Muitas pessoas têm
se assustado diante de notícias
de explosões de telefones
celulares. No entanto, há
mais alarmismo do que notícia
verdadeira em torno do assunto. Para esclarecer os leitores, com base em minha experiência de professor de engenharia elétrica, passo a fazer algumas considerações sobre o assunto.
O celular, ou Smartphone, objeto
de desejo da grande maioria das pessoas, especialmente neste período
de Natal, é um aparelho que funciona com base em uma bateria elétrica
diminuta, recarregável, e cuja duração é de um dia, mais ou menos –
até
o momento em que o próprio aparelho se desligue
automaticamente, para sua proteção.
SOBRE A SEGURANÇA
DO APARELHO
É um aparelho muito seguro do ponto de
vista elétrico, já que, em situações normais, não
produz faíscas, é de tensão (voltagem) muito baixa e nem esquenta
demais, a ponto de poder queimar alguém. Não tem contraindicação
de uso, a não ser por questões de segurança, na aviação,
e pela própria segurança do aparelho: não usar dentro d'água,
por exemplo. Raríssimas são as situações anormais em que um aparelho celular –
e em função de algum problema ligado à bateria (sempre) –
explode ou pega fogo. Essas situações podem ser atribuídas
a fatalidades, sem dúvida, quando não ligadas a
algum produto novo ainda não totalmente testado (caso recente do aparelho
Samsung Galaxy S7).
Há, ainda, a questão ligada à
propagação de ondas eletromagnéticas, que são o meio pelo
qual o aparelho funciona, tanto para o acesso à internet, quanto para a sua função
básica
de aparelho telefônico. Tais ondas eletromagnéticas, especialmente nos momentos em que
ocorre a chamada telefônica, levantam suspeitas de que possam
ser prejudiciais ao ser humano. No entanto, não há evidências científicas claras
sobre tal prejuízo, já que é muito difícil testar possíveis efeitos das
ondas eletromagnéticas sobre o corpo humano, por várias razões.
Mesmo assim, para minimizar os riscos os celulares são confeccionados
com precauções técnicas que reduzem ao mínimo
o poder (a força) de tais ondas eletromagnéticas, de tal forma que sua exposição
ao usuário não lhe venha a ser potencialmente
perigosa.
RECOMENDAÇÕES DE USO NA
AVIAÇÃO
Em função da presença
de um grande número de celulares dentro de um avião, e por
emitirem, tais aparelhos, ondas eletromagnéticas, por questão de prudência
e segurança, recomenda-se que os aparelhos sejam utilizados no chamado
"modo avião", isto é: o aparelho fica funcional, mas não
funcionará como telefone e nem terá acesso à internet móvel (rede telefônica
das concessionárias de telefonia); mas suas demais funções (incluindo o
modo WiFi) estão preservadas e liberadas, tais como: jogos, leitura, escrita,
filmes, música, etc., através do acesso aos canais de comunicação
e entretenimento de aeronaves comerciais. A questão de possível explosão ou fogo é desconsiderada, já
que é uma situação muito rara e que, se acontecesse, não
teria consequências muito sérias, podendo ser combatida eficazmente
pelo pessoal de bordo. Não sendo assim, tais aparelhos teriam de
ser proibidos na aviação, não se podendo portá-los, nem ao
menos desligados.
RECOMENDAÇÃO DE NÃO
USO EM POSTOS DE GASOLINA
Apesar de as estatísticas
confirmarem que são raríssimas as situações de explosão
ou fogo associadas aos celulares, estas podem ocorrer. Portanto, o uso efetivo
do celular em postos de gasolina, nas proximidades das bombas de combustível,
não
é
recomendado, sendo mesmo proibido. Isto para prevenir que, embora rara, uma
situação de explosão ou superaquecimento da bateria não
venha a provocar fogo ou faíscas que possam, por sua vez, provocar
um incêndio em presença do vapor da gasolina. É
uma questão de prudência, apenas.
SUGESTÕES PARA
MINIMIZAR OS RISCOS
Sobre o uso do celular, para minimizar possíveis
riscos contra a saúde, tendo em vista que o aparelho emite ondas eletromagnéticas:
1) deixar na bolsa; e se no bolso, ou colado no corpo, por
pouco tempo (máx 1/2 hora).
2) falar, com o aparelho na orelha, no máx 2-3min.
3) Usar o viva voz para falar por mais tempo.
4) Em dias de tempestades, não usar o aparelho enquanto é
carregado, ligado à tomada elétrica.
