A já tão falada "ideologia de gênero"
apresenta-se à sociedade como uma proposta aparentemente boa, verdadeira e
justa, pregando a igualdade, a democracia e a liberdade, mas é, na verdade um
conjunto de esforços para impor uma sociedade sem Deus, antidemocrática e
libertina.
CONCEITOS BÁSICOS
Ideologia:
É um conjunto de ideias e crenças
de um grupo de pessoas que sustenta sua ação política. Segundo D. D. Raphael, é
geralmente um termo utilizado para significar uma doutrina normativa não
suportada por argumentos racionais. (D. D. Raphael, "Problems of Political
Philosophy, 1979")
Pode-se
já notar aqui, que há algo de irracional nessas ideias, segundo um filósofo,
pessoa dada a analisar o pensamento humano.
Veja-se,
ainda, que o conceito de ideologia está na base de ações políticas que buscam
certos objetivos, nem todos, claramente, explicitados ou identificados.
Exemplos:
ideologia fascista, ideologia conservadora, ideologia anarquista, ideologia de
gênero, etc. Aliás, a ideologia de gênero é uma espécie de ideologia
anarquista...
Gênero:
É um termo normalmente utilizado na linguística, na gramática,
significando a diferença de "sexo", isto é, masculino ou feminino,
entre os objetos. Uma mesa é de gênero masculino, um quadro negro é de gênero
masculino. Utiliza-se esta expressão – gênero – porque, a rigor, os objetos não
têm sexo, havendo necessidade, no entanto, em alguns idiomas, de se designar
por artigo masculino ou feminino certos objetos. Em italiano, por exemplo, o
quadro negro é de gênero feminino: "la lavagna".
Como será visto à frente (estratégias), a ideologia de gênero se apropria
de certos termos e lhes dá um novo significado para ser utilizado nas suas
ações políticas. Além de criar novos termos, como será visto.
PROPOSTA
DA IDEOLOGIA
Não há diferenças entre os sexos
A
ideologia de gênero, também conhecida como ideologia da ausência de
gênero", propõe o termo "gênero", para substituir o termo
"sexo", com base em sua crença (e sua proposta para a sociedade) de
que não haja, efetivamente, diferença entre os sexos; que os seres humanos, apesar
das diferenças biológicas, objetivas, nascem "neutros" e poderiam, ao
longo da vida, escolher seu gênero: masculino ou feminino, dentre outros...
A
ideologia de gênero acredita e propõe à sociedade que sexualidade humana seja
parte de "construções sociais e culturais", e não um fator biológico.
(Vide: www.significado.com.br/ideologia;
acesso em 29/07/16.) Isto faz parte da crença de que tudo na vida seja fruto do
trabalho e das decisões do homem, do ser humano. Aqui já se verifica que o
ateísmo – que acredita no homem, mas não em Deus – é a melhor opção para o
homem moderno.
Liberdade de escolha pessoal
A
ideologia divulga que agindo assim, a sociedade estaria garantindo a tão
desejada liberdade pessoal. Isto é entendido pelos propositores da ideologia
como uma maneira bem egocêntrica de viver, embora não reconheçam claramente
isso. Por exemplo, a mulher poderia, tranquilamente, como fruto de sua
"liberdade de escolha", decidir viver uma vida a dois com outra
mulher, garantindo, assim: seu prazer sexual, sua liberdade para trabalhar sem
ter filhos (inesperados), e sua liberdade para tê-los (por inseminação
artificial ou adoção).
No caso de uma mulher casada com
um homem sua liberdade estaria garantida pelo fato de, ficando grávida,
inesperadamente, o aborto ser a saída "natural", para garantir sua
liberdade (egocêntrica). Este último exemplo se baseia na crença (ou ideologia)
que admite (sem qualquer prova científica mais cabal) que seja o homem (o ser
humano) o responsável por tudo o que aconteça com a sociedade e, mesmo, com a
natureza, como será visto mais à frente. A quantidade de filhos, portanto, é
uma escolha absoluta do "casal", seja este de qualquer formato:
homem-mulher, homem-homem, mulher-mulher, etc.
