domingo, 31 de agosto de 2025

ORIENTAÇÕES SOBRE A EFICÁCIA DA COMUNICAÇÃO ORAL

 Este artigo se situa no âmbito da Oratória e da Comunicação. Pretende mostrar que a comunicação eficaz, pela boa oratória, não se esgota no desempenho do orador, mas depende também de outros fatores igualmente importantes: a assembleia ouvinte e o ambiente (auditório ou similar).

INTRODUÇÃO

A eficácia na comunicação não depende apenas de um excelente orador! Mas depende de, pelo menos, três fatores bem identificáveis: aquele que fala (o orador), os que escutam (a assembleia) e o ambiente (auditório, sala de aula etc.).

Entenda-se eficácia na comunicação como sendo o grau de atingimento do objetivo da comunicação (a mensagem), que parte da fonte (o orador), passa pelo meio pelo qual a comunicação se dá (o código linguístico) e chega aos ouvintes (a assembleia). Uma comunicação totalmente eficaz é tal que a mensagem chega com toda a perfeição aos ouvintes. Uma orientação, baseada na sigla CID, para alcançar essa eficácia total, é explorada abaixo.

O ORADOR

Verifica-se que a fonte da comunicação é o orador, que deve usar das técnicas da boa oratória para que sua mensagem seja a mais bem preparada e enviada possível. Para tal, existem muitas boas orientações para que o “texto”, o conteúdo, da apresentação seja, também, o mais eficaz possível: objetivo, claro, estimulante etc. Particularmente, a estruturação desse texto pode seguir as seguintes orientações: definição do tema; delimitação do tema; objetivo a ser atingido; introdução impactante; partes do conteúdo (em formas lógica e cronológica) e a conclusão.

O CÓDIGO LINGUÍSTICO

O código linguístico, usado pelo orador para que sua mensagem possa atingir os ouvintes, é o idioma comum entre o orador e a assembleia. Para que a mensagem possa ser bem apreendida pelos ouvintes, esses devem ser capazes de entender o idioma falado pelo orador. Portanto, para a comunicação eficaz, tem-se como pressuposto básico, o domínio da linguagem, tanto pelo orador quanto pelos ouvintes.

O OUVINTES

Para que, igualmente, a mensagem possa ser bem entendida e aproveitada pela assembleia, esta deve ser constituída por pessoas que estejam bem motivadas para a escuta da apresentação oral. Ter conhecimento antecipado do assunto a ser abordado pelo orador e estar municiado das bases que possibilitem sua boa compreensão contribuem para a boa e efetiva absorção da mensagem a ser transmitida durante a oratória.

O AMBIENTE

O ambiente em que se reúnem os ouvintes joga também um papel relevante e deve favorecer à comunicação eficaz. Trata-se aqui do auditório, da sala de aula, da igreja etc., em que se estabelecerá a assembleia dos ouvintes. Verifica-se, facilmente, que tal ambiente deverá oferecer as condições as mais adequadas possível para que a mensagem oral, que estará sendo transmitida pelo orador, possa ser bem recebida pelos ouvintes. É um fator, como os dois já citados (orador e ouvintes), igualmente importante para que a comunicação totalmente eficaz seja atingida.

A CID APLICADA AO ORADOR

A sigla CID, aplicada ao orador, traduz-se por: CativarInformarDesafiar. Deve-se entender, portanto, que o orador e o seu texto estejam bem preparados para atingir um objetivo triplo: cativar, informar e desafiar a assembleia.

Cativar: a assembleia dos ouvintes deve ser cativada por características atraentes do orador, tais como a simpatia, a segurança, a aparência etc. Elementos que possam perturbar a assembleia, desviando sua atenção, devem ser evitados pelo orador: vícios de linguagem, gestos inadequados, linguagem não adaptada à assembleia etc.