5) Não deixar aparelho carregando (ligado na
tomada) sobre superfícies combustíveis (papel,
tecido, plástico), para evitar possibilidade de fogo, em caso de mau
funcionamento da bateria.
6) Não deixar aparelho, ligado, sobre superfícies
combustíveis.
7) Se o celular caiu, com pancada razoável,
é
aconselhável levar no técnico para verificação
da condição da bateria: pode ter havido alteração interna
perigosa.
Seguir tais recomendações é agir a favor da nossa segurança.
SOBRE VÍDEOS ALARMISTAS E FALSOS
Há vídeos muito tendenciosos circulando pela
internet e por grupos de WhatsApp. Um deles, uma reportagem de um canal de TV,
intitulado, "Celulares em postos de combustíveis..." é alarmista e
falso. O vídeo mostra quatro episódios:
a) Um caminhão
de combustível pegando fogo depois que um frentista abre a boca do tanque
do caminhão e pega um celular: nesse momento, ocorre uma explosão
e tudo pega fogo;
b) Uma Kombi,
parada em frente à bomba de combustível, pega fogo no instante em que o
motorista liga o motor;
c) Uma
camionete, também parada em frente à bomba de combustível, mostra algo
não
identificado na carroceria, que, de repente, começa a pegar fogo.
d) Finalmente,
apresentam um experimento em que um pedaço de papel-alumínio, amassado em
forma de bola e embebido em gasolina, pega fogo ao se apertar o botão
de chamada de um celular posicionado a uma distância de cerca de 15 centímetros.
Podem ser feitos os seguintes esclarecimentos:
1) É o vapor de gasolina que explode, e só
por meio de chama ou faísca, em presença de oxigênio.
2) O vídeo mostra
acidentes que são comuns em postos de gasolina, quando não
se levam a sério as adequadas medidas de prevenção e segurança.
3) O homem que subiu no caminhão
e pegou o celular, provavelmente foi usá-lo como lanterna. Supondo que o celular
não
tenha pegado fogo naquele exato momento (por defeito interno da bateria), o
frentista poderia estar com carga elétrica estática, e, ao tocar na ou aproximar-se da
boca do tanque pode ter produzido uma faísca e, esta sim, ter provocado o
acidente. O certo é que o celular não tem poder para produzir faísca
que provoque tal acidente.
4) A Kombi explodiu porque, ao se dar a partida, o motor deve ter produzido faísca, e ao lado da bomba, ambiente envolto por vapor de gasolina. E a
tendenciosidade do vídeo/reportagem já aparece aqui:
onde está o celular, que teria sido a causa do acidente? –
Não
há
celular e nem se fala nele...
5) Na carroceria da camionete o
fogo surgiu de repente, mas, de novo, cadê o celular?... Foi um acidente, mas não
dá
pra identificar a causa...
6) Já o vídeo
do celular é uma situação específica, que não existe em
posto de gasolina: o papel de alumínio (metal) foi submetido a um pulso de
ondas eletromagnéticas, na chamada do celular, o que provocou uma micro faísca
(curto-circuito) no interior do papel junto com o vapor de gasolina. É
semelhante ao que acontece quando se coloca metal no micro ondas: surgem faíscas!
É
um processo chamado de indução eletromagnética.
Observe-se, ainda, neste caso, que se tivesse sido o celular o causador direto
da chama que surgiu na bola de papel-alumínio, o fogo teria envolvido o celular, o
que não acontece no vídeo.
Portanto, é um vídeo/reportagem
alarmista e falso!
CONCLUSÕES
Apesar de os esclarecimentos
acima tirarem a culpa do celular como causador de explosões em postos de
gasolina, todos os cuidados de segurança devem ser tomados em um ambiente
potencialmente perigoso e suscetível a explosões e fogo. A
proibição de usar-se o celular próximo a bombas de gasolina faz sentido na
medida em que há uma possibilidade, embora remota, de que tal aparelho venha a
sofrer um superaquecimento (causado pela bateria interna) e provoque faíscas
ou, mesmo, fogo. Isto, em presença do vapor de gasolina, comum no entorno
das bombas de combustível, pode causar um acidente muito sério!
Todos os cuidados de segurança
devem ser praticados em posto de gasolina, já que são ambientes imersos em vapor de gasolina e,
portanto, muito suscetíveis a pegar fogo. Alguns tópicos
de segurança sejam lembrados: para-raios bem projetados, sistemas de
descarga estática para equipamentos e funcionários; avisos claros para não
uso de celular nas proximidades das bombas; presença de extintores
de incêndio facilmente acessíveis; treinamento eficaz para os funcionários
frentistas, etc.
Uilso Aragono. (Dez. de 2016)
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