sábado, 30 de abril de 2016

ERROS COMUNS NO USO DO PORTUGUÊS (II)

Dando continuidade ao artigo sobre o mesmo assunto, apresento, a seguir, mais dois erros muito comuns no uso de nosso português.

9. PRÓXIMO E PRÓXIMOS(AS)

A expressão “próximo de”, ou “próximo a”, significa “perto de”. Esta última expressão, “perto de”, não tem, nunca, variação, e não se erra no seu uso. No entanto, a expressão “próximo de” tem expressões parentes: próximo(s) e próxima(s), com significados distintos. E é este parentesco que gera os erros de utilização da expressão citada.

Exemplos:
                “A rua do Ouvidor fica próxima à avenida do Falador”. A palavras próximo e próxima têm o significado de “íntimo”. Portanto, na frase dada, deseja-se passar a ideia de que uma rua esteja nas proximidades da outra, ou na vizinhança da outra, mas o que está escrito significa que uma rua é “íntima” da outra!  A frase correta poderia ser qualquer uma das seguintes:

                “A rua do Ouvidor fica próximo à rua do Falador”.
    “A rua do Ouvidor fica nas proximidades da rua do Falador”.
                “A rua do Ouvidor é vizinha à rua do Falador”.
                “A rua do Ouvidor é adjacente à rua do Falador”.

O erro é muito comum porque as pessoas preferem utilizar a expressão mais erudita, “próximo de”, no lugar da mais simples, “perto de”. Utilizando-se esta, poucos erros aconteceriam, porque esta nunca varia, mesmo: “A rua do Ouvidor é perto da rua do Falador”.

Outros exemplos de erros a serem evitados:

                “Ela é aquela que está próxima do narrador”. O correto seria: Ela é aquela que está perto do narrador; ou: Ela é aquela que está próximo ao narrador”; ou: Ela é aquela que está nas proximidades do narrador.

                “Os corredores estão, perigosamente, muito próximos um do outro”. – Eles são íntimos, um do outro? ... O correto seria: Os corredores estão, perigosamente, muito perto um do outro”; ou: Os corredores estão, perigosamente, muito juntos”; ou: Os corredores estão, perigosamente, muito adjacentes, um ao outro”.

10. SER MOTIVO PARA

Algumas frases são escritas com uso inadequado de plural na palavra “motivo”. O sujeito no plural como que “puxa” o plural da palavra “motivo”, tornando a frase incorreta.
Veja-se o exemplo:


                “As questões religiosas não devem ser motivos para brigas”. O correto seria: “As questões religiosas não deveriam ser motivo para brigas”. Isto se explica assim: ser motivo = constituir motivo. Portanto, a frase quer dizer: “As questões religiosas não devem constituir motivo para brigas”.

Uilso Aragono (abril de 2016)

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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