Refletir sobre a "consciência segura", que envolve aspectos de segurança contra acidentes, muitos deles fatais, na família, no trânsito, no trabalho, etc., é a proposta do artigo abaixo.
Com tantas mortes acontecendo por acidentes previsíveis, pergunta-se: onde está nossa consciência sobre segurança? Uma adolescente morre por ter usado uma chapinha alisadora após sair do banho, supostamente molhada. Uma outra jovem se corta toda por ter subido em um vaso sanitário de um banheiro público e este ter-se quebrado. Um outro senhor morre por ter entrado em um elevador, após ter puxado sua porta e esta ter aberto, sendo que o elevador não estava no andar... Um garoto, usando uma barra de ferro, tenta liberar sua pipa, que ficara agarrada em uma rede elétrica de alta tensão, e recebe uma descarga elétrica fatal... Os acidentes, fatais ou quase, são presença constante nos noticiários de jornais diários. São acidentes ocorrentes no trânsito, dentro de casa, nas indústrias, nas ruas, nas escolas, enfim, em todo lugar.
E todos esses acidentes poderiam ter sido evitados se houvesse mais consciência de segurança em nossa sociedade; se as pessoas tivessem sido, previamente, confrontadas com tais possibilidades e se tornassem advertidas sobre como evitá-las. Acidentes acontecem... mas podem, perfeitamente, ser evitados. Assim como crescemos todos, em termos de consciência ecológica, na defesa de um meio ambiente sustentável, temos, agora, também, que nos preocuparmos com um “ambiente” mais seguro para todos nós, especialmente para aqueles seres mais frágeis: nossas crianças, nossos jovens, nossos idosos.
Assim como têm sido tratados na Escola temas relativos à consciência ecológica, é imperioso que, adicionalmente, sejam tratados temas ligados à questão ampla da segurança contra acidentes nos diversos ambientes da vida social. Isto permitirá que as futuras gerações adquiram, paulatinamente, uma consciência mais advertida contra os acidentes possíveis de serem evitados. A “atitude segura”, isto é, uma postura advertida diante de situações potencialmente perigosas, mesmo que aparentemente seguras, é o fundamento de uma vida mais segura. Mas muitos outros aspectos complementares devem ser discutidos e enfrentados na caminhada em direção a uma consciência mais “segura”.
Duas dimensões distintas devem ser abordadas para o alcance de uma vida mais segura para todo cidadão: a dimensão pessoal e a dimensão dos produtos e dos serviços. A dimensão pessoal terá de tratar, inevitavelmente, dos dramas relacionados aos acidentes, ligados à identificação de suas possíveis causas; o objetivo seria o de formar uma consciência advertida diante das múltiplas situações perigosas e passíveis de acidentes. A dimensão ligada aos produtos e aos serviços terá de levar os engenheiros (produtos) e os demais profissionais (variados serviços) a atuarem de tal forma a conceberem produtos e serviços os mais seguros possíveis.
Como exemplos de produtos mais seguros, com base nos acidentes acima relatados, podem ser citados: equipamentos elétricos (como a chapinha) com elevado nível de segurança, à prova de choques elétricos, mesmo se mal ou inadequadamente utilizados; vasos sanitários com maior coeficiente de segurança (mais fortes), capazes de aguentar o peso de uma pessoa adulta, mesmo em pé sobre o produto, pois esta situação, embora irregular, não pode constituir, para o infrator, uma pena de condenação à morte ou algo similar.
Com este artigo inicial estou propondo uma abordagem mais séria, mais objetiva, sobre os acidentes e suas condições inseguras e as possíveis soluções para neutralizá-los. Proposta que passa pela introdução desse tema nos níveis de ensino fundamental e médio – com vistas ao desenvolvimento precoce de uma “consciência segura” –, bem como pela disseminação de leis e normas técnicas mais exigentes a serem aplicadas a produtos e serviços disponibilizados em nossa sociedade.
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