Embora o voto seja considerado secreto, nada impede que se divulgue o
próprio voto. Todos os que se empenham na defesa de um determinado candidato o
fazem explicitamente. Muitos colocam em seus carros adesivos do seu candidato,
usam camisetas da campanha, tentam convencer parentes e amigos, e até sobem em
palanques. Não pertenço a esses grupos, mas declaro, agora, revisando este
texto, em 2016, minha frustração por ter votado em Dilma: fui enganado
politicamente!...
Minha opção política, em harmonia com minha consciência política, tem
sido tomada em função da defesa da democracia e dos direitos sociais da maioria
da população, em particular da população mais pobre e menos favorecida
socialmente: educação, emprego, salário mínimo digno, saúde, e transporte,
basicamente.
Em relação aos três últimos presidentes, minha experiência identifica
enorme frustração geral se forem citados os Fernandos (Collor e Henrique
Cardoso), enquanto percebia sinceridade e clara sensibilidade social no caso do
presidente Lula.
Fernando Collor deixou a desejar pelas promessas ligadas à sua juventude
e pelo fato de ser um político menos tradicional, tendo, no entanto, naufragado
por características, segundo minha avaliação, de imaturidade e certa
desonestidade.
Fernando Henrique frustrou a nação pela promessa, embutida em toda a sua
formação intelectual e cultural e pelo fato de ser um sociólogo, quando não
conseguiu melhorar o salário mínimo e nem valorizar as universidades e a
educação, em geral, como poderia e deveria: fez muito pouco em função de toda a
sua propalada “capacidade” intelectual e política. As greves dos professores
nas universidades – justamente ele, um ex-professor universitário! –
proliferaram e transtornaram a vida das comunidades universitárias, durante
anos, e não tiveram dele o tratamento que poderia e deveria dar em função de
toda a sua esperada competência como sociólogo, ex-professor e político
respeitado.
O presidente Lula, tão criticado por sua baixa escolaridade –
especialmente se comparado aos dois últimos presidentes! – apresentou, no
entanto, uma grande sensibilidade social, conseguindo resgatar o valor do
salário-mínimo (que passou de cerca de US$ 70,00, no período de Fernando
Henrique, para US$ 270,00, no final de seu governo), acabar com as greves de
professores nas universidades – trazendo paz para os ‘campi’ universitários! –
aperfeiçoar os tímidos e pouco eficazes programas sociais anteriores, aumentar
enormemente o número de empregos, com carteira assinada, e retirar da pobreza,
efetivamente, milhões de brasileiros, dentre muitas outras ações sociais
surgidas ou aperfeiçoadas em seu governo: o PROUNI e as cotas sociais (ou até
raciais) das universidades, em particular. Estes aspectos de resgate da
sociedade brasileira vieram ao encontro de minhas expectativas, bem como ao de
milhões de outros brasileiros, como podem demonstrar os elevadíssimos índices
de popularidade do Pres. Lula (83% de aprovação em outubro/2010).
Mas razões, justificadas, para críticas ao Pres. Lula existem. O fato de
ele falar demais, em seus pronunciamentos, o expõe a falar o que não deve, ou
de forma precipitada, dando aos seus adversários, para além das críticas ao seu
português ruim, motivos de críticas reais. Alguns de seus principais assessores
foram pegos em tramoias, foram investigados e perderam o cargo. O Mensalão,
negado por ele, num momento, reconhecido por ele, em outro momento (quanto diz
que foi “traído” pelos seus companheiros...), está depondo, muito
negativamente, contra o presidente Lula.
Ao escolher o nome de uma mulher, ministra de seu governo, mas nome
pouco conhecido nacionalmente, para ser sua candidata à presidência da
república, Lula demonstra muita coragem e independência, pois fazer de uma
pessoa com tais características, uma presidenciável capaz de enfrentar um nome
muito mais conhecido como o do ex-governador de São Paulo e ex-candidato a
presidente, José Serra, não seria uma tarefa das mais fáceis. Mas estará ele
com a razão? Será, verdadeiramente, um bom nome para ocupar um cargo tão
importante?
Lula acreditou que fosse capaz de transferir sua popularidade a uma
mulher-candidata, que não o decepcionou, pois logo as pesquisas demonstraram
que ela seria um nome de peso na disputa presidenciável. Dilma Roussef
demonstrou, apesar de algumas deficiências políticas iniciais, uma incrível
capacidade de superação e de enfrentamento dos desafios à frente. Tão logo as
pesquisas já a apontavam como um dos favoritos à presidência, demonstrando,
claramente, que o Presidente Lula tinha acertado em sua escolha pessoal, apesar
de toda a temeridade certamente apontada pelos seus companheiros de partido.
Sobre a discussão moral relativa à descriminalização do aborto, a posição
da candidata mudou, de fato? Seria bom se fosse verdade! As pessoas devem ser
flexíveis. Mas as práticas do Governo mostram-se, furtivamente, favoráveis ao
aborto.
Mas, finalmente, o que tem sido de grande frustração para o povo
brasileiro, é, sem dúvida, o PT, o partido dos trabalhadores, que se transformou,
totalmente – provocando, inclusive, a saída de muitos de seus fundadores –
desde que assumiu o poder. Desde então, a ordem é manter-se, a todo custo, no
poder: perpetuar-se no poder. Para isto, todos os esforços (como disse Lula: “vamos
fazer o diabo” para conseguirmos vencer as eleições de 2015,2º mandato de
Dilma) têm sido despendidos – com muita corrupção!
Votei em Dilma, em 2010 porque fui enganado! E em 2015, embora não tenha
mais votado nela, nem no PT, o povo brasileiro, tendo votado, mais uma vez, na
dupla Dilma-PT, sofreu o que se chama, com razão, um calote eleitoral! Que o
Brasil possa ver-se livre de Dilma e do PT o quanto antes! Que Deus nos
abençoe!
Uilso Aragono (revisado em março/2016)
2 comentários:
Professor Wilson. Foi meu mestre, ainda nos anos 80 na ETFES... Eu, garoto, vindo do interior, cheio de medos e complexos, encontrei no Sr. apoio, incentivo, palavras motivadoras que mudaram minha vida, minha história... Hoje, estou adulto, sou um profissional respeitado, pai de uma linda menina... Estou lecionando também, e sempre que encontro um aluno como eu fui um dia, uso as mesmas palavras que um dia recebi do Sr.
Obrigado professor.
Obrigado meu amigo.
Que Deus abençoe sempre.
Alexandre Lima
(Xanlim@ig.com.br)
Salve Alexandre,
É muito confortador e animador ouvir palavras como as suas.
Muito obrigado por essas suas palavras e por ter sido meu aluno. Certamente aprendi com você naquela época, como aprendo, sempre, com todos meus alunos.
Muito obrigado, também.
Um grande abraço,
Wilson Aragão
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