Nossos governantes brasileiros –
mas podemos generalizar, até certo ponto! – têm sido motoristas de carros
desgovernados! Têm errado na velocidade
e na falta de visão à frente. Em termos de velocidade, parecem motoristas
dirigindo um carro com o freio de mão puxado... São tantos impostos, tantas
regulamentações burocráticas, tantas leis, decretos, resoluções, etc., que o
país não consegue andar na velocidade (entenda-se, desenvolvimento) correta. Em
termos de visão à frente, parecem motoristas iniciantes, que só conseguem olhar
até alguns metros à frente. Não conseguem ou não têm consciência da necessidade
imperiosa de que se olhe bem à frente na estrada, para que os possíveis perigos
possam ser, bem antecipadamente, avaliados e evitados. A questão das mudanças
climáticas, afetando variações nas intensidades e nas frequências de tufões,
tornados, secas, inundações, etc., já deveriam ter sido causa de preocupações e
definições de planos de governo para o combate a tais ameaças. Planos que
deveriam ser de médio e longo prazos, isto é, correspondentes a uma visão à
frente dos acontecimentos ou dos perigos! São governantes desgovernados...
No caso do sistema elétrico, os
técnicos do setor têm, historicamente, advertido os governantes para situações
críticas visualizadas à frente, nos tempos futuros. No entanto, tradicionalmente,
os governantes não lhes dão a devida atenção. No tempo do presidente Fernando
Henrique Cardoso, este se disse “surpreso” diante da gravidade da situação de
falta de capacidade de geração de energia elétrica, tendo em vista a falta de
chuvas da época (2001-2002). Mas os alertas haviam sido dados. Se o governante
máximo do País tivesse dado atenção a tais alertas, estaria, como um motorista,
olhando à frente na estrada, para não ser surpreendido por algum perigo. Falhou
o presidente; falhou o governante... Um carro desgovernado; um governante
desgovernado!
No caso da falta de água potável,
particularmente em S. Paulo, mas, também, já agora (janeiro/2015) em muitas
cidades do Brasil, afetando diretamente a população, as indústrias e o
agronegócio, é mais um caso de miopia aguda de nossos governantes. Afinal,
todos estão conscientes das variações climáticas ocorrentes nesses últimos
tempos. E se é assim, por que nossos governantes (presidentes, governadores e
prefeitos), não arregaçaram mangas com vistas a preparar o País e as cidades
para possíveis situações de seca ou de excesso de chuvas?
As hidrelétricas, que são a maior
fonte de energia elétrica do País, deveriam ter uma atenção toda especial de
nossa Presidente, no sentido de que as obras das novas usinas não pudessem, de
jeito nenhum, ser atrasadas ou embargadas, por questões burocráticas ou de
financiamento. Mas o que se vê hoje? Segundo o noticiário, das cerca de 34
usinas hidrelétricas outorgadas, já há alguns anos, somente quatro (4) estão em
condições de entrar em operação em curto prazo! Se essas usinas já estivessem
em funcionamento, numa avaliação global, haveria muito mais água armazenada em
seus reservatórios, o que significaria, muito maior capacidade de produção de
energia elétrica. E, ao mesmo tempo, menor diminuição média de água nesses
mesmos reservatórios. Haveria muito menos necessidade de uso de termelétricas,
com todos os seus efeitos negativos de poluição local e de elevação do custo da
energia gerada. Mas a miopia de nossa Presidente, e de seus competentes
asseclas, a impediu de enxergar à frente na estrada...
A falta de água potável
atualmente vivenciada em São Paulo e, já, em muitas cidades brasileiras
deve-se, também, a igual miopia dos governantes desgovernados! A imprudência de
olhar à frente na estrada, como um bom e competente motorista o faria, é a
principal causa da atual crise de água potável. Não é a falta de chuva! É a
falta de bons governantes. É a falta de boa e eficaz gestão governamental. É a
miopia em não querer olhar à frente, tendo em vista os possíveis perigos. As
mudanças climáticas, tão comentadas, propagandeadas e discutidas, deveriam ter
sido um sinal de alerta para nossos governantes. Deveriam eles ter pensado com
seriedade: o que fazer para evitar possíveis consequências dessas mudanças
climáticas? No caso de São Paulo, as ideias e os planos agora sendo comentados
– todos de médio e longo prazos! – já deveriam ter sido colocados em prática há
anos. Se nossos governantes desgovernados tivessem tido um mínimo de
responsabilidade social, tal crise não teria existido. Os prejuízos não teriam
ocorrido. Os sofrimentos da população, associados ao desaparecimento do
precioso líquido por dias, não teriam se materializado...
Nossos governantes parecem
somente preocupar-se com os planos políticos e com a manutenção do poder. Foi
esta preocupação que desviou a atenção de nossa Presidente a ponto de, num
gesto totalmente demagógico e politicamente orientado (já pensando nas eleições
vindouras), fez esforços para baixar em cerca de 20 % a tarifa da energia
elétrica, em 2011, mesmo com ponderações do setor de que não seria a melhor
coisa a fazer. Hoje se vê o erro grosseiro cometido por essa governanta desgovernada.
Tal desconto nas tarifas vai se perder, totalmente, em vista da imperiosa
necessidade de reajustamento do preço do quilowatt-hora: a tarifa deverá
crescer, em 2015, cerca de 45 % ! A preocupação dessa nossa Presidente deveria
ter sido, não o rebaixamento demagógico e politiqueiro da tarifa da energia
elétrica, mas, sim, a luta para que as usinas hidrelétricas (e outras) já outorgadas
se tornassem, de fato, realidade, no menor prazo possível! Isto seria enxergar
à frente na estrada...
Quando será que a população
brasileira terá a graça, a felicidade de ter governantes que não se desgovernem
em suas decisões e preocupações? Que, como bons motoristas, mantenham o carro
na estrada com toda a segurança e o conforto para os passageiros? Quando será
que nossos governantes assumirão, de fato, sua missão de serem governantes socialmente
responsáveis? Que sejam capazes de olhar à frente e planejarem com seriedade econômico-social,
deixando as preocupações políticas em segundo plano? Quando é que a população exercerá,
de fato, como numa verdadeira democracia, o poder de governar através de sérios
e honestos governantes? Quem tem as
respostas?...
Uilso Aragono. (Janeiro de 2015)
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