Liberdade sexual
A proposta de liberdade – tão atraente para o cidadão ocidental,
particularmente – é apresentada com muita ênfase, mas não é a verdadeira
liberdade, pois esta, tem limites! A ideologia de gênero propõe, na verdade,
uma liberdade sobretudo sexual! A liberdade é tanta que a pessoa poderia – de
acordo com sua liberdade de escolha – decidir por mudar de papel sexual: de
homem, passar a ser mulher, por exemplo! A prática de relações sexuais estaria
totalmente liberada: alguns defendem até mesmo entre parentes, com crianças e
com animais!... É uma verdadeira libertinagem!
Observe-se que a crença em Deus e nos valores éticos e morais daí
decorrentes é totalmente oposta a tais propostas. Portanto, conclui-se que o
ateísmo prático, está, de fato, por trás e na base da ideologia de gênero. Sem
Deus, tudo é livre, tudo se torna relativo, tudo é aceito, tolera-se tudo!
CRENÇAS NA
BASE DA IDEOLOGIA
Igualdade sexual e em geral
(igualdade absoluta)
Os propositores da ideologia de gênero partem da aparentemente correta
ideia de que a igualdade – no seguimento do lema da revolução francesa: "Liberdade,
Igualdade, Fraternidade" – seja um valor aceito por todas as pessoas. No entanto,
há que se chamar a atenção para o fato de que, na verdade, a igualdade absoluta
não é um valor cristão! A igualdade cristã é aplicada à dignidade da pessoa
humana! No mais, como será visto adiante, a desigualdade entre as pessoas é a
marca de nossa realidade: fomos feitos por Deus sob a marca da originalidade!
Propondo, ou melhor, impondo a crença da igualdade absoluta, os
defensores de tal ideologia fazem crer aos desavisados que somos todos iguais,
inclusive no sexo! Não haveria, portanto, diferença biológica essencial entre
os seres humanos. E qualquer opção sexual pessoal seria válida, abrindo-se,
assim, caminho para uma tolerância total e completa entre as pessoas, que não
estariam mais sujeitas às discriminações injustas dos tempos atuais.
Ateísmo prático e nova moral
Essa crença na igualdade absoluta faz eco – não deixemos de perceber! –
ao movimento anticlerical ou anticatólico que, já na Revolução Francesa,
propunha um mundo leigo, isto é, antirreligioso, ateu... E hoje, com o
pensamento pós-moderno, busca-se, justamente, e mais uma vez, atacar a
religiosidade e a crença em Deus (e em Jesus Cristo) para a implantação de uma
nova moral não-cristã!
Esta é a crença (não-religiosa, mas crença!) dos apoiadores e
divulgadores da ideologia em foco: criar, ou recriar, um mundo novo, onde reinem
a igualdade (absoluta), a liberdade (ou, melhor, libertinagem) e a democracia
(que, com o tempo, se fará autocracia...).
O homem é que "cria" o
mundo
Acreditam, os ideólogos do gênero – ou melhor, "fingem" que
acreditam! – que o homem seja o grande responsável por tudo, de bom e de ruim,
que existe no mundo. Defendem que tudo seja de responsabilidade do homem. Portanto,
tudo o que a sociedade ocidental aceitou como valores até aqui pode ser
questionado, desse ponto de vista, propondo-se uma revisão das "arbitrariedades"
impostas pela moral cristã ocidental. Entram aqui as
"arbitrariedades": ser humano como homem e mulher; casamento como
homem-mulher; mãe como papel da mulher; pai como papel do homem; etc.
ESTRATÉGIA DA
IDEOLOGIA
Manipular a linguagem (novos
termos)
Esta, talvez, seja a estratégia mais forte e marcante dos ideologistas
do gênero. O próprio nome da ideologia é tirado de um termo
"fabricado" para passar sua nova visão do homem: não tem sexo
definido; mas "gênero" a ser escolhido!
