Dando continuidade ao texto anterior, mais alguns aspectos diferenciais são ressaltados nos tópicos a seguir.
5. SOBRE O USO DA BÍBLIA NOS
CULTOS
No Catolicismo, ou uso da Bíblia
é recomendado e incentivado nos Círculos Bíblicos e nos estudos pessoais, e
para a oração pessoal. No entanto, nos cultos, os fiéis não são incentivados a
terem um exemplar da Bíblia nas mãos, dando-se preferência a que a Palavra de
Deus, lida do púlpito, seja ouvida pela assembleia. Isto se explica pelo fato
de que existem várias edições da Bíblia Católica, com pequenas variações na
tradução, o que levaria o fiel a confundir-se no acompanhamento da leitura, se
esta não fosse igual à de sua versão, no momento. Além dessa justificativa, a
Igreja Católica dá preferência à audição, com o objetivo de que os fiéis adquiram
uma postura de maior atenção à Palavra proclamada.
No Evangelismo, a recomendação
geral é que cada fiel leve consigo um exemplar da Bíblia Evangélica para que os
textos possam ser acompanhados durante a celebração. Recomenda-se que tais
exemplares sejam de uma mesma editora, para que os textos lidos e ouvidos sejam
iguais. Existem, também, Escolas Bíblicas, em que são estudados os textos bíblicos.
Igualmente ao que ocorre no Catolicismo, a oração com a Bíblia é muito
incentivada.
6. SOBRE OS TEXTOS BÍBLICOS NOS
CULTOS
No Catolicismo, os textos
bíblicos de cada culto (missas e celebrações da Palavra) são previamente definidos
no chamado Calendário Litúrgico – que é um instrumento preparado pela Igreja, e
aprovado pelo Papa ou por Comissões Litúrgicas –, visando a garantir que a cada
dia, em toda a Igreja Católica do mundo inteiro, os mesmos textos sejam lidos e
meditados. Ao padre não é dada a liberdade de escolher os textos das missas e
celebrações: o Calendário Litúrgico já os determina. Durante os dias da semana,
são lidos dois textos do Antigo Testamento (um deles, sempre, um Salmo) e um
texto do Novo Testamento (um dos quatro Evangelhos); aos domingos, são lidos
dois textos do Antigo Testamento (um deles, sempre, um Salmo), e dois textos do
Novo Testamento (uma das Cartas dos Apóstolos, ou dos Atos, ou do Apocalipse, e
um dos Evangelhos). Durantes as leituras, os fiéis ficam sentados, à exceção da
leitura do Evangelho, em que todos, ficam de pé, indicando prontidão e atenção
máxima à Palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em seguida às leituras, o padre faz
o que se denomina Sermão ou Homilia, com o objetivo de explicar e explicitar as
principais mensagens dos textos lidos – os quais, por terem sido prévia e cuidadosamente
escolhidos, articulam-se com muita perfeição no conteúdo das mensagens
transmitidas. O Calendário Litúrgico articula as leituras da Bíblia de tal
forma que, ao fim de três anos, praticamente todos os principais textos
bíblicos terão sido lidos e meditados nas celebrações diárias. Ocorrem,
especialmente, nas celebrações dominicais, procissões de entrada em que a
Bíblia e levada, com muita veneração e respeito, até o altar da igreja.
No Evangelismo, não há textos
previamente definidos, tendo os pastores total liberdade para escolher os textos
a serem lidos. Embora a prática varie muito nas diversas Igrejas Evangélicas, ocorre,
muitas vezes, que o pastor faz sua pregação com base em vários pequenos textos
da Bíblia, procurando extrair deles o conteúdo da mensagem evangélica a ser
transmitida. Quando os textos bíblicos são proclamados para a assembleia, os fiéis
costumam ficar sentados, independentemente de serem textos lidos do Evangelho
ou de outras partes da Bíblia.
