domingo, 31 de outubro de 2010

Porque votei em Dilma

Embora o voto seja considerado secreto, nada impede que se divulgue o próprio voto. Todos os que se empenham na defesa de um determinado candidato o fazem explicitamente. Muitos colocam em seus carros adesivos do seu candidato, usam camisetas da campanha, tentam convencer parentes e amigos, e até sobem em palanques. Não pertenço a esses grupos, mas declaro, agora, revisando este texto, em 2016, minha frustração por ter votado em Dilma: fui enganado politicamente!...

Minha opção política, em harmonia com minha consciência política, tem sido tomada em função da defesa da democracia e dos direitos sociais da maioria da população, em particular da população mais pobre e menos favorecida socialmente: educação, emprego, salário mínimo digno, saúde, e transporte, basicamente.

Em relação aos três últimos presidentes, minha experiência identifica enorme frustração geral se forem citados os Fernandos (Collor e Henrique Cardoso), enquanto percebia sinceridade e clara sensibilidade social no caso do presidente Lula.

Fernando Collor deixou a desejar pelas promessas ligadas à sua juventude e pelo fato de ser um político menos tradicional, tendo, no entanto, naufragado por características, segundo minha avaliação, de imaturidade e certa desonestidade.

Fernando Henrique frustrou a nação pela promessa, embutida em toda a sua formação intelectual e cultural e pelo fato de ser um sociólogo, quando não conseguiu melhorar o salário mínimo e nem valorizar as universidades e a educação, em geral, como poderia e deveria: fez muito pouco em função de toda a sua propalada “capacidade” intelectual e política. As greves dos professores nas universidades ­– justamente ele, um ex-professor universitário! – proliferaram e transtornaram a vida das comunidades universitárias, durante anos, e não tiveram dele o tratamento que poderia e deveria dar em função de toda a sua esperada competência como sociólogo, ex-professor e político respeitado.

O presidente Lula, tão criticado por sua baixa escolaridade – especialmente se comparado aos dois últimos presidentes! – apresentou, no entanto, uma grande sensibilidade social, conseguindo resgatar o valor do salário-mínimo (que passou de cerca de US$ 70,00, no período de Fernando Henrique, para US$ 270,00, no final de seu governo), acabar com as greves de professores nas universidades – trazendo paz para os ‘campi’ universitários! – aperfeiçoar os tímidos e pouco eficazes programas sociais anteriores, aumentar enormemente o número de empregos, com carteira assinada, e retirar da pobreza, efetivamente, milhões de brasileiros, dentre muitas outras ações sociais surgidas ou aperfeiçoadas em seu governo: o PROUNI e as cotas sociais (ou até raciais) das universidades, em particular. Estes aspectos de resgate da sociedade brasileira vieram ao encontro de minhas expectativas, bem como ao de milhões de outros brasileiros, como podem demonstrar os elevadíssimos índices de popularidade do Pres. Lula (83% de aprovação em outubro/2010).

Mas razões, justificadas, para críticas ao Pres. Lula existem. O fato de ele falar demais, em seus pronunciamentos, o expõe a falar o que não deve, ou de forma precipitada, dando aos seus adversários, para além das críticas ao seu português ruim, motivos de críticas reais. Alguns de seus principais assessores foram pegos em tramoias, foram investigados e perderam o cargo. O Mensalão, negado por ele, num momento, reconhecido por ele, em outro momento (quanto diz que foi “traído” pelos seus companheiros...), está depondo, muito negativamente, contra o presidente Lula.

Ao escolher o nome de uma mulher, ministra de seu governo, mas nome pouco conhecido nacionalmente, para ser sua candidata à presidência da república, Lula demonstra muita coragem e independência, pois fazer de uma pessoa com tais características, uma presidenciável capaz de enfrentar um nome muito mais conhecido como o do ex-governador de São Paulo e ex-candidato a presidente, José Serra, não seria uma tarefa das mais fáceis. Mas estará ele com a razão? Será, verdadeiramente, um bom nome para ocupar um cargo tão importante?

Lula acreditou que fosse capaz de transferir sua popularidade a uma mulher-candidata, que não o decepcionou, pois logo as pesquisas demonstraram que ela seria um nome de peso na disputa presidenciável. Dilma Roussef demonstrou, apesar de algumas deficiências políticas iniciais, uma incrível capacidade de superação e de enfrentamento dos desafios à frente. Tão logo as pesquisas já a apontavam como um dos favoritos à presidência, demonstrando, claramente, que o Presidente Lula tinha acertado em sua escolha pessoal, apesar de toda a temeridade certamente apontada pelos seus companheiros de partido.

Sobre a discussão moral relativa à descriminalização do aborto, a posição da candidata mudou, de fato? Seria bom se fosse verdade! As pessoas devem ser flexíveis. Mas as práticas do Governo mostram-se, furtivamente, favoráveis ao aborto.

Mas, finalmente, o que tem sido de grande frustração para o povo brasileiro, é, sem dúvida, o PT, o partido dos trabalhadores, que se transformou, totalmente – provocando, inclusive, a saída de muitos de seus fundadores – desde que assumiu o poder. Desde então, a ordem é manter-se, a todo custo, no poder: perpetuar-se no poder. Para isto, todos os esforços (como disse Lula: “vamos fazer o diabo” para conseguirmos vencer as eleições de 2015,2º mandato de Dilma) têm sido despendidos – com muita corrupção!

Votei em Dilma, em 2010 porque fui enganado! E em 2015, embora não tenha mais votado nela, nem no PT, o povo brasileiro, tendo votado, mais uma vez, na dupla Dilma-PT, sofreu o que se chama, com razão, um calote eleitoral! Que o Brasil possa ver-se livre de Dilma e do PT o quanto antes! Que Deus nos abençoe!

Uilso Aragono (revisado em março/2016)

2 comentários:

Falar e Ouvir disse...

Professor Wilson. Foi meu mestre, ainda nos anos 80 na ETFES... Eu, garoto, vindo do interior, cheio de medos e complexos, encontrei no Sr. apoio, incentivo, palavras motivadoras que mudaram minha vida, minha história... Hoje, estou adulto, sou um profissional respeitado, pai de uma linda menina... Estou lecionando também, e sempre que encontro um aluno como eu fui um dia, uso as mesmas palavras que um dia recebi do Sr.

Obrigado professor.
Obrigado meu amigo.
Que Deus abençoe sempre.

Alexandre Lima
(Xanlim@ig.com.br)

Uilso disse...

Salve Alexandre,

É muito confortador e animador ouvir palavras como as suas.
Muito obrigado por essas suas palavras e por ter sido meu aluno. Certamente aprendi com você naquela época, como aprendo, sempre, com todos meus alunos.
Muito obrigado, também.
Um grande abraço,
Wilson Aragão

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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