Dando continuidade ao artigo sobre o mesmo assunto, apresento, a seguir, mais dois erros muito comuns no uso de nosso português.
9. PRÓXIMO E PRÓXIMOS(AS)
A expressão “próximo de”, ou “próximo
a”, significa “perto de”. Esta última expressão, “perto de”, não tem, nunca,
variação, e não se erra no seu uso. No entanto, a expressão “próximo de” tem
expressões parentes: próximo(s) e próxima(s), com significados distintos. E é
este parentesco que gera os erros de utilização da expressão citada.
Exemplos:
“A
rua do Ouvidor fica próxima à avenida do Falador”. A palavras próximo e próxima
têm o significado de “íntimo”. Portanto, na frase dada, deseja-se passar a
ideia de que uma rua esteja nas proximidades da outra, ou na vizinhança da
outra, mas o que está escrito significa que uma rua é “íntima” da outra! A frase correta poderia ser qualquer uma das
seguintes:
“A
rua do Ouvidor fica próximo à rua do Falador”.
“A rua do
Ouvidor fica nas proximidades da rua do Falador”.
“A
rua do Ouvidor é vizinha à rua do Falador”.
“A
rua do Ouvidor é adjacente à rua do Falador”.
O erro é muito comum porque as
pessoas preferem utilizar a expressão mais erudita, “próximo de”, no lugar da
mais simples, “perto de”. Utilizando-se esta, poucos erros aconteceriam, porque
esta nunca varia, mesmo: “A rua do Ouvidor é perto da rua do Falador”.
Outros exemplos de erros a serem
evitados:
“Ela
é aquela que está próxima do narrador”. O correto seria: Ela é aquela que está
perto do narrador; ou: Ela é aquela que está próximo ao narrador”; ou: Ela é
aquela que está nas proximidades do narrador.
“Os
corredores estão, perigosamente, muito próximos um do outro”. – Eles são
íntimos, um do outro? ... O correto seria: Os corredores estão, perigosamente,
muito perto um do outro”; ou: Os corredores estão, perigosamente, muito juntos”;
ou: Os corredores estão, perigosamente, muito adjacentes, um ao outro”.
10. SER MOTIVO PARA
Algumas frases são escritas com
uso inadequado de plural na palavra “motivo”. O sujeito no plural como que “puxa”
o plural da palavra “motivo”, tornando a frase incorreta.
Veja-se o exemplo:
“As
questões religiosas não devem ser motivos para brigas”. O correto seria: “As
questões religiosas não deveriam ser motivo para brigas”. Isto se
explica assim: ser motivo = constituir motivo. Portanto, a frase quer dizer: “As
questões religiosas não devem constituir motivo para brigas”.
Uilso Aragono (abril de 2016)
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