Mas, além desse primeiro termo, escolhido para divulgar a ideologia,
outros foram sendo arquitetados para constituírem-se vetores de disseminação de
suas ideias e propostas à sociedade. Considerem-se os seguintes.
"Igualdade", tomado num sentido absoluto, como já discutido
acima.
"Homossexualismo", criado para representar um conjunto de
atos e comportamentos que, já há muitos anos, descreviam desvios de
comportamento sexual, não aceitáveis como "normais" para a moral
cristã. Alguns desses termos (alguns de baixo calão): pederastia, "viadagem",
incesto, pedofilia, lesbianismo, etc.
Tendo divulgado o termo homossexualismo – como algo "natural"
e possível dentro do contexto da "liberdade" humana, impõem um novo
termo, oposto, que nunca foi necessário utilizar-se: o
"Heterossexualismo". Estabelece-se, então, que duas possibilidades
naturais e moralmente aceitáveis de comportamento sexual são, tanto o "homossexual"
como o "heterossexual".
A palavra "discriminação" é utilizada, sem qualquer
adjetivação, como sendo algo negativo e que deve ser rejeitado. Isto é feito
para conquistar adeptos para suas ideias, como se os defensores da ideologia
fossem pessoas muito preocupadas com a justiça nas relações humanas! Na
verdade, sabe-se que a discriminação tanto pode ser justa como injusta. Há
necessidade de adjetivação quando se usa tal termo, embora seja usado, de fato,
no sentido mais negativo. Mas a discriminação positiva (ou justa) existe e é
tão comum quanto a discriminação injusta. Exemplos de discriminação justa: meia
entrada para estudantes; passe livre para anciãos no transporte público;
assentos reservados e fila especial para idosos; banheiros masculino e
feminino. Quanto a estes últimos, a ideologia de gênero prega que esta
"discriminação" deva ser banida, e os banheiros transformados em banheiros
de "gênero", onde entra cada um conforme sua própria identidade
sexual assumida...
Unir-se a outras ideologias
similares
Alinham-se, ainda, os ideólogos do gênero, às correntes de
ambientalistas e de muita gente de má fé, que querem atribuir a
responsabilidade pelas "mudanças climáticas" (que, na verdade, são
variações naturais climáticas!), mais uma vez, ao ser humano. E faz sentido
para eles: no contexto de uma igualdade absoluta, tudo é igual na natureza
(inclusive o clima!), e qualquer mudança que esteja ocorrendo é de
responsabilidade do homem! Ele é que provoca tais mudanças! Assim como faz na
natureza, o homem também pode fazer nas relações e no comportamento humanos.
Esta visão eleva o homem quase à categoria de um "deus", que
tem o poder de fazer o que quiser com o mundo e com a sua vida: ele tem o poder
(que antes era da Natureza) de alterar o clima; ele tem o poder de alterar o
sexo biológico pela liberdade de "opção sexual"; ele tem o poder de
relativizar tudo o que queira, em função de seu "bem maior" (sua
liberdade, sua individualidade, seus prazeres, etc.).
O conceito do Deus cristão desaparece, é desnecessário, porque cabe ao
homem (ser humano) tudo decidir em função de suas crenças pessoais.
DESMONTANDO A
IDEOLOGIA DE GÊNERO
A igualdade é uma utopia e uma
impossibilidade
A crença tão disseminada pelos ideólogos de gênero, de uma
"igualdade" absoluta, não se sustenta sob a ótica da fé cristã. Já no
Gênesis, se lê: "E Deus criou o homem, e os criou homem e mulher" (Gn
1, 27). E não só os criou em dois sexos claramente distintos, sob o ponto de
vista biológico – em que até suas células e cromossomos são distintos no homem
e na mulher! –, como os criou cada um diferente do outro: são milhões de
pessoas com características totalmente únicas e individualizadas, onde nem os
gêmeos univitelinos (iguais entre si, na aparência) são, verdadeiramente,
iguais! Embora possam ter muitas similaridades, cada um dos gêmeos tem sua
própria personalidade e seu caráter, como nos demonstra, facilmente, a
experiência.
