sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

GOVERNANTES DESGOVERNADOS

Todo governante, seja o presidente da república, sejam os governadores, sejam os prefeitos, pode ser comparado ao motorista, ou condutor, de um veículo de transporte. Este deve ter dois atributos fundamentais: manter o veículo na velocidade mais adequada à pista e olhar bem à frente, na estrada. Se a velocidade for incompatível, o acidente é muito provável; se não enxergar com antecedência o que vem à frente, pode ser surpreendido por uma situação de real perigo, já sem chance de evitar o acidente.

Nossos governantes brasileiros – mas podemos generalizar, até certo ponto! – têm sido motoristas de carros desgovernados!  Têm errado na velocidade e na falta de visão à frente. Em termos de velocidade, parecem motoristas dirigindo um carro com o freio de mão puxado... São tantos impostos, tantas regulamentações burocráticas, tantas leis, decretos, resoluções, etc., que o país não consegue andar na velocidade (entenda-se, desenvolvimento) correta. Em termos de visão à frente, parecem motoristas iniciantes, que só conseguem olhar até alguns metros à frente. Não conseguem ou não têm consciência da necessidade imperiosa de que se olhe bem à frente na estrada, para que os possíveis perigos possam ser, bem antecipadamente, avaliados e evitados. A questão das mudanças climáticas, afetando variações nas intensidades e nas frequências de tufões, tornados, secas, inundações, etc., já deveriam ter sido causa de preocupações e definições de planos de governo para o combate a tais ameaças. Planos que deveriam ser de médio e longo prazos, isto é, correspondentes a uma visão à frente dos acontecimentos ou dos perigos! São governantes desgovernados...

No caso do sistema elétrico, os técnicos do setor têm, historicamente, advertido os governantes para situações críticas visualizadas à frente, nos tempos futuros. No entanto, tradicionalmente, os governantes não lhes dão a devida atenção. No tempo do presidente Fernando Henrique Cardoso, este se disse “surpreso” diante da gravidade da situação de falta de capacidade de geração de energia elétrica, tendo em vista a falta de chuvas da época (2001-2002). Mas os alertas haviam sido dados. Se o governante máximo do País tivesse dado atenção a tais alertas, estaria, como um motorista, olhando à frente na estrada, para não ser surpreendido por algum perigo. Falhou o presidente; falhou o governante... Um carro desgovernado; um governante desgovernado!

No caso da falta de água potável, particularmente em S. Paulo, mas, também, já agora (janeiro/2015) em muitas cidades do Brasil, afetando diretamente a população, as indústrias e o agronegócio, é mais um caso de miopia aguda de nossos governantes. Afinal, todos estão conscientes das variações climáticas ocorrentes nesses últimos tempos. E se é assim, por que nossos governantes (presidentes, governadores e prefeitos), não arregaçaram mangas com vistas a preparar o País e as cidades para possíveis situações de seca ou de excesso de chuvas?

As hidrelétricas, que são a maior fonte de energia elétrica do País, deveriam ter uma atenção toda especial de nossa Presidente, no sentido de que as obras das novas usinas não pudessem, de jeito nenhum, ser atrasadas ou embargadas, por questões burocráticas ou de financiamento. Mas o que se vê hoje? Segundo o noticiário, das cerca de 34 usinas hidrelétricas outorgadas, já há alguns anos, somente quatro (4) estão em condições de entrar em operação em curto prazo! Se essas usinas já estivessem em funcionamento, numa avaliação global, haveria muito mais água armazenada em seus reservatórios, o que significaria, muito maior capacidade de produção de energia elétrica. E, ao mesmo tempo, menor diminuição média de água nesses mesmos reservatórios. Haveria muito menos necessidade de uso de termelétricas, com todos os seus efeitos negativos de poluição local e de elevação do custo da energia gerada. Mas a miopia de nossa Presidente, e de seus competentes asseclas, a impediu de enxergar à frente na estrada...

A falta de água potável atualmente vivenciada em São Paulo e, já, em muitas cidades brasileiras deve-se, também, a igual miopia dos governantes desgovernados! A imprudência de olhar à frente na estrada, como um bom e competente motorista o faria, é a principal causa da atual crise de água potável. Não é a falta de chuva! É a falta de bons governantes. É a falta de boa e eficaz gestão governamental. É a miopia em não querer olhar à frente, tendo em vista os possíveis perigos. As mudanças climáticas, tão comentadas, propagandeadas e discutidas, deveriam ter sido um sinal de alerta para nossos governantes. Deveriam eles ter pensado com seriedade: o que fazer para evitar possíveis consequências dessas mudanças climáticas? No caso de São Paulo, as ideias e os planos agora sendo comentados – todos de médio e longo prazos! – já deveriam ter sido colocados em prática há anos. Se nossos governantes desgovernados tivessem tido um mínimo de responsabilidade social, tal crise não teria existido. Os prejuízos não teriam ocorrido. Os sofrimentos da população, associados ao desaparecimento do precioso líquido por dias, não teriam se materializado...

Nossos governantes parecem somente preocupar-se com os planos políticos e com a manutenção do poder. Foi esta preocupação que desviou a atenção de nossa Presidente a ponto de, num gesto totalmente demagógico e politicamente orientado (já pensando nas eleições vindouras), fez esforços para baixar em cerca de 20 % a tarifa da energia elétrica, em 2011, mesmo com ponderações do setor de que não seria a melhor coisa a fazer. Hoje se vê o erro grosseiro cometido por essa governanta desgovernada. Tal desconto nas tarifas vai se perder, totalmente, em vista da imperiosa necessidade de reajustamento do preço do quilowatt-hora: a tarifa deverá crescer, em 2015, cerca de 45 % ! A preocupação dessa nossa Presidente deveria ter sido, não o rebaixamento demagógico e politiqueiro da tarifa da energia elétrica, mas, sim, a luta para que as usinas hidrelétricas (e outras) já outorgadas se tornassem, de fato, realidade, no menor prazo possível! Isto seria enxergar à frente na estrada...


Quando será que a população brasileira terá a graça, a felicidade de ter governantes que não se desgovernem em suas decisões e preocupações? Que, como bons motoristas, mantenham o carro na estrada com toda a segurança e o conforto para os passageiros? Quando será que nossos governantes assumirão, de fato, sua missão de serem governantes socialmente responsáveis? Que sejam capazes de olhar à frente e planejarem com seriedade econômico-social, deixando as preocupações políticas em segundo plano? Quando é que a população exercerá, de fato, como numa verdadeira democracia, o poder de governar através de sérios e honestos governantes? Quem  tem as respostas?...

Uilso Aragono.  (Janeiro de 2015)

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Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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