sábado, 31 de dezembro de 2016

EXPLOSÃO DE CELULAR – ALGUNS ESCLARECIMENTOS

Muitas pessoas têm se assustado diante de notícias de explosões de telefones celulares. No entanto, há mais alarmismo do que notícia verdadeira em torno do assunto. Para esclarecer os leitores, com base em minha experiência de professor de engenharia elétrica, passo a fazer algumas considerações sobre o assunto.

O celular, ou Smartphone, objeto de desejo da grande maioria das pessoas, especialmente neste período de Natal, é um aparelho que funciona com base em uma bateria elétrica diminuta, recarregável, e cuja duração é de um dia, mais ou menos até o momento em que o próprio aparelho se desligue automaticamente, para sua proteção.

SOBRE A SEGURANÇA DO APARELHO

É um aparelho muito seguro do ponto de vista elétrico, já que, em situações normais, não produz faíscas, é de tensão (voltagem) muito baixa e nem esquenta demais, a ponto de poder queimar alguém. Não tem contraindicação de uso, a não ser por questões de segurança, na aviação, e pela própria segurança do aparelho: não usar dentro d'água, por exemplo. Raríssimas são as situações anormais em que um aparelho celular e em função de algum problema ligado à bateria (sempre) explode ou pega fogo. Essas situações podem ser atribuídas a fatalidades, sem dúvida, quando não ligadas a algum produto novo ainda não totalmente testado (caso recente do aparelho Samsung Galaxy S7).

Há, ainda, a questão ligada à propagação de ondas eletromagnéticas, que são o meio pelo qual o aparelho funciona, tanto para o acesso à internet, quanto para a sua função básica de aparelho telefônico. Tais ondas eletromagnéticas, especialmente nos momentos em que ocorre a chamada telefônica, levantam suspeitas de que possam ser prejudiciais ao ser humano. No entanto, não há evidências científicas claras sobre tal prejuízo, já que é muito difícil testar possíveis efeitos das ondas eletromagnéticas sobre o corpo humano, por várias razões. Mesmo assim, para minimizar os riscos os celulares são confeccionados com precauções técnicas que reduzem ao mínimo o poder (a força) de tais ondas eletromagnéticas, de tal forma que sua exposição ao usuário não lhe venha a ser potencialmente perigosa.

RECOMENDAÇÕES DE USO NA AVIAÇÃO

Em função da presença de um grande número de celulares dentro de um avião, e por emitirem, tais aparelhos, ondas eletromagnéticas, por questão de prudência e segurança, recomenda-se que os aparelhos sejam utilizados no chamado "modo avião", isto é: o aparelho fica funcional, mas não funcionará como telefone e nem terá acesso à internet móvel (rede telefônica das concessionárias de telefonia); mas suas demais funções (incluindo o modo WiFi) estão preservadas e liberadas, tais como: jogos, leitura, escrita, filmes, música, etc., através do acesso aos canais de comunicação e entretenimento de aeronaves comerciais. A questão de possível explosão ou fogo é desconsiderada, já que é uma situação muito rara e que, se acontecesse, não teria consequências muito sérias, podendo ser combatida eficazmente pelo pessoal de bordo. Não sendo assim, tais aparelhos teriam de ser proibidos na aviação, não se podendo portá-los, nem ao menos desligados.

RECOMENDAÇÃO DE NÃO USO EM POSTOS DE GASOLINA

Apesar de as estatísticas confirmarem que são raríssimas as situações de explosão ou fogo associadas aos celulares, estas podem ocorrer. Portanto, o uso efetivo do celular em postos de gasolina, nas proximidades das bombas de combustível, não é recomendado, sendo mesmo proibido. Isto para prevenir que, embora rara, uma situação de explosão ou superaquecimento da bateria não venha a provocar fogo ou faíscas que possam, por sua vez, provocar um incêndio em presença do vapor da gasolina. É uma questão de prudência, apenas.

SUGESTÕES PARA MINIMIZAR OS RISCOS

Sobre o uso do celular, para minimizar possíveis riscos contra a saúde, tendo em vista que o aparelho emite ondas eletromagnéticas:

1) deixar na bolsa; e se no bolso, ou colado no corpo, por pouco tempo (máx 1/2 hora).
2) falar, com o aparelho na orelha,  no máx 2-3min.
3) Usar o viva voz para falar por mais tempo.
4) Em dias de tempestades, não usar o aparelho enquanto é carregado, ligado à  tomada elétrica.
5) Não deixar aparelho carregando (ligado na tomada) sobre superfícies combustíveis (papel, tecido, plástico), para evitar possibilidade de fogo, em caso de mau funcionamento da bateria.
6) Não deixar aparelho, ligado, sobre superfícies combustíveis.
7) Se o celular caiu, com pancada razoável, é aconselhável levar no técnico para verificação da condição da bateria: pode ter havido alteração interna perigosa.