7. SOBRE O USO DE IMAGENS
No Catolicismo, o uso e a
veneração das denominadas “imagens” são incentivados e fazem parte do espírito religioso
e devocional dos fiéis. As imagens (isto é: figuras impressas e estatuetas) podem
representar, de forma respeitosa e, de preferência, bonita, a Santíssima
Trindade, Maria e os demais santos, além de muitas cenas evangélicas e da
História Sagrada. A Igreja Católica sempre utilizou imagens porque sempre
acreditou que o texto bíblico do livro do Êxodo (Ex 20, 4 ou Ex 20:4) somente
proíbe imagens com a intenção de idolatria. E porque Deus não se contradiz, e
ordena fazer imagens (querubins de ouro), logo à frente no mesmo livro (Ex 25,
18-20 ou Ex 25: 18-20), e em outras partes da Bíblia (Num 21, 8-9 ou Num 21:
8-9; I Reis 6, 23-35 ou I Reis 6: 23-35). No início do Cristianismo, os
primeiros cristãos pintavam nas catacumbas muitas imagens de cenas bíblicas do
Antigo e do Novo Testamento, com objetivo tanto de culto quanto de catequese
(para ensinar, especialmente, aos que não sabiam ler).
No Evangelismo, as imagens foram
proibidas com base numa interpretação de que o texto do livro do Êxodo (Ex 20,
4 ou Ex20:4) tem valor absoluto, independentemente das ordens dadas, pelo
próprio Deus, para a confecção de imagens (querubins, serpentes de bronze,
etc.) como citados nos outros textos bíblicos acima referenciados. Os
evangélicos acreditam que tais ordens, dadas por Deus, para a confecção de imagens,
teriam sido exceções à regra geral da proibição de imagens.
8. SOBRE OS SACRAMENTOS
No Catolicismo, o termo sacramento (= mistério) é utilizado
desde as origens do Cristianismo, com o significado de um sinal que carrega
consigo a eficácia do seu simbolismo. Ao longo da vida da Igreja Católica, sete
sacramentos foram definidos: Batismo, Crisma (ou Confirmação), Eucaristia,
Ordem (sacerdotal), Matrimônio, Confissão (ou Reconciliação), e Unção dos
Enfermos.
No Evangelismo, o único sacramento aceito e mantido, após a
Reforma Protestante (ou Evangélica), foi o Batismo. E é aplicado, em geral,
apenas para os fiéis adultos; pois as crianças não têm consciência do
sacramento e, portanto, não podem recebê-lo.
9. SOBRE A EUCARISTIA
No Catolicismo, a Eucaristia é um
sacramento, isto é, é um mistério que
carrega consigo, particularmente, a verdade e a eficácia do seu simbolismo: o
Corpo e o Sangue de Cristo estão, de fato, presentes na partícula de pão e no
vinho, já consagrados pelo sacerdote católico. A Igreja Católica sempre
acreditou na realidade e na verdade das palavras de Cristo: “Isto é o meu
Corpo; este é o cálice do meu Sangue” (Mt 26, 26s ou Mt 26: 26s; Lc 22, 19s ou
Lc 22: 19s; I Cor 11, 23s ou I Cor 11: 23s). Para o Catolicismo, tais palavras,
também presentes em outros textos, proclamam, claramente, que Jesus estava
instituindo um verdadeiro sacramento,
dizendo – inclusive para espanto, constrangimento e escândalo dos que ouviam –,
que “era” seu Corpo e seu Sangue, e não, “simbolizava” seu Corpo e seu Sangue!
Os sacerdotes católicos, por receberem a Ordem (sacramento da Ordem Sacerdotal)
do seu Bispo, recebem o poder espiritual de serem um “outro Cristo” durante o
momento da celebração eucarística e o pão e o vinho transformam-se – embora
mantendo as aparências! – em seu Corpo e em seu Sangue, verdadeiramente! Isto,
para que “tenhais a vida em vós” (Jo 6, 53 ou Jo 6: 53).
No Evangelismo, os sacramentos da
Eucaristia e da Ordem (conforme entendidos pelos católicos, acima), foram
rejeitados como verdadeiros sacramentos. Para os evangélicos, as palavras de
Cristo são entendidas como significando que o pão e o vinho sejam, apenas, “memória”
da entrega redentora de Cristo pelos pecadores.
Realizar tal celebração, também denominada “comunhão”, para os
evangélicos, é tão somente um ato piedoso de recordação daquele sublime momento
e que por si só, lhes comunica sua graça divina, embora o Cristo não esteja presente,
verdadeiramente, no pão e no vinho utilizados por eles nas celebrações.
(Continua ...)
Uilso Aragono (fev/2016)
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