Informar: o conteúdo da palestra, da oratória, deve ser tal que inclua elementos informativos para a assembleia. Os ouvintes de uma conferência, uma palestra, uma homilia, ou um sermão estão ávidos por novos elementos de conhecimento do assunto. Apresentá-los e desenvolvê-los deverá ser objeto de atenção da parte do orador.

Desafiar: diante do que tenha sido apresentado, os ouvintes devem sentir-se desafiados a aprofundar os novos elementos informativos, de tal forma a aprofundá-los, para seu crescimento pessoal.

A CID APLICADA À ASSEMBLEIA

A sigla CID, aplicada à assembleia, traduz-se por: ConcentraçãoInteresseDeterminação. Deve-se entender, portanto, que a assembleia (ou os ouvintes) deva estar imbuída de algumas características fundamentais para a boa compreensão do tema apresentado pelo orador. São elas:

Concentração: os ouvintes devem ter sido bem motivados a participarem da palestra (ou equivalente) de tal forma a demonstrarem concentração no processo da apresentação oral; sem tal atitude (característica pessoal interior), por melhor que seja o desempenho do palestrante, por melhor que seja sua didática, a comunicação da mensagem falhará!

Interesse: cada ouvinte deverá manifestar interesse pelo tema tratado, de tal forma que isso ajude a sua concentração no tema apresentado. O interesse é fundamental para que se possa apreender melhor e mais eficazmente a mensagem transmitida.

Determinação: tendo em vista que o orador desafiará o ouvinte a aprofundar, a buscar mais informações sobre o tema proposto, é igualmente importante que o ouvinte esteja também disposto e determinado a dar continuidade ao estudo desse tema, após o término da apresentação. Afinal de contas, o autoestudo ou a educação contínua é algo muito incentivado no âmbito do autoaperfeiçoamento.

A CID APLICADA AO AMBIENTE

A sigla CID, aplicada ao ambiente (auditório ou similar), traduz-se por: ConfortoIluminaçãoDistribuição (de som). Deve-se entender, então, que as condições físicas do ambiente também influenciam a eficácia final da comunicação.

Conforto: se o ouvinte estiver em condições inadequadas, como, por exemplo, em pé, no calor ou espremido entre as pessoas, não haverá como ele possa aproveitar bem da exposição oral. Portanto, cuidar para que os ouvintes estejam em boas condições físicas é também fator relevante para que a comunicação eficaz aconteça em grau elevado.

Iluminação: um ambiente mal iluminado não contribui para a comunicação eficaz. A pouca luz vai atrapalhar eventuais anotações, da parte dos ouvintes, e poderá induzir ao sono, especialmente se for em um horário do início da tarde ou tarde da noite. Cuidar de que a iluminação seja a mais adequada possível é importante consideração para o sucesso da palestra.

Distribuição (do som): se não houver uma boa distribuição das caixas de som e uma adequada regulação dos níveis de sonoridade nas diversas partes do ambiente (auditório), a comunicação estará totalmente comprometida. Caixas de som devem ser colocadas, preferencialmente e se possível, nos cantos do ambiente, para que as duas paredes, a 90º uma da outra, possam projetar um som de melhor qualidade sobre os ouvintes.

CONCLUSÃO

A comunicação totalmente eficaz, durante uma apresentação oral, somente ocorrerá se forem levados em conta, pelo menos, estes três elementos: o orador, os ouvintes e o auditório. Não basta que o orador faça um excelente trabalho se os ouvintes (a assembleia) não estiverem devidamente motivados, concentrados e ainda determinados a colocar em prática os desafios propostos pelo orador; e se o auditório (o ambiente físico) não estiver também devidamente preparado para dar as condições adequadas à assembleia dos ouvintes para que essa possa aproveitar o mais bem possível a mensagem transmitida. São três elementos essenciais e que não podem ser esquecidos, para que se possa atingir alto grau de eficácia na comunicação oral.

Uilso Aragono (agosto de 2025)

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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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