São tantos os erros cometidos
contra o bom uso do modo subjuntivo, seja na linguagem escrita, seja na falada,
que me parece que esse modo verbal está morrendo!...
Abaixo, exemplos
tirados de livros, jornais, revistas, etc., com alguns comentários.
- Ele também acreditava que os judeus eram (fossem) inimigos.
- Não há dúvida de que realmente acreditava (acreditasse) no Nacional-Socialismo e que foi (fosse, ou tivesse sido) completamente devotado a Hitler.
- O lugar deveria servir de retiro, um lugar onde ele poderia (pudesse) meditar com absoluta privacidade.
- Os relatórios médicos fazem crer que ele não tinha (tivesse) problemas físicos ou psicológicos sérios.
- Acredita-se que ele queria (quisesse) matar o embaixador alemão para protestar.
- Acredita-se que R. iniciou (tenha iniciado) os tumultos com a aprovação do chefe.
- Eles acreditavam sinceramente que a Alemanha poderia (pudesse) derrotar a União Soviética.
- Ele acreditava que os soviéticos estavam (estivessem) nas últimas.
- O sucesso foi tão grande que parecia confirmar a crença de Hitler de que os Estados Unidos estavam (estivessem) totalmente despreparados para a guerra.
- Imagine que cada aeroporto da Europa ou na América possui (possua) um conjunto de 30 a 40 cartas de pouso.
- Escravas também tinham direito: se um homem casava (casasse) com uma de suas servas, só poderia se divorciar se vendesse a mulher.
É incrível como têm
sido constantes e universais esses erros de uso do modo indicativo em lugar do
correto modo subjuntivo! E se a gente acreditar, como defendem muitos
linguistas, que a língua evolui pelo uso do seu povo falante, então, podemos
concluir que o modo subjuntivo está acabando, está morrendo, está no fim.
Interessante
observar, finalmente, que esse modo subjuntivo, se estiver (não ‘está’)
morrendo, é porque, também, é muito difícil de ser assimilado, mesmo para
escritores e pessoas de curso superior. E é por isso que eu admiro e divulgo a
língua internacional – o Esperanto –: dentre muitos outros aspectos de maior
facilidade que qualquer língua nacional, nesse caso específico do modo
verbal subjuntivo, verifica-se que tal
modo não existe explicitamente no Esperanto, sendo substituído pelo modo imperativo,
o que, dentro da dinâmica dos modos verbais do Esperanto, faz todo o sentido e simplifica o idioma
internacional. Simplicidade que todo falante gostaria de encontrar em sua língua
nacional e que nem sempre encontra, mas que acaba sendo imposta pela Academia,
quando esta é pressionada pela universalização de usos populares, ou até eruditos, mesmo que esses não se coadunem exatamente com a boa
gramática. Será que um dia a Academia irá confirmar o fim do modo subjuntivo? Será que o uso universal do modo indicativo no lugar do modo subjuntivo vai se impor?
Uilso Aragono, junho de 2012.
Uilso Aragono, junho de 2012.
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