segunda-feira, 30 de maio de 2011

As Imagens de Maria

Alguns padres há, como o Pe. Zezinho, que parecem estar muito preocupados em deixar claro (para quem?) que os católicos não adoram imagens! E chegam a afirmar: “olho para as imagens de Maria e não falo com elas. Maria não está lá” (Pe. Zezinho, Olhar para Maria). Ora, eu olho para a imagem de Maria e, através dela, isto é, através da visualização da estatueta/imagem de Maria, alço voos espirituais e falo com Maria, sim! E não somente eu, mas o próprio S. Francisco, ao olhar para a imagem do Crucifixo, entrava em oração e não somente falava com o Senhor, como, também, teve a graça de ouvir Jesus, falando-lhe: “Reforma minha Igreja!”...


Posso até respeitar e entender que um texto como o citado acima (Olhar de Maria) objetive esclarecer os católicos para a importância de não se apegar demais à imagem de Maria, ou de algum santo, a ponto de confundir veneração com adoração, ou de confundir a imagem com a pessoa de Maria ou a do santo. E tenho grande admiração e respeito pelo nosso querido Pe. Zezinho, de quem também sou um fã entre milhões. Mas esta preocupação parece mais uma satisfação aos evangélicos – que não têm santos nem cultuam Maria, a Mãe do Senhor, nem por imagens, nem por qualquer outra forma. Ora, o culto que os católicos prestam a Maria, a Mãe de Jesus, expressa-se por meio de autêntica veneração, e se parece adoração, apenas “parece”: pois todo católico sabe muito bem que a imagem, a estatueta, é apenas uma expressão visual de uma realidade que está muito além das realidades humanas. Se perguntarmos a qualquer fiel católico, por mais simples e humilde que seja, o que significa para ele uma imagem, ele nunca dirá que ela é sua divindade...


Sabemos muito bem, os católicos, que as imagens que tanto embelezam nossas igrejas, têm várias funções, além desta citada: embelezar, ornamentar um ambiente de oração. Duas funções importantes podem ser lembradas. A primeira é tornar a casa de oração um ambiente mais acolhedor, mais humano, o que não ocorreria se as diversas imagens fossem banidas das igrejas católicas – aliás, como já foi feito, como fruto de um pseudo-ecumenismo, em muitas igrejas – tornando essas últimas um prédio como outro qualquer, em que nada favorece o espírito de silêncio, louvor e adoração, que deve marcar um templo cristão. Uma segunda função, de certa forma ligada a essa primeira, baseia-se no fato de que nós, cristãos não somos anjos, nem seres puramente espirituais, mas somos, primeiramente, humanos, de carne e osso, com as suas próprias limitações. Daqui decorre a segunda função: ser um meio visual tanto para educação na fé – por tudo que uma imagem informa ao fiel – quanto para a sua elevação espiritual, isto é, para que sua oração seja mais profunda, cheia de vida e de emoção.


Diante de uma imagem qualquer, o fiel católico vê, para além da imagem, mas com o auxílio desta, a realidade espiritual que ela representa. No caso de Maria, portanto, o fiel se envolve, inicialmente, com a beleza da estatueta, em seguida passa a considerar a imagem da Mãe representada pela estatueta, e prossegue na contemplação da realidade espiritual da Mãe de Jesus, que está sempre a nos lembrar: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Dá-se o mesmo em relação a qualquer imagem da iconografia católica: todas são meios para que o fiel católico possa ter experiências espirituais mais profundas, que de outra forma, sem o auxílio das imagens, só com muito custo conseguiria. Afinal, “imaginar” a imagem de Maria ou de Jesus, ou de um de seus santos, exige certo esforço mental, é cansativo, e não tem a mesma efetividade espiritual como a que se consegue por meio do auxílio de imagens visuais como estatuetas, quadros, painéis, etc. As imagens, portanto, são meios admiráveis e sábios, colocados à disposição de todos os cristãos, tanto para sua educação – especialmente daqueles mais simples e humildes – quanto para sua imersão mais profunda nas realidades espirituais.

Uilso Aragono (30/05/2011)


Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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