Na natureza, nada mais bonito do que a
variedade de objetos e de seres vivos! Um Deus que criasse tudo igual, seria um
deusinho, um ídolo... A individualidade é uma marca que atinge a todas as
criaturas: mesmo em uma certa espécie animal, por exemplo, cada indivíduo é
único, é diferente! Somos todos iguais diante de Deus, e uns diante dos outros
no que respeita ao direito a uma vida digna e à liberdade de consciência. No mais, somos todos desiguais! E o respeito a
essas desigualdades é fundamental para um Direito justo, para uma vida social
com dignidade para todos. E incluem-se, inclusive, os mais
"desiguais", isto é, aqueles que têm necessidades especiais! Num
mundo igual, esses últimos seriam descartados...
Não é a proposta de uma igualdade absoluta que levará o ser humano a
superar as intolerâncias injustas. É uma questão de educação, de respeito, de
amor. E enquanto existir o homem na natureza, sua tendência ao egoísmo, à
maldade, enfim, ao pecado, religiosamente falando, o levará a relações
imperfeitas com o outro ser humano.
É uma ideologia claramente
anticristã
Como já visto acima, trata-se de uma ideologia, além de irracional, por
si mesma, totalmente anticristã. Seu propósito, não claramente enunciado – para
não assustar as pessoas! –, é implantar uma sociedade com novos padrões morais,
não cristãos.
Os cristãos devem ficar muito atentos à manipulação linguística
utilizada pela ideologia para implantar seus novos "valores", que, na
verdade, são verdadeiros atentados à ética e à moral cristãs.
Ler, discutir, rezar e viver santamente, além de agir politicamente no
sentido de combater essa grande farsa, é dever de cada cristão.
O homem é colocado no lugar de
Deus
Sendo uma ideologia de fundo ateísta, embora não se declare como tal,
busca, na verdade, a implantação de uma sociedade totalmente "leiga",
isto é, sem religião, sem fé, sem Deus: uma sociedade ateia. Na verdade, os
ateus propositores dessa perniciosa e ideologia lutam contra a fé, mas eles
mesmos, têm fé. Mas, fé no homem!...
CONCLUSÃO
Por tudo acima discutido vê-se que a chamada ideologia de gênero é, de
fato, uma grande farsa, embora se apresente à sociedade como se fosse um
conjunto de novas crenças e práticas totalmente democráticas e favoráveis à
liberdade e à felicidade das pessoas. E, justamente por isto, constitui-se numa
grande ameaça à própria sociedade cristã ocidental, pois se insinua como um
verdadeiro lobo em pele de cordeiro. Estão ameaçados, não somente os valores
cristãos e a fé cristã, mas, também, os próprios valores democráticos e de
liberdade verdadeira. Sendo assumida pela Sociedade, tal ideologia terá criado,
de fato, uma nova sociedade: libertina sexualmente, ateia e antidemocrática; tudo o contrário do que, falsamente, propugna. Fiquemos atentos! Especialmente
os cristãos, lutemos contra tais propostas que visam, sobretudo, a eliminar
Deus dos corações e a aposentar os valores cristãos da sociedade ocidental.
REFERÊNCIAS PROPOSTAS:
1.
SCALA, Jorge. Ideologia de gênero – O neototalitarismo e a morte da família.
Katechesis e Artpress, São Paulo, 2011. (Este livro, em forma digital (pdf),
pode ser baixado pelo link: http://migre.me/uwduUs.)
2.
SOLANO, Rafael (Pe). Ideologia de gênero – e a crise da identidade sexual. Canção Nova.
São Paulo.
3.
BONNEWIJN, Olivier. Gender, quem és tu? – sobre a
ideologia de gênero. Ecclesiae. 1.ed. 2015.
Uilso Aragono (julho de 2016)
uilso.arag@gmail.com
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