As denominadas “fontes
alternativas” para produção de energia elétrica, são, na verdade, “fontes complementares”
de energia. Esta confusão tem levado à defesa, por parte de muita gente – até
mesmo da área técnica! – de argumentos totalmente falhos e inconsistentes. Isto
acontece quando defendem que usinas hidrelétricas possam ser substituídas por “fontes
alternativas”, como as eólicas...
As fontes de energia elétrica
tais como a eólica (energia dos ventos), a fotovoltaica (energia produzida
diretamente, a partir da luz do sol, pelas células fotovoltaicas), a das marés
(produzida pela diferença de nível entre as marés alta e baixa) e outras menos relevantes,
foram denominadas fontes alternativas em decorrência de um completo equívoco! Pois
esse termo “alternativa” só poderia ser aplicado a tais fontes se essas
pudessem, efetivamente, constituir-se em “alternativas” efetivas às fontes
convencionais de energia elétrica, como são as hidráulicas e as termelétricas.
Mas isto não ocorre, em hipótese alguma.
Usinas hidrelétricas e
termelétricas (incluindo aqui as nucleares) são aproveitamentos das denominadas
fontes “convencionais” de energia elétrica. E o que as caracteriza é a
possibilidade de produção de imensas quantidades de energia elétrica. Uma única
usina hidrelétrica como a de Itaipu, situada na fronteira Brasil-Paraguai, é
capaz de gerar, sozinha, o equivalente a 20.000 MW (megawatt) de potência
elétrica, o que daria para abastecer de eletricidade cerca de metade da região
sudeste do Brasil! E uma pequena usina hidrelétrica, com a de Mascarenhas de
Moraes, situada em Baixo Guandu – ES, é capaz de gerar cerca de 200 MW. Uma
alternativa às hidrelétricas seria a fonte térmica. Esta, sim, poderia ser denominada
energia alternativa à energia hidrelétrica, pois pode produzir quantidades (quase)
tão grandes quanto às dessa última.
As fontes alternativas são, portanto,
na verdade, fontes “complementares” às fontes convencionais (hidráulicas e
térmicas). Não faz sentido condenar a construção de novas grandes usinas
hidrelétricas, como a tão discutida usina de Belo Monte, no Pará, utilizando-se
o argumento de que as fontes “alternativas” poderiam ser usadas. Para se obter
a quantidade de energia elétrica que uma pequena usina hidrelétrica – com um
pequeno reservatório – um parque eólico enorme teria de ser construído. Como uma
torre aerogeradora pode, atualmente, gerar cerca de 1MW, seriam necessárias 200
torres para se alcançar a potência gerada pela pequena usina de Mascarenhas
citada acima! Isto exigiria uma área de terra enorme, sem falar que a energia
de tal fonte (eólica) é totalmente instável; totalmente dependente da
existência e da velocidade dos ventos, o que resultaria produção de energia
elétrica com alto grau de incerteza.
Fazendas eólicas são, portanto,
verdadeiramente, fontes complementares
de energia elétrica. A sua construção é totalmente bem vinda, mas não podem ser
usadas nem caracterizadas como fontes alternativas, pois, de fato não o são. O
Brasil continuará a depender – até para a boa qualidade da energia elétrica
produzida! – das suas grandes e estáveis fontes hidrelétricas e há ainda um
grande potencial desse tipo de fonte a ser aproveitado. A questão que deve ser
colocada é a da real sustentabilidade dos projetos das novas usinas, para que
os possíveis prejuízos do local da barragem sejam minimizados, e compensações
verdadeiras sejam implementadas.
Uilso Aragono (Jan. de 2013)