O texto abaixo é tirado da Referência citada (ao final) e conta um milagre ocorrido em 1917 numa estação missionária chamada São José, do norte do Canadá, por intercessão do Santo.
Um
vento tremendamente gelado sopra por sobre o Grande Lago dos Escravos, no norte
do Canadá, e uiva furioso em torno da estação missionária São José. Centenas de
crianças índias, porém, recolhidas no orfanato dos Oblatos, pouco se preocupam
com o companheiro selvagem lá fora. Estão acostumadas ao frio e às tempestades.
Muito
mais que o rugir dos elementos, incomoda-as o ronco de sua barriguinha vazia.
Em março de 1917, a missão enfrentou uma grande provação. A pescaria do outono
havia sido muito magra, a caça às renas foi nula, uma vez que os rebanhos se
retiraram para outras paragens. As pobres Irmãzinhas não sabem mais com que matar
a fome de seus pupilos.
À
tarde, os garotos sentam-se no refeitório, e engolem ávidos o pedaço de peixe
que a Irmã lhes distribui.
– Por
que os Irmãos não apanharam mais peixes? – Resmunga um deles, que já dera cabo
de sua porção, mas a fome continuava reclamando.
– Não
é culpa dos Irmãos, menino, explica Pe. Duport. A culpa é de vocês, se as
panelas estão vazias.
– Nossa culpa, como? – admira-se o pequeno índio.
– Sim,
a culpa é de vocês. E eu estou zangado com vocês. Por quê vocês não rezam com mais
devoção a São José, nosso padroeiro? Pensam que ele iria deixar vocês com fome,
se lhe gritassem bem forte nos ouvidos?
Os
garotos arregalaram os olhos, olhando-se perplexos, e prometeram reparar a
falta e rezar com toda força a São José.
– O
que a Irmã acha? Quantas renas precisaríamos para enfrentar a época mais dura
da fome? – perguntou o padre à superiora.
– Uma centena pelo menos! responde categoricamente a
religiosa.
– Então
São José precisa nos arranjar cem renas! Estou convencido de que ele há de
atender à oração das crianças. Amanhã começamos a novena!
Ao
nono dia da oração, o Superior manda chamar dois índios da tribo da Faca
Amarela, caçadores práticos, e lhes ordena secamente:
– Atrelem os cães e se mandem logo à caça! Tragam cem renas!
– Deixem
de lero-lero, gente. Aprontem-se e toquem pra frente! As crianças sofrem fome!
– O
Grande Espírito deve ter transtornado a cabeça do padre branco! – dizem entre
si os Facas Amarelas, ao encilharem os cães aos trenós.
– Não vamos ver nem rabo de rena.
Mas
vão. A umas milhas do convento topam realmente com enorme manada de animais,
que vem se dirigindo para o lago gelado. Os índios empunham as armas e desandam
a disparar o quanto der. Dos espécimes que tombaram, contam 103.
Depressa carregam nos trenós, retornando à estação
missionária, onde a petizada os recebe com estrondosa algazarra.
– Encomendamos
cem. Três São José acrescentou de lambuja, conferem todos, radiantes de
satisfação. Primeira vez, desde semanas, que os garotos comeram à vontade e com
a barriguinha farta foram para a cama, sem se esquecerem de antes ir agradecer,
do fundo do coração, a São José pelo bondoso milagre. (Revista Stadt Gottes.)
Referência:
Livro: Weigl, A. M. São José não
falha: 100 histórias de São José, Edições Rosário, Curitiba, 1994, p.8.
Uilso
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