Seguir tais recomendações é agir a favor da nossa segurança.

SOBRE VÍDEOS ALARMISTAS E FALSOS

Há vídeos muito tendenciosos circulando pela internet e por grupos de WhatsApp. Um deles, uma reportagem de um canal de TV, intitulado, "Celulares em postos de combustíveis..." é alarmista e falso. O vídeo mostra quatro episódios:

a) Um caminhão de combustível pegando fogo depois que um frentista abre a boca do tanque do caminhão e pega um celular: nesse momento, ocorre uma explosão e tudo pega fogo;
b) Uma Kombi, parada em frente à bomba de combustível, pega fogo no instante em que o motorista liga o motor;
c) Uma camionete, também parada em frente à bomba de combustível, mostra algo não identificado na carroceria, que, de repente, começa a pegar fogo.
d) Finalmente, apresentam um experimento em que um pedaço de papel-alumínio, amassado em forma de bola e embebido em gasolina, pega fogo ao se apertar o botão de chamada de um celular posicionado a uma distância de cerca de 15 centímetros.

 Podem ser feitos os seguintes esclarecimentos:

1) É o vapor de gasolina que explode, e só por meio de chama ou faísca, em presença de oxigênio.

2) O vídeo mostra acidentes que são comuns em postos de gasolina, quando não se levam a sério as adequadas medidas de prevenção e segurança.

3) O homem que subiu no caminhão e pegou o celular, provavelmente foi usá-lo como lanterna. Supondo que o celular não tenha pegado fogo naquele exato momento (por defeito interno da bateria), o frentista poderia estar com carga elétrica estática, e, ao tocar na ou aproximar-se da boca do tanque pode ter produzido uma faísca e, esta sim, ter provocado o acidente. O certo é que o celular não tem poder para produzir faísca que provoque tal acidente.

4) A Kombi explodiu porque, ao se dar a partida, o motor deve ter produzido faísca, e ao lado da bomba, ambiente envolto por vapor de gasolina. E a tendenciosidade do vídeo/reportagem já aparece aqui: onde está o celular, que teria sido a causa do acidente? Não há celular e nem se fala nele...

5) Na carroceria da camionete o fogo surgiu de repente, mas, de novo, cadê o celular?... Foi um acidente, mas não dá pra identificar a causa...

6) Já o vídeo do celular é uma situação específica, que não existe em posto de gasolina: o papel de alumínio (metal) foi submetido a um pulso de ondas eletromagnéticas, na chamada do celular, o que provocou uma micro faísca (curto-circuito) no interior do papel junto com o vapor de gasolina. É semelhante ao que acontece quando se coloca metal no micro ondas: surgem faíscas! É um processo chamado de indução eletromagnética. Observe-se, ainda, neste caso, que se tivesse sido o celular o causador direto da chama que surgiu na bola de papel-alumínio, o fogo teria envolvido o celular, o que não acontece no vídeo.

Portanto, é um vídeo/reportagem alarmista e falso!

CONCLUSÕES

Apesar de os esclarecimentos acima tirarem a culpa do celular como causador de explosões em postos de gasolina, todos os cuidados de segurança devem ser tomados em um ambiente potencialmente perigoso e suscetível a explosões e fogo. A proibição de usar-se o celular próximo a bombas de gasolina faz sentido na medida em que há uma possibilidade, embora remota, de que tal aparelho venha a sofrer um superaquecimento (causado pela bateria interna) e provoque faíscas ou, mesmo, fogo. Isto, em presença do vapor de gasolina, comum no entorno das bombas de combustível, pode causar um acidente muito sério!

Todos os cuidados de segurança devem ser praticados em posto de gasolina, já que são ambientes imersos em vapor de gasolina e, portanto, muito suscetíveis a pegar fogo. Alguns tópicos de segurança sejam lembrados: para-raios bem projetados, sistemas de descarga estática para equipamentos e funcionários; avisos claros para não uso de celular nas proximidades das bombas; presença de extintores de incêndio facilmente acessíveis; treinamento eficaz para os funcionários frentistas, etc.

Uilso Aragono. (Dez. de 2016)

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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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