A vida, do ponto de vista de
alguém que crê em Deus, pode ser classificada em três categorias: Vida Animal-Vegetal,
Vida Humana e Vida Espiritual. E a não-vida, associada à matéria
físico-química, pode ser denominada Dinâmica Vital. Comecemos a reflexão por
esta última.
DINÂMICA VITAL
A dinâmica vital é uma expressão
que pode ser aplicada às criaturas não vivas – tais como o Sol e a Terra, por
exemplo – que manifestam uma dinâmica semelhante à dos seres vivos, embora, de
fato, não possam ser caracterizados como tais. A dinâmica vital não é vida,
portanto, mas algo que se assemelha muito como que se entende por vida.
Esta dinâmica manifesta-se num
comportamento não autônomo, não inteligente, mas que, ao longo do tempo, tem
como resultado mudanças no estado da matéria de que é composto o ser
considerado. Seja, como exemplo, o planeta Terra. Nosso Planeta, constituído
por uma variedade enorme de tipos de matéria e de seres vivos, não tem
autonomia e nem inteligência que o levem a sair da situação em que está:
girando em volta do Sol. No entanto, possui uma dinâmica físico química que o
caracteriza quase como um ser vivo, embora não tenha a característica
fundamental de um ser vivo: a ocorrência da morte... Pois ao se dizer que uma
estrela morre, está se afirmando, apenas, que, ao final de um longo tempo de
atuação de uma certa dinâmica físico química, sua aparência e seu formato terão
mudado substancialmente. A Terra, um dia, não terá o aspecto que hoje tem, e
nem o conteúdo de vida que hoje possui. No entanto, ela não morrerá, mas, após
um longo tempo, apresentará um outro aspecto e outro conteúdo.
VIDA ANIMAL (OU VEGETAL)
A Vida Animal é caracterizada por
uma complexidade não encontrada nos seres que partilham a dinâmica vital. Essa
complexidade é marcada pela existência do chamado DNA (ácido
desoxirribonucleico): uma longa cadeia de aminoácidos que carregam em si
códigos hereditários – estes, necessários à replicação do ser vivo, isto é, à
sua capacidade de produzir descendentes.
A inteligência e autonomia são
duas características intrínsecas e definidoras do ser vivo. De fato, cada ser
vivo tem uma função autônoma e uma inteligência própria, embora instintiva esta
última, que lhes dão condições de agir sobre a matéria e sobre outros seres
vivos ao longo de sua própria vida, seguindo e dependendo de seu código
genético herdado de seus antecedentes.
Outra característica da Vida
Animal é o seu fim, marcado pela morte do ser vivo. Este nasce, desenvolve-se,
reproduz-se e, finalmente, morre. A morte é caracterizada pela total
transformação do corpo desse animal, que já não é capaz de realizar sua ação
sobre a matéria e sobre os outros seres vivos, como costuma fazer. Uma árvore
morta, por exemplo, mantém, num primeiro momento, sua aparência anterior, mas
já não absorve a seiva como o fazia antes, e não produz mais suas folhas e
frutos como era capaz de fazê-lo enquanto vivia.
Uma última característica da vida
animal é a sua capacidade e sua dependência de alimentar-se, e de aproveitar os
nutrientes desses alimentos para a manutenção de seu corpo e de sua vida. A
alimentação distingue o corpo vivo em confronto com o corpo morto, que volta a
ser pura matéria (que, no entanto, continua a ter uma dinâmica vital).
VIDA HUMANA
A Vida Humana é, essencialmente,
vida animal (ou vegetal), distinguindo-se desta, no entanto, e sobretudo, pela
consciência da morte! Enquanto um chimpanzé fêmea, diante de um filhote recém
morto, continua a carregá-lo para cima e para baixo, sem se dar conta de que
seu descendente está morto, o ser humano percebe, claramente, o fim da vida –
não somente sua, mas, também, dos seus pares. E ao perceber a realidade da
morte, procura entender, justificar esse acontecimento, enchendo-o de
significado.
Outra característica da vida
humana é, que, diferentemente do animal não-racional, é constituída por corpo e
espírito. Há na vida humana algo mais do que, simplesmente, um corpo material.
Há uma realidade super material que se costuma denominar Alma humana. Esta está
intrinsecamente unida à mente, ao cérebro humano, e é a fonte da consciência,
e, particularmente, da consciência da morte.
Uma vez morto um ser humano,
diz-se que ocorre a separação da alma e do corpo: enquanto este morre, de fato,
decompondo-se, a alma é entendida como um ser que não encontra a morte,
permanecendo vivo após a morte. A alma poderia ser entendida como o DNA
espiritual do ser humano! Enquanto a inteligência de um animal é puramente
instintiva, a inteligência humana é altamente criadora, adaptativa e
expansível.
VIDA ESPIRITUAL
A vida espiritual pode ser,
inicialmente, identificada com a alma humana! Esta é espiritual, pois foi
criada por Deus: "E Deus o fez à sua imagem e semelhança; como homem e
mulher os criou" (Gen 5, 1-2). Para que o homem seja considerado à imagem
de Deus, sendo, Este, Espírito puro, há que se considerar a existência de algo espiritual
no homem para que seja semelhante a Deus: é a alma espiritual!
Mas a vida espiritual transcende
a alma humana... É constituída, sobretudo, pela vida angelical. A crença no
mundo espiritual é bíblica e faz parte da crença cristã. Vivemos, portanto, em
um mundo multidimensional: matéria não viva, matéria viva (corpos dos seres
vivos) e seres espirituais.
A Criação, constituída por todas
as criaturas de Deus, é algo que espanta pela sua grandiosidade e sua
variedade. A Natureza, nada mais é do que o conjunto da dinâmica vital da
matéria físico-química, dos corpos vivos, não-racionais e racionais (humanos),
e do mundo espiritual. Toda a criação, criada por Deus por Amor, canta os
louvores do Senhor! A importância da vida, especialmente a humana, está,
justamente, na realização do plano de Deus: encher a Terra de vida, de alegria,
de amor!
CONCLUSÃO
A vida por ser, então, entendida
como marcada pelas características de autonomia, inteligência, procriação,
alimentação e nascimento-morte. Se há um DNA que caracteriza toda forma de vida,
racional ou não, há, igualmente, um DNA que caracteriza a vida espiritual
humana: é a alma humana. Esta é como se fosse o DNA espiritual do ser humano. E
se as criaturas não vivas já são fonte de admiração para nós, seres humanos,
muito mais o são as criaturas vivas! E dentre essas, a própria vida humana é
fonte inesgotável de admiração e de louvor a Deus, pelas suas incríveis
capacidades de procriação, de inventividade, de intervenção (respeitosa) na
natureza material-animal-vegetal, e de intervenção, também, no mundo
espiritual. Esta última, acontecendo por meio da natural religiosidade do ser
humano, que o leva a reconhecer e louvar o Criador de todas essas belezas e
maravilhas da natureza.
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