Para esclarecimentos dos cristãos de boa vontade, e que estão sempre
buscando a verdade, o texto a seguir tenta esclarecer, de modo muito objetivo,
isto é, sem afirmações de valor, as diferenças que existem entre a Igreja
Católica (ou Catolicismo) e as Igrejas Evangélicas (ou Evangelismo).
Objetiva-se, com isto, ajudar a todos aqueles que se consideram cristãos, ou
têm simpatia pelo Cristo ou pelo Cristianismo, mas ainda não se decidiram pela
igreja à qual aderir, para sua vivência eclesial ou comunitária.
1. ORIGENS
O Catolicismo origina-se da
Igreja fundada por Jesus Cristo, sobre o Apóstolo Pedro, conforme suas palavras
bíblicas: “Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja”. No início,
primeiros séculos da era Cristã, foi muito perseguida e era chamada de “O
Caminho”, antes de firmar-se como Igreja Católica. Os seguidores de Jesus
Cristo eram chamados, inicialmente, de “santos”, e só vieram a ser denominados
de “cristãos”, conforme os Atos dos Apóstolos (Cf. At 11, 26 ou At 11:26), em
Antioquia (As ruínas dessa cidade ficam
perto de Halovaque, na Turquia moderna).
Era a única Igreja Cristã até o ano de 1517 (décimo sexto século da Era
Cristã), quando o então monge Martinho Lutero se revoltou contra as
indulgências e protestou contra tais práticas, consideradas por ele como
abusivas. Daqui surgiu o, inicialmente, denominado Protestantismo, hoje,
Evangelismo.
O Evangelismo origina-se do
protesto que fez o então padre Martinho Lutero, em 1517, quando divulgou suas
teses em protesto contra a Igreja Católica, a quem acusava de muitos erros:
doutrinários e de vivência prática (especialmente as indulgências). Em poucos
anos, Zuínglio e Calvino, seus seguidores, discordaram de seus posicionamentos,
e em pouco tempo novas igrejas cristãs começaram a surgir: igrejas Luterana, Presbiteriana, Batista, Metodista, etc. Desde então, as igrejas evangélicas –
no início denominadas de protestantes – multiplicaram-se em variadas
denominações. Hoje em dia, não se sabe o número certo das igrejas evangélicas.
2. FUNDAMENTOS
O Catolicismo fundamenta-se em
três pilares: a Tradição, a Bíblia e o Magistério. A Tradição é entendida,
basicamente, como sendo o conjunto dos escritos dos padres dos primeiros
séculos da Igreja Católica – chamados de os “Padres da Igreja”, ou os “Santos
Padres”. A Bíblia é o conjunto de livros sagrados, ou ditos “inspirados”, que a
Igreja Católica foi coletando, selecionando e confirmando ao longo dos
primeiros séculos, incluindo os livros sagrados dos Judeus, que passaram a ser
denominados de Antigo Testamento, e os livros que foram sendo escritos nos
primeiros séculos da pregação dos Apóstolos, denominados de Novo Testamento. O
Magistério é entendido como o conjunto dos ensinamentos emanados pelo Papa do
momento, sucessor de Pedro, e pelo conjunto dos bispos, entendidos como
sucessores dos demais apóstolos.
O Evangelismo fundamenta-se em
dois pilares: a Bíblia e a Fé, representados pelas duas afirmações em latim:
“Sola Scriptura” e “Sola fide”, respectivamente. A Bíblia é entendida como
sendo o fundamento suficiente da Igreja Evangélica, com interpretação
relativamente livre entre as diversas denominações evangélicas. A Fé é
entendida como sendo suficiente para que se pertença a uma denominação
evangélica, ou à Igreja Evangélica.
3. SOBRE A BÍBLIA
A Bíblia Católica, ou do
Catolicismo, é constituída, como já dito acima, por dois conjuntos de livros: o
Antigo Testamento, constituído por 46 livros, e o Novo Testamento, constituído
por 27 livros. Esta é a Bíblia como tem sido conhecida, traduzida e escrita em
diversas línguas, especialmente pelos monges católicos ao longo dos séculos, de
forma manuscrita, e publicada, de forma impressa, a partir do surgimento das
impressoras de Gutemberg (século XVI). Foi escrita, inicialmente, em hebraico,
aramaico e grego, passando a ser traduzida para o latim, e outras poucas
línguas, já na época do império romano (a partir do terceiro século da Era
Cristã). As citações bíblicas utilizam “vírgula” após os capítulos. Exemplo: At
11, 26, o que significa, capítulo 11, versículo 26.
A Bíblia evangélica (ou do
Evangelismo) tem por base a única Bíblia já existente na época do surgimento do
Evangelismo: a Bíblia católica. Tem, portanto, igualmente, duas partes: o
Antigo Testamento e o Novo Testamento. No entanto, por interpretação dos
líderes iniciais do Evangelismo, optou-se por excluir sete (07) livros do
Antigo Testamento da Bíblia católica, resultando em 39 livros para o Antigo
Testamento da Bíblia evangélica. O argumento básico para a exclusão é que eles
não foram escritos em hebraico, exigência dos judeus para serem considerados
livros inspirados por Deus. Os sete livros retirados são: Baruc, Eclesiástico,
Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria e Tobias. As citações bíblicas
utilizam “dois pontos” após os capítulos. Exemplo: At 11: 26, o que significa, capítulo
11, versículo 26.
4. SOBRE O CHEFE DA IGREJA
No Catolicismo, o chefe da Igreja
é o papa, o sucessor do Apóstolo Pedro. O atual papa, o Papa Francisco, é o ducentésimo
sexagésimo sexto papa da Igreja católica, lista que tem origem no primeiro
papa, ou primeiro chefe da Igreja Católica, o Apóstolo Pedro. O papa, enquanto
falando “ex-catedra” (pronuncia-se: 'eks cátedra'), isto é, de sua Cadeira, enquanto chefe efetivo da Igreja Católica, é
considerado infalível – por especial assistência do Espírito Santo, com base
nas palavras de Jesus “O que ligares na terra será ligado no Céu” –, mas apenas
em matéria de fé e de moral. Os demais posicionamentos do papa podem ser
contestados, embora merecedores da mais alta consideração. As principais
decisões, especialmente em períodos de crise, são tomadas nos denominados
Concílios, que é a reunião de todos os bispos da Igreja, presidido pelo papa. O
primeiro concílio da Igreja Cristã, católica, conforme narrado no próprio Novo
Testamento, por exemplo, ocorreu em Jerusalém, por volta do ano 48 da Era
Cristã. Esclareça-se que o termo “católico” significa “universal” e passou a
ser usado pela Igreja Cristã dos primeiros séculos da Cristandade, depois que o
imperador Constantino, no século quarto (séc. IV, ano 313), suspendeu a
perseguição aos cristãos e declarou-se, ele mesmo, cristão.
No Evangelismo, não há,
propriamente, um chefe da Igreja Evangélica, até por quê, há muitas e
independentes igrejas evangélicas. No entanto, cada uma tem a sua hierarquia,
mais ou menos bem definida. Podem existir conselhos, convenções, federações,
alianças e similares, em que são eleitos membros com poder de decisão sobre as
principais questões levantadas no âmbito da igreja considerada.
(Continua...)
Uilso Aragono (jan/2016)
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