós do
que Jesus... afinal, este é o Homem-Deus, e nós somos simples criaturas humanas,
como Maria. Jesus, embora mediador entre Deus e os homens, ainda é Deus e Senhor!
E nós, muito indignos, pequenos, pecadores, para nos aproximarmos da grandeza
de Jesus.
Como ninguém se aproxima de um
rei, neste mundo, senão após falar com um dos seus ministros, assim, também,
para falarmos com Jesus – em respeito à sua altíssima dignidade divina –
devemos buscar um dos seus ministros (representantes dEle): e eis que Maria é
essa ministra de Jesus, que nos recebe e nos conduz a Ele; é nossa advogada
diante dEle, numa linguagem mais moderna.
Devemos ser devotos, dedicados a
Maria, seus imitadores, porque queremos fazer a vontade de Deus; porque
queremos realizar em nossa vida Palavra de Deus: a Bíblia Sagrada! Portanto, se
lá está escrito que Maria é “bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42-43) e “(...)
doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (palavras do canto do Magnificat,
entoado por Maria sob inspiração do Espírito Santo; Lc 1,48) – não deveríamos nós,
cristãos, buscar realizar, vivenciar essas palavras bíblicas e proféticas?
Maria realiza plenamente a
vontade de Deus: “Bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a
observam” (Lc 11, 27-28). Não devemos também nós, buscando imitá-la, realizar
plenamente a vontade divina? A devoção a Maria é um compromisso de imitação,
nas dimensões interior e exterior, das virtudes de nossa Senhora. E por ela ser Mãe de Jesus, consegue-nos tudo
diante dEle!
Recorrendo a Maria, agradamos a Jesus,
que a ama muitíssimo – com amor perfeito! – e deseja vê-la amada por aqueles
que O amam.
Maria gerou Jesus para o mundo e
deseja gerá-lo novamente no nosso coração.
Maria é parte essencial da Redenção:
Deus planejou assim; Sua obra continua.
Maria deseja ser nossa
intercessora (ou medianeira), nossa advogada junto à Trindade Santa.
Maria, “cheia de graça”, quer
partilhar o Espírito Santo com seus filhos.
Maria, por amor a Jesus, quer
assumir sua maternidade espiritual em relação a nós. Ela nos ama como Jesus!
O próprio Jesus se submeteu a Maria
durante 30 anos de Sua vida: por que nós não deveríamos fazer igualmente? (*
Texto inspirado no livro de S. Luís Maria Grignion de Monfort: Tratado da verdadeira
devoção à Santíssima Virgem.)
INTERCESSORA JUNTO A JESUS
Jesus é a ponte (o pontífice)
entre Deus e os homens. E Maria quer ser a guia dos peregrinos que desejam
chegar a essa ponte! Ela pode ser comparada a uma lanterna que ilumina o
caminho daqueles que desejam chegar perto de Jesus. Pode ser comparada a uma
estrada bem pavimentada, bem iluminada, e bem sinalizada, por onde o carro de
nossa vida pode rodar sem problemas para chegar em segurança à Ponte.
Ao contrário, sem Maria, esse
carro de nossa vida estará rodando sobre uma estrada esburacada, mal iluminada
e mal sinalizada, oferecendo-nos todas as dificuldades de chegarmos em
segurança à Ponte, que é o Cristo!
COMO RESPONDERMOS AOS IRMÃOS
EVANGÉLICOS?
Nós, católicos, honramos e
veneramos (venerar = respeito elevado) nossa Senhora, Maria, a Mãe de Jesus,
como este espera que o façamos. Nenhum amigo pode dizer que nos ama se não
respeitar e não tiver consideração por nossa própria mãe. Desrespeitar nossa
mãe é como nos desrespeitar a nós próprios. Esse raciocínio se aplica igualmente
a Jesus e à sua Mãe Maria.
Quanto às imagens que representam Maria, a Mãe de Jesus, não estão proibidas pelo capítulo 20 do livro do Êxodo, como querem fazer crer alguns irmãos crentes! Pois nesse texto (Ex 20, 4-5), Deus proíbe a adoração de ídolos por meio de imagens. Ora, a imagem de Maria não é um ídolo, mas uma lembrança visual – como bem necessita a experiência humana! – que nos ajuda a contemplar, a ver com os olhos carnais aquilo que nossa fé enxerga pelo espírito. É um consolo humano muito aceitável. Orar diante de imagens (estatuetas) de Maria, de Jesus, ou dos santos é uma prática muito humana, pois não somos anjos. Precisamos ver, tocar e até beijar, para termos uma experiência – mesmo religiosa! – mais profunda e verdadeira. E se o católico se ajoelha diante de uma imagem da Santíssima Virgem (ou de qualquer outro santo) não é porque ela seja Deus, mas porque representa Deus diante de nossos olhos, nos aproxima de Deus, e porque ela está tão próxima dEle que não há como não se ajoelhar diante dEle!
Uma igreja sem imagens não nos estimula (humanamente falando) ao ato de oração, de contemplação de Deus: é um ambiente frio, sem o calor humano tão necessário às pessoas. O espírito humano necessita desse consolo. E Deus nunca proibiu – de forma absoluta! – a construção de imagens (estatuetas). Ao contrário, Ele até mandou construir imagens sagradas (os querubins) para aumentar a fé do povo: pois Ele não quer um culto espiritualizado e dirigido diretamente ao invisível. Ele conhece nossa psicologia! (Ex 25, 17-22; 1Rs 6,23-29; Nm 21, 4-9, etc.).
COMO SERMOS DEVOTOS DE MARIA
Reconhecendo-a como nossa Mãe; rezando
o Terço ou o Rosário (que é igual a três Terços) frequentemente, repetindo jaculatórias
e orações marianas como a Ave-Maria (Lc 1, 28.42), a Salve Rainha, o Angelus,
o Magnificat, etc. Buscar conhecer, com boa profundidade, alguma
invocação de nossa Senhora: Nossa Senhora da Penha; devoção ao Imaculado
Coração de Maria; devoção à Medalha Milagrosa (N. Senhora da Graças); Nossa
Senhora Aparecida; etc.
Buscar praticar na vida o teor de
algumas “mensagens” marianas transmitidas por videntes como em Fátima (Portugal),
Lourdes (França), Medjugorje (Croácia), etc.: rezar o Terço diariamente, fazer
penitências, jejuns e praticar a caridade ao próximo, especialmente aos mais
necessitados.
Viver os sacramentos, especialmente
a Eucaristia – o Corpo e o Sangue de Cristo, nosso Senhor! E Maria é como que
um Sacrário vivo, pois sempre nos dá Jesus!
CONCLUSÃO
Aprofundar o significado de Maria
na nossa vida nos levará a compreender – iluminados pelo Espírito Santo – que
tanto mais e melhor estaremos amando a Jesus, quanto mais e melhor venerarmos e
amarmos sua Mãe santíssima. O amor a Jesus não pode ser completo se não incluir
o carinhoso e filial amor àquela que foi serva fiel e silenciosa no cumprimento
dos desígnios de Deus para a encarnação do Verbo de Deus, seu Filho Amado.
Ter em conta a presença
equilibrada de Maria na nossa espiritualidade é algo que só tem a contribuir
para nossa mais perfeita santificação e nossa verdadeira felicidade já aqui na
Terra e, depois, lá no Céu.
Uilso Aragono. (Março de 2022)
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