quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FONTES ALTERNATIVAS OU COMPLEMENTARES?


As denominadas “fontes alternativas” para produção de energia elétrica, são, na verdade, “fontes complementares” de energia. Esta confusão tem levado à defesa, por parte de muita gente – até mesmo da área técnica! – de argumentos totalmente falhos e inconsistentes. Isto acontece quando defendem que usinas hidrelétricas possam ser substituídas por “fontes alternativas”, como as eólicas...

As fontes de energia elétrica tais como a eólica (energia dos ventos), a fotovoltaica (energia produzida diretamente, a partir da luz do sol, pelas células fotovoltaicas), a das marés (produzida pela diferença de nível entre as marés alta e baixa) e outras menos relevantes, foram denominadas fontes alternativas em decorrência de um completo equívoco! Pois esse termo “alternativa” só poderia ser aplicado a tais fontes se essas pudessem, efetivamente, constituir-se em “alternativas” efetivas às fontes convencionais de energia elétrica, como são as hidráulicas e as termelétricas. Mas isto não ocorre, em hipótese alguma.

Usinas hidrelétricas e termelétricas (incluindo aqui as nucleares) são aproveitamentos das denominadas fontes “convencionais” de energia elétrica. E o que as caracteriza é a possibilidade de produção de imensas quantidades de energia elétrica. Uma única usina hidrelétrica como a de Itaipu, situada na fronteira Brasil-Paraguai, é capaz de gerar, sozinha, o equivalente a 20.000 MW (megawatt) de potência elétrica, o que daria para abastecer de eletricidade cerca de metade da região sudeste do Brasil! E uma pequena usina hidrelétrica, com a de Mascarenhas de Moraes, situada em Baixo Guandu – ES, é capaz de gerar cerca de 200 MW. Uma alternativa às hidrelétricas seria a fonte térmica. Esta, sim, poderia ser denominada energia alternativa à energia hidrelétrica, pois pode produzir quantidades (quase) tão grandes quanto às dessa última.

As fontes alternativas são, portanto, na verdade, fontes “complementares” às fontes convencionais (hidráulicas e térmicas). Não faz sentido condenar a construção de novas grandes usinas hidrelétricas, como a tão discutida usina de Belo Monte, no Pará, utilizando-se o argumento de que as fontes “alternativas” poderiam ser usadas. Para se obter a quantidade de energia elétrica que uma pequena usina hidrelétrica – com um pequeno reservatório – um parque eólico enorme teria de ser construído. Como uma torre aerogeradora pode, atualmente, gerar cerca de 1MW, seriam necessárias 200 torres para se alcançar a potência gerada pela pequena usina de Mascarenhas citada acima! Isto exigiria uma área de terra enorme, sem falar que a energia de tal fonte (eólica) é totalmente instável; totalmente dependente da existência e da velocidade dos ventos, o que resultaria produção de energia elétrica com alto grau de incerteza.

Fazendas eólicas são, portanto, verdadeiramente, fontes complementares de energia elétrica. A sua construção é totalmente bem vinda, mas não podem ser usadas nem caracterizadas como fontes alternativas, pois, de fato não o são. O Brasil continuará a depender – até para a boa qualidade da energia elétrica produzida! – das suas grandes e estáveis fontes hidrelétricas e há ainda um grande potencial desse tipo de fonte a ser aproveitado. A questão que deve ser colocada é a da real sustentabilidade dos projetos das novas usinas, para que os possíveis prejuízos do local da barragem sejam minimizados, e compensações verdadeiras sejam implementadas.

Uilso Aragono  (Jan. de 2013)

Quem sou eu

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Sou formado em Engenharia Elétrica, com mestrado e doutorado na Univ. Federal de Santa Catarina e Prof. Titular, aposentado, na Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES). Tenho formação, também, em Filosofia, Teologia, Educação, Língua Internacional (Esperanto), Oratória e comunicação. Meu currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787